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Outubro 2007 Índice Geral do BLOCO
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27/10/07
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Fonte: Diego
Casagrande
[26/10/07]
Está chegando a TV Lula
por Maria Lucia Victor Barbosa, socióloga
Está sendo constituída, a poder de muito dinheiro do contribuinte, quer
dizer, de todos nós, a TV que o governo chama de pública, mas, ao que
tudo indica, será estatal, um monumental veículo de propaganda onde
programas inexistentes do grande líder e sua figura serão ainda mais
exaltados (já o são em toda mídia), para veneração de seus filhos
amantíssimos.
Dominados o Congresso Nacional (que vota tudo que o Executivo mandar
desde que haja uma contrapartida bastante rentável), o Judiciário em
várias de suas instâncias, demais instituições e entidades, faltava o
derradeiro tentáculo para amestrar de vez o rebanho ovino, tornando-o
ainda mais emocional, submisso e sensível às falas e feitos daquele que
mantém companheiros e adesistas no pódio dourado do poder.
Medida provisória que cria a TV pública ou Empresa Brasil de Comunicação
(EBC) já se encontra no Congresso Nacional, como se houvesse relevância
e urgência para tal projeto, requisitos necessários para que o Executivo
envie tal tipo de medida ao Legislativo. E num parlamento que mais se
assemelha a um balcão de negócios, bastará o governo gritar como
animador de auditório: "quem quer dinheiro?", que jorrarão os votos
necessários para a criação da TV Lula.
Mas, por que se diz que essa rede de comunicação será estatal e não
pública, em que pese o governo jurar que seu magnânimo objetivo é o de
criar uma rede de comunicação que apóie as produções culturais e
regionais, além de produção nacional de programas educativos (como se
isso não existisse nas TVs cultura e educativas)?
Simplesmente porque, como bem definiu um editorial do O Estado de S.
Paulo (20/10/2007): "O estatuto da EBC será definido por decreto
presidencial. O Conselho de administração será constituído por um
presidente, indicado pelo ministro da Comunicação Social (Franklin
Martins), pelo presidente da Diretoria Executiva (nomeado pelo
presidente da República), por dois conselheiros indicados pelos
ministros do Planejamento e das Comunicações e por um conselheiro
indicado conforme o Estatuto (feito pelo presidente da República). O
Conselho Curador, que deveria zelar pela independência da TV Pública,
será constituído por quatro ministros e um representante dos
funcionários, bem como por 15 ‘representantes da sociedade civil’
indicados na forma do Estatuto (aquele feito pelo presidente da
República)". Bem, diante disso alguém duvida do vezo eleitoreiro e de
propaganda ideológica desse órgão de comunicação, tentáculo do poder,
repito, que projeta sua sombra sinistra sobre a liberdade de expressão
que, a bem da verdade já nem existe mais de forma ideal?
Mais uma vez o Brasil segue fielmente nos caminhos de Hugo Chávez.
Diga-se de passagem, que o ditador de fato da Venezuela foi aprovado
aqui, na Câmara, para fazer parte do Mercosul e, mais reforçado em nosso
país estará mandando seus emissários para formar os círculos
bolivarianos, células de seguidores do socialismo do século 21, que
parecem já existir no Paraná com apoio incondicional do governador
Requião.
Acrescente-se que Hugo Chávez, que já possui o maior e bem mais armado
exército latino-americano, prevê destinar para 2008 US$ 193,4 mi para
"fortalecer movimentos alternativos na América Central e no México". No
Brasil isso já deve funcionar, pois se tem noticiado a devoção de João
Pedro Stédile, mentor do MST, àquele que se diz a encarnação de Simon
Bolívar.
Fazer frente à gestação desse processo autoritário no Brasil requer
oposições bem articuladas em entidades fortes e, sobretudo, em partidos
políticos, coisa que existe na Venezuela. A questão é que não dispomos
de tais mecanismos de resistência e, apenas um ou outro parlamentar se
insurge contra os descalabros já existentes e que se anunciam.
Inclusive, no momento é possível ver isso com clareza na deplorável
atitude do PSDB que, mais uma vez como linha auxiliar do PT cerra
fileiras para aprovação da CPMF.
Ressalte-se que o senador Arthur Virgílio, ex-fervorosa oposição ao
governo, entregou de bandeja a primeira vice-presidência do senado que
pertencia ao seu partido, o PSDB, por ser a terceira bancada, ao PT,
quarta bancada, o que ensejou a ascensão de Tião Viana à presidência do
senado no lugar de Renan Calheiros. Agora temos algo nunca antes visto
nesse país: a trindade composta por um só partido a reinar absoluta na
presidência da Câmara, do Senado (que é também a do Congresso) e da
República.
Com uma oposição dessas, à exceção de uns poucos tucanos como o senador
paranaense Álvaro Dias e dos democratas, estamos bem arranjados e a
aprovação da medida provisória que cria a TV Lula é favas contadas,
exatamente como da abominável CPMF, que deveria ser utilizada para sanar
o caos da Saúde, conforme o objetivo de sua criação, e não para
alimentar projetos autoritários e megalomaníacos como o dessa TV estatal
que, provavelmente, submeterá as demais TVs às suas normas e condições.
A TV Globo que se cuide.
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