BLOCO
Blog dos Coordenadores ou Blog Comunitário
da
ComUnidade WirelessBrasil

Outubro 2007               Índice Geral do BLOCO

O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão  Celld-group e WirelessBR. Participe!



23/10/07
 
"TV Pública" (9) - Editorial do Estadão + Artigo de Augusto de Franco + MP recebe 132 emendas

Olá,
ComUnidade WirelessBRASIL!
 
01.
Este é o nosso "Serviço ComUnitário" sobre "TV Pública".
Estamos continuando a numeração mas abreviando o "Assunto" que constou das mensagens anteriores: "TV Pública" ou "TV Brasil" ou "TV Lula" ou "TV do PT".
 
Temos uma tradição de longa data de acompanhar programas governamentais sem fazer política partidária.
No entanto, no atual conjuntura, está difícil referenciar ou transcrever matérias sobre estes temas quando o governo de plantão se confunde com um partido político. Seguimos com cautela mas sem omissão.
 
As mensagens anteriores estão no BLOCO - Blog dos Coordenadores da ComUnidade
 
O objetivo das mensagens é permitir que o leitor/participante forme sua opinião e, eventualmente possa interagir com congressistas e autoridades.

Sobre esta "interação com autoridades" (válido para este e outros temas):
Mesmo entre nós, que trabalharmos com TI e Telecom, encontramos ainda alguns "comportamentos e procedimentos" de um passado próximo em que, eleitos nossos representantes em todos os níveis, passamos considerá-los seres especiais e inaccessíveis. Em caso de reclamação, a recomendação era a popular e gaiata frase: "vá se queixar com o bispo".
Hoje podemos telefonar, enviar e-mail, fazer blogs e o que já chamei aqui de "democracia virtual direta" está à disposição de todos.
Mas é preciso fazer isto sem temor nem timidez e com a certeza de que a opinião individual pode sim fazer diferença.
Na nossa apatia e conformismo continuado perdemos a noção que o governo não é "patrão" mas "funcionário" e o povo é o "chefe" que paga seu salário.
A eleição é uma "carta branca" para governar para o povo e não para governar para o próprio governo e seus "companheiros".
 
Assim, formar opinião e participar, é preciso!  :-)
 
02.
Transcrevemos hoje estes dois textos:
 
Fonte: Estadão
[20/10/07]    A TV pública - Editorial
 
Fonte: Diego Casagrande
[24/10/07]   Sobre jornalistas, políticos e prostitutas por Augusto de Franco
 
Fonte: Câmara dos Deputados
[23/10/07]   MP da TV Pública recebe 132 emendas por J. Batista 
 
03.
Amanhã continuamos a transcrição destas matérias:
 
Fonte: Folha de S.Paulo, em Brasília
[12/10/07]   TV do governo terá servidor sem concurso por Letícia Sander
 
Fonte: FNDC
[10/10/07]   Edição de Medida Provisória para criar TV pública gera polêmica  por Ana Rita Marini - 10.10.2007  
 
Fonte ;O Tempo
[12/10/07]   Os cães ladram e a caravana [da TV pública] passa por Israel do Vale
 
Fonte: O Tempo
[19/10/07]  
TV pública, rede de redes e o vendaval de sotaques por Israel do Vale
 
04.
No final desta mensagem está a "coleção comunitária" de artigos e notícias sobre a "TV Pública" ou "TV do Lula"
 
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
 
------------------------------
 
Fonte: Estadão
[20/10/07]    A TV pública - Editorial
 
A medida provisória que cria a TV pública confirma os temores de quem acreditava que o governo Lula, a pretexto de criar uma rede de comunicação que apoiasse as manifestações culturais regionais e estimulasse a produção nacional de programas educativos, informativos e culturais - no sentido amplo da expressão -, na verdade montasse um esquema chapa branca de promoção dos interesses do governo. Da maneira como está sendo constituída, essa não será uma TV pública - por definição alheia aos interesses do governo e infensa à influência e à propaganda dos governantes de turno -, mas uma TV governamental.
 
A primeira evidência de que o governo federal está mais preocupado em montar uma rede de comunicação para divulgar as suas realizações e sua propaganda - e não uma TV com finalidades educativas e culturais - é o instrumento escolhido para sua instituição: a medida provisória. Isso mostra que o governo quer evitar o debate em profundidade - que haveria se a matéria fosse tratada em projeto de lei -, primeiro, sobre a necessidade da criação de tal rede e, depois, sobre os mecanismos que a preservariam da indesejada influência governamental. Fosse o Congresso Nacional mais cioso de suas prerrogativas, devolveria ao Planalto essa medida provisória - mais uma - que não preenche os requisitos indispensáveis de relevância e urgência que a Constituição exige para a edição desse tipo de ato. A previsão de que em dezembro devem se iniciar, no País, as transmissões da televisão digital - um processo que se estenderá por uma década - não caracteriza urgência. E não há relevância na criação de um “sistema complementar ao sistema privado de serviços de radiodifusão”, quando se sabe que há décadas funciona, com essa mesma finalidade, a rede Radiobrás, cujo patrimônio, de resto, constituirá o patrimônio da tal TV pública.
 
A TV pública - ou Empresa Brasil de Comunicação (EBC) - terá, diz a medida provisória, “autonomia em relação ao governo federal para definir produção, programação e distribuição de conteúdo no sistema público de radiodifusão”. Essa seria, de fato, a prerrogativa de uma empresa pública de comunicação. Mas não se pode esperar tamanha isenção e imparcialidade de um organismo cujos diretores são, direta ou indiretamente, escolhidos pelo presidente da República.
 
Começa que o estatuto da EBC será definido por decreto presidencial. O Conselho de Administração será constituído por um presidente, indicado pelo ministro da Comunicação Social, pelo presidente da Diretoria Executiva (nomeado pelo presidente da República), por dois conselheiros indicados pelos ministros do Planejamento e das Comunicações e por um conselheiro indicado conforme o Estatuto (feito pelo presidente da República).
 
O Conselho Curador, que deveria zelar pela independência da TV pública, será constituído por quatro ministros de Estado e um representante dos funcionários, bem como por 15 “representantes da sociedade civil” indicados na forma do Estatuto (aquele, feito pelo presidente da República). Ou seja, o governo indica os componentes dos órgãos de direção da TV que deveria ser pública e, quando não o faz diretamente, obedece a regras cozidas no Palácio do Planalto.
 
Para o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, não poderia ser diferente. “Se não for o presidente, quem vai indicar? Na Inglaterra, é a rainha.” De fato. Mas, na Inglaterra, a rainha não governa, reina. Ela não é filiada a partido político nem está sujeita às injunções das disputas eleitorais. Além disso, quando a BBC roça a linha que separa o interesse público do interesse governamental, o Parlamento dispõe de meios para fazê-la voltar aos trilhos. Aqui, o ministro da Comunicação Social tem outra fórmula: “A sociedade vai fiscalizar. Se não for independente, (a TV pública) não vai dar certo.”
 
A “sociedade” não tem como fiscalizar a TV pública. Poderá apenas dar-lhe ou negar-lhe audiência - que é o que tem ocorrido com as televisões públicas em funcionamento. Mas não terá como impedir que essa rede seja um instrumento de proselitismo eleitoral e de propaganda ideológica. Cabe ao Congresso rejeitar essa medida provisória para que a Nação não lamente, mais tarde, restrições maiores à liberdade de opinião e expressão.
 
-----------------------------------------------------
 
Fonte: Diego Casagrande
[24/10/07]  
Sobre jornalistas, políticos e prostitutas por Augusto de Franco
 
[O pensador, autor e militante político Augusto de Franco é um ex-petista, que ficou 14 anos da direção do partido, dele se afastando em 1994]
 
Qual o objetivo da TV governamental – falsamente chamada de TV Pública – que Lula, abusivamente, criou por Medida Provisória?
 
Antes de qualquer coisa é preciso ver que a TV de Lula não será pública, nem sequer estatal, e sim governamental mesmo, controlada pelo governo petista. E não será pública, inclusive, porque não terá público. Parece um jogo de palavras. Mas é mais do que isso!
 
O objetivo, imaginado pelos agentes petistas, para a TV governamental, é quebrar o monopólio dos grandes meios de comunicação que estão nas mãos dos conservadores, das elites, da direita, abrindo espaço para os que não têm voz nem vez nesses órgãos reacionários e anti-populares. Essa é a raiz, vamos dizer assim, chavista, do projeto.
 
Mas Lula, que não é burro como alguns de seus ideologizados seguidores, sabe que no Brasil isso não vai funcionar. Com 3% de audiência, essa nova TV não vai conseguir disputar com as grandes redes que não estão sob seu controle, nem mesmo com aquelas com as quais ele está fazendo alianças e negócios espúrios.
 
Lula é mais pragmático. Os objetivos realísticos da sua TV governamental são dois: neutralizar jornalistas e coagir meios de comunicação.
 
Neutralizar jornalistas como? É simples. Quem for pego fazendo muita matéria contra o governo vai para a lista dos que não serão contratados por Franklin e Cruvinel. Como os jornalistas nunca têm segurança de que não serão despedidos amanhã das grandes empresas em que estão trabalhando hoje, vão ficar quietinhos para não queimar essa alternativa de emprego, que pode ser providencial para pagar suas contas em futuro próximo. Não todos, por certo. Mas boa parte. Querem uma prova? Basta ver como vários jornalistas, sobretudo em Brasília, estão desconversando quando o assunto é a chamada "TV Pública".
 
E quanto a coagir os meios de comunicação? Bem, aqui a TV governamental se insere numa estratégia mais ampla, aquela mesma estratégia chamada de "democratização dos meios de comunicação", verbete que defini assim no meu antigo Glossário da ‘Era Lula’: "Eufemismo utilizado pelo PT para tentar legitimar o controle partidário ou corporativo-estatal sobre os meios de comunicação e a atividade jornalística e áudio-visual em geral. A ‘democratização dos meios de comunicação’ está a serviço da estratégia do PT no governo de criar condições para a instalação de uma hegemonia de longa duração no país. Segundo essa visão, como os grandes meios de comunicação estariam, supostamente, a serviço das ‘elites’, eles não seriam democráticos (entendendo-se aqui por democrático aquilo que está a serviço da maioria do povo) e, assim, precisariam ser "democratizados" ou submetidos ao controle social, quer dizer, ao controle da maioria do povo. Tal controle, entretanto, só pode ser viabilizado por instituições que representem o povo, como um governo popular e as organizações corporativas e classistas a ele alinhadas: e. g. conselhos populares – como o Conselho Federal de Jornalismo, proposto pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e endossado pelo governo Lula; e agências formalmente independentes, como a proposta Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (ANCINAV), porém, na prática, controladas igualmente pelo governo". Isso foi escrito há algum tempo. O CFJ e a ANCINAV goraram, diante da resistência democrática da opinião pública. Mas eles não desistiram.
 
A associação de Lula com o Bispo Edir Macedo, com suas TVs e com seu partido (onde Lula não teve vergonha de alocar, inclusive, o vice-presidente da República) – processo que começou com a defenestração de Boris Casoy – faz parte dessa mesma estratégia, que compreende ainda ameaças veladas de não renovar concessões, pressão mafiosa sobre anunciantes, novos projetos de lei que coíbam ou constranjam de alguma forma a atividade jornalística independente et coetera.
 
O partido da Igreja Universal foi o que mais se beneficiou da infidelidade partidária, "roubando" parlamentares dos partidos de oposição. Analogamente, mais uma TV – e com bastante dinheiro – também será uma maneira de capturar quadros importantes dos grandes meios de comunicação.
 
São novas formas, indiretas e ampliadas, de mensalão. São maneiras criativas, urdidas pelo lulopetismo, para fazer alguém (segundo o Casseta & Planeta, agindo como prostituta, "sem intenção de ofender" essa importante categoria profissional), "aceitar dinheiro para mudar de posição".
 
Para o governo Lula, a liberdade dos meios de comunicação é o alvo principal. Toda a estratégia de conquista de hegemonia do lulopetismo está montada sobre uma "lógica" que pressupõe a não-divulgação dos crimes e outros atentados à democracia e ao Estado de direito cometidos pelo grupo privado ora no poder e que quer se eternizar no poder.
 
Como já diagnostiquei em artigo na Folha de São Paulo no final de setembro, "usar a alta popularidade de um líder populista para mudar "democraticamente" as regras do jogo seria exeqüível se não obrigasse, antes, a violar as regras do jogo (fazendo coisas como o mensalão ou caixa três). Ora, num país de imprensa livre, tal violação não pode passar despercebida. Logo, para isso dar certo, seria preciso restringir essa liberdade (como fez Chávez). Mas, se aqui não há condições de fazê-lo, então, mais cedo ou mais tarde, a operação toda desmorona".
 
Isso não significa que a operação lulista vai desmoronar. Há um "se" na última frase transcrita acima. Ou seja, a estratégia petista vai dar certo na medida em que o governo conseguir ganhar, neutralizar, coagir ou constranger os profissionais de imprensa e os órgãos de comunicação.
 
Se existisse oposição democrática no Brasil, essa deveria ser a sua principal preocupação. Pelo visto, infelizmente, não existe.
 
------------------------------------------------------
 
Fonte: Câmara dos Deputados
[23/10/07]   MP da TV Pública recebe 132 emendas por J. Batista 
 
Flávio Dino quer garantir a participação do líder da Minoria no Conselho Curador da nova TV.
Deputados e senadores apresentaram 132 emendas à Medida Provisória 398/07, que cria a Empresa Brasil de Comunicação. As sugestões vão de aperfeiçoamentos na redação até a mudança na sede da TV Pública, prevista para a cidade do Rio de Janeiro.
 
O deputado Flávio Dino (PCdoB-MA) foi quem mais apresentou emendas (17). Ele está preocupado com a representação da sociedade nas decisões do novo canal. Uma de suas propostas é para que um deputado federal indicado pelo líder da Minoria na Câmara dos Deputados participe do Conselho Curador, órgão de natureza consultiva e deliberativa da nova empresa. A MP prevê que o conselho será integrado por 20 integrantes, designados pelo presidente da República.
 
"Assim como haverá integrantes do Conselho Curador indicados pelo governo, a oposição, representada pelo líder da Minoria, estará presente no conselho como uma espécie de fiscal, para evitar que em um momento futuro qualquer haja um indevido aparelhamento da TV Pública, desviando-a do seu propósito de instrumento de difusão de informações do modo mais democrático e plural possível."
 
O deputado Paulo Renato (PSDB-SP) é autor de sete emendas à MP que cria a TV Pública. Uma delas proíbe a publicidade que, direta ou indiretamente, caracterize promoção pessoal de autoridade ou de servidor público. "Uma TV Pública tem que ter esse cuidado. Conhecendo as pessoas que estão dirigindo a televisão, eu não tenho dúvida de que essa é uma emenda com a qual eles concordarão."

[Procure "posts" antigos e novos sobre este tema no Índice Geral do BLOCO]


ComUnidade WirelessBrasil                     Índice Geral do BLOCO