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03/09/06
• Excelente Editorial da Folha de S. Paulo de
02/09/06 sobre a "guerra" entre o Ministério das Comunicações e a Anatel.
O "leilão" é dia 4 Set. Veja "tudo" sobre WiMAX mais
abaixo neste BLOCO.
[02/09/06]
Desconectados
Na disputa entre governo e Anatel sobre internet sem fio, está certa a agência
ao privilegiar o estímulo à concorrência
Há uma preocupante queda-de-braço em curso. A Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) e o Ministério das Comunicações se batem em torno do
modelo de mercado para o fornecimento de acesso à internet em banda larga
através da tecnologia sem fio chamada de WiMax. O governo questiona a decisão da
agência - correta - de aproveitar a oportunidade para fomentar a competição no
setor.
O WiMax propicia acesso à rede mundial de computadores por meio de ondas de
rádio - dentro de bandas determinadas de freqüência. Em um raio de até 50 km da
antena emissora, usuários podem conectar-se ao serviço. É a modalidade que
apresenta o maior nível de mobilidade em comparação com as outras disponíveis -
via cabo e via Wi-Fi, que provê acesso sem fio, mas numa área mais restrita.
De acordo com as regras definidas pela agência, empresas telefônicas estariam,
por um período de cinco anos, impedidas de disputar licitação para as faixas de
freqüência do WiMax nos territórios em que detenham concessão de telefonia fixa.
Uma liminar obtida na quinta-feira pela associação que representa os
concessionários, no entanto, assegura participação irrestrita no leilão, cujo
início está agendado para depois de amanhã. A Anatel informou que vai recorrer
da decisão.
O princípio que norteou a normatização da Anatel é plenamente defensável.
Empresas que detêm virtual monopólio da telefonia fixa em suas áreas, que atuam
fortemente na telefonia celular e que detêm 78% do mercado total de banda larga
de internet precisam ser expostas a maior concorrência, sob pena de o consumidor
tornar-se o maior prejudicado ao final do processo.
O Ministério das Comunicações brande a "inclusão digital" ao pressionar pelo
abrandamento das restrições aos concessionários. A Anatel estabelece prazo
obrigatório para o vencedor das licitações do WiMax iniciar a prestação do
serviço apenas nas cidades de mais de 500 mil habitantes - nas outras, o
atendimento dependerá da atratividade do negócio. Já o ministério diz que
gostaria de estender a obrigação a mais comunidades. Sugere que a atuação das
teles dentro de sua área facilitaria a consecução de tal objetivo.
Estranha e tardia obsessão do governo. As primeiras licitações da tecnologia sem
fio datam de 2003 - e as regras eram as mesmas. O processo de consulta pública
para o leilão das novas bandas começou em dezembro de 2005, mas o ministério só
agora fala em intervir no assunto.
As teles, pelas regras da Anatel, estão livres para participar de leilões fora
de seus territórios de concessão. Podem contribuir para a "inclusão digital" nas
áreas de suas concorrentes e ainda ampliar a competição pelo acesso à internet.
Em cinco anos, teriam o direito de atuar também em seu território. É tempo de
sobra para serem associadas a uma política de "universalização" que apenas
engatinha nas tecnologias mais básicas - que dirá do WiMax, por ora apenas uma
boa promessa para o futuro.
De tudo o que pode acontecer nesse processo, o pior seria uma intervenção do
ministério na Anatel. Significaria um grave retrocesso institucional, que o país
deve evitar a qualquer custo.
• Leia também o texto de Eduardo Tude, diretor do Teleco: A licitação de freqüências para o WIMAX
[Página reformatada e atualizada em 15/11/08]