Fonte: Teleco
[16/03/07]
Testes de Rádio Digital
Relação das emissoras
autorizadas
Apresenta-se a seguir as autorizações para
execução de Serviço Especial para Fins Científico ou Experimentais dadas
pela Anatel para testes de Rádio Digital no Brasil. As autorizações são
válidas por 1 ano.
Rádios AM
Ondas Médias
Emissora |
Cidade |
Ato |
Data |
Rádio Mundial
|
Rio de Janeiro/RJ |
59.985 |
08/08/2006 |
Rádio Excelsior Ltda
|
São Paulo/SP
|
59.986 |
08/08/2006 |
Rádio e TV Record
|
São Paulo/SP
|
56.805 |
14/03/2006 |
Radiobrás |
Brasília/DF |
56.641 |
09/03/2006 |
Sistema Atual de
Radiodifusão |
Itapevi/SP |
55.990 |
14/02/2006 |
Rádio Sociedade da
Bahia |
BA |
54.199 |
22/11/2005 |
Rádio e Televisão
Bandeirantes |
São Paulo/SP
|
53.102 |
26/09/2005 |
Rádio Gaúcha |
Porto Alegre/RS
|
|
16/09/2005* |
Rádio Tiradentes
|
Belo Horizonte/MG |
52.697 |
12/09/2005 |
* autorização prorrogada por mais 1 ano.
Ondas Curtas
Emissora |
Cidade |
Ato |
Data |
Faculdade de
Tecnologia da Universidade de Brasília. |
Brasília/DF |
56.054 |
15/02/2006 |
Rádios
FM
Emissora |
Cidade |
Ato |
Data |
Rádio Vox 90
|
Americana/SP |
58.671 |
31/05/2006 |
Rádio Cultura de
Campinas |
Campinas /SP
|
55.997 |
13/02/2006 |
Rádio Santo Antônio de
Posse Stereo Som |
Santo Antônio de
Posse/SP |
55.993 |
13/02/2006 |
Rádio 99 FM Stereo |
Santo André SP |
54.200 |
23/11/2005* |
Sompur SP |
São Paulo/SP
|
53.101 |
26/09/2005 |
Rádios Itapema FM |
Porto Alegre/RS
|
52895 |
16/09/2005* |
Rádio Excelsior
|
São Paulo/SP
|
52.696 |
12/09/2005 |
Sistema Clube de
Comunicação Ltda |
Ribeirão Preto/SP
|
62.797 |
18/12/2006 |
* autorização prorrogada por mais 1 ano.
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Fonte: Observatório do
Direito à Comunicação
[15/05/07]
Padrão norte-americano não serve para o
Brasil, diz Frente
A Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital
apresentou na última segunda-feira (14/05) documento em resposta à
Consulta Pública nº 771, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel),
que propõe Critérios e Procedimentos para Avaliação do Sistema de Rádio
Digital IBOC. Foi a primeira vez que a Anatel colocou sob consulta o tema
da digitalização dos sistemas de rádio.
Entre outras questões, o texto aponta que não
há justificativas para a Consulta se referir exclusivamente ao padrão
norte-americana IBOC, já que o padrão livre DRM (Digital Radio Mondiale)
também recebeu autorização da própria Anatel para ser testado.
Especificamente em relação ao padrão, o
documento destaca a preocupação das entidades na interferência que uma
emissora IBOC causa em outras emissoras de baixa potência, notadamente em
rádios comunitárias. Outra questão que afeta diretamente a sobrevivência
de algumas rádios é o fato do padrão ser proprietário e possui uma lógica
de licenciamento que é “economicamente inviável para emissoras públicas e
mesmo as comerciais de pequeno porte”.
Fato consumado e metodologia
O documento das entidades também alerta sobre
o potencial “fato consumado", na medida em que as grandes emissoras já
estão comprando equipamentos pertencentes ao padrão norte-americano. As
entidades da Frente afirmam que “num futuro próximo, esse parque de
transmissores ‘já instalados’ pode se tornar um argumento para
inviabilizar a definição por qualquer outro padrão”.
Outra questão apontada pelas entidades se
refere à metodologia de avaliação, que “indica a realização de testes
pulverizados, em lugar de um teste mais amplo realizado por um consórcio
de entidades”, citando como exemplo a ser seguido o método realizado com a
TV Digital em São Paulo. Ainda no âmbito da metodologia, o documento
critica a falta de clareza em relação à amostragem nas diversas etapas dos
testes. “Na falta deste plano, qualquer resultado ‘quantitativo’ terá um
aspecto tecnicamente frágil, pois um resultado num caso específico não
será indicador seguro de que aquele comportamento se dará em todas ou pelo
menos na maioria das situações”.
A Frente também reivindica transparência,
equidade e publicidade na realização dos testes, por meio de uma maior
participação de outros atores da sociedade. Ela também questiona o fato da
Consulta tratar o tema como “uma mera substituição dos receptores
analógicos por outros de melhor qualidade, digitais”. De acordo com o
documento, “trata-se de uma mudança de paradigmas (...) rumo a um mundo
mais convergente e integrado”.
O documento é assinado pelas entidades do
Grupo de Trabalho Nacional da Frente: Intervozes - Coletivo Brasil de
Comunicação Social; Fittel - Federação Interestadual dos Trabalhadores em
Telecomunicações; Sintpq – Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa,
Ciência e Tecnologia - SP; Amarc - Associação Mundial de Rádios
Comunitárias – Brasil; Abraço - Associação Brasileira de Rádios
Comunitárias; FNDC - Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e;
Comunicativistas (RJ).
Para fazer o download do documento, clique
aqui.
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Fonte: Observatório do Direito
à Comunicação
[24/04/07]
A digitalização das ondas do rádio
por Tiago Eloy Zaidan - Observatório da Imprensa
No dia 7 de setembro de 1922, nas comemorações do centenário do
aniversário da independência brasileira, os cariocas ouviram pela primeira
vez, com certo espanto, o rádio. Foi a primeira vez que uma transmissão
deste, então novo, veículo de comunicação foi feita na terra do cruzeiro
do sul.
O entusiasmo só não foi maior por que chiados
em demasia atravessavam-se diante da voz empolada do presidente da
República, Epitácio Pessoa, que discursava. Discurso à parte, coube mesmo
ao pioneiro Edgar Roquette Pinto, em 1923, a inauguração da primeira
estação de rádio do Brasil. Tratava-se de emissora Sociedade, do Rio de
Janeiro.
A partir de então, o rádio popularizou-se
assustadoramente, tornando-se um dos mais capilares veículos de
comunicação do país. Hoje, para se instalar uma emissora de baixa
potência, bastam R$ 5 mil em equipamentos (Mídia com democracia, 2006).
Mas a evolução do meio não parou aí. Assim como a televisão, o rádio
também irá metamorfosear-se com a era digital, ganhando em qualidade e em
possibilidades de transmissão.
Custo alto
Com o advento do rádio digital, as principais
novidades serão: a agregação de componentes de interatividade, a
possibilidade da transmissão de mais de um programa simultaneamente
(revista Fonte, 2005), a melhoria significativa na qualidade do som,
concedendo às estações AM a qualidade de som equivalente às estações FM
atuais, e às FM, som com qualidade de CD (RABÊLO), o fim das
interferências na transmissão das emissoras AM e a convergência de mídias
– o que possibilitará a transmissão de textos e imagens, visualizados por
meio de uma tela no aparelho de rádio digital (MASCARENHAS). Há também a
possibilidade da ampliação do número de emissoras.
Como se vê, as mudanças prometem reavivar o
entusiasmo em torno do rádio. Todavia, para se ter acesso a tais melhorias
não basta esperar a conversão do sistema analógico (atual) para o digital.
O ouvinte terá que arcar com a compra de um aparelho de som compatível com
a tecnologia digital. Caso contrário, não conseguirá observar diferença
alguma. E, pelo menos por enquanto, seu preço não deve ser nada
democrático. Embora sem valores consolidados, é possível estimá-los entre
R$ 700 e R$ 1 000 – para os aparelhos fixos – e entre R$ 550 e R$ 700 para
aparelhos automotivos (RABÊLO).
As emissoras de rádio também pagarão caro,
literalmente, pela conversão da tecnologia. A adaptação ao sistema digital
vai requerer a compra de equipamentos, tais como novos transmissores e
adaptadores de transmissores analógicos (revista Fonte, 2005). Diante do
custo elevado, o governo acena com a possibilidade de desenvolver ações
visando ao barateamento do processo.
Testes
Os custos aos radiodifusores e ouvintes não
são às únicas barreiras para que os brasileiros possam sair escutando o
tão propalado rádio digital. Ainda há a escolha do padrão a ser adotado no
país. Existem quatro consórcios internacionais distintos sedentos por
abiscoitar a preferência nacional. São eles: o Iboc (In-Band On-Channel),
oriundo dos Estados Unidos; o DAB Eureka (Digital Audio Broadcasting) e o
DRM, (Digital Radio Mondiale), ambos europeus, e, finalmente, o ISDB-TSB (Integrated
Services Digital Broadcasting – Terrestrial), do Japão.
Embora estejamos aparentemente bem servidos de
opções, somente dois desses padrões foram aprovados pela União
Internacional de Telecomunicações, UIT: o Iboc e o DRM (ZORNITTA e JUNIA).
É justamente entre os dois que o debate em torno da escolha do padrão a
ser adotado no Brasil, vem se intensificando.
Diante dessa dupla possibilidade, o melhor a
se fazer, deduz-se, é testar. E, de fato, é o que vem sendo feito. Desde
setembro de 2005, a Agência Nacional de Telecomunicações, Anatel, passou a
conceder autorizações para interessados em pôr à prova o novo sistema
(Mídia com democracia, 2006), por meio de concessões provisórias de seis
meses, com possibilidade de prorrogação. Os testes devem se restringir às
regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo
Horizonte, Porto Alegre e Curitiba (RAMOS). Oficialmente, o propósito
dos testes contempla a avaliação do desempenho do sistema no tocante à
qualidade do áudio, à área de cobertura e ao vigor diante de ruídos e
interferências, dentre outros pontos declarados (Anatel).
O padrão Iboc
Embora estejamos apenas na fase de testes, já
é claramente perceptível a preferência do setor privado da radiodifusão
nacional pelo padrão norte-americano, o Iboc. As rádios Excelsior FM;
Bandeirantes, de São Paulo; e Gaúcha, de Porto Alegre, são exemplos de
emissoras que estão realizando testes com o padrão Iboc. Em contrapartida,
apenas a rádio da Faculdade de Tecnologia da UnB, de Brasília, e a
Radiobrás, ambas públicas, estão conduzindo testes com o padrão DRM. As
demais opções seguem ignoradas, inclusive a DAB Eureka, cujo ônus para
viabilização é considerado demasiado (Anatel).
O padrão Iboc é gerido pela empresa
norte-americana Ibiquity, dona de seus direitos. Há algo em torno de 40
patentes internacionais assegurando a sua propriedade. Possui, inclusive,
um notável preço para licenciamento: US$ 5 mil, o que seguramente assusta
os radiodifusores de estações comunitárias ou de situação financeira
semelhante.
A transição de tecnologia, sob a bandeira do
padrão norte-americano, é bastante cara. Em seu país de origem, Estados
Unidos, há um fundo não-governamental auxiliando as rádios públicas em sua
"metamorfose" digital (Mídia com democracia, 2006). A despeito do
orçamento, alinhado aos Estados Unidos, Canadá e México optaram pela sua
escolha (revista Fonte, 2005).
Sua vantagem mais divulgada reside na
possibilidade da transição para o sistema digital ser efetuada sem exigir
a troca da freqüência das emissoras. Da mesma forma, o padrão Iboc permite
que a transmissão da emissora seja feita para aparelhos digitais e
analógicos, concebendo a coexistência de ambos. Em se tratando do Brasil,
onde provavelmente grande parte da população não terá acesso imediato à
nova tecnologia e, conseqüentemente, permanecerá servindo-se do rádio
analógico, tal atributo se mostra relevante.
Em sua aberta defesa, a Associação Brasileira
de Rádios e Televisão, Abert, tem incentivado experiências com o padrão
norte-americano. Todavia, o consultor técnico da associação, Djalma
Ferreira, reconhece que o Iboc possui notáveis falhas no que diz respeito
à transmissão de ondas médias. Falhas estas acentuadas no período noturno.
Ainda assim, Djalma Ferreira afirma ser uma "alternativa indesejável"
aguardar conclusões sobre o padrão DRM.
Outro ponto considerado negativo por muitos é
que, entre os padrões apresentados, o Iboc é o que mais apresenta
barreiras à criação de novas emissoras. Este elemento poderia ser um
entrave à democratização da comunicação via rádio.
O padrão DRM
O padrão DRM, embora apontado como europeu, é
fruto de um extenso consórcio envolvendo instituições européias famosas,
como a francesa Radio France Internacionale, a inglesa BBC, a alemã
Deutsche Welle e de outros continentes, como a NHK, do Japão. Também
constam emissoras de países fora do eixo das nações desenvolvidas, como
Tunísia e Equador (CABRAL, 2006).
O fato de não contemplar a faixa FM, tem se
mostrado "o calcanhar de Aquiles" do padrão DRM. Embora estejam sendo
realizados estudos no sentido de incluir as freqüências FM no bojo das
transmissões do padrão, atualmente o DRM permite somente o uso das faixas
de onda média, ondas tropicais e ondas curtas.
Movimentos sociais
Enquanto as grandes organizações de
comunicação social brasileiras realizam seus testes com os padrões que
elas próprias escolheram, os movimentos sociais tentam ser ouvidos. A
maior queixa refere-se ao perigo do interesse econômico se sobrepor aos
interesses da sociedade, altamente dependente de veículos de massa, como o
rádio.
Ao conceder a livre licença para que os
próprios radiodifusores façam sua escolha e empreendam suas avaliações –
sem um debate que inclua sequer os usuários do rádio –, corre-se o risco
de manter a ordem vigente com a tecnologia analógica: poucos e grandes
conglomerados de comunicação, servindo aos interesses de algumas famílias
e políticos. É o que se chama de manutenção do status quo da radiodifusão
brasileira.
Josué Franco Lopes, representante da
Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária no Estado do Rio Grande
do Sul, ABRAÇO-RS, declarou-se surpreso com a falta de debates em torno da
digitalização do rádio. Para ele, no caso da radiodifusão, a ausência de
democracia no processo foi ainda mais acentuada que nos debates envolvendo
a TV digital (Mídia com democracia, 2006).
Tribuna de debates
À margem do processo, e sem condições de
seguir os passos das grandes emissoras – que já estão testando o padrão
Iboc –, as rádios comunitárias temem a falta de recursos para se adaptarem
ao caro padrão norte-americano, exaltado pelo lobby dos meios de
comunicação de massa privados.
Em audiência pública na Assembléia Legislativa
do Rio de Janeiro, em fevereiro de 2006, representantes dos movimentos
sociais reclamaram da condução da digitalização do rádio no país. Na
ocasião foram feitas reivindicações, dentre as quais a realização de um
debate claro e democrático por parte do governo, visando ao
desenvolvimento da rádio digital no Brasil (ZORNITTA e JUNIA).
Ironicamente, o rádio, que não raro realizou um verdadeiro papel de
tribuna de debates em momentos chaves da história do Brasil, atualmente
encontra-se praticamente mudo quando a questão é debater, ou mesmo
informar, sobre questões relativas à sua tão esperada digitalização.
Referências bibliográficas:
ANATEL. Disponível aqui. Acessado em 11 de
abril 2007.
CABRAL, Adilson. DRM é a nova onda da rádio
digital. Informativo eletrônico Sete Pontos, n. 32, fevereiro de 2006.
Disponível aqui. Acessado em 12 de abril de 2007. ____. Convergência no
século da mobilidade: a história vem de longe, a revolução ainda está no
começo. Revista Fonte, Belo Horizonte: Prodemge, N. 03, Pág. 14 – 38,
Dezembro de 2005.
FERREIRA, Djalma. O caminho do rádio digital.
Disponível aqui. Acessado em 12 de abril de 2007.
MASCARENHAS, André. País inicia testes de
rádio digital: a partir de hoje, Anatel autoriza rádios a experimentar a
nova tecnologia, no padrão "In Band On Channel", dos EUA. Disponível aqui.
Acessado em 11 de abril de 2007.
RABÊLO, Paulo. O rádio digital já começou no
Brasil. Sabia? Disponível aqui. Acessado em 11 de abril de 2007. ____.
Rádio digital: decisão antes da hora? Revista Mídia com Democracia.
FNDC, n 03, Pág. 16 – 18, Setembro de 2006
RAMOS, Luiz Carlos. 83 anos no ar: o rádio
renovado com força digital. Disponível aqui. Acessado em 11 de abril de
2007.
ZORNITTA, Bruno e JUNIA, Raquel. Rádio
digital: democratização ou "cala-boca tecnológico". Disponível aqui..
Acessado em 11 de abril de 2007.