Fonte: IDGNow!
[31/10/06]
Operadora sob medida por
Eduardo Tude, Diretor do Teleco
Eduardo Tude conta como operadoras móveis com redes MVNO agradam a
todos.
O que mais lhe desagrada na sua operadora de
celular? A falta de um atendimento personalizado? As contas telefônicas
com erro? O custo de envio de torpedos (SMS)?
As operadoras de celular não conseguem agradar
a todos. Elas trabalham com um alto volume de clientes e falham ao focar
no atendimento de pequenos segmentos do mercado.
Não desanime. Na Europa e nos Estados Unidos
já existe uma solução para este problema. São as operadoras móveis com
rede virtual (MVNO). Estas operadoras não possuem uma rede própria. Elas
utilizam a rede de uma operadora de celular existente e se concentram em
dar um atendimento superior ao segmento do mercado que escolheram.
Um exemplo seria um MVNO no Brasil focado na
colônia japonesa que ofereça chamadas de longa distância mais baratas para
o Japão, e serviços de informações e entretenimento integrados com a
cultura japonesa.
O público jovem tem sido um dos alvos dos
MVNOs no exterior. A Universal Music lançou um MVNO em que o acesso à
música e outros elementos da cultura jovem vêm acompanhados de um rígido
controle de custos. Uma vez estourada a cota mensal, não é possível
comprar créditos adicionais. É possível, no entanto, enviar um torpedo
pré-formatado dizendo “Me ligue”.
Para os segmentos de alto poder aquisitivo
está sendo lançado nos Estados Unidos um “MVNO” em que o assinante paga
uma quantia fixa mensal por uso ilimitado dos serviços. Adeus aos erros em
conta. Passa também a contar com um atendimento personalizado que pode em
muitos casos substituir uma secretária particular reservando hotéis,
passagens de avião ou encomendando flores.
Existem MVNOs nos mais diferentes segmentos.
MVNOs focados em estudantes, em pré-adolescentes, nas mais variadas
etnias e MVNOs oferecendo serviços diferenciados de informação e
entretenimento.
No Brasil, a Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) começa a discutir o tema e espera-se para 2007 a
sua regulamentação. Portabilidade numérica é um dos fatores que podem
ajudar no aparecimento dos MVNOs.
Se você ficou animado com este artigo e já
está pensando em montar um MVNO a recomendação é cuidado. Os MVNOs são uma
terra de oportunidades e de riscos. É necessário conhecer bem o segmento
onde vai atuar e muito planejamento para desenvolver um produto atrativo e
com baixo custo de distribuição.
A história dos MVNOs na Europa e nos Estados
Unidos está cheia de casos de sucesso (Virgin Mobile e Universal), mas
apresenta fracassos. O mais recente é o da ESPN Móbile que, mesmo tendo um
fantástico serviço de informações para Fans de esporte, encerrou suas
atividades após seis meses de operação e investimentos de 200 milhões de
dólares.
Eduardo Tude é Engenheiro de Telecomunicações há mais de 25 anos, tendo
ocupado posições de Direção em várias empresas do setor. Atualmente é
sócio e presidente da Teleco (www.teleco.com.br)
. Nesta coluna o especialista aborda as novidades do mercado de
telecomunicações no Brasil. E-mail:
etude@teleco.com.br
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SÃO PAULO _ As operadoras de celular Brasil
Telecom GSM e Oi (do grupo Telemar) tentaram, em 2004, viabilizar a
criação de um consórcio para disputar uma licença de telefonia móvel em
São Paulo com um modelo parecido ao das operadoras virtuais conhecidas
pela sigla em inglês MVNO.
Ricardo Sacramento, na época presidente da Brasil Telecom GSM e hoje no
comando da Amazônia Celular, conta que a idéia era manter duas marcas
distintas, "como uma empresa de produtos de consumo", em uma única faixa
de freqüência, que seria licitada pela Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) naquele momento.
Para evitar os custos da montagem de uma nova rede no estado, no qual
esse consórcio chegaria como quarto entrante _ depois de Vivo, TIM e Claro
_ elas pensavam em "comprar no atacado" minutos das operadoras já
estabelecidas para revenderem aos seus clientes.
Segundo o executivo, a Anatel "sinalizou que gostaria da idéia", ainda
que não tenha firmado nenhum compromisso de autorizar. Na opinião de
Sacramento, no entanto, "a agência deverá criar as condições favoráveis"
ao surgimento desse tipo de operadora.
Ele conta que o plano de negócios previa a chegada do lucro em cerca de
oito anos. "Uma empresa que não está em São Paulo tem uma lacuna enorme.
Os grandes clientes corporativos têm suas sedes em São Paulo", comentou.
As duas companhias, entretanto, acabaram não entregando proposta no dia
do leilão da Anatel. Sacramento disse que não poderia falar pelo grupo
Telemar, mas informou que, no caso da Brasil Telecom GSM, o processo não
avançou "porque o momento societário era ruim" na empresa. A companhia, na
época gerida pelo Opportunity, já tinha divergências com os demais sócios
_ fundos de pensão e Telecom Italia.
Sacramento tem sido um fervoroso defensor do modelo do modelo das MVNOs,
ainda que não esteja pessoalmente envolvido em nenhum projeto desse tipo.
Em sua palestra na Futurecom, congresso anual de telecomunicações que
aconteceu em outubro passado, chegou a se candidatar a ser "o primeiro
presidente da primeira MVNO do Brasil", já que estava de saída da Brasil
Telecom GSM e ainda não tinha destino profissional acertado.
Segundo Sacramento, as empresas de telecomunicações estão se tornando
muito grandes. "Até 2020, só restarão 10 grandes grupos de
telecomunicações em todo o mundo, mas alguns nichos de mercado se sentem
melhor assistidos quando atendidos por empresas menores, com presença mais
local", justificou.
Na sua opinião, o modelo das MVNOs deve enfrentar uma resistência inicial
por parte das atuais operadoras. "Mas diante do crescimento esperado para
o número de usuários de celular no país nos próximos anos, elas vão
preferir ter um grande cliente comprando milhões de minutos para revender
a nichos", afirmou.
A estimativa de Sacramento é que o número de usuários de celular no
Brasil cresça "apenas 10%" em 2007 e algo como 5% no ano seguinte. "(A
opção da MVNO) será uma receita incremental para as atuais operadoras, já
que suas redes já estão lá, instaladas", afirmou. Em 2004, o crescimento
no número de usuários de celular foi de 41,5% e, em 2005, de 34%, segundo
dados da Anatel. (Taís Fuoco | Valor Online)