BLOCO
Blog dos Coordenadores ou Blog Comunitário
da
ComUnidade
WirelessBrasil
Outubro 2007
Índice Geral do
BLOCO
O conteúdo do BLOCO tem
forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão
Celld-group
e
WirelessBR.
Participe!
11/10/07
"Banda Larga para Todos" (01)
Continuamos no esforço de acompanhar e avaliar
as atividades governamentais de inclusão digital com o objetivo principal de
ajudar a "fazer funcionar" e "fazer dar certo".
Estou sempre me repetindo: além do enorme alcance social, estas atividades
representam um fabuloso mercado de trabalho para o pessoal de TI e Telecom.
O programa governamental chamado de "PC
Conectado" não vingou.
Separando as partes do título, vemos que o
cidadão-povão continua desconectado mas o "Computador para Todos",
justiça seja feita, foi e é um sucesso barateando os micros.
O crédito pelo êxito do "Computador para Todos"
é concedido ao assessor especial da Presidência da República, Cezar
Alvarez (ver entrevista no final desta mensagem).
Entra na berlinda da mídia mais uma proposta do
governo com o nome de "Plano Nacional de Banda Larga" (ver matéria
mais abaixo)
No popular, poderíamos dizer que o governo tem
um "caminhão de iniciativas" de inclusão digital.
Já fizemos mais de uma "mensagem/post" sobre o
tema.
Vejam por exemplo, no nosso BLOCO, Inclusão
digital "desarticulada" (transcrição mais abaixo) com os programas
existentes em janeiro de 2007 - modestamente... vale conferir de novo! :-)
Neste "post" eu me permitia repetir uma
ladainha:
(...) Notamos também que a verdadeira inclusão que será
possibilitada pela existência de um computador "conectado" em cada
residência passa ao largo do conjunto de medidas e programas: continuo
com a minha impressão que não há realmente uma "vontade política" no
sentido de incluir "pra valer" um enorme eleitorado
desinformado.
Mas, recentemente o "super" Cezar Alvarez, assumiu a coordenação dos
programas federais de inclusão digital: estamos de olho, torcendo para dar
certo! :-)
Vale também conferir a entrevista mais abaixo.
Feita esta ambientação, sugerimos "ler mais" nas matérias abaixo
transcritas:
Fonte: Convergência Digital
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Fonte: Convergência Digital
Inclusão digital: mais um passo em direção a
ações integradas por Cristina De Luca
Reunião marcada para segunda-feira, 8 de outubro, no Palácio do Planalto, em
Brasília, deverá criar um grupo interministerial para tirar do papel, de
forma integrada, duas propostas do governo Lula: o Plano Nacional de Banda
Larga e a elaboração da Lei de Comunicação Eletrônica de Massa.
O grupo interministerial é um desejo antigo dos militantes da inclusão
digital, revigorado com a nomeação de Cézar Alvarez,o assessor especial de
Lula que conduziu o projeto Computador para Todos, como coordenador de todas
as ações do governo para inserção da maioria dos brasileiros na Sociedade da
Informação, em maio deste ano.
Estão convocados representantes dos principais órgãos do governo ligados ao
tema, como os Ministérios das Comunicações, do Planejamento, da Ciência e
Tecnologia, do Serpro, entre outros órgãos federais.
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Além da já discutida redução da carga
tributária, falta política pública que inclua internet no método de ensino e
leve o acesso aos locais hoje sem rede.
A questão da carga tributária no setor de
telecomunicações, amplamente discutida na semana passada, durante a
Futurecom 2007, voltou à tona hoje (08/10), mas para outro serviço: a oferta
de banda larga.
Para os debatedores de um fórum promovido esta
manhã pela Telefônica, sem redução dos impostos e uma política pública
ampla, a banda larga não chegará às classes D e E, que correspondem a 70% da
população brasileira.
"Ninguém vai perder receita se houver redução da
carga tributária porque hoje ela [a receita] praticamente não existe em
banda larga", afirmou Antonio Carlos Valente, presidente do grupo Telefônica
no Brasil, ao citar que, dos 180 milhões de habitantes, o Brasil tem 6,5
milhões de usuários de banda larga.
Por isso, ele defendeu que, "em algumas
situações, é conveniente que a carga tributária seja reduzida para o mercado
se desenvolver, por um período de tempo que seja", afirmou, citando o
exemplo dos computadores.
Para dar um panorama da situação brasileira
mesmo diante de outras nações da América Latina, Valente citou dados da
pesquisa Digiworld, encomendada pelo grupo Telefónica e que pela primeira
vez englobou a América Latina.
"Em números de centros comunitários, de acesso
gratuito à internet, a Argentina é hoje a líder, com 28 mil centros públicos
e privados e 900 pessoas por centro", citou Valente.
No Paraguai, no entanto, o número de pessoas
atendidas por um centro é o pior da região: 104 mil pessoas por centro,
enquanto no Brasil o número não é tão ruim, mas está longe da líder
Argentina - 8,1 mil pessoas por centro.
"Os números são uma idéia do desafio que temos
pela frente", afirmou Valente. Na região como um todo, segundo o estudo
Digiworld, a penetração é baixa, não só pela renda baixa da população, mas
pela cobertura incompleta. No Brasil, por exemplo, não há rede de banda
larga disponível em cerca de metade das cidades.
Mario Dias Ripper, consultor da F&R Engenheiros
Consultores, afirmou que "nenhum país está hoje satisfeito com seu nível de
inclusão de banda larga", mas, no caso brasileiro, o desafio de incluir as
classes D e E se deve ao fato de que, para essa faixa da população, a
porcentagem da renda destinada a telecomunicações é de 6%, o que daria um
máximo de 48 reais mensais.
"O preço da banda larga tem caído, mas ainda é
inviável para os domicílios de menor renda", afirmou, já que o pacote mais
barato hoje ficaria em 80 a 90 reais mensais (acesso e provedor de
conteúdo), cerca de 12% mais baixo que em 2006, mas acima portanto, dos 48
reais disponíveis.
"Se não houver uma política pública muito bem
estruturada, não há dinâmica de mercado que sustente", afirmou o consultor,
que também é ex-diretor da Telemar.
"Temos de achar modelos de negócios que façam
sentido à população emergente", afirmou. Para ele, o governo hoje "tem um
discurso de inclusão, mas uma prática de exclusão".
A professora Marta de Campos Maia, da Fundação
Getúlio Vargas, também ressaltou que "não basta levar o equipamento". Ela
citou universidades cearenses que já dispunham de equipamentos de
videoconferência há cinco ou seis anos, mas todos guardados em caixas por
falta de profissional especializado.
"Não basta levar o equipamento às escolas. Falta
política pública e mudanças pedagógicas para inserir a prática da internet
nos métodos de ensino", ressaltou.
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Fonte: BLOCO - Blog dos
Coordenadores da ComUnidade WirelessBRASIL
[13/01/07] Inclusão
digital "desarticulada" - Mensagem de Helio Rosa para os Grupos
Celld-group
e
WirelessBR:
----- Original Message -----
From:
Helio Rosa
To:
Celld-group@yahoogrupos.com.br
;
wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Sunday, January 14, 2007 8:04 PM
Subject: Inclusão digital
"desarticulada"
Olá,
ComUnidade WirelessBRASIL!
Estamos registrando hoje a marca de
3850 participantes, somados os dois Grupos
Celld-group
e
WirelessBR!
Bem-vindos, recém-chegados! :-)
Neste ambiente virtual convivemos em
grande harmonia e cordialidade, compartilhando informações e
conhecimentos, sempre fazendo novos amigos!
Continuamos no esforço para avaliar as
atividades governamentais de inclusão digital com o objetivo principal
de ajudar a "fazer funcionar" e "fazer dar certo".
Estou sempre me repetindo: além do enorme alcance social estas
atividades representam um fabuloso mercado de trabalho para o pessoal
de TI e Telecom.
Durante recente reunião do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social o Secretário-Geral de Controle
Externo do Tribunal de Contas da União, Jorge Pereira de Macedo,
entre outras, fez esta crítica:
(...) Falta de coordenação governamental, no tocante aos programas
de inclusão digital, considerados pelo Secretário-Geral do TCU, como
"desarticulados" (...)
[Fonte: Convergência Digital - 11/01/2007 TCU
critica governo por falta de planejamento estratégico em telecom por
Luiz Queiroz]
Numa simples leitura confirmamos que o
Secretário Macedo tem toda razão!
Notamos também que a verdadeira
inclusão que será possibilitada pela existência de um
computador "conectado" em cada residência passa ao largo do
conjunto de medidas e programas: continuo com a minha impressão que
não há realmente uma "vontade política" no sentido de incluir
"pra valer" um enorme eleitorado desinformado.
Vale lembrar que esta "utopia" de um computador "conectado" em cada
residência (conexão grátis!!!) é uma realidade na cidade do
interior paulista Sud Mennucci (Ver este "post" em
nosso
BLOCO:
Sud Mennucci - Cidade Wi-Fi)
Fica aqui meu convite ingênuo, simplista e
simplório para que os órgãos da mídia e as "autoridades digitais" do
Governo agendem uma visitinha à Sud Mennuci... :-)
Em tempo: Não consegui identificar
exatamente a que programa pertencem os Telecentros que foram objeto
do recente pregão eletrônico (R$ 110 milhões!!!) que, pasmem,
"deu zebra": o pregoeiro (leiloeiro) precipitou-se e declarou
vencedora a empresa Procomp que não conseguiu passar na fase de testes
para homologação.
Lembro também que o programa GESAC
já foi objeto de nossa atenção e também "vai mal das pernas" conforme
nosso "post":
GESAC - Expansão e problemas.
Sobre o "programa dos laptops" - uma
verdadeira salada - também já "postamos":
Prezado participante e leitor: forme sua
opinião e interaja usando a "democracia direta"!!!!
• Ministério das Comunicações -
Fale conosco - Ministério das Comunicações -
imprensa@mc.gov.br
"Tamos" fazendo a nossa parte...Ufa!!!! :-)
Olá, Dona Mídia!
Vamos eleger este tema como prioritário em 2007?
Olá, Sr. Governo Federal!
"Articular" é preciso, sô!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Fonte: Min Cultura
O assessor especial da Presidência da República,
Cezar Alvarez, assumiu a coordenação dos programas federais de inclusão
digital, e, com ela, também o desafio de consolidar dentro do governo as
propostas de um Plano Nacional de Banda Larga. Para atualizar a estrutura de
telecomunicações do país, ele defende a combinação de três ingredientes: um
backbone público (como o disponível na Eletronet), eventualmente
compartilhado com prestadores privados de serviços; a conversão das metas de
universalização das operadoras de telefonia em instalação de backhaul
(pontos de acesso banda larga), numa alternativa aos Postos de Serviços de
Telecomunicações; e a inclusão de conexões banda larga móveis entre os
quesitos das licitações das freqüências para a terceira geração da telefonia
celular.
Alvarez afirma que estão sendo analisadas as
diversas ações federais de inclusão digital, mas ele já detecta duplicação
de esforços, desperdícios e ausência de uma visão articulada de
sustentabilidade. Para estruturar um Programa Brasileiro de Inclusão
Digital, começou a compor comitês de trabalho com integrantes dos vários
ministérios envolvidos no tema. A idéia é repactuar as iniciativas,
fortalecendo a participação de governos locais, da sociedade civil e de
empresas. De modo a evitar o que considera uma presença exagerada da União
nos projetos. Cezar Alvarez, que é o responsável pelo programa Computador
para Todos, adianta que o governo vai licitar entre 100 mil e 200 mil micros
portáteis educacionais com software livre, para o projeto Um Computador com
Aluno (UCA). A idéia é que os laptops sejam entregues até outubro.
Como será a coordenação dos programas de
inclusão digital, e a construção de um plano nacional de combate à exclusão
digital?
Cezar Alvarez - Cada área continua com suas responsabilidades, seus
projetos, suas prioridades, sua visão setorial e a legitimidade dela. Meu
papel é ajudar a que essas áreas se conversem, se potencializem — da compra
à capacitação e ao suporte —, e que evitem duplicação. Para que, juntos,
sejamos capazes de criar novos programas ou ações que completem lacunas, nas
muitas dimensões do papel do governo na inclusão digital — seja na dimensão
pedagógica, ou de serviço e informação à cidadania, seja no uso, como
governo consumidor, até no fomento dos telecentros, já na dimensão de
política social. Superando a visão de telecentro de um único tipo.
Em algumas regiões, há telecentros que são um
espaço quase único de cidadania. Por exemplo, no semi-árido, alguns têm
papel estratégico na produção, ou para um pequeno núcleo de pescadores, ou
numa região de agricultura familiar. Isso é uma experiência muito forte do
Mdic (Ministério da Indústria), os telecentros adquirindo, cada vez mais, a
dimensão de serviços. A idéia, então, é detectar lacunas e potenciais a
explorar. De modo que as ações estejam incluídas em uma política
estratégica, acordada em comum entre as diferentes partes, mas preservando
as especificidades.
Já há um diagnóstico dos programas?
Principalmente na área dos telecentros, é evidente a duplicação, as
lacunas e as dificuldades de construir uma visão comum da
auto-sustentabilidade. É preciso trabalhar com parcerias, seja com
mini-sociedades usuárias em torno de um telecentro, seja com aquele setor
social, quando o telecentro está mais viculado a um serviço, ou sejam as
lideranças daquela comunidade, ou o prefeito ou a prefeita. É preciso haver
uma visão clara da capacidade de sustentação.
É lisonjeiro, mas preocupante, que, no primeiro
mapa da inclusão digital, feito pelo MCT (Ministério da Ciência e
Tecnologia), via Ibict (veja a página 24), de 16 mil pontos, cerca de 11 mil
sejam da União. É evidente a distorção, em um estado federativo com 27
unidades e 5,4 mil municípios. O governo federal não precisa abrir mão de
fazer diretamente, mas tem que trabalhar de forma associada; tem que haver
uma repactuação federativa. A partir daí, queremos desenvolver políticas de
serviços, eventualmente fomentar aplicativos comuns. A capacitação, por
exemplo, não pode ser digitação, alfabetização digital. Inclusão significa
uma capacidade de obter, armazenar, produzir, criticar, modificar a
informação que está na rede ou num banco de dados. Queremos ampliar e
atualizar o conceito de inclusão com essa dinâmica mais ampla. E também como
instrumento para aumentar a possibilidade do emprego, de capacitação
profissional. São questões em fase de diagnóstico, depois serão
hierarquizadas, e nós teremos um plano de ação mais efetivo, com metas,
responsabilidades, indicadores, custos. É uma repactuação.
Em que prazo será possível ter esse plano e
essa repactuação?
Ainda estou apresentando [a idéia] aos ministros, cujas áreas têm
atuação nesse mundo da inclusão digital. E eles estão designando dois
assessores para trabalhar comigo. Um será um quadro técnico, que formará uma
coordenação operacional, em que trabalharemos juntos dez, 12, 15
ministérios. Estou dizendo que gostaria que fosse um quadro técnico e que,
no mínimo, 20% do seu trabalho pudesse ser para essa ação. Depois, a idéia é
constituir um comitê técnico-político, com os secretários das áreas, com
visão das grandes diretrizes.
Outra dimensão é que essa articulação do governo
federal discuta federativamente com as entidades de prefeitos e
governadores, seus secretários de Educação, Indústria e Comércio, Ciência e
Tecnologia, com os movimentos sociais, as ONGs que trabalham o tema; e,
principalmente, com os diferentes ramos das empresas envolvidas —
equipamentos, área de transmissão, internet, conteúdos, aplicativos. Para —
e aí é uma meta bastante ambiciosa — criar aquilo que poderemos chamar de um
Programa Brasileiro de Inclusão Digital. Porque a gente percebe que
diferentes setores sociais gostariam de ter uma mesa, onde pudessem conhecer
cenários de longo prazo e onde cada qual conhecesse as estratégias dos
principais atores, para definir suas estratégias comerciais, empresariais,
sociais, governamentais, estabelecendo um mix, sempre rico no
desenvolvimento de um setor, de colaboração e competição. Isso passará pela
maturação das empresas brasileiras, que vão ter que perceber que o Estado é
um parceiro. Mas não se pode reduzir a discussão à diminuição de tributos;
tem de incluir a produtividade, a competividade e a contribuição que cada
empresa poderá dar para inclusão digital.
As ações federais de inclusão digital têm
metodologias muito distintas. Seria possível definir requisitos mínimos?
É preciso trabalhar no fio da navalha entre a especificidade, a
história, a cultura que originou e em que se relaciona um determinado
programa com um determinado ambiente social, e os elementos comuns que podem
dar a ele mais efetividade, menor custo. Não posso padronizar num standard
que não contemple a diversidade. Mas, hoje, há muito mais dispersão e
desperdício do que homogeneização e pasteurização. Eu diria que está
desbalanceado. Por isso, não por acaso, o presidente [Lula] disse: ‘’vamos
trazer à Presidência, ao meu gabinete, porque percebo que cada órgão tem sua
própria história, sua cultura e é sempre muito cioso da sua autonomia. Mas,
sem ferir a autonomia de ninguém, vamos trazer para cá”. É uma decisão muito
ponderada do presidente.
Evidentemente, se uma coisa é capaz de ganhar
escala, por exemplo, ao ter um banco de dados mínimo, um banco de
aplicativos, ou na área de capacitação, de manutenção, e até na área da
compra, da licitação, há um longo caminho a percorrer, mas que trará
eficácia e efetividade a um sistema de inclusão digital. Quando eu falo em
inclusão digital não falo apenas da cultura de um usuário na ponta, mas
também do atendimento do SUS, do cidadão sendo informado do seu benefício na
Previdência, ou da vaga na escola. Também estou pensando numa cultura a que
o brasileiro médio já tem determinado acesso, em algumas tecnologias com as
quais ele já está familiarizado, como a tecnologia bancária, ou o celular. É
preciso ver, também, essa dimensão de serviços de governo, e de serviços
para uma determinada comunidade produtiva. Uma das primeiras tarefas é
atualizar esse diagnóstico. Mais do que um cálculo contábil, é uma avaliação
da efetividade de cada proposta, do benefício. Dar uma olhada lá no
princípio que gerou determinado serviço ou equipamento e ver o que ele
alcançou, que resultados tem. Tentar, de forma não-burocrática, medir a
efetividade das ações do governo.
Como a sua coordenação se articula com um
Plano Nacional de Banda Larga? E como deveria ser esse plano?
Há um tema que perpassa tudo. É o compromisso do governo, explicitado
cabalmente pelo presidente no seu discurso, em primeiro de janeiro, que
inclusive parou no meio da leitura e disse: “vou repetir”. E o que ele tinha
lido e repetiu? “Até 2010 todas as escolas públicas brasileiras terão
equipamento de informática com conexão à internet em banda larga.” Esse
compromisso é o que vai mover esse grupo. Todas as ações que tivermos e
fizermos estarão nessa direção: o tema da banda larga, chegando nas escolas
e, aí, iluminando os municípios. A combinação da ação pública —
eventualmente estatal — com a realidade de mercado é a grande busca do
equilíbro, daquilo que é capaz de ser provido pelo mercado e, aonde o
mercado não vai, porque o seu investimento e retorno não configuram bom
negócio, o governo ou os governos terão que ir.
Nesse sentido, a discussão de um backbone
estatal deve ser vista com muita normalidade. Se é um backbone que estará,
também, com backhaul e depois com os pontos de acesso, todo numa dinâmica
exclusivamente estatal, é uma discussão que vejo com reserva. Agora, um
grande backbone nacional que possa ser utilizado em comum, e a partir daí a
distinção se faça na disputa de serviços no mercado, com todos os
prestadores, é a idéia de que não dá mais para duplicar. Queremos ver como
podemos articular uma estrutura em que o mercado mantenha sua competição,
com sua distinção de preço e qualidade, e, eventualmente, possa ser acordada
uma infra-estrutura mínima e compartilhada. É menor custo, maior lucro e
menor preço para o consumidor, e maior capacidade de incorporar tecnologia.
Estamos maduros para acelerar essa discussão.
Claro que ela tem que observar lacunas legislativas, questões de
convergência tecnológica e um mercado que, na área de telecomunicações, se
reconcentra. Mas, no final de junho, termina o prazo, já prorrogado, para as
operadoras de telefonia fixa começarem a implantação dos Postos de Serviços
Telefônicos (PSTs). Por isso, estamos trabalhando com o Ministério das
Comunicações, com enorme urgência, para vermos a densidade jurídica,
tecnológica e empresarial da hipótese de converter obrigações do PST em
construção de backhaul. Essa é uma discussão que, como anunciou o ministro
Hélio Costa, está no seu jurídico e será trazida ao presidente [Lula] nesse
período. Essa proposta não é excludente, mas complementar à discussão sobre
a construção de um backbone nacional, em que entram as alternativas daquele
sistema que já existia na Eletronet.
Se abrirmos o leque da atuação pública e privada
para acelerar a banda larga nas escolas, tem mais uma dimensão que é a
terceira geração do celular. As licitações [da Anatel, para venda das
freqüências da 3G] podem combinar preço da licença e cobertura dos serviços
banda larga. Na licitação da 3G, o ministro Hélio Costa não exclui que ganhe
quem tiver preço x, mas também quem fizer conexão em banda larga em mais
municípios. Então, no mínimo, já estou com três moedas para banda larga:
estrutura própria, conversão de PST e 3G. Temos que acelerar essa discussão
dentro do governo.
A idéia de uma coordenação é combinar essas
ações, que significam a atualização da infra-estrutura de telecomunicações
no Brasil, o que é estratégico para um projeto de desenvolvimento. Qual é a
dimensão que banda larga não perpassa? Não é um projeto de governo, é um
projeto de Brasil, de sociedade. Nesse quadro: da convergência,
complementaridade, conteúdos, legislação.
Quais os próximos passos do projeto Um
Computador por Aluno (UCA)?
Estamos batendo o martelo que vamos comprar entre 100 mil e 200 mil
computadores. Vamos fazer uma licitação: se virá XO [o modelo da ONG OLPC],
Classmate [da Intel], Mobilis [da Encore], não sei; será um computador, um
device educacional. Equipamentos móveis para a sala de aula. O computador
chegará apenas em outubro. Até instalar, treinar professores, começará, de
fato, na sala de aula, a partir de 2008.
A Positivo vai fabricar o XO?
A Positivo, mais do que fabricar o XO, quer fazer um acordo de
distribuição e suporte. Porque o XO é de uma ONG, que está fazendo um acordo
operacional. Mas, depois, e o transporte, e o suporte, e a intalação e a
distribuição? Estamos em novas fronteiras pedagógicas, tecnológicas e,
inclusive, da compra pública. Vou iniciar uma conversa com o TCU (Tribunal
de Contas da União), para contar como está o projeto. Porque é um mercado
novo. Nenhum desses equipamentos está homologado na dimensão comercial.
Haverá uma homologação de institutos de pesquisa, mas homologação de uso,
não. Por que? Porque o [Nicholas] Negroponte [pesquisador do MIT, que
liderou a proposta do XO e a criação da OLPC] quebrou o paradigma que ele se
propõs a quebrar, que é: para revolucionar o processo pedagógico, num mundo
em que educação e aprendizado são permanentes, eu preciso das novas
tecnologias. E o mundo dos fabricantes só se preocupa com o bilhão de
terráqueos que consomem, e não com os outros 5,6 bilhões que não consomem, e
que são a juventude pobre dos países. O Negroponte disse: eu vou fazer a
indústria produzir um equipamento que baixe o preço. E a Intel já está
fazendo.
No que consiste o UCA?
O UCA é uma atividade de governo muito ampla. Envolve tecnologia e
envolve política industrial. Se tiver que comprar o UCA no exterior, até
compro, no primeiro momento. Mas, depois, quero uma associação que envolva
produção nacional. Será que vou conseguir trazer uma fábrica de semicondutor
para o Brasil? Não sei. Quem sabe, consigo trazer algumas das grandes áreas
do display — o backlight, por exempo? Há áreas de ponta, em que se deve ver
onde se pode estimular, se associar, ou ter políticas industriais para
adensar a cadeia, enfrentar diversidades regionais.
A Microsoft anunciou pacote de aplicativos a US$
3,5. A opção pelo software livre tem a ver com custo ou estratégica
tecnológica?
Tem a ver com o desenvolvimento da inteligência, com a capacidade de
desenvolver e adaptar aplicativos para nossa diversidade étnica, cultural,
territorial e social, além dos elementos de segurança. A compra brasileira
do computador educacional será feita com sistema operacional aberto, um
volume de aplicativos, e a capacidade de desenvolver esses aplicativos. O
preço é importante, mas não é o único elemento de uma aquisição. Sem
falarmos que, nas disputas comerciais legítimas que existem no mundo, não
vamos ficar refém de políticas de dumping ou, depois, de exclusivismo e
dependência tecnológica. O Brasil não ficará, nos seus limites,
evidentemente, refém de política tecnológica naquilo que ele tem
conhecimento. Estudo da Universidade de Maastricht, na Bélgica, patrocinado
pela União Européia, identificou, no Brasil, 541 desenvolvedores de software
livre, o maior número entre os países pesquisados, com a Argentina em
segundo lugar.
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