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Outubro 2007
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11/10/07
"TV Pública" ou "TV Brasil" ou "TV Lula" ou
"TV do PT" (6) - Artigo de Gaudêncio Torquato no Estadão
Olá,
ComUnidade WirelessBRASIL!
01.
Este é o nosso "Serviço ComUnitário" sobre "TV Pública".
As mensagens anteriores estão no
BLOCO -
Blog dos Coordenadores da ComUnidade
Vamos divulgar matérias que tratam do enorme potencial desta experiência,
se bem conduzida.
Mas pretendemos também chamar a atenção para possíveis "intenções ocultas"
do governo na criação da "TV Pública", preocupação esta que encontramos em
muitos textos da mídia.
02.
O jornal "O Estado de S. Paulo" ou simplesmente
Estadão, dispensa apresentações e comentários pela sua credibilidade.
Um dos seus mais conhecidos colunistas é Gaudêncio Torquato,
jornalista, é professor titular da USP e consultor político.
Encontramos total sintonia com nossas
preocupações neste artigo de Gaudêncio no último domingo, dia 7:
Fonte: Estadão
[07/10/07]
TV Pública, um olhar dos brasileiros? por Gaudêncio Torquato
Vale conferir na íntegra, está transcrito mais
abaixo.
Mas adianto o trecho inicial:
“Quem é dono da flauta dá o tom.” A TV Pública começa a nascer sob um tom
menor, pois o Poder Executivo, o dono da flauta, dá todas as pistas de que a
emissora, planejada para ser a voz plural da brasilidade, terá um forte viés
estatal.
Não se justifica a adoção de uma medida provisória para implantar a rede TV
Brasil. Onde estão os critérios de relevância e urgência inerentes a esse
instrumento excepcional?
O presidente da República indicará os membros do Conselho Curador da nova
cadeia, com suporte na estrutura da Radiobrás, que tem selo chapa-branca e
possui o maior complexo de transmissores e antenas de radiodifusão em ondas
médias e curtas da América Latina.
Os executivos que definirão a melodia também são escolhidos pelo ministro da
Comunicação Social.
Sob esta concepção de organização e mando, forja-se o aparato para vitaminar
a comunicação governamental, mesmo que se perceba o esforço dos gestores do
sistema em dizer que o Poder Executivo não influenciará a programação. Um
ente gerado com o sangue do doador tende a replicar seu DNA. (...)"
03.
Para os recém-chegados e para os que estão se interessando agora pelo tema,
temos em andamento duas "Séries" sobre TV:
1. "TV Digital", com ênfase nos problemas técnicos como "padrão",
espectro, "set-top box", início das transmissões, etc).
2. "TV Pública" ou "TV Brasil" ou "TV Lula" ou "TV do PT" com foco na
nova rede "Empresa Brasil de Comunicação" com nome de fantasia "TV Brasil",
resultante da fusão de duas empresas já existentes - Radiobrás e Associação
de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp) que o governo pretende criar
por Medida Provisória logo após as votações da CPMF. Esta rede tem previsão
da jornalista Tereza Cruvinel como presidente, do jornalista Orlando Sena
como diretor-executivo, da jornalista Helena Chagas como diretora de
jornalismo e do economista Luiz Gonzaga Belluzzo como presidente do Conselho
Curador.
04.
Matérias transcritas nas
mensagens anteriores:
Fonte: Comunique-se
Fonte: Veja
Fonte: Estadão - Blog de Daniel Piza
17/03/07]
Valeu a pena por Christina Fontenelle - sobre Franklin Martins
Fonte: Folha de S.Paulo, em Brasília
Fonte: Diego Casagradrande
Fonte: Café na Política
Fonte: Terra Magazine
Fonte: Câmara
dos Deputados
Fonte: Observatório da
Imprensa
DECRETO Nº 5.820, DE 29 DE JUNHO DE 2006 - Dispõe sobre a
implantação do SBTVD-T, estabelece diretrizes para a transição do
sistema de transmissão analógica para o sistema de transmissão digital
do serviço de radiodifusão de sons e imagens e do serviço de
retransmissão de televisão, e dá outras providências.
Fonte: USP
Fonte: USP
A nova rede se enreda por
Gabriel Priolli, jornalista e diretor
de televisão e presidente da ABTU - Associação Brasileira de Televisão
Universitária.
“Quem é dono da flauta dá o tom.” A TV Pública
começa a nascer sob um tom menor, pois o Poder Executivo, o dono da flauta,
dá todas as pistas de que a emissora, planejada para ser a voz plural da
brasilidade, terá um forte viés estatal. Não se justifica a adoção de uma
medida provisória para implantar a rede TV Brasil. Onde estão os critérios
de relevância e urgência inerentes a esse instrumento excepcional? O
presidente da República indicará os membros do Conselho Curador da nova
cadeia, com suporte na estrutura da Radiobrás, que tem selo chapa-branca e
possui o maior complexo de transmissores e antenas de radiodifusão em ondas
médias e curtas da América Latina. Os executivos que definirão a melodia
também são escolhidos pelo ministro da Comunicação Social. Sob esta
concepção de organização e mando, forja-se o aparato para vitaminar a
comunicação governamental, mesmo que se perceba o esforço dos gestores do
sistema em dizer que o Poder Executivo não influenciará a programação. Um
ente gerado com o sangue do doador tende a replicar seu DNA.
Em se tratando do atual governo, há razões para
acreditar que a marca do lulismo permeará a condução da TV Pública,
indicando pautas, induzindo atitudes, marcando posições. Remanesce a
lembrança de sua recente tentativa de impor amarras aos sistemas de
comunicação e cultura. Ademais, o presidente, escudado na aura do carisma e
na confiança que ainda desperta, principalmente na base da pirâmide social,
não parece inclinado a flexibilizar posições e a ponderar sobre escolhas e
rumos. Ao dizer que o novo órgão pretende manter os diversos “sotaques” do
País e reforçar o debate, Lula olha mais para si do que para outros, porque
sabe que, na Babel nacional, o “sotaque” que reverbera é o dele.
Na História da humanidade são raros os casos de
governantes que construíram impérios sem amparo na força da comunicação. Da
antiguidade ao século 15, os mandatários usavam o gogó e os gestos. Na
passagem do Estado-cidade para o Estado-nação, a expressão ganhou mais
fôlego, saindo da galáxia de Gutenberg - livro e imprensa - para a de
Marconi, a era do rádio. Foi este canal de comunicação, primeira experiência
da implosão eletrônica, que garantiu a Hitler estreito contato com as
massas. A personalização do poder avançou nas ondas do rádio. Na seqüência,
chegou a vez da televisão, que funciona, hoje, como palco central da
telepolítica. Aí, os atores se esmeram na maximização da performance.
Kennedy costumava dizer que a TV era a sua melhor arma, pois “o eleitor
reage à imagem, e não ao homem”. Voltemos aos nossos tumultuados trópicos.
Lula atira com todas as armas, mas o gogó é a principal. Freqüenta a galáxia
de Marconi nas segundas-feiras, ao dar recado às margens sociais, abusando
da “telecracia” ao perorar para platéias sob os holofotes da televisão.
Aliás, a TV comercial é que promove os maiores comícios eletrônicos do País.
São 21 emissoras abertas, convocadas para fazer chegar a 1.561
retransmissores, 2.911 municípios e 40 milhões de lares que contam com
aparelhos de TV os gargarejos das nossas autoridades. Este ano, 12
integrantes do primeiro escalão governamental usaram a telinha comercial
para a cerimônia de autoglorificação. Vale lembrar que a administração
federal já dispõe da Rede Governo, exclusiva para enaltecer seus feitos.
A nova proposta televisiva cairá como uma luva
na forma lulista de governar. Sob o conceito de que será o “olhar dos
brasileiros”, expresso pelo futuro presidente do Conselho Curador, o
economista Luiz Gonzaga Belluzzo, defenderá um ideário plural: valores
éticos e sociais da família, regionalização da produção cultural, artística
e jornalística e estímulo à produção independente. Estará imune às pressões
do Executivo? Não. Os gestores nomeados pelo governo terão coragem de
criticá-lo? O mais destacado exemplo mundial de TV pública, a BBC não escapa
das pressões do governo inglês. Mas resiste com bravura. Lá, quem dá o tom
são os contribuintes, que garantem à rede uma receita anual de 2,5 bilhões
de libras, equivalentes a R$ 12 bilhões. A fragilidade do modelo brasileiro
de TV Pública começa na origem dos recursos. Os “donos do poder” se acham no
direito de, ao conceder as verbas, declinar os verbos. A programação focada
na promoção da cidadania passará pelos palácios, razão pela qual a
independência e a autonomia só serão viáveis sob ordenamento jurídico
adequado, participação efetiva da sociedade no processo decisório, definição
de custeio e conteúdo.
É utopia imaginar que a TV Pública brasileira
estará imune às pressões do governo. Não por acaso, dedica-se intenso
esforço para estatizar meios e recursos voltados para a meta de
desenvolvimento de um projeto de poder de longa duração. Essa modelagem se
assenta em alguns eixos, a saber: consolidação da estabilidade econômica,
reforço à política social-distributivista de renda, ampliação do tamanho do
Estado, partidarização da administração e fortalecimento dos movimentos
sociais. A comunicação pública é o fecho do circuito. Ainda mais quando se
tem no comando do País um comunicador por excelência. Lula já se comparou a
Getúlio e Juscelino. No quesito comunicação, porém, seu modelo está mais
para Napoleão, que adorava ver-se como Narciso. Bonaparte recorria à
imprensa para embelezar o perfil. Lula parece sonhar com a mesma idéia.
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