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WirelessBrasil
Fevereiro 2007 Índice Geral do BLOCO
O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão Celld-group e WirelessBR. Participe!
• DTN (Delay Tolerant Networks)
Hoje vamos inaugurar mais
uma seção de tecnologia no site
wirelessBR, e de
quebra, mais uma sigla para nossa sopa de letrinhas.
Estou falando da tecnologia
DTN (Delay Tolerant Networks).
DTN’s são redes que tentam resolver problemas de roteamento em ambientes
móveis ou com problemas sérios de conectividade.
E para começar com chave de ouro, temos um artigo escrito pelo Prof. Mauro
Magalho* sobre o assunto: Redes Interplanetárias.
Sim, isso mesmo!
Essa tecnologia é “usada” para
comunicação entre planetas. Quem diria...!
*Prof. Margalho é Doutor em Engenharia Elétrica, é professor da Unama
(Universidade da Amazônia) e entusiasta da tecnologia. A pedidos, ele
coordenará a nova seção DTN do site.
O artigo está
aqui, mas, para facilitar a leitura, ele vai aqui abaixo.
Vida longa e próspera!
E boa leitura!
Thienne M. Johnson
Coordenadora do WirelessBR
Coordenadora-Adjunta do Wirelessbrasil.org
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DTN (Delay Tolerant Networks) - Redes Interplanetárias
Das redes interplanetárias a comunidade
ribeirinha da Amazônia
Prezado Capitão James T. Kirk, segue
em anexo o diagnóstico realizado no relatório de danos conforme solicitação.
Espero permanecer em Vulcano apenas poucos dias. Quando eu retornar para a
Enterprise fornecerei os detalhes ao Sr. Scott.
Vida longa e prosperidade.
Data estelar 24 de fevereiro de 2038.
Spock
Primeiro Oficial da USS Entreprise.
Este bem que poderia ser o conteúdo de um email
entre dois personagens bastante conhecidos da série Jornada nas Estrelas (Star
Trek). Para os que acham que isso é pura ficção científica, vale citar que a
comunidade acadêmica já se mobiliza para padronizar as chamadas redes
interplanetárias (Interplanetary Internet Project). Um grupo de
discussão chamado IPNSIG já trata
do assunto já a algum tempo e o objetivo do projeto é definir uma arquitetura
e protocolos que permitam a interoperabilidade entre a Internet residente na
terra e outras Internets residentes em outros planetas ou em naves em
trânsito, como a Enterprise J.
Enquanto que a Internet terrestre é basicamente uma rede formada por diversas
redes conectadas, a Internet interplanetária pode ser pensada como uma rede de
Internets desconectadas ou conectadas apenas eventualmente. A
interoperabilidade em ambientes assim requer novas tecnologias. Como muitos
elementos da pilha de protocolos da Internet terrestre foram pensados para
ambientes com baixos níveis de atraso, faz-se necessário uma nova concepção,
já que itens como o atraso da velocidade da luz, a conectividade intermitente
e unidirecional e as altas taxas de erro são características de uma
comunicação no espaço. Para suportar todos esses requisitos, as redes
interplanetárias são moldadas dentro dos princípios das chamadas redes
tolerantes a atraso ou redes DTN. Uma rede DTN só suporta aplicações que têm
altos níveis de tolerância a atraso, como é o caso do serviço de correio
eletrônico. Em uma rede DTN a comutação é baseada em mensagens e não em
pacotes e cada nó primeiro armazena toda a informação para depois enviá-la ao
nó seguinte. Daí já se vê uma grande diferença em relação a Internet
tradicional. Alguns nós possuem dispositivos de armazenamento persistente e,
como a comunicação entre eles pode ficar dias sem ser estabelecida, a mensagem
que foi armazenada de forma consistente será encaminhada tão logo o nó destino
se torne disponível.
Uma rede DTN é formada por três componentes: o nó, o gateway e o roteador. O nó é o único que chega até a camada de aplicação, o gateway e o roteador vão até a camada de empacotamento, fazendo armazenamento consistente para posteriormente reenviar a informação, podendo ainda fazer a chamada transferência sob custódia.
Também é importante entender que as redes DTN são construídas tendo como suporte as chamadas redes overlay, que por sua vez são formadas por infra-estrutura existente como, por exemplo, redes Mesh, redes wi-fi ou redes WiMax. Já existe, inclusive, um patch para simulações dessas redes no famoso simulador de Berkeley Network Simulator, mas disso trataremos em outra oportunidade.
Como algumas comunidades aqui na terra vivem em
um isolamento quase total, pesquisadores já pensam em usar redes DTN para
viabilizar o acesso a alguns serviços da Internet aqui mesmo. Nesse caso, a
atualização se faria quando barcos ou aviões passagem próximos a essas
localidades. Isso resolveria muitos problemas em regiões como a Amazônia, onde
existem áreas isoladas em que um link de 256 Kbps com acesso a Internet chega
a custar absurdos R$ 3.000,00 (três mil reais) ao mês, criando um tipo de
exclusão que vêm sendo chamada pela comunidade científica internacional de
digital divide.
Prof. Mauro Margalho Coutinho
Dr.
Msc. Ciência da Computação - Redes (UFPE)
www.cci.unama.br/margalho
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