BLOCO
Blog dos Coordenadores ou Blog Comunitário
da
ComUnidade
WirelessBrasil
Fevereiro 2006
Índice Geral do
BLOCO
O conteúdo do BLOCO tem
forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão
Celld-group
e
WirelessBR.
Participe!
20/02/06
• Rádio Digital (10) - Nova ambientação
Algumas emissoras, devidamente autorizadas, estão testando há algum tempo,
o padrão americano de
Rádio Digital "
IBOC -
In-Band On-Channel (a relação completa está em
http://www.teleco.com.br/radio.asp ) e a Faculdade de Tecnologia da
UNB está agora realizando testes com o padrão "
DRM -
Digital Radio Mondiale", alternativa européia.
O "Rádio Digital", também é "polêmico" como sua irmã, a
"TV Digital": :-)
(...) a liberação de testes somente para o padrão norte-americano IBOC (In
Band On Channel) em 12 capitais, a partir de setembro, provocou polêmica
dentro e fora do governo Lula pela rapidez com que o debate está sendo
conduzido. (...)
(...) A Anatel informa, no entanto, que os dois padrões (IBOC e DRM) não
concorrem entre si, uma vez que cada um se aplica de acordo com o tipo de
transmissão utilizada. (...)
Assim, vamos à mais uma ambientação/"re-ambientação" pois, no já
conhecido movimento senoidal (uau!), o Rádio Digital volta ao
noticiário. :-)
Lembrando: este "serviço" comunitário de transcrever
artigos e notícias e fazer "ambientações" nem se compara à preciosidade da
participação individual relatando estudos, opiniões e experiência pessoais
- em todos os níveis!!! E vale convocar os profissionais fora dos
Grupos para ajudar. :-)
Isto se aplica à todos os assuntos.
No mercado de TI e Telecom tudo acontece numa velocidade estonteante e
temos que nos ajudar!!! :-)
Quem gosta de compartilhar mas não pode ou não quer se expor, por favor,
não se omita: será um enorme prazer servir de intermediário, sem
identificar a fonte.
O "compartilhamento" faz bem à alma e gera um bando de amigos. :-)
E não se preocupem com a concorrência: há espaço para todos neste "mercadão"
que aí está!!! :-)
Claro, com a ressalva do Arakaki: estudar, estudar,
estudar... :-)
Voltando.
Temos um bom conteúdo sobre o tema "
Rádio
Digital" em nosso blog comunitário.
A eventual "polêmica" esta registrada nesta notícia de agosto/05:
Momento Editorial
[11/08/05]
Rádios testam padrão digital dos EUA
As emissoras comerciais, representadas pela Abert, começam a
experimentar, no final de setembro, a tecnologia proprietária Iboc.
Apesar dos protestos de parte do governo, dos radiodifusores
comunitários e dos movimentos pela democratização das comunicações, as
emissoras de rádio comerciais já decidiram e começarão a testar, no
final de setembro, a tecnologia digital utilizando o padrão
norte-americano IBOC, criado por uma empresa dos Estados Unidos
chamada iBiquit. Os testes começarão por São Paulo. Atualmente, a
transmissão de rádio no Brasil é feita de forma analógica. O sinal
digital ocupa menos espaço no espectro de freqüência de radiodifusão e
sofre poucas interferências. Isso faz com que o rádio possa transmitir
dados e ganhe qualidade do áudio muito superior.
Os radiodifusores comerciais, representados pela Abert (Associação
Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), argumentam que o padrão
IBOC é o que melhor atende às suas necessidades, porque permite que
migrar para a tecnologia digital sem mudar de canal. Podem ocupar a
mesma faixa de freqüência e manter o número no dial (IBOC significa
In-Band On-Channel, no mesmo canal). Essa facilidade, na opinião de
Ronald Barbosa, assessor técnico da Abert, simplifica a implantação da
rádio digital e reduz os custos com a substituição de tecnologia. A
migração se daria apenas numa troca de equipamentos, que depende da
disposição financeira de cada emissora, mas independe de
regulamentação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
A Casa Civil e os movimentos de defesa da radiodifusão comunitária,
contudo, não entendem assim. Apenas essa troca de equipamentos é
estimada em cerca de R$ 75 mil (US$ 30 mil), valor proibitivo para
rádios comunitárias. Para os defensores da democratização das
comunicações, a tecnologia digital pode mudar a radiodifusão no país e
abrir espaço para novos operadores e serviços diferentes e para a
popularização da produção e veiculação de conteúdos.
Mas o padrão IBOC é proprietário. Exige o pagamento de taxas (chamadas
royalties) aos fabricantes da tecnologia, o que significa custos altos
para os radiodifusores comunitários ou que não têm o poder de mercado
das grandes emissoras. Sem falar que a escolha do IBOC poderia
encarecer o aparelho de rádio digital. “A implantação da rádio digital
não é tão simples quanto trocar um equipamento. O rádio vai mudar com
a tecnologia digital e serviços multimídias poderão ser agregados”,
ressalta André Barbosa, assessor especial da Casa Civil para assuntos
de comunicação eletrônica de massa.
André Barbosa questiona a disposição das emissoras de testar apenas o
padrão IBOC, e a pressa com a qual a rádio digital poderá ser
introduzida no país sem uma discussão ampla entre governo,
radiodifusores e movimentos sociais. Para ele, outros padrões, como o
europeu DRM (Digital Radio Mondiale), não-proprietário, também têm que
ser testados. O Ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse que o
padrão DRM deverá ser testado por emissoras das principais capitais
brasileiras. Por não ser proprietário, permite que seus consorciados
(várias rádios públicas européias, como a BBC ou a Radio France)
desenvolvam pesquisas sobre a base tecnológica oferecida.
Já a Anatel argumenta que não há mais espaço no espectro de freqüência
de radiodifusão – isto é, não há mais lugar no dial para novas
emissoras ou para mudar de lugar as atuais – e, por isso, ao se fazer
a digitalização do rádio, é preciso uma solução que permita às
emissoras permanecer no mesmo canal. Segundo Ara Apkar Minassian,
superintendente de Comunicação de Massa da agência, o IBOC permite
usar o mesmo canal.
Polêmica? Um bom local para tratar do assunto, apesar dos
pesares, é o Congresso Nacional!!!
(Mensagem para
todos os Deputados e Senadores:
formulário no site "
Um
Brasil Melhor")
Boa leitura dos textos citados e do conteúdo parcial do blog
comunitário com indicação de excelentes artigos
técnicos sobre os padrões.
Rádio
Digital: entenda a nova era do rádio
Sexta-feira, 30 setembro de 2005
Daniela Braun - IDG Now!
Na segunda-feira (26/09), o Brasil iniciou os testes para entrar na era do
rádio digital. Entenda como esta novidade transformará o rádio em um aparelho
multimídia.
O que é Rádio Digital?
A tecnologia de rádio digital permite a compressão dos sinais de voz, abrindo
o canal de rádio para a transmissão de dados como textos e imagens. (Veja o
gráfico)
Quem possui o aparelho de rádio digital pode ouvir rádio AM sem
interferências, e FM com som de CD.
De imediato, os testes de rádio digital melhoram a qualidade na transmissão
de rádio via internet.
Multimídia
Além da qualidade de som, o rádio digital permite a transmissão de textos
exibidos em um visor do aparelho, além de imagens em baixa resolução e
velocidade. Futuramente, receptores mais modernos poderão transmitir vídeos.
Desta forma, o ouvinte também pode ler informações complementares às notícias
transmitidas pela emissora - cotações, previsão do tempo, notícias de trânsito
etc. - bem como detalhes da programação musical - autor, título da música.
Futuramente, aparelhos digitais mais modernos transmitirão vídeos.
O rádio digital também permitirá a transmissão de até três programas
simultâneos, na mesma freqüência, para públicos diferentes.
Quem está testando por aqui?
A transmissão foi aprovada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
no dia 12 de setembro e terá um prazo inicial de seis meses, que pode ser
prorrogado.
A nova tecnologia começa a funcionar, em caráter experimental em 12
emissoras. São elas: Sistema Globo de Rádio, Bandeirantes, Jovem Pan, RBS e
Eldorado para São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto
Alegre e Curitiba.
Mercado
Os primeiros receptores digitais devem chegar ao mercado brasileiro em 2006
por meio da Visteon Sistemas Automotivos, que desenvolve equipamentos de áudio
para automóveis.
Segundo Ronald Barbosa, coordenador de Rádio Digital da Abert (Associação
Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), a Visteon já estuda a produção
de rádios digitais para carros em sua fábrica na Zona Franca de Manaus (AM).
Em média, os preços de um aparelho receptor de rádio digital variam de 180
dólares - para automóveis - a 900 dólares segundo a Abert.
Hoje existem 3.400 emissoras de rádio - sem incluir as rádios comunitárias -
e 180 milhões de aparelhos de rádio no Brasil.
Padrões
O Brasil escolheu o padrão tecnológico norte-americano In band on channel
(Iboc) para operar a rádio digital. Segundo a AESP (Associação das Emissoras
de Rádio e TV do Estado de São Paulo) o Iboc foi escolhido por funcionar tanto
no modelo digital como no analógico, que atualmente os brasileiros utilizam,
facilitando a migração.
A tecnologia Iboc é utilizada nos Estados Unidos há dez anos, bem como no
México e no Canadá. O Brasil começou a estudar a Rádio digital há cinco anos.
Outros padrões de rádio digital são o europeu - DAB (Digital Audio
Broadcasting) para FM e DRM (Digital Radio Mondiale) para AM - e o japonês -
ISDB (Integrated Services Digital Broadcasting) ou ISDB-T (Terrestrial).
Fontes:
Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (www.abert.org.br)
Associação das Emissoras de Rádio e TV do Estado de São Paulo
(www.aesp.com.br)
Anatel
autoriza Universidade de Brasília a testar transmissão de rádio digital
[17/02/06]
Brasília – A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) concedeu mais uma
autorização para realização de testes científicos e experimentais do Sistema
de Radiodifusão Sonora Digital. Dessa vez, a concessão, que foi publicada,
nesta sexta-feira, no Diário Oficial da União foi para a Faculdade de
Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB).
Essa é a 12° autorização que a Anatel concede a empresas de radiodifusão para
testarem os padrões estrangeiros aprovados pela União Internacional de
Telecomunicações (UIT) de transmissões radiofônicas digitais.
Segundo a agência reguladora, ao contrário das autorizações anteriores, a UnB
será a primeira a realizar testes do sistema Digital Radio Mondiale (DRM), um
dos aprovados pela UIT. Esse sistema, um padrão europeu, necessita de uma
freqüência diferente da que a emissora opera na rádio analógica para realizar
as transmissões digitais. Com os testes, a Faculdade de Tecnologia pretende
avaliar a qualidade do áudio digital, a área de cobertura e a potência do
sinal digital em Onda Curta (OC) com relação a ruídos e interferências.
As autorizações anteriores foram concedidas para realização de testes do
sistema IBOC, o outro padrão aprovado pela união internacional. O IBOC é um
padrão norte-americano que utiliza a mesma freqüência do sistema analógico
para as transmissões digitais. Ambos os sistemas estão em teste no Brasil. A
Anatel informa, no entanto, que os dois padrões não concorrem entre si, uma
vez que cada um se aplica de acordo com o tipo de transmissão utilizada.
De acordo com a agência, a Faculdade de Tecnologia da UnB deve apresentar no
prazo de 60 dias o relatório inicial em que conste, no mínimo, as
características que serão utilizadas na transmissão digital e a descrição dos
testes. No final dos experimentos, daqui a um ano, ela deverá apresentar outro
relatório, acompanhado de laudo conclusivo e considerações
Observatório da Imprensa
FNDC
Reproduzido do e-Fórum nº 59 (12 a 18/8/2005),
boletim de divulgação do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
Restando quatro meses de estudos para definir o modelo de referência do
Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), que vem sendo gestado desde
novembro de 2003, a forma como se dará a transição equivalente para as
emissoras de rádio corre o risco de ser verticalizada e restrita ao setor
privado e a órgãos da administração pública. Desde que foi anunciada pelo
Ministério das Comunicações (Minicom) e pela Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel), a liberação de testes somente para o padrão
norte-americano Iboc (In Band On Channel) em 12 capitais, a partir de
setembro, provocou polêmica dentro e fora do governo Lula pela rapidez com que
o debate está sendo conduzido.
Enquanto os órgãos do setor dizem que o que foi
anunciado é apenas a autorização a partir da solicitação de um grupo de
emissoras, a Casa Civil da Presidência da República acendeu o sinal amarelo
porque já vinha desenvolvendo convênios para testar em nível nacional o padrão
europeu DRM (Digital Radio Mondiale) e ainda pretende produzir estudos
comparativos entre os quatro padrões existentes no mundo. A queda-de-braço
entre os dois lados torna difícil uma aposta sobre qual Pasta terá mais força
para bancar sua política.
Testar todos os sistemas de radiodifusão digital
é uma prerrogativa do governo para definir qual será o padrão a ser utilizado
no país, garante o assessor especial da Casa Civil, André Barbosa. "Queremos
uma solução que permita fazer a migração em mais tempo, repensar o rádio como
um todo", diz Barbosa. Entretanto, até o momento, não há ainda uma diretriz
política sobre rádio digital. "Junto com o ministro Hélio Costa, vamos
conversar para ver que tipo de solução será dada. A nossa posição, incluindo
outros diversos organismos, entre eles a Universidade de Brasília e a
Radiobrás, é de permitir testes em todos os sistemas que existem", explica.
Conforme a Anatel, a única exigência que o Brasil tem para implantar o sistema
digital em rádio é que o padrão utilize a mesma freqüência (canal) do
analógico. Este quesito, tanto o DRM quanto o Iboc atendem.
"Na realidade, qualquer sistema que permita a
utilização do mesmo canal é interessante para o país", explica o
Superintendente de Serviços de Comunicação de Massa da Anatel, Ara Apkar
Minassian. "O rádio digital não permitirá realizar algo mais, a não ser
qualidade de som e o serviço RDS, introduzido no Brasil, no ano passado",
revela. O RDS (Radio Data System) é um sistema de busca de dados que permite o
recebimento de informações de texto direto no display do aparelho (rádio),
juntamente com o sinal de áudio. Podem ser informações acerca das músicas
ouvidas, previsão do tempo, cotações da bolsa, lazer, notícias e tráfego.
Com o Iboc, as emissoras tendem a permanecer com
os canais outorgados e não deverá haver interferência nas transmissões
analógicas. Segundo a assessoria de imprensa da Anatel, a tecnologia digital
não permitirá a possibilidade de abertura de novas emissoras.
Padrão-proprietário intimida
"A aparente opção pelo padrão norte-americano
Iboc parece privilegiar a lógica dos grandes empresários da comunicação, que
querem garantir apenas a migração do sistema analógico para o digital sem
maiores discussões...", reflete Orlando Guilhon, vice-presidente da Associação
de Rádios Públicas do Brasil (Arpub) e diretor-geral da Rádio MEC. Barbosa
afirma que não está em risco a manutenção do canal. "Entretanto, o espaço
público e a radiodifusão comunitária têm que entrar na discussão, estar
contemplados", diz. Além do norte-americano Iboc e do europeu DRM, os outros
dois padrões explorados hoje, no mundo, são o DAB (Digital Audio
Broadcasting), restrito ao FM, e o japonês ISDB Tn (Integrated Services
Digital Broadcasting), que utiliza um canal de TV Digital. "Gostaríamos que as
possibilidades em radiodifusão digital fossem além do som, que permitissem o
desenvolvimento na transferência de tecnologias no Brasil", revela Barbosa.
A Arpub manifesta sua preocupação com a decisão
em priorizar o padrão Iboc. "Parece querer atropelar tudo aquilo que o próprio
governo vinha encaminhando no setor. Se não houver estudos comparativos, como
garantir que estaremos fazendo a melhor opção? Nunca é tarde para lembrar que
o Iboc é proprietário, e portanto o seu uso implicará em taxas de
licenciamento que incidirão sobre o custo do aparelho receptor, enquanto o
padrão DRM, por exemplo, é não proprietário", reflete Orlando Guilhon.
André Barbosa, da Casa Civil, afirma que o
processo de transferência das tecnologias deve ser pensado junto com a
sociedade civil. "É responsabilidade de quem dirige o país e também de quem
produz conteúdo", sustenta. Por isso, a Casa Civil quer unir-se ao Minicom
para discutir soluções. "Para criar políticas industriais que barateiem o
custo, que possibilitem a produção nacional e o acesso à baixa renda, e também
políticas de apoio aos pequenos radiodifusores, para que tenham acesso à
tecnologia e benefícios na área. No que diz respeito a conteúdos, é uma
preocupação do governo desenvolver centros de pesquisa de excelência na
produção de programação, com possibilidades de integração, de multioferta",
esclarece Barbosa.
Custo proibitivo
Clementino dos Santos Lopes, da Coordenação
Nacional da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço), declara que
o movimento das rádios comunitárias foi pego de surpresa, apesar de estar
pensando sobre as questões da digitalização. "Essa notícia dos testes com o
padrão americano nos surpreende, porque é uma decisão horizontal, e vem
justamente num momento em que o movimento da radiodifusão comunitária se
consolida como meio de participação popular".
O maior temor para as comunitárias, na
digitalização da tecnologia, é o custo desse processo. Um modelo proprietário,
como é o americano, pode inviabilizar o acesso dos pequenos radiodifusores à
migração tecnológica. "Queremos acompanhar esse avanço tecnológico, e por isso
queremos participar das discussões, conhecer os padrões, resolver junto com o
governo", defende Clementino.
A Abraço incluiu o assunto em carta que
entregará ao presidente Lula, e na pauta da audiência que terá com o ministro
Hélio Costa, em 15/8. Para esta semana, está prevista uma reunião entre a Casa
Civil e os ministérios envolvidos com os temas da área das comunicações.
Poderá sair daí alguma diretriz democrática para a questão da radiodifusão
sonora digital?
Rádio
Livre
Rádio digital: a um passo da
democracia nas ondas sonoras
07/08/05
Mas o passo que está para ser dado pode ser para frente ou para trás.
Entrevista com o engenheiro Higino Germani mostra como o Brasil pode definir
de forma açodada a transição do serviço de radiodifusão sonora, criando uma
situação de fato que tende a contribuir para tornar os canais de rádio ainda
mais inacessíveis a novos atores e dificultar a reestruturação desta mídia tão
fundamental para a cidadania. Em pleno andamento dentro dos órgãos de governo,
este debate está distante de diversos atores interessados e, ainda mais, dos
cidadãos.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, anunciou esta semana que a Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel) liberará em breve a implantação do rádio
digital em 12 capitais brasileiras, em caráter experimental. "Nós já temos
condições técnicas para fazer a rádio digital funcionar", disse o ministro,
que também é proprietário de emissora de rádio. O anúncio surpreendeu as
entidades e organizações ligadas à democratização da comunicação pelo fato de
não ter havido, até hoje, um chamamento à discussão pública sobre como deverá
se dar esta transição tecnológica no Brasil. A digitalização do serviço de
radiodifusão sonora, uma realidade em poucos países do mundo, permitirá ao
ouvinte de rádio receber um sinal de melhor qualidade, bem como ler textos
noticiosos e ter acesso a informações sobre programação e outros serviços
interativos de texto. Mas, assim como se dá no caso da transição da TV aberta,
existem opções econômicas, sociais e tecnológicas a serem feitas que podem
resultar em um processo de desenvolvimento e implantação mais ou menos
democrático, mais ou menos custoso, mais ou menos excludente.
Com essa realidade batendo à porta dos brasileiros, o esperado era que
ocorresse um debate público sobre os novos conceitos de produção de conteúdos,
canalização e interatividade, que são os grandes desafios na migração das
tecnologias de comunicação social eletrônica. Prevalecendo o silêncio, pode
imperar a posição defendida pelo lobby de um grupo de empresas
norte-americanas que quer ver o padrão In-Band On-Channel (Iboc) de rádio
digital em alta definição implantado no Brasil de forma rápida. O
canto-da-sereia (conheça as empresas que financiam este lobby mundial clicando
aqui) deste conglomerado parece ter seduzido boa parte dos empresários do
setor e de autoridades públicas, uma vez que o comparativo entre o Iboc e os
padrões europeus (DAB e DRM) e o japonês (ISDB Tn) de rádio digital está
passando ao largo das principais decisões. Ao contrário da TV Digital, onde a
Anatel realizou testes de campo e de laboratório com todos os padrões
existentes, no rádio a situação é outra.
Soluções alternativas para a implantação do rádio digital existem. Para
apresentar algumas delas, dentro de uma perspectiva democrática, o e-Fórum
entrevista nesta edição o engenheiro eletrônico Higino Germani, diretor
técnico da Fundação Cultural Piratini Rádio e Televisão. Nos anos 1970, ele
foi chefe da área técnica de Radiodifusão no antigo Departamento Nacional de
Telecomunicações e diretor técnico da Rádio Nacional de Brasília (atual
Radiobrás) para a implantação da 1a Etapa do Sistema de Alta Potência em Ondas
Médias e Ondas Curtas. Concebeu, projetou e implantou o primeiro sistema de
Radiovias no Brasil, na BR-290, em 2003. Germani é responsável técnico pelo
projeto de mais de 300 emissoras de rádio, TV e retransmissoras e
aproximadamente o mesmo número em projetos de sistemas de radiocomunicação. Em
fevereiro deste ano, ele publicou o estudo "Rádio Digital: Uma Outra Opção Não
Seria Possível", cujas linhas principais são abordadas abaixo. Solicite uma
cópia do estudo escrevendo para imprensa arroba fndc.org.br
e-Fórum – O que o senhor pensa sobre essa decisão da Anatel anunciada pelo
ministro?
Higinio Germani – Aparentemente, as experiências seriam baseadas no Iboc
(in-band on-channel), ou seja, um sinal digital inserido juntamente com o
sinal analógico nas emissoras de ondas médias (AM). Vejo como muito boa
iniciativa pois os possíveis problemas e vantagens ficarão demonstrados nas
experiências.
e-Fórum – No estudo divulgado em fevereiro, o senhor defende a utilização do
canal 6 do VHF para alocar as emissoras digitais de rádio. Por quê? Quantas
estações digitais caberiam neste canal sem que houvesse risco de
interferência?
HG – A Anatel já está realocando os canais 6 de TV. A banda do canal vai de
82 a 88 MHz e fica, portanto, ao lado da faixa de FM (88 a 108 MHz). Já
existem três canais de rádio comunitária dentro do canal 6 de TV (87,9; 87,7 e
87,5 MHz); o que fazer com o restante da banda? Ora, a faixa é ideal para
propagação de rádio com comprimento de onda bem adequado. Seria possível
inserir nesta faixa mais de uma centena de canais digitais com 50 KHz de
largura cada um, o que possibilitaria efetivamente criarmos uma NOVA
RADIODIFUSÃO e não uma adaptação da faixa antiga de AM (1 MHz) para a era
digital com todos os seus inconvenientes.
e-Fórum – Por que o senhor condena o padrão americano Iboc?
HG – Não condeno. Apenas existem questões ainda não respondidas, como, por
exemplo: Como as emissoras vão operar com um delay (atraso no sinal) da ordem
de 8 segundos? Qual a vantagem de operarmos na mesma faixa de AM atual se os
receptores terão que ser compulsoriamente substituídos? Teremos que sempre
pagar royalties pelo sistema? Como fica a interferência em canais adjacentes
durante o dia e durante a noite ? Todas são questões muito importantes e
sérias e que exigem resposta ANTES de adotarmos qualquer sistema. As
experiências autorizadas serão de grande ajuda para esclarecer estes pontos.
e-Fórum – Dependendo do padrão digital estabelecido, poderá ficar inviável às
rádios comunitárias, em termos materiais, migrarem para o sistema digital uma
vez que quase não possuem acesso a fontes de financiamento. Como ficarão essas
rádios que não puderem se digitalizar?
HG – Creio que o horizonte de implantação do rádio digital ficará em no
mínimo 5 anos, talvez 10 anos. Neste período, os custos devem cair e se
tornarem mais acessíveis. Não acredito em rádio digital para as emissoras de
FM, pois o ganho de qualidade não será tão compensador em relação à situação
atual.
e-Fórum – E os receptores, será difícil produzi-los? Quais serão as vantagens
da digitalização para os cidadãos?
HG – O rádio não terá mais ouvintes e sim assinantes (se isto vai ser cobrado
ou não, é impossível saber agora). Cada assinante se cadastrará na emissora e
dará suas preferências em termos de informação, música, etc. O rádio avisará
antecipadamente que informação do interesse do ouvinte vai vir (ou aumenta o
volume automaticamete, ou liga sozinho, ou ainda grava a infromação). Tudo
isto é possível através de técnicas digitais já dominadas. O custo do receptor
(atualmente da ordem de US$ 70) deve cair à medida que o sistema for
implantado.
e-Fórum – Se a Anatel permitir a implantação do rádio digital já em setembro
estaremos (ouvintes de rádio) preparados para receber a programação?
HG – "Remember" o AM Estereo! Muitas emissoras investiram um bom dinheiro em
sistemas de transmissão estereofônicos e o resultado foi: "Esqueceram o
receptor!!!" Espero que no caso da digitalização da radiodifusão não aconteça
o mesmo. É necessário e indispensável que fábricas de receptores digitais
sejam implantadas paralelamente à implantação de emissoras digitais. Estas
fábricas têm que existir no Brasil, caso contrário, o preço será inacessível à
maioria dos brasileiros.
e-Fórum – Do ponto de vista da democratização da comunicação, qual padrão de
rádio digital pode promover maior inclusão?
HG – Aquele que proporcionar o maior número de emissoras e maior pluradidade
na programação. Do antigo "broadcast", migramos para o "narrowcast". Da
programação eclética, migramos para a programação segmentada. Da segmentada,
migraremos, compulsoriamente, para o "personalcast". Os radiodifusores se
transformarão, também compulsoriamente, em radioinformadores. Se os atuais
radiodifusores tivessem aberto espaço em suas grades de programação para
programas comunitários, o fenômeno "Rádio Comunitária" não teria surgido.
http://br.groups.yahoo.com/group/fndc-brasil/message/643
Artigos
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Indicamos este link como
"leitura obrigatória" para uma visão geral do "Rádio" no Brasil
Site TELECO
Seção: Rádio e TV
Página: Rádio no Brasil
Informativo Sete Pontos
[Out 2005] HC e o
padrão transgênico Iboc de Cláudia Abreu
Observatório da Imprensa
[09/10/05]
RÁDIO DIGITAL - A um passo da democracia nas ondas sonoras
Site TELECO
[04/07/05]
Rádio
Digital de Juarez Quadros do Nascimento.
Informativo Sete Pontos
[Fev 2005]
ISDB-Tsb:
o padrão de rádio digital no Japão de Takashi Tome
Informativo Sete Pontos
[Dez 2004]
IBOC –
Sistema de Rádio Digital nos Estados Unidos de Takashi Tome.
Informativo Sete Pontos
[Nov 2004]
DAB Eureka
147 de Takashi Tome
História do Rádio
Linha de tempo sobre a história do rádio. Produzida por Steven E. Schoenherr (em
inglês)
Site WirelessBR
Seção DAB
- Digital Audio Broadcasting
Coordenada por Gilmar Gomes da Cruz Júnior
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