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Outubro 2007               Índice Geral do BLOCO

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22/10/07
 
MVNO = "Operadora Móvel Virtual" (01)
 
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
 
O "Serviço ComUnitário" inicia mais uma Série: MVNO (Mobile Virtual Network Operator)
 
Antes que algum desavisado ou distraído pergunte "Quequéissss, sô?"   :-) vamos recuperar uma ambientação futebolística fictícia de setembro de 2006 no BLOCO:

18/09/06
•  MVNO (Mobile Virtual Network Operator) 
Imagine o "lance": O empreendedor Ronaldinho Gaúcho, sabendo que uma operadora de celular, mesmo com capacidade ociosa não tem mais interesse em clientes de baixa renda, decide montar uma operadora virtual, a "RoCell", alugando minutos "no atacado" da operadora e revendendo "no varejo" para seu enorme e fiel público. A "RoCell" nada mais é do que uma "operadora móvel virtual" ou MVNO (Mobile Virtual Network Operator).
A MVNO "RoCell", na versão mais "pura", é uma modelo de negócio em que a operadora virtual não possui redes, torres, nem equipamentos. Mas são possíveis todos os modelos "intermediários". Uma grande variedade de serviços pagos ou não, poderá estar disponível, por exemplo, num SIM card, o famoso "chip".

Mas, este tipo de "novo negócio", como muitos outros, esbarra no problema já conhecido da "regulamentação" pela Anatel.

Aqui está uma das definições encontradas na web: MVNOs são operadoras que não possuem espectro próprio e também não contam com infra-estrutura de rede, mas que por meio de acordos com operadoras móveis tradicionais adquirem pacotes de minutos de uso (MOU - Minutes of Use) no atacado para vender aos seus clientes. 

O texto acima  é um "resumo-resumido" simplista  para que possamos enfrentar o noticiário da mídia pois a  sigla MNVO logo está na berlinda - de novo. (...)

Nossa participante Jana de Paula foi pioneira neste assunto e em 2002 publicou na antiga RNT esta matéria:

Fonte: WirelessBR (republicação em 18/09/06)
[Mar 2002] Parceria em redes móveis já desperta interesse
 
Temos uma boa coleção de matérias sobre MVNO e vamos divulgá-las nesta Série e acompanhar sua "história" na mídia e... a na Anatel.   :-)
 
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Thienne Johnson
 

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Parceria em redes móveis já desperta interesse 

Jana de Paula

Publicado inicialmente na  RNT – Ano 23 – Nº 271 - Março de 2002     Republicado em 18/09/06

Sucesso na Europa e Estados Unidos, os operadores de redes móveis virtuais, ou MVNO (Mobile Virtual Network Operators) absorvem boa parte da demanda de serviços via celular.  

O compartilhamento de freqüências entre uma operadora que queira oferecer serviços móveis, mas não tenha alocação de banda, e outra que detém o direito de usar comercialmente parte do espectro de radiofreqüência – conceito básico do MVNO -, ainda não faz parte dos planos da Anatel. Como lembra Jarbas Valente, superintendente de serviços privados da agência, hoje os serviços móveis estão vinculados à outorga de freqüência, e o atual modelo de telecom não comporta uma operadora que use a rede de acesso da outra

Nos moldes atuais, a Anatel outorga, por tempo determinado e sem exclusividade, faixas de radiofreqüência para cada um dos serviços móveis, como as de 850 MHz para p Serviço Móvel Celular (SMS), de 1,8 GHz para o Serviço Móvel Especializado (SME) e de 1,9 a 2,1 GHz, para a terceira geração de celular (3G). Ou seja, quem compra banda pode vender serviço. “Quem usar banda de terceiros prestará serviços de maneira clandestina, sem respaldo regulatório. Esta prática é considerada crime”, adverte Valente

Mas o superintendente confirma que a agência recebeu pedidos para funcionamento de MVNO. Não está descartada, também, a hipótese de a Anatel vir a considerar o assunto de outra forma. “Se isso vier a ocorrer, será realizada uma consulta pública, tomando-se as mesmas providências adotadas em relação a outros serviços”, pondera Valente. Não se pode, portanto, especular sobre prazos. Aliás a agência sequer concluiu a regulamentação do SMP. 

A intenção de montar redes virtuais no país, entretanto, existe, e os candidatos ensaiam negociação com operadoras móveis, além de fazer estudos de nichos de mercado mais rentáveis, por enquanto mantidos em sigilo. A formação de uma operadora virtual exige investimentos entre US$ 10 milhões e US$ 20 milhões e alguns investidores começam a interessar-se pelo negócio. 

Negócio Lucrativo

De acordo com o Pyramid Research, é irreversível o surgimento de acordos de MVNO na América Latina a partir de 2002. Para o instituto norte-americano, a parcela não utilizada das redes móveis em operação no Brasil justificaria seu compartilhamento por terceiros. O Pyramide estima que, no ano passado, as redes celulares das bandas A e B acusaram capacidade ociosa equivalente a 9,6 milhões de assinantes. Ou seja, as operadoras deixaram de arrecadas US$ 28,09 por assinante/mês, ou US$ 270 milhões no total

Os fabricantes de infra-estrutura e aparelhos também se mostram interessados no novo negócio. A Ericsson, por exemplo, prevê que em 2005 haja cinco grandes MVNO’s no mercado mundial, que trarão aumento de receita de US$ 35 bilhões para os fornecedores. Esta estimativa não inclui as operadoras virtuais focadas em serviços regionais e locais que começam a espalhar-se pelas cidades européias e norte-americanas. 

No Brasil, o quadro é diferente. Além da falta do suporte legal, os players virtuais precisam vencer a resistência das operadoras móveis, para as quais dividir o mercado pode não ser tão vantajoso, mesmo que consigam reduzir a ociosidade da rede. Há, ainda, operadoras cujas redes estão congestionadas, sobretudo nos sites mais antigos, e precisam fazer investimentos em infra-estrutura para suportar a própria carteira de assinantes

Quem defende as MVNOs, porém, lembra que para projetos de plataformas GSM e 3G, que têm custo de instalação e dependem de parceiros para o desenvolvimento de serviços de dados e multimídia, o hóspede virtual pode ser indispensável. No Brasil há, ainda, o caso específico das espelhinhos, que vão entrar no mercado sem nenhuma demanda reprimida e para as quais a associação com uma MVNO pode significar o acesso a nichos rentáveis

Mesmo as operadoras que alegam estar congestionadas sabem que, a médio prazo, terão de criar uma ociosidade estratégica em suas redes. Isto se tornará rentável se elas conseguirem algum retorno, o que pode ocorrer a partir de modelos de negócios que contemplem um bom aproveitamento da rede”, pondera Eduardo Carvalho, presidente da Planum Tecnologia Empresarial, que presta consultoria para as telcos. 

O que deve de fato sensibilizar as operadoras a hospedar uma MVNO na sua rede de acesso, porém, é a possibilidade de se tornarem parceiras no negócio. Geralmente, a hospedeira virtual oferece entre 25% e 50% da sociedade, o que garante participação segura de quem cede banda, tranqüilizando quanto ao maior risco que traz uma MVNO – a possibilidade de ela adquirir sua própria faixa de radiofreqüência e tornar-se, de fato, uma competidora. 

Segmentação é a chave

O conhecimento que uma operadora virtual tem para prover serviços à comunidades e segmentos específicos de usuários por idade, afinidade, pequenos negócios etc. – é o que leva muitas operadoras a aceitar a sociedade com a MVNO. Essa busca de segmentação é evidente hoje, pois quem precisa de um celular apenas para falar está atendido. O importante, agora, é identificar nichos que tragam novas receitas, compensando a queda de receita nas ligações de voz. Mas a plena segmentação do mercado brasileiro depende da portabilidade do número do assinante, ainda não regulamentada, mas incluída pela Anatel nos estudos de migração do SMC para o SMP. 

Esta parceria pode ser vantajosa para as grandes operadoras, mesmo que, de início, estas se assustem com o fato de o universo segmentado incluir seus melhores clientes. Em vez de se lançar no atendimento de determinado nicho, ela pode simplesmente prover os meios para sua parceira menor fazê-lo, dividindo investimentos e reduzindo o risco do negócio. “Não se pode cuidar do supermercado e da butique ao mesmo tempo”, enfatiza Carvalho

Fazendo o que pode

Enquanto o uso de capacidade das operadoras por terceiros não é liberado, algumas empresas buscam alternativas. É o caso da Sprint Wireless, que aluga capacidade para prover serviços de acesso a programas de gestão de empresas, do tipo SAP ou Siebel, por usuários de equipamentos portáteis, como palmtops e laptops. Subsidiária de uma companhia americana que fechou com a Virgin Mobile joint-venture para formação de uma MVNO nos Estados Unidos (ver boxe), a Sprint cria base para, no futuro, arriscar-se no mercado virtual do país. “No momento, rodamos vários testes para este tipo de pacote”, conta Marcelo Condé presidente da empresa

Os contratos da Sprint com BCP, Telemig, telefônica, ATL e Telet, entre outras, e as conversas positivas mantidas com Oi e TIM convencem o executivo de que as operadoras estariam “predispostas” a esse tipo de negócio. “Fora do Brasil, nossa solução tem dado certo, pois os serviços podem ser vendidos tanto pela Sprint como pela operadora que fornece a capacidade, agregando valor ao serviço” acrescenta Condé.

Esta modalidade resolveria a falta de experiência das operadoras na transmissão de dados corporativos por acesso móvel e traria para a parceira virtual os meios de atender o mercado das grandes e médias corporações brasileiras. Os atuais nichos de atuação da Sprint apontam os segmentos que primeiro devem adotar o modelo no país: finanças (bancos, seguradoras, cartões de crédito etc.), bens de consumo (alimentício e farmacêutico), telecom, logística e utilities.

 


BOX
Sinônimo de bilhões

As MVNOs são um verdadeiro sucesso nos mercados europeu e norte-americano. Surgidas entre 1996 e 1997, estas operadoras virtuais, hoje, recheiam de informações os sites dos grandes institutos de pesquisa, enquanto consultores e trainers se esmeram em traduzir em miúdos esta sigla que sugere um objeto voador não identificado. E ela significa negócios bilionários.

A Virgin Mobile, joint-venture (50%-50%) entre o grupo Virgin e One2One, da Deutsche Telekom, que opera no Reino Unido, conquistou em apenas seis meses de operação mais de 90 mil clientes. Em um ano, chegou a 500 mil e hoje tem 1,5 milhão de assinantes, número nada desprezível em se tratando de operadora focada em nichos.

O chaiman do grupo Virgin, Richard Branson, pede às outras operadoras, móveis mas não virtuais, que não se assustem com o sucesso deste modelo de negócios. E avisa: “No que diz respeito ao GSM/GPRS e ao futuro padrão global UMTS, não há como sobreviver sem MVNO”.

A Virgin fechou com a Sprint Wireless nova joint-venture, também meio a meio, para oferecer serviços de comunicação do tipo pay-as-you-go no mercado americano, sob a marca Virgin Mobile, usando a rede nacional wireless da Sprint, assim como os all-PCs e outros aparelhos da nova sócia. A primeira MVNO americana em âmbito nacional escolheu o nicho formado por consumidores entre 15 e 19 anos, que, segundo o instituto Strategics Group, deve crescer 184% até 2007, e entre 20 a 29, com crescimento estimado em 93%. O Pyramid Research calcula que até o fim do ano de 2002 haverá 50 MVNOs na Europa. Alemanha, pela sua excelente infra-estrutura, e Reino Unido são considerados os mercados mais atrativos. Entre os países europeus de menor porte, a Finlândia mostra-se mais atraente que a Suécia e a Noruega. Mesmo reconhecendo que a Virgin Mobile continua ganhando terreno com seu provedor, a One2One está satisfeita com o longo prazo das relações estabelecidas, informa o instituto
 

 


Efeitos sobre as operadoras de celulares

Positivos:
• Uso de Capacidade ociosa das redes de acesso
• Melhor aproveitamento do espectro de radiofreqüência
• Alternativa para lançamento de serviços de nichos nas redes 3G em parceria ou sociedade
• Aumento de market share (a capacidade vendida é computada como aumento do índice de penetração)
• Instrumento de marketing
• Partilhar lucros sem dividir riscos de lançamento de novos serviços
• Atingir usuários sobre os quais não detém conhecimento.

Negativos:
• Incerteza no volume de tráfego
• Possibilidade de a MVNO tornar-se provedor de meios
• Possibilidade de a MVNo adquirir banda transformando-se em concorrente real
• Portabilidade numérica
• Instrumento de Marketing
• Divisão com o parceiro virtual da receita dos melhores segmentos do mercado

 

 

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