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08/12/07

• WiMAX na selva amazônica - "PARINTINS: SATERÉ MAWÊ" - Artigo de Jana de Paula

----- Original Message -----
From: Thienne M Johnson
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br ; Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Saturday, December 08, 2007 7:16 PM
Subject: [wireless.br] PARINTINS: SATERÉ MAWÊ

Olá ComUnidade WirelessBrasil!

A intrépida jornalista Jana de Paula acaba de voltar de Parintins (Amazonas), onde foi conferir o balanço de 1 ano do projeto da Cidade Digital, liderado pela Intel, com participação de empresas aliadas e de universidades brasileiras.

Ela volta com o relato do balanço. Aqui está, direto do Thesis.

Para quem não lembra, mando o link do post/artigo Bumba-meu-Wimax, com detalhes do que seria o projeto da Cidade Digital.

Boa leitura!

Thienne Johnson

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Fonte: Thesis
Parintins: Sateré Mawê
À Propósito - Artigos
por Jana de Paula
08-Dez-2007
Craig Barret, chairman da Intel Corp., garante que os cinco países do BRICA (Brasil, Rússia, Índia, China e África) têm peso igual em importância, para a companhia, como construtores e consumidores do próximo bilhão de usuários da tecnologia de ponta em TIC. Mas, de fato, destes top five entre os emergentes, o Brasil é o único que abriga o Rio Amazonas. Nem o maior deserto do mundo nem a maior população do planeta: em terras brasileiras corre a grande parcela do maior rio do mundo em profundidade e extensão. Durante sua visita a Parintins, na terra dos Bois Caprichoso e Garantido, realizada na semana passada com o objetivo de fazer um balanço de um ano do projeto de Cidade Digital, Craig enfatizou: "a palavra chave é parceria".

Surgem, assim, os resultados dos primeiros modelos de inclusão social com uso de tecnologia de ponta no país - os tubos de ensaio que permitem enxergar como deverá estar o mercado do setor na próxima década. "Se você olha ao redor do mundo, hoje, ele está cada vez mais conectado e em busca de maior eficiência e produtividade", disse Craig. Ferramentas desta eficiência, buscam espaço as novas tecnologias, como o WiMAX, que, no caso da Intel, estará integrado, em nível comercial, aos processadores Centrino em meados do ano que vem, segundo garantiu o presidente da Intel do Brasil, Oscar Clarke, que acompanhou Craig na inspeção à Parintins. "O setor se movimenta e teremos novidades por aqui que, inclusive, se antecipam às medidas regulatórias", aposta Clarke.

De fato, como tecnologia, o WiMAX, adotado em Parintins, é a preferência da Intel. "Estive recentemente em Ruanda, na África, em conferência da UIT e lá, como aqui ou no Egito, Índia ou China, WiMAX é a única palavra que está na boca de todos", informou Craig. Para ele, se a tecnologia sem fio e a mobilidade são os condutores da conectividade e outras tecnologias sem fio, como o satélite, por exemplo, são de alto custo, o WiMAX é a aposta ideal. Mas o chairman da Intel prefere não destacar a questão tecnológica. "É claro que a tecnologia ajuda as pessoas, mas se fala muito em teoria e a realidade exige prática. Muitos políticos e economistas discorrem teoricamente sobre o tema. Nós estamos aqui para praticar", acrescentou. Para Craig, a tecnologia só é válida como suporte a quatro conceitos chaves: educação, saúde, economia e uma maior abertura da parte dos governos locais. Sem isto, falar de tecnologia é exercício mental, sem qualquer utilidade

Balanço em Parintins

O balanço realizado em Parintins teve música indígena de fundo. O projeto de acesso à TIC visa uma população entre cinco e 35 anos e comporta computadores nas escolas, biblioteca e um modelo de educação em saúde. Este é o projeto Jovem Doutor, que visa criar elementos replicadores de conhecimento nas diversas comunidades que vivem à beira do rio Amazonas, muitas a três ou quatro dias de barco da capital Manaus. Um dos primeiros resultados positivos do Jovem Doutor é a disseminação de informações sobre a hanseníase, que é endêmica na região e se prolifera, justamente, pela falta total de conhecimento dos habitantes sobre sua detecção e tratamento adequado.

Parceria entre a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e a Universidade de São Paulo (USP), o Jovem Doutor permite a troca de conhecimento real ou via web conference entre professores e formandos, que realizam um trabalho de educação, saúde e desenvolvimento social no Baixo Amazonas. A partir da primeira experiência em Tatuí, interior de São Paulo, criou-se o modelo de universitários como transmissores de conhecimento para alunos do ensino médio. São estes alunos que percorrem nos barcos as diversas comunidades ribeirinhas para informar às populações questões básicas de educação e saúde. Equipamentos móveis de telemedicina e telesaúde, assim, percorrem o Amazonas, afluentes e as centenas de igarapés na intenção de criar um ambiente de prevenção em saúde bucal, nutrição, hanseníase, dengue etc.

Com o apoio da prefeitura de Parintins, foi possível, neste ano, formar 45 alunos do ensino médio que, além do contato com a tecnologia em si, tomam conhecimento de questões cruciais para a vida da comunidade e, principalmente, adquirem capacidade de replicar este conhecimento para outras centenas de pessoas. A meta da Parintins Digital - que já integra medicina, odontologia, enfermagem e preservação ambiental - agora é a população idosa. Trata-se de um tipo de atendimento que não havia na região e que representa o resgate da sabedoria indígena, que sempre respeitou os mais velhos como sábios. A tecnologia WiMAX implantada em Parintins também vai servir à cultura. As mesmas salas do prédio onde se encontram o laboratório de TI e o centro de teleconferência se transformarão, nos fins de semana, em cinema.

Como me pediu um prezado amigo, bastante casmurro para querer o anonimato, mas voluntário audaz, eu acredito que chequei a contento se, no caso de Parintins, a Cidade Digital visa, de fato, a população que de outra forma não teria qualquer condição de acesso aos serviços prestados pela tecnologia de ponta. É verdade que para um heavy user de mobilidade ainda não é possível acessar a web de seu de seu laptop em áreas públicas, o que, segundo o prefeito Franklin da Cunha, será possível na festa de virada do ano, a partir da Praça Digital em construção no centro de Parintins. Mas, em Parintins, o heavy user não é o foco. E, se o projeto ainda não abrange nem mesmo toda a população carente, propicia, prioritariamente, o atendimento a quem mais necessita dele, de graça.

Como na cerimônia Sateré Mawê (Lagarto de Fogo), em que o índio de 10 a 11 anos prova que é capaz de ingressar na fase adulta calçando na mão direita uma luva de palha recheada de formigas, parece que Parintins passou neste primeiro teste de inclusão digital. Em outubro do ano que vem, o staff da Intel retorna a cidade para checar o atendimento aos próximos objetivos, entre eles a instalação de salas com computadores em 25 escolas da rede municipal.

Por lá todos aguardam, também, mais repasse de recursos da parte dos governos estadual e federal para aumentar a abrangência do acesso a programas como educação de primeiro grau e saúde preventiva. O aporte de recursos para aumento e manutenção da rede de transporte fluvial é de vital importância. Para se ter uma idéia, esta rede hoje é de sete ônibus e 2,1 mil barcos e só este ano exigiu orçamento de 2,7 milhões de reais. Sem barco, as cerca de 200 mil crianças não têm como chegar a maioria das 173 escolas municipais.

Acredito que meu amigo casmurro também tenha algo para falar dos poucos recursos reservados pelos governos a esta questão. Vou consultá-lo e, em seguida, replico aqui o que ele sugeriu.
 

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