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Outubro 2007               Índice Geral do BLOCO

O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão  Celld-group e WirelessBR. Participe!



1410/07
 
  Pequenos provedores de Internet (2) - Íntegra do artigo de Ricardo Sanchez - Presidente da ABRAPPIT

Olá,
ComUnidade WirelessBRASIL!
 
Ontem referenciamos este artigo do Teleco e listamos as repercussões:
Fonte: Teleco - Seção "Em Debate" - Destaque da Semana
O papel dos pequenos provedores de Internet e de serviços de telecomunicações no contexto da oferta de banda larga na competição na última milha 
 
Para comentar no Teleco, use teleco@teleco.com.br.
 
Ricardo Sanches é membro fundador e atual Presidente da Abrappit - Associação dos Pequenos Provedores de Internet e Telecomunicações, sócio fundador da Linkway Internet Provider, empresa no ramo de prestação de serviços de conexão à rede internet e telecomunicações, sócio fundador da NBS–Produtos para Informática, Consultoria e Sistemas Ltda, empresa de prestação de serviços que atua no mercado de Câmaras Municipais (www.nbsnet.com.br), sócio Fundador SFK Brasil Materiais Educativos (www.sfkbrasil.com.br). Possui sólida experiência profissional nos setores de Internet e Telecomunicações. 
E-mail:
ricardo@linkway.com.br
 
Hoje transcrevemos o artigo na íntegra com a recomendação de preferir a leitura na fonte que possui várias ilustrações, omitidas aqui.
 
Temos muitos participantes que são Pequenos Provedores de Internet ou estão se preparando para entrar no negócio.
As dúvidas e os problemas são enormes mas, de algum modo, o tema não chega aos fóruns por inibição ou por necessidade de privacidade.

Estamos convidando todos interessados para debater este assunto.
 
Estamos à disposição de todos que não queiram se expor, para intermediar as mensagens preservando o anonimato.
 
Como curiosidade, a ComUnidade possui duas páginas antigas sobre o tema:
Provedores de Acesso
Coleção de Mensagens
COMO FAZER - Coleção de Artigos
Agradecemos as sugestões para atualização.
 
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Thienne Johnson
 
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Fonte: Teleco
[08/10/07]  
O papel dos pequenos provedores de Internet e de serviços de telecomunicações no contexto da oferta de banda larga na competição na última milha

Ricardo Lopes Sanchez - Presidente da ABRAPPIT 
 
Há muitos anos que os pequenos provedores de acesso à Internet vem solicitando acesso aos recursos de telecomunicações para desenvolverem suas atividades.
 
O uso de serviços de telecomunicações, como o acesso discado ou dedicado, continua sendo barreira para o desenvolvimento da atividade dos pequenos
provedores, em particular, fora das capitais e grandes cidades do país.
 
Não é só a impossibilidade de escolha pelo usuário do provedor de acesso à Internet, a questão do subsidio cruzado entre as atividades de exploração dos serviços de telecomunicações e as atividades do provedor de serviço de valor adicionado nunca foram resolvidas e hoje são ampliadas sob denominações como Triple Play.
 
O tema já foi objeto de inúmeras ações em diferentes esferas sem solução, vale lembrar das consultas públicas realizadas pela Agencia Nacional de Telecomunicações - Anatel em torno de soluções para a questão e que até hoje não produziram qualquer resultado.
 
Um tema que desapareceu da pauta foi a idéia de definição de um código especifico denominado 0i00 que possibilitaria o uso dos serviços telefônicos para acesso direto dos assinantes a qualquer provedor no território nacional por uma tarifa acessível.
 
A Agencia Nacional de Telecomunicações - Anatel não produziu soluções para assegurar o uso dos serviços de telecomunicações para acesso aos provedores, porém estimulou os provedores a se tornarem prestadores de serviços de telecomunicações por meio de autorizações de SCM. 
 
Essa visão é equivocada porque o papel do provedor não é limitado a possibilitar o acesso local à Internet é, principalmente, aplicar a inovação tecnológica difundindo conteúdos locais para o resto do mundo e esse papel depende do acesso a recursos do backbone Internet que não alcança todas as cidades brasileiras.
 
Esse caminho já foi tentado sem sucesso, com as chamadas empresas espelho do STFC, depois com as chamadas empresas espelhinhos do STFC e agora com as empresas de SCM. Vale lembrar que as concessionárias têm a liberdade regulatória para atuar em áreas diferentes da sua concessão original. Todavia, a esperada competição, que seria viabilizada por esta condição regulatória, nunca aconteceu, o que indica fatidicamente que o monopólio na infra-estrutura impossibilita a competição, pois nem as concessionárias que possuem grande poder econômico conseguem competir quando dependem do acesso à infra-estrutura de outros, ou seja, fora da sua área de concessão original.
 
O pequeno provedor de Internet, levado a obter uma autorização e duplicar a rede para acesso a seus serviços, por questões obvias, foca essa atividade na tentativa de criar uma alternativa competitiva na chamada última milha. 
 
O resultado desse esforço tem sido o enfraquecimento e a fragilização do pequeno provedor, que vê aumentar o risco de não ter sucesso em suas operações e consequentemente deixar de existir.
 
Por vários fatores, em especial pela questão econômica, a alternativa para os pequenos provedores se fixa no uso de soluções de rádios. Porém, o acesso às autorizações para uso de freqüências é uma barreira intransponível em face das condições estabelecidas na regulamentação.
 
Além disso, o acesso a outras opções tecnológicas mais apropriadas para o ambiente convergente fica cada vez mais distante dos pequenos provedores e cada vez mais concentrado em algumas poucas grandes empresas.
 
No cenário convergente o pacote de serviços, via operações Triple play, terminará por inviabilizar todas as empresas que não adotarem esse modelo de negócio e, principalmente, as que não dispuserem de capacidade para fazê-lo. 
 
Devemos substituir o dilema da competição na ultima milha por uma modelagem baseada na existência de três modelos de negócio distintos:
 
- a exploração de recursos de rede;
- a exploração de serviços de telecomunicações e;
- a exploração de serviços de valor adicionado.
- Cada um dos modelos deve ter seu desenvolvimento em um ambiente de ampla e justa competição, submetidos a estímulos e fomentos decorrentes dos objetivos de cada atividade junto à sociedade brasileira.
 
O acesso a recursos de rede de maneira isonômica e transparente com a devida remuneração, o uso de serviços de telecomunicações de forma transparente e com liberdade de escolha pelo usuário e a possibilidade de utilizar quaisquer serviços de valor adicionado independentemente do serviço de telecomunicações são os elementos essenciais para que a convergência possa trazer benefícios ao publico em geral.
 
A competição na última milha depende da disponibilização de recursos técnicos de telecomunicações que permitam aos pequenos provedores prover acesso aos usuários, pois concentrar a propriedade ou o direito de uso de bens públicos escassos e essenciais para a prestação de vários serviços de telecomunicações fortalece o monopólio da infra-estrutura, reforça a condição atual da falta de competição e impossibilita a entrada de novas empresas e conseqüentemente de novos investimentos no setor de telecomunicações.
 
Assim, é fundamental para o futuro do setor de telecomunicações que a propriedade das redes seja desvinculada das concessões e autorizações de serviços. O acesso às redes por todo e qualquer prestador é o único caminho para o estabelecimento da competição não só na última milha.
 
A designação de espectro vinculada à outorga de serviços de uma determinada empresa é a monopolização de recursos escassos e uma barreira à entrada de novos operadores e até para o investimento em meios alternativos, tais como, fibras e cabos.
 
Portanto, a possibilidade de uso dos recursos escassos ociosos da melhor forma, sempre que preservadas as questões técnicas, pode vir a possibilitar a oferta de serviços por pequenas empresas em regiões que hoje tais serviços não são oferecidos.
 
A tentativa de licitação de espectro para aplicações WIMAX possibilitou uma clara demonstração dos interesses em torno da matéria e ratificou a seguinte afirmação:
 
A DISPONIBILIZAÇÃO DESSE TIPO DE RECURSO É ESSENCIAL PARA GARANTIR O INÍCIO DA COMPETIÇÃO NA ÚLTIMA MILHA
 
Hoje o pequeno provedor não dispõe de recursos técnicos eficazes, com a qualidade exigida pelo mercado, para concorrer na última milha com as prestadoras de telefonia fixa, de telefonias móvel e TV a cabo.
 
Os pequenos provedores trabalham com as freqüências secundárias, que não necessitam de licença, como 2.4 Ghz e 5.8 Ghz, e que possuem sérias restrições quanto ao alcance, restrição de potência, e ainda requer linha de visada sem obstrução o que limita uma célula nessas freqüências a um raio médio de 1,5 km.
 
A tecnologia WIMAX – freqüência 3,5 Ghz, pode operar com potência maior e o alcance da célula pode chegar a até 9km. Essa tecnologia dispensa a linha de visada direta e, conseqüentemente, seu alcance e penetração são muito maiores quando comparados à tecnologia de 2.4Ghz e 5.8Ghz usada hoje pelos pequenos provedores.
 
Então como disponibilizar esses novos recursos? Vale ressaltar os comentários sobre licitação efetuados pelo Professor José Cretella Junior, em sua obra “Das Licitações e Contratos” - 8 edição, Rio de Janeiro, 1995, Editora Forense, página 55:
 
Mediante o processo licitatório, a Administração provoca a apresentação de várias propostas, a fim de escolher a mais oportuna e conveniente ao Estado. Os proponentes concorrem ao chamamento feito pela Administração, enviam as propostas, em determinadas condições e, por fim, aguardam o pronunciamento da autoridade administrativa, que escolhe vinculadamente (ou não escolhe) negócio mais vantajoso, mais oportuno, mais conveniente para o Estado. Daí a definirmos a licitação, de maneira genérica, como o procedimento público preliminar, geral e impessoal, empregado pela Administração, para selecionar entre várias propostas apresentadas, a que mais atenda ao interesse público (grifo nosso).”
 
As grandes empresas prestadoras de STFC, SMP e SCM, detentoras de diversos recursos de rede, são dominantes na prestação de vários desses serviços, principalmente nos centros urbanos, onde é usado em larga escala o acesso por meios físicos. Como oferecer um outro meio alternativo somente para prestar o serviço de acesso à Internet? 
 
Não disponibilizar recursos de telecomunicações ou, disponibilizar concentrando esses recursos, não atinge só os pequenos provedores de Internet, mas atinge todos os segmentos da economia. Vejamos o que acontece com o agronegócio brasileiro:
 
O agronegócio brasileiro, que é responsável por 35% do PIB – Produto Interno Bruto, e por 40% das exportações brasileiras vem perdendo competitividade devido à falta de infra-estrutura de telecomunicações no campo, sendo a principal causa disso é a falta de disponibilização de recursos técnicos de telecomunicações para atendimento de suas demandas.
 
Um exemplo da falta de infra-estrutura de telecomunicações adequadas no campo é o caso da Embrapa Sudeste, com sede na cidade de São Carlos –SP. Capital da Tecnologia. Até novembro de 2005, a Embrapa possuía acesso à rede de Internet para mais de 120 computadores por satélite com velocidade de 64Kbps.
 
Como a sede da Embrapa está a 3,5 Km da Universidade Federal de São Carlos, não se pode falar em isolamento geográfico; todavia, na sede da fazenda da Embrapa Sudeste a telefonia celular não funciona, e a Embrapa não possui recursos da telefonia digital DDR- Discagem Direta a Ramal. Relembre-se que a rede de telefonia (postes e cabos) foi construída pela própria Embrapa e doada à empresa de Telefonia.
 
A Embrapa Sudeste, assim como muitas empresas do agronegócio, têm buscado soluções alternativas, como é o caso da construção pela estatal de uma rede para ligar sua sede ao Hub da Universidade Federal de São Carlos, parte em fibra óptica e parte em radio freqüência.
 
A construção dessa ligação custou à Embrapa Sudeste mais de R$ 70.000,00 (setenta mil reais), que são traduzidos em perda da competitividade para o agronegócio brasileiro, pois o mesmo recurso de conexão à rede Internet é obtido por empresas com sede nas cidades (centros urbanos) por um valor muito inferior e sem necessidade de investir em infra-estrutura como fez a Embrapa Sudeste.
 
Nas áreas rurais brasileiras há carência de infra-estrutura de telecomunicações, havendo necessidade de se criarem condições regulatórias que possam estimular investimentos para atender a esse segmento de mercado. Tal não ocorreu ainda porque não foi regulamentada pela ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações – qualquer tecnologia que viabilizasse o atendimento ao agronegócio.
 
Ressalta-se que existe tecnologia disponível para tanto, a exemplo do CDMA 450 Mhz que é utilizado em diversos países com características para atendimento ao agronegócio, pois permite criar células de 50Km de raio, cobrindo grandes áreas rurais.
 
O Brasil realizou estudo técnico da aplicação dessa tecnologia para as áreas rurais, com técnicos da ANATEL – demonstrando o potencial técnico brasileiro, porém não foi suficiente para motivar a regulamentação de tal recurso tecnológico. No entanto, outros países, como o Peru, se utilizaram desse estudo brasileiro para implantar infra-estrutura de telecomunicações nas áreas rurais. Conforme demonstrado na apresentação do Vice-Ministro do Peru, realizada no seminário da CDG em 25/05/2006 - 2006, em São Paulo no Hotel Transamérica, o agronegócio do Peru ganhou competitividade com o acesso a recursos de telecomunicações. Confira-se abaixo:
 
O cenário de telecomunicações das áreas rurais do Peru:
 
Nuestra brecha de Infraestrutura Rural en Telecomunicaciones
El 99.6% de los hogares rurales no cuentan com teléfono fijo en casa por tanto no cuentan con conexión a Internet
El 99% de los hogares rurales no cuentan con teléfono fijo ni móvil
El 75% de las 188 provincias tiene una penetración de teléfonos públicos menor a 1 por cada 500 habitantes
Un gigantesco gasto anual en que incurren las familias carentes de servicios de Telecomunicaciones por sustitutos más caros
 
Para encontrar a solução desse cenário – foi feita uma oração: (ilustração) 
 
E as referências para prover serviços de telecomunicações foram encontradas:
 
Dos Referencias
 
• Manual do Guerreiro da Luz..... Paulo Coelho
  - Entonces porque escuchabas el mar, las gaviotas, el viento en las hojas de las palmeras y las voces de sus amigos jugando, oyó también la primera campana. Y después otra y otra más, hasta que todas las campanas del templo sumergido tocaron para su alegria.
  - ¿ Qué es un guerrero de la luz ? - es aquel que es capaz de entender el milagro de la vida, luchar hasta el final por algo en lo que cree y entonces, escuchar las campanas que el mar hace sonar en su lecho.
•Inclusão digital e Acesso Universal à Internet
  - Experimentos hechos con la plataforma tecnológica CDMA450, para descubrir tecnologias que conecten "la división digital" que existe en Brasil
 
As comunidades rurais contam hoje com serviços de telecomunicações: (ilustração)
 
O pequeno provedor tem investido em infra-estrutura de telecomunicação para suprir demandas como a da Embrapa e também devido à falta do compartilhamento das redes. Esses investimentos têm garantido precariamente o acesso aos conteúdos e serviços dos pequenos provedores.
 
É um caminho perigoso e de difícil volta. Estamos prestes a perder a diversidade e regionalização do conteúdo da Internet, pelas conseqüências geradas pelo monopólio na infra-estrutura.
 
Dois cenários foram apresentados, o primeiro ocasionado pela concentração de recursos de telecomunicações, e o segundo ocasionado pela falta da disponibilização de novos recursos de telecomunicações. Nos dois casos estamos diante de barreiras para o desenvolvimento socioeconômico e, seus reflexos são mais extensos do que imaginamos. Vejamos a principal vocação do pequeno provedor de Internet, que está se perdendo devido às barreiras imposta pela monopolização ou falta de infra-estrutura de telecomunicações.
 
O principal papel dos pequenos provedores de Internet e telecomunicações, antes de pensar na competição na última milha, pois ela efetivamente não acontece, é o trabalho de aplicar no mercado a tecnologia da informação e comunicação – Internet - nas localidades e nichos de mercado onde atuam, possibilitando criar condições favoráveis para o desenvolvimento socioeconômico.
 
Aplicar as inovações tecnológicas é tão importante quanto promover a inovação tecnológica propriamente dita, pois de nada valem inovações tecnológicas se elas não são aplicadas em sua plenitude e disponibilizadas rapidamente para o maior número de usuários. A história tem dado testemunhos nesse sentido. Por volta do ano 1.400, a China possuía, a pólvora, a imprensa, o ferro, o arado e a bússola, enquanto a Europa vivia o período medieval com seus habitantes plantando para sua própria subsistência. Fazendo um paralelo para reforçar a importância da aplicação da inovação tecnológica, podemos crer que faltou à China provocar a correta e ampla aplicação das tecnologias que detinha àquele tempo. A China deveria ter fomentado a aplicação das tecnologias que dominava, pois era sem dúvida, a maior potência mundial daquela época. 
 
É importante ter claramente definido qual é a transformação que a inovação tecnológica acarreta na nova ordem econômica e social. Precisamos saber que transformação a inovação tecnológica está promovendo e, principalmente, como será feita a aplicação dessa inovação em sua plenitude, com rapidez, para o maior número de usuários. Somente dessa forma é que a inovação tecnológica proporcionará o desenvolvimento.
 
Segundo KRANZBERG [1], “A tecnologia não é boa, nem ruim e também não é neutra”, tal afirmação, reforça a importância da aplicação da tecnologia. Com efeito, é no contexto da aplicação da invenção contemporânea – a Internet - que o pequeno provedor de Internet e telecomunicações está inserido e vem desempenhando seu principal papel.
 
Uma vez que a Internet – inovação tecnológica - está consolidada no mundo, a diferença se dará no processo de aplicação dessa tecnologia na sociedade. A sociedade que melhor aplicá-la ganhará diferencial competitivo em relação às outras. Isto também se aplica às empresas, às escolas, aos governos e às pessoas. Aquele que melhor aplicar a Internet terá mais benefícios.
 
Não há dúvida que a maior transformação que a Internet permite é a redefinição das noções de espaço, tempo e simultaneidade. Essa redefinição deve ser aplicada plenamente no desempenho das tarefas cotidianas das empresas, das escolas e dos diversos atores sociais, de forma ampla, de sorte a atingir o maior número de usuários, proporcionando-se com isso alicerces sólidos para o desenvolvimento.
 
Não é possível imaginar um banco iniciar suas operações sem fazer uso da Internet, disponibilizando aos seus clientes o maior número possível de transações que possam ser feitas no escritório ou em casa. O banco pela Internet está promovendo diversas transformações significativas, como: 
 
a. a redefinição de espaço, na medida em que o banco está no computador do usuário, a um toque, não exigindo mais a localização física desse usuário;
b. redefinição do tempo, na medida em que o banco está disponível a qualquer hora do dia ou da noite;
c. simultaneidade, na medida em que o banco está em vários sítios ao mesmo tempo.

O banco pela Internet é um exemplo de aplicação da tecnologia que tem trazido enormes ganhos de competitividade. Tendo compreendido a aplicação da inovação tecnológica, os bancos se lançaram aos novos conceitos de redefinição de tempo, espaço e simultaneidade. Com efeito, de 1995 para cá os bancos reduziram consideravelmente o número de empregados por agência, não obstante terem aumentado o número de clientes.
 
A mesma questão se coloca para as pequenas empresas. É de se indagar se elas têm usufruído das novas tecnologias em sua plenitude, se estão se beneficiando no seu negócio desses conceitos, como os bancos fizeram. Infelizmente, a resposta em boa parte é negativa.
 
Isto porque uma pequena empresa, em geral, usa a Internet principalmente para acessar o serviço de seu banco e realizar suas movimentações bancárias. Quando perguntado ao dono da pequena empresa se a Internet lhe trazia benefícios, respondia que sim, pois não necessitava mais de ir até o banco para realizar várias operações, principalmente pagamentos. O mais interessante neste caso é que foi transferido para o cliente todo o investimento para acessar o banco pela Internet, desde o computador, passando pela conexão, até a impressora e papel, entre outros itens. Além disso, são os clientes que realizam parte dos trabalhos que antes eram realizados pelos caixas dos bancos, como a impressão do extrato da conta, por exemplo. Enfim, as empresas fazem investimentos para acessar o banco, mantém a conexão à Internet e executam o trabalho que antes era desempenhado pelo funcionário do banco, pagam a tarifa de manutenção de conta e ainda se sentem satisfeitas por realizar essas operações. Isto também ocorre com o cidadão comum.
 
Assim, o maior benefício da inovação tecnológica acaba sendo do banco, já que a pequena empresa não usa plenamente a tecnologia, à medida que não aplica os referidos conceitos ao seu negócio para melhorar sua competitividade.
 
A partir desse raciocino é fácil perceber que o principal papel do pequeno provedor de Internet e telecomunicações é aplicar a inovação tecnológica – Internet – na sua localidade, em seu nicho de mercado, atuando para as pequenas empresas dos mais variados segmentos da economia.
 
Aplicar plenamente a tecnologia vai muito além da conexão Banda Larga; é necessário criar redes, configurar roteadores, criar sistemas de comunicação, configurar e personalizar serviços de e-mail, criar websites, enfim desenvolver sistemas de comunicação para a melhoria da competitividade das pequenas empresas, a partir da inserção desses novos conceitos nos negócios dessas empresas, independentemente do setor em que atuem: metalúrgico, manufaturados, prestação de serviços, dentre outros.
 
Somente essa aproximação entre o pequeno provedor e a pequena empresa poderá produzir os benefícios da inovação tecnológica para esta, caso contrário, a inovação tecnológica se tornará mais um obstáculo a ser enfrentado pela pequena empresa.
 
Com efeito, a concentração do mercado de provedores retira do mercado da pequena empresa a possibilidade de acesso à aplicação da tecnologia, fazendo com que elas sejam meras usuárias, mas nunca aplicadoras (aplicação plena) da inovação tecnológica em seus negócios. Outra conseqüência nefasta da concentração é a eliminação do conteúdo regional, que tornará inviável a publicidade de uma pequena empresa, que não tem como arcar com os custos da mídia concentrada nos sítios de abrangência nacional, já que, em geral, estão capacitadas para atender apenas uma determinada área geográfica.
 
Não é desconhecida a importância da pequena empresa para o desenvolvimento econômico. Países como a Alemanha e a Itália, por exemplo, têm boa parte de suas exportações realizadas por pequenas empresas. O Brasil não pode manter-se alheio a esse cenário e não deve se iludir com os alegados, mas nunca provados, benefícios da concentração econômica para a sociedade. Ao contrário, a experiência de outros países está a demonstrar que a concorrência é a pedra angular da economia de mercado. Em geral, não é a concentração econômica que melhora a oferta e a qualidade dos produtos e serviços, mas sim a concorrência, sendo certo que em mercados de serviços que se caracterizam pela concentração ocorre, muitas vezes, uma significativa transferência de renda dos consumidores para as empresas.
 
A situação do banco e da pequena empresa, acima exemplificada, nos leva a refletir como será a aplicação da inovação tecnológica para a pequena empresa se a figura do pequeno provedor de Internet e telecomunicações desaparecer. Quanto tempo levará para as milhares de pequenas empresas brasileiras usufruírem a aplicação plena da inovação tecnológica, vale dizer, da utilização da Internet em seus negócios?
 
O certo é que um grande provedor nunca será onipresente, nunca estará aplicando a inovação tecnológica de forma plena e ampla em todos os segmentos. Não será um 0800 terceirizado que proporcionará à pequena empresa a plena aplicação da Internet nos negócios. Como, então, se poderia aplicar a inovação tecnológica – Internet - de forma plena, ampla e rápida ? Certamente estimulando a competição no setor e promovendo uma maior integração entre as grandes empresas do setor com o pequeno provedor. Isto sem contar o indispensável cumprimento das normas e princípios que se encontram na Constituição Federal, na Lei Geral de Telecomunicações, no Código de Defesa do Consumidor e na Lei de Defesa da Concorrência, pois a não obediência à legislação gera insegurança nas relações jurídicas e incerteza nos investimentos e na continuidade na prestação dos serviços pelo pequeno provedor.
 
Telecomunicações é insumo para qualquer atividade econômica, desde uma pequena propriedade rural até uma grande industria, os exemplos aqui citados demonstram que o agronegócio brasileiro – a força da nossa economia, e a pequena empresa – a grande empregadora, necessitam que sejam disponibilizados recursos e ou soluções em telecomunicações adequadas para atender suas reais necessidades, criando assim alicerce sólido para o desenvolvimento brasileiro. Esse foi o propósito da privatização, afinal, “Brasil um país de todos”. 

[1] Melvin Kranzberg, (22/09/1917 a 06/12/1995) foi professor da história da tecnologia, doutorado em Haward, e é reconhecido como o historiador da tecnologia.

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