Vídeo VARs serão responsáveis por soluções
para produção de vídeo
A Apple Brasil aproveita a definição do
padrão da TV digital que o Brasil adotará para criar um novo conceito de
parceiro dentro do seu programa de canal. O Apple Sales Program é
dividido em cinco categorias, dentre elas os Vídeo VARs, que pretendem
atender o novo mercado com equipamentos que incluam softwares embutidos
e área de produção de vídeo e broadcasting.
Além do software voltado para TV digital,
eles são focados na oferta do FinalCut, para edição de vídeo, e atendem
basicamente produtoras, universidades e empresas de televisão. As
perspectivas de crescimento são boas, já que as soluções com esse tipo
de software da fabricante custam por volta de US$ 1 mil, enquanto o
preço da similar é US$ 40 mil.
Atualmente, os três parceiros que suportam
esse mercado estão em São Paulo, mas a idéia, segundo o
gerente-comercial, José Roberto Santos, é escolher um em Recife, Minas
Gerais, Bahia e dois no Rio de Janeiro, além de um para a região
nordeste e outro na no Sul do País.
Flávia D'Angelo é editora de CRN Brasil e do
ResellerWeb..
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Fonte: IDG Now!
[21/05/07]
Brasil corre contra o tempo para implantar TV Digital, diz Franco
por Luiza Dalmazo, especial para o Computerworld
São Paulo - Presidente do Fórum Nacional de TV Digital e diretor de
tecnologia do SBT fala do modelo e do início das transmissões.
As normas de TV Digital definidas pelo Fórum
Nacional estão sob análise do Conselho de Desenvolvimento – grupo
composto de representantes de diversos ministérios. Enquanto isso, as
discussões e disputas de interesses continuam em andamento, conforme
conta o presidente do Fórum, Roberto Franco. Tranqüilo de que tem feito
um bom trabalho a frente do grupo, o executivo nega que o governo esteja
privilegiado as radiodifusoras e que tenha deixado temas sem ser
debatidos, conforme crítica das operadoras.
Computerworld - O que
o Fórum Nacional tem feito enquanto o governo não dá o parecer sobre a
primeira versão das normas de TV Digital?
Roberto Franco - Enquanto o Conselho de Desenvolvimento não faz as
considerações, estamos discutindo outras questões, como os hoyalties de
propriedade intelectual, continuamos a rever as normas propostas, entre
outras questões.
O que diz cada norma
definida?
Isso é muito longo, não dá pra falar resumidamente. O mais
importante é que tudo o que definimos está dentro dos preceitos
descritos no decreto governamental. Trazemos requisitos funcionais e
hoje podemos dizer que temos o sistema de TV Digital mais evoluído da
modernidade, já que incrementamos o modelo japonês.
Você foi a favor do
padrão japonês?
Franco - Nosso padrão não é japonês. É a base japonesa com
melhorias. O modelo do Japão foi criado há 10 anos. Nós inserimos
melhorias e fizemos adaptações, como a utilização do MPEG 4, por
exemplo.
Essa é a evolução mais
importante?
Na verdade o middleware é o mais importante e mais amplo, porque
fica numa parte muito sensível. É essencial na nossa proposta. Ele torna
a alma do padrão brasileira, além de também usar uma linguagem criada no
Brasil, o NCL. É um ineditismo, como também é o H264. Mas existem vários
detalhes em que foram feitas adaptações. Várias características têm
requisitos regionais, atualizamos e inserimos o que há de melhor,
inovações realmente inéditas. O middleware é uma contribuição enorme da
inovação brasileira, com chance de ter expansão internacional. Nós
aproveitamos a vantagem de partir do ponto de onde os outros países
partiram. Aprendemos com as experiências dos outros, vimos que demandas
não estavam sendo atendidas e adaptamos. Propusemos uma solução mais
eficiente. Hoje não existe ninguém capaz de competir com o Brasil em
qualidade técnica. A base do sistema, portanto, é japonesa, mas a camada
de enriquecimento é nova e nossa.
Já que você está
dizendo isso, é verdade que existe a possibilidade de criar um sistema
nipo-brasileiro de TV Digital?
A essência do padrão ISDB é japonês, registrado no ITU (International
Telecommunication Union), inclusive. Só que ao invés de ter um sistema
japonês e outro brasileiro, a intenção é harmonizar o padrão deles com
as nossas inovações fazendo com que fique apto a adoções de outros
países. A idéia é ter um padrão único enriquecido, que resulte em um
sistema mais atrativo. Os japoneses não só aceitaram as nossas
contribuições ao sistema quanto endossaram a capacidade do Brasil de
consolidar o padrão. E os aperfeiçoamentos são eternos. Imagine que
qualquer sistema é evolutivo e dinâmico. O Brasil também vai buscar
inovações, então tem que ter um intercâmbio de pesquisa e consenso dos
dois lados. É preciso entender o que é diferente e compatibilizar, ver o
que vai introduzir e atender aos dois lados. Isso facilita a adoção em
outros países, além de ganhar com economia de escala, com maior número
de fabricantes, aumento da competitividade e poder de escolha ao
consumidor.
Qual é o maior inimigo
brasileiro para implementação da TV Digital?
O tempo. Sem dúvida é o que mais atrapalha. Veja só que em cinco
meses nós concluímos as normas. Nos outros países ninguém fez isso em
menos de quatro anos. Claro que estávamos estudando por mais tempo, mas
mesmo assim. As normas brasileiras são aderentes à implementação, ao
anseio do governo. O Fórum não quer ditar modelo, apenas propõe
especificações técnicas e atende do ponto de vista técnico o decreto
presidencial. O nosso modelo inclusive atende a qualquer padrão passível
de ser praticado no mundo. A única definição é a das radiodifusoras
abertas, que está 100% amparado. A tecnologia é tão ampla que permitiu
chegarmos aonde a imaginação estava. Eu até ouvi em eventos fora do
Brasil que o nosso padrão é o mais atual. As pessoas admitem – é como se
tivesse um carro modelo 2006 e aí chega um 2007 mais inovador – não dá
pra dizer que o novo não é melhor. Isso é mérito nosso, porque podíamos
ter feito e adotado o que foi feito há 10 anos. Mas seria um problema e
um erro. Porque já existem avanços para melhorar esse sistema. Então
começaríamos defasados. O próprio sistema europeu vai passar por uma
atualização em 2009. O único que está mais estável é o japonês e mesmo
assim podia ser melhorado. Foi o que fizemos.
Você comentou que o principal adversário é o
tempo. Você acredita no cumprimento dos prazos estabelecidos pelo
governo?
O lançamento dos serviços é em dezembro. A indústria ainda tem inovações
para fazer, as radiodifusoras têm investimentos a fazer, tem que
capacitar pessoas. As alterações que foram feitas provocaram adaptações
que a indústria está tentando atender. Tem pontos difíceis. E temos
urgência.
Por quê?
A urgência é uma demanda da sociedade. É a contrapartida que as
radiodifusoras têm de dar para a sociedade. Teve demanda do governo para
dar porta de inclusão social e digital. É um anseio justo e que se ficar
postergando perde espaço no mercado, que é precoce. Queremos conquistar
adeptos. Até porque a concorrência hoje não é só da TV com a TV. É da TV
com a internet e muito mais. Se não formos rápidos, podemos ter mais
dificuldade de introdução da TV Digital. E o governo deu foco a isso,
então é prioridade. Temos o dever de cumprir (e agora falo como
emissora).
O que as
radiodifusoras têm de fazer?
As radiodifusoras têm de construir uma planta digital, mesmo
sabendo que o retorno é em longo prazo. As emissoras podiam esperar para
colocar. Até porque o sinal digital não tem valor comercial no começo da
operação. O retorno é com anúncio e se não tem público não tem retorno
(propagandas). Podia colocar a transmissão de baixa potência e só
aumentar quando tivesse público. Mas não. O SBT, por exemplo, comprou 15
KW de potência de transmissor. Ou seja, desde o primeiro dia teremos o
máximo de qualidade de serviço com retorno financeiro e comercial nulo.
Além disso, temos de fazer investimos em treinamento de pessoas,
equipamentos. As radiodifusoras estão envolvidas e dedicando recursos à
TV Digital.
Acho que estamos no caminho certo, porque as
decisões são tomadas em conjunto. No mundo tem Fóruns com 200 sócios. No
Brasil lançamos nosso Fórum em novembro e já existem 100 associados.
Isso significa que temos centenas de profissionais envolvidos. Depois
ainda há grupos de trabalho formados por 30, 40 e 50 pessoas. É
diferente do que aconteceu no setor de telecomunicações, quando ninguém
questionou se as redes CDMA e GSM eram boas e atendiam as necessidades
do País. Foram adotadas sem discussão.
Já que você comentou
das operadoras, como é que elas ficam com o advento da TV Digital?
As operadoras são uma questão divertida. Elas estão nos acusando
de não discutir. Mas não e verdade. Inclusive se discutiu televisão
durante muito tempo como qualquer outro equipamento, computador etc,
menos como televisão. Portanto, a mobilidade se soma à TV como ela é.
São adicionais. O modelo está estabelecido.
O SBT, por exemplo, é o maior gerador de
mensagem de SMS. Atualmente já usamos a planta de telefonia como canal
de retorno. A TV Digital vai estimular isso ainda mais. É óbvio que a TV
Digital gera ainda mais negócios e tráfego e as operadoras querem parte
desse benefício. Mas durante muito tempo se discutiu bobagens. Porque
nós lutamos principalmente contra o monopólio. Não dá pra tudo circular
na planta de telefonia. Ela pode ser usada como plataforma de serviços,
mas só quando for mais eficiente.
O governo também fala que é
preciso oferecer um canal de retorno gratuito. Então por que não contar
com essa rede de telecom?
Discutimos porque as teles gostariam que
tivéssemos de usar a plataforma deles. Melhor é usar a plataforma
tradicional e ter a de telefonia como opção. Não tem por que um modelo
sobrepor o outro. Não dizemos que as empresas de telecomunicações não
têm o direito de fazer isso. É preciso definir: por enquanto a rede de
telecomunicações de TV móvel são as emissoras. Mas a TV móvel não existe
no País como serviço. Para ser, a concessão é suficiente? Ou tem que dar
concessão nova? Ou é um novo serviço e deve ser licitado? Se quisermos
oferecer TV no equipamento móvel hoje, é possível. Mas sem qualidade. A
novidade é fazer com qualidade e também no celular. O fato é que não são
eles que vão transmitir.
Acho que nós vamos de qualquer forma gerar
recurso para eles porque a TV num equipamento móvel que convida para a
interatividade vai despertar interesse. Hoje mesmo a maioria do SMS
gerado são pelos programas de televisão. Não tem por que mudar o modelo,
apesar de que as operadoras defendiam um modelo restritivo a qualquer
modelo de aplicação. Queriam transportar 100% do modelo atual.
Simplesmente colocar na rede deles a transmissão de TV. Compartilhar a
mesma recepção, mesmos mecanismos de acesso. O problema é que quem tem
TV fixa não consegue fazer portabilidade – então seria preciso pagar. O
que existe é que TV não é um serviço que possa ter desconto. A TV
analógica é totalmente incompatível com a digital. Se não pudesse usar a
mesma freqüência, teria de tirar uma do ar e colocar outro. Mas isso
obrigaria os consumidores a comprar outro televisor (porque ninguém vive
sem TV) e os preços subiriam muito.
A solução foi dar ao radiodifusor um segundo
canal e dar o prazo de 10 anos para a população comprar receptores. Se a
pessoa está ansiosa, pode comprar no primeiro dia. Se não, pode comprar
daqui a 10 anos. Para ela nada muda. Ainda assim nos EUA eles estão
dando subsídios para a população porque 10% ainda não comprou receptor.
Na Itália o governo ofereceu subsídio desde o primeiro dia. As
radiodifusoras vão desde o primeiro dia gastar o dobro de energia e
poderiam vender pelo preço que quisessem. Poderia até dizer para
indústria que quer uma parte dos lucros de vendas de set up box para
compensar as perdas. Mas isso não acontece e não vai acontecer. Por isso
eu acho um absurdo as críticas ao governo [dizem que o congresso
privilegiou os interesses das radiodifusoras]. Há muita discussão
ideológica, porque não vai ter benefício para as radiodifusoras.
Você acha que tem
alguma chance de haver alguma mudança na legislação em virtude da TV
Digital?
Isso é outro ponto. O conteúdo de comunicação social é reservado
para nativos. Isso é assim em qualquer lugar do mundo, existe essa
prerrogativa. Contudo, a transmissão é outra questão. Todos os países
estão discutindo isso. Antes o próprio meio separava as coisas. Pode ter
duas maneiras de abordar. Ou se discute questões de implantação ou de
convergência, porque vão fazer um ou outro, que é mais sensato. Quem
oferece o que? Quais são regulamentados e a que estão submetidos.
Tecnologicamente saíram algumas fronteiras. Duas posturas são possíveis:
Precisa sentar, precisa de tempo. Não é porque a tecnologia permite que
vai fazer. Os carros também andam a 250 Km/h, mas as leis não permitem.
Em comunicação social o serviço é dessa natureza. O Brasil está
aprendendo a aprender.
E o modelo de negócio,
está definido?
O modelo de negócio deverá ser exatamente igual ao atual. Tem
outras possibilidades, mas tem que ser discutido. Outras formas
naturalmente vão surgir. Mas não está claro se a licença está apta.
Existe um modelo de comunicação social no Brasil. Só quem permite
multiprogramação é a TV por assinatura.
Já que você falou de
multiprogramação, você acha que as emissoras não vão oferecer?
No mundo inteiro veja se alguém faz? É muito próximo ao sistema
por assinatura. Quando você quer atender a desejos específicos, só fica
viável se cobrar. Quanto mais popular um sistema, mais rentável, por
isso a multiprogramação não faz sentido. É o modelo mercado público, que
precisa de grandes volumes de audiência, pode fazer sentido à TV
educativa, informática, já que a programação por si só é o serviço. Tem
que valorizar meios mais ricos de programas, reter o telespectador na
frente da TV. Se as emissoras vão conseguir sustentar isso, eu não sei.