BRASÍLIA - A Anatel disse que não tem data para definir qual padrão de rádio
digital o país vai adotar.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está criando padrões para os
testes com os sistemas de rádio digital que poderão ser implantados no
Brasil.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, pediu que as rádios enviem, o
quanto antes, o relatório final com o resultado dos testes.
Os testes, entretanto, terão que se enquadrar nos padrões exigidos pela
Anatel para serem validados, e não há data para a definição da metodologia
para os testes nas freqüencias de FM e Ondas Curtas (OC).
A metodologia que deverá ser aplicada pelas rádios AM no testes com o padrão
americano Iboc (In Band On Channel) foi encomendada pela Anatel à
Universidade de Brasília (UnB) e já está pronta.
Após passar por um processo de consulta pública, os resultados estão sendo
agora analisados pelos técnicos da Agência. A metodologia poderá ser usada a
partir do momento em que for publica no Diário Oficial, e a previsão da
Anatel é que isso ocorra em um mês.
Entretanto, o padrão para testes na faixa FM com o padrão americano e na
freqüência ondas curtas (OC) com o padrão europeu DRM ainda não está
definido. As duas, depois de prontas, também passarão pelo processo de
consulta pública e a Anatel não têm previsão de quando os testes
padronizados poderão ser iniciados.
O autor da metodologia dos testes em AM, Lúcio Martins da Silva, avalia que
uma quantidade “muito grande” de testes foram feitos nos Estados Unidos por
entidades confiáveis. “Tem uma série de testes que não precisariam ser
repetidos. Podia ser fazer uma avaliação nos pontos onde se têm alguma
dúvida de como o sistema se comporta e se aproveitar os testes já feitos nos
EUA, porque o modelo de radiodifusão deles e o nosso são muito parecidos. Em
normas, procedimentos e canalizações, são quase idênticos”, afirma o
professor.
Segundo ele, que é professor do departamento de engenharia elétrica da
Universidade de Brasília (UnB) e coordenador na UnB dos testes com o sistema
europeu DRM, “aparentemente, não houve grandes problemas ou problemas
relevantes na implantação do sistema nos Estados Unidos”.
Associações e entidades de rádios comunitárias divergem da opinião de
Martins. Afirmam que, no modelo americano Iboc de rádio digital, rádios
comunitárias deixariam de existir. Pela legislação brasileira, a potência
máxima permitida a uma rádio comunitária é 25 Wattz. O consultor jurídico da
Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), Joaquim Carlos
Carvalho, diz que, no Iboc, 25 Wattz equivale à potência dos ruídos.
Na prática, portanto, “só se ouviria ruído. Estarão fora do mercado todas as
rádios comunitárias, educativas e as rádios comerciais pequenas. Só ficarão
as grandes emissoras”. Segundo Joaquim Carvalho, o ministério das
Comunicações está “pegando um sistema americano, que não é uniforme nos
Estados Unidos, atende a poucas empresas e querem unificar isso como um
padrão brasileiro”.
Para o pesquisador do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Telecomunicações (CPqD) Takashi Tome, São Paulo é um caso onde seria preciso
fazer muitos testes, já que por causa da grande quantidade de rádios
operando poderia ocorrer interferência nas transmissões. Há também, em
muitas transmissões, pontos ou viadutos que funcionam como obstáculos ao
sinal. “O interessante seria um conjunto de emissoras realizarem um teste
exaustivo na localidade”, diz o pesquisador.
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Fabricantes nacionais de equipamentos de transmissão analógica temem que
americanos não liberem tecnologia
A digitalização do padrão de transmissão de rádio no Brasil está
provocando um drama entre os fabricantes nacionais de radiotransmissores,
receptores e acessórios para emissoras AM e FM, que correm o risco de
perder para fabricantes estrangeiros um mercado que já dominam no Brasil.
É que o padrão preferido pelo Ministério das Comunicações e pela
Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), o
americano Iboc, que permite ao mesmo tempo o tráfego analógico e digital,
é uma tecnologia proprietária, que não pode ser usada pelos fabricantes
brasileiros sem prévia autorização dos donos, nesse caso a multinacional
Ibiquity Digital Corporation. Hoje, os fabricantes nacionais atendem 90%
do mercado brasileiro de equipamentos analógicos para transmissão e
recepção de ondas de rádio, a maior parte deles, pequenas e médias
empresas instaladas em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas.
Os testes com o padrão digital estão sendo feitos em 20 emissoras de rádio
no Brasil, mas os equipamentos com a nova tecnologia já estão sendo
vendidos em São Paulo pela Chilena Continental/Lenza, que, segundo o
assessor técnico da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e
Televisão (Abert), Ronald Siqueira Barbosa, instalou um parque de
fabricação de antenas digitais no país. Além disso, Harris Digital, Nautel
e BE, todas americanas, estão comercializando a tecnologia em território
brasileiro. “A Harris está montando um grande parque no Brasil para a
fabricação de emissores”, conta. Na avaliação dele, os fabricantes locais,
ainda presos ao sistema analógico, não serão prejudicados pelas mudanças,
mas serão forçados a negociar com a Ibiquity Digital Corporation a
aquisição do direito de uso do Iboc. A outra opção, economicamente
inviável, seria desenvolver um padrão próprio.
“Se o governo não deixar claro que essa tecnologia deverá ser repassada
para os fabricantes nacionais, as empresas do setor vão simplesmente
fechar as suas portas”, diz o presidente do Sindicato das Indústrias de
Eletroeletrônica do Vale da Eletrônica de Santa Rita do Sapucaí (Sindvel),
Roberto de Sousa Pinto. Segundo ele, o município abriga oito das 10
fabricantes nacionais de equipamentos radiotransmissores e receptores. “Só
aqui seriam fechados mais de mil postos de trabalho”, avisa. A estimativa
é de que a substituição do padrão analógico pelo digital vai demandar
investimentos de US$ 500 milhões nas emissoras de rádio AM e FM do país.
Segundo Rogério de Souza Correia, sócio da Teletronix, fabricante de
transmissores para radiodifusão em FM há 11 anos, que emprega 40
empregados no chão de fábrica, com salário médio de R$ 900, os
equipamentos que produz são vendidos em todo o território brasileiro, na
América Latina – “do México à Argentina” – e até na Espanha. “O Iboc é um
padrão fechado, se o governo não negociar a transferência de tecnologia
para as indústrias nacionais, estaremos fora do mercado, porque nem sequer
sabemos se os americanos têm intenção de negociá-la”, sustenta.
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A falta de uma metodologia que traga critérios e parâmetros para os testes
com a nova tecnologia digital é a principal crítica dos especialistas e das
entidades civis que fazem parte do conselho consultivo criado pelo
Ministério das Comunicações para a digitalização do rádio no país. “Os
testes foram feitos sem a existência de uma metodologia que pudesse dar
unidade a eles”, diz a representante da Universidade de Brasília (UnB) no
conselho, Nelia Del Bianco.
O representante da Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV
Digital no conselho, Jonas Valente, reclama: “Não há uma avaliação concreta
sobre as tecnologias. Não há nenhum técnico do estado acompanhando esses
testes. Vai haver só uma coletânea dos relatórios”, reclama. A Frente
representa cerca de cem entidades da sociedade civil.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, declarou que a decisão do governo
sobre a adoção de um sistema digital não será feita antes da entrega dos
resultados dos testes com o padrão norte-americano e da posterior análise,
mesmo que seja preciso prorrogar prazos. Mas disse também que não irá
esperar a realização dos testes com o padrão europeu DRM, que estão
atrasados. A idéia é que o país adote os dois sistemas. O norte-americano
para as rádios AM e FM e o europeu para as rádios de ondas curtas (OC).
Para a professora da UnB, mesmo os testes feitos com o sistema de rádio
digital norte-americano In Band – On Chanel (Iboc) são de pouca serventia.
“Você não pode comparar o resultado dos testes, uma vez que há divergência
sobre a forma de realização dos mesmos”, diz Nelia, referindo-se à falta da
metodologia.
A metodologia que deverá ser aplicada pelas rádios AM no testes com o padrão
americano Iboc foi encomendada pela Anatel à UnB e já está pronta. A
metodologia passou por um processo de consulta pública e os resultados estão
sendo agora analisados pelos técnicos da agência. A metodologia poderá ser
usada a partir do momento em que for publica no Diário Oficial, e a previsão
da Anatel é que isso ocorra em um mês.
Entretanto, a metodologia para testes na faixa FM com o padrão americano e
na freqüência ondas curtas (OC) com o padrão europeu DRM ainda não foram
concluídas. As duas, depois de prontas, também passarão pelo processo de
consulta pública. A Anatel não têm previsão de quando os testes poderão ser
iniciados.
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), cujas
rádios membro realizam os testes com o Iboc, informou que as emissoras não
terão que refazer os testes depois que a Anatel publicar a metodologia. Os
relatórios dos testes com o Iboc serão apenas adaptados, diz o presidente da
Abert, Daniel Pimentel Slaviero. “Não há necessidade de novos testes. Não
precisam de mais testes AM e FM, porque eles já vêm ocorrendo com as 15
emissoras que já estão no ar. O que realmente precisa é de uma consolidação
desses números de uma maneira uniforme, que são os critérios propostos pela
Anatel”, explica.
De acordo com o ministro Hélio Costa, 21 rádios espalhadas por quase todas
as capitais brasileiras já operam em testes com o Iboc. Dessas, 15 emissoras
– localizadas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e
Porto Alegre – são registradas na Abert.
Com informações da Agência Brasil. Da Redação
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Brasília - Os testes com o sistema de rádio digital norte-americano In Band
– On Channel (Iboc), que já vem sendo realizados pelas emissoras ligadas à
Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, não terão que ser
refeitos depois que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) definir
a metodologia deles. Os relatórios dos testes com o Iboc serão apenas
adaptados, diz o presidente da Abert, Daniel Pimentel Slaviero.
“Não há necessidade de novos testes. Não precisam de mais testes AM e FM,
porque eles já vêm ocorrendo com as 15 emissoras que já estão no ar. O que
realmente precisa é de uma consolidação desses números de uma maneira
uniforme, que são os critérios propostos pela Anatel”, explica Slaviero.
Na última reunião do conselho consultivo, no último dia 1º, o ministro das
Comunicações, Hélio Costa, solicitou às emissoras de rádio que enviassem
seus relatórios em até 30 dias, mas depois disse que poderia prorrogar o
prazo, se fosse necessário. “Este prazo é absolutamente factível. As rádios
precisam agora adequar aos critérios da Anatel”, diz o presidente da Abert.
Segundo a Anatel, a expectativa é publicar em breve a metodologia que deverá
ser aplicada nos testes pelas rádios AM - que já está pronta, após passar
por consulta pública. Porém, a metodologia para as rádios FM e Ondas Curtas
(OC) ainda não está terminada. Depois de pronta, ainda terá que passar pelo
processo de consulta pública, da mesma forma que ocorreu no processo com a
AM.
Os resultados da consulta pública são passados aos técnicos da Anatel que,
após análise, repassam a metodologia para aprovação da diretoria da agência.
Só então o texto é publicado no Diário Oficial - o que, segundo a
assessoria, não tem previsão de ocorrer.
“Entendemos que essa é uma decisão que precisa ser tomada agora, com máxima
urgência, porque todos os competidores do rádio já estão operando no âmbito
digital, inclusive a televisão, que começa as transmissões em dezembro. E o
rádio está fora”, reclama Slaviero.
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SÃO PAULO - O ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou que vai enviar
a avaliação sobre o padrão para rádio digital nos próximos dois meses para o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que terá palavra final sobre o
assunto.
Nós do ministério estamos trabalhando em conjunto com deputados e senadores
das comissões de telecomunicações do Congresso para finalizar o projeto do
padrão da rádio digital, que depois será encaminhado ao presidente , disse
Costa hoje durante cerimônia de abertura da feira Broadcast & Cable, em São
Paulo.
A definição no padrão para rádio digital é esperada desde que o governo
escolheu o padrão vencedor para a TV digital. Nas transmissões de TV, será
adotado um padrão híbrido, que incorpora aspectos das três tecnologias,
apresentadas por EUA, Japão e União Européia. Segundo Costa, o Brasil fez a
escolha acertada e escolheu um padrão que reúne o que há de melhor dos três.
O sistema híbrido é fruto de uma parceria entre o Brasil e o Japão, que
tocarão em conjunto seu desenvolvimento. Um sistema híbrido nos moldes do
escolhido para a TV poderá também ser utilizado na rádio digital, segundo o
próprio ministro já afirmou anteriormente.
(José Sergio Osse | Valor Online)
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Fonte: Agência Brasil
[27/08/07]
Entidades civis criticam testes de rádio digital sem método definido por
Alessandra Bastos
Brasília - A falta de uma metodologia que traga critérios e parâmetros para
os testes com a nova tecnologia digital é a principal crítica dos
especialistas e das entidades civis que fazem parte do conselho consultivo
criado pelo Ministério das Comunicações para a digitalização do rádio no
país. “Os testes foram feitos sem a existência de uma metodologia que
pudesse dar unidade a eles”, diz a representante da Universidade de Brasília
(UnB) no conselho, Nelia Del Bianco.
O representante da Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV
Digital no conselho, Jonas Valente, reclama: “Não há uma avaliação concreta
sobre as tecnologias. Não há nenhum técnico do Estado acompanhando esses
testes. Vai haver só uma coletânea dos relatórios”, reclama. A Frente
representa cerca de cem entidades da sociedade civil.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, declarou que a decisão do governo
sobre a adoção de um sistema digital não será feita antes da entrega dos
resultados dos testes com o padrão norte-americano e da posterior análise,
mesmo que seja preciso prorrogar prazos. Mas disse também que não irá
esperar a realização dos testes com o padrão europeu DRM, que estão
atrasados. A idéia é que o país adote os dois sistemas. O norte-americano
para as rádios AM e FM e o europeu para as rádios de ondas curtas (OC).
Para a professora da UnB, mesmo os testes feitos com o o sistema de rádio
digital norte-americano In Band – On Chanel (Iboc) são de pouca serventia.
“Você não pode comparar o resultado dos testes, uma vez que há divergência
sobre a forma de realização dos mesmos”, diz, referindo-se à falta da
metodologia.
A metodologia que deverá ser aplicada pelas rádios AM no testes com o padrão
americano Iboc foi encomendada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
à UnB e já está pronta. A metodologia passou por um processo de consulta
pública e os resultados estão sendo agora analisados pelos técnicos da
Anatel. A metodologia poderá ser usada a partir do momento em que for
publica no Diário Oficial, e a previsão da Anatel é que isso ocorra em um
mês.
Entretanto, a metodologia para testes na faixa FM com o padrão americano e
na freqüência ondas curtas (OC) com o padrão europeu DRM ainda não foram
concluídas. As duas, depois de prontas, também passarão pelo processo de
consulta pública. A Anatel não têm previsão de quando os testes poderão ser
iniciados.
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), cujas
rádios membro realizam os testes com o Iboc, informou que as emissoras não
terão que refazer os testes depois que a Anatel publicar a metodologia. Os
relatórios dos testes com o Iboc serão apenas adaptados, diz o presidente da
Abert, Daniel Pimentel Slaviero.
“Não há necessidade de novos testes. Não precisam de mais testes AM e FM,
porque eles já vêm ocorrendo com as 15 emissoras que já estão no ar. O que
realmente precisa é de uma consolidação desses números de uma maneira
uniforme, que são os critérios propostos pela Anatel”, explica Slaviero.
De acordo com o ministro Hélio Costa, 21 rádios espalhadas por quase todas
as capitais brasileiras já operam em testes com o Iboc. Dessas, 15 emissoras
- localizadas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e
Porto Alegre - são registradas na Abert.