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From: Helio Rosa
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; carlos.roberto.maciel@gmail.com ; Eduardo Tude ; gfelitti@idg.com.br
Sent: Sunday, April 20, 2008 8:50 AM
Subject: [Celld-group] Traffic Shaping (04) - Artigo no IDG Now! -
"Entenda a polêmica"
01.
O "Serviço ComUnitário" continua o esforço de ambientação no
polêmico tema "Traffic Shaping".
Simplificamos uma "definição", adaptando um trecho da matéria
transcrita hoje:
"Traffic Shaping é a prática supostamente
aplicada por todos os provedores de banda larga no país para,
como sugere a própria tradução do inglês, moldar o tráfego
usado pelo usuário, determinando quais programas ou protocolos
podem ter acesso a determinada quantidade de banda em diversos
períodos do dia."
E aqui vai um recorte do mesmo texto:
(...) "O uso ostensivo de alguns tipos de aplicações acabam
prejudicando outros usuários. (O Traffic Shaping) é uma
solução de engenharia para se trazer um certo equilíbrio para
todos os usuários. Em qualquer rede, você tem recursos
limitados, principalmente em uma tecnologia de transporte
baseada em pacotes", explica Frederico Neves, diretor de
serviços e tecnologia do Núcleo de Informação e Coordenação (NIC.br),
ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). (...)
02.
Uma informação e uma pergunta:
Limitar a banda é limitar a velocidade.
Na web encontramos diversos "velocímetros" para avaliar a
correria dos bits. :-)
Eu tenho usado o velocímetro gratuito encontrado na página
da
A Beltrônica que fornece,
rapidamente, as velocidades instantâneas de download e
upload.
Esse tipo de velocímetro é confiável e preciso?
03.
Transcrevemos hoje uma ótima matéria do Guilherme Felitti,
editor assistente do IDG Now!, com opiniões de leitores,
de
Eduardo Tude, diretor do Teleco e de
Horácio
Belfort, presidente e fundador da Associação
Brasileira dos Usuários de Acesso Rápido (Abusar).
Fonte: IDG Now!
[17/04/08]
Traffic shaping: entenda a polêmica sobre restrição de
banda larga por Guilherme Felitti, editor assistente
do IDG Now!
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São Paulo – Provedoras praticam traffic shaping? Ainda que neguem,
IDG Now! ouve usuários e especialistas sobre restrições de acesso
no país.
Teoricamente, o mundo digital é um ambiente com recursos
ilimitados que podem ser multiplicados infinitamente para atingir
um número cada vez maior de usuários para funções cada vez mais
complexas. Teoricamente.
Há um bem no mundo digital que não obedece, em qualquer parte do
mundo, a natureza abundante da reprodução de bits e se encontra
num equilíbrio delicado entre o uso racionado e o desejo por mais:
a banda.
De um lado, estão as provedoras responsáveis pelos investimentos
milionários em infra-estrutura que compartilham do mesmo
comprometimento de não restringirem sua banda. Do outro, os
usuários de banda larga que vêem seus direitos de consumo
supostamente desrespeitados pelas alterações na velocidade de
acesso de seus planos, armando e compartilhando planos que
comprovem as estratégias sorrateiras das operadoras.
No centro da polêmica, está o traffic shaping, prática
supostamente aplicada por todos os provedores de banda larga no
país para, como sugere a própria tradução do inglês, moldar o
tráfego usado pelo usuário, determinado quais programas ou
protocolos podem ter acesso a determinada quantidade de banda em
quais períodos do dia.
Não bastassem as acusações dos usuários, a questão é ainda mais
polêmica por nenhuma das provedoras assumir oficialmente a
prática, cujas suspeitas são facilmente observáveis em testes que
usam tecnologias como encriptação de dados e VPN (virtual private
network) para driblar o controle. A prática pode se esconder na
instabilidade das milhares de redes interconectadas e
administradas independentemente que formam a internet.
E porque uma provedora limitaria o consumo de banda de usuários,
que pagam por um serviço? Tradicionalmente, um grupo de usuários
acostumado a baixar fervorosamente conteúdo multimídia durante o
mês consome grande parte da banda oferecida pela infra-estrutura
montada pela operadora - as empresas trabalham com projeções que
contemplam que entre 10% e 20% de seus clientes consomem até 80%
da banda oferecida.
A limitação imposta pelo traffic shaping não apenas impede uma
participação ainda maior de quem está acostumado a baixar filmes e
músicas com freqüência, mas também assegura que a maioria dos
usuários restantes, que usam menos banda durante o mês, encontrará
um serviço estável e com velocidade minimamente decente para
acessar seus e-mails, entrar em redes sociais ou ler blogs.
"O uso ostensivo de alguns tipos de aplicações acabam prejudicando
outros usuários. (O traffic shaping) é uma solução de engenharia
para se trazer um certo equilíbrio para todos os usuários. Em
qualquer rede, você tem recursos limitados, principalmente em uma
tecnologia de transporte baseada em pacotes", explica Frederico
Neves, diretor de serviços e tecnologia do Núcleo de Informação e
Coordenação (NIC.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet no
Brasil (CGI.br).
"De certa forma, esta técnica prejudica as expectativas de
usuários que acham que não usam um bem compartilhado",
complementa. E as expectativas são, realmente, altíssimas. A
reação de usuários contra o suposto traffic shaping é facilmente
medida pela onda de reclamações que clientes publicam em fóruns,
acompanhados por tutoriais sobre como descobrir se determinado
provador restringe a banda, gráficos que mostram quedas na
velocidade de acesso e vídeos demonstrando maneiras para driblar
qualquer restrição.
As reclamações dos clientes se concentram, principalmente, na
falta de indicações claras no contrato de prestação de serviços
sobre possíveis interferências na velocidade de determinados
protocolos. "É como o overbooking sem punição. Você vende mais do
que consegue entregar, mas não tem punição. Se (a operadora) faz
isto de propósito, é estelionato. Vende-se um serviço com tal
banda, mas não é assim", acusa Horácio Belfort, presidente e
fundador da Associação Brasileira dos Usuários de Acesso Rápido
(Abusar).
Um sentimento comum é o do "eu paguei, portanto quero usar da
maneira que quiser". "Na GVT, o traffic shaping é aplicado em
horário pré-determinado, a partir das 9h da manhã (mais ou menos,
com downloads via P2P limitados a 25kbps), terminando exatamente
as 20h (com os downloads saltando de 25kbps para 100kbps)",
detalha Juliano Valentin, usuário da banda larga da provedora
desde janeiro de 2007.
Mauro Melillo tem reclamações semelhantes com a Brasil Telecom. "A
filtragem (da operadora) começou em dezembro de 2007. Eu baixava
(conteúdo multimídia de redes P2P) a 210 Kilobytes por segundo
durante o dia todo e hoje não passo de 30 KB/s. Só aumenta um
pouco durante madrugada", explica ele, que engrossa a multidão de
insatisfeitos que publicaram vídeos no YouTube tentando provar a
suposta prática do seu provedor.
A comparação que Belfort, da Abusar, faz com a prática das
companhias aéreas de reservar mais passageiros para um vôo do que
a aeronave comporta faz sentido, ironicamente, pelo mesmo motivo
alegado por clientes que se sentem prejudicados: os detalhes que
constam no contrato.
É prática comum das provedoras garantir um mínimo de velocidade a
partir do plano de acesso contratado pelo cliente - contrato
assinado e velocidade mínima garantida, o usuário fica sem
respaldo legal para enfrentar a operadora sobre uma velocidade
menor que aquela prometida na propaganda.
Somam-se a isto as negativas perpétuas que provedoras divulgam
sobre a prática de traffic shaping e quem se sente prejudicado
fica sem caminhos para recorrer. Ou como Juliano bem sintetiza: "O
traffic shaping é tão camuflado que talvez nem mesmo os técnicos
das operadoras conseguiriam comprová-lo se quisessem."
A dificuldade vem da natureza instável e rapidamente mutável que a
moldagem de banda adquiri pelos softwares ou pelos firmwares de
roteadores e switches das operadoras. As plataformas de
gerenciamento de redes de banda larga funcionam de maneiras muito
distintas, mas com uma amplitude que dificulta usuários ou
consultorias detectarem indícios que apontem para regras na
maneira como a banda é consumida.
O diretor de tecnologia da 3Com Brasil, Antônio Mariano, empresa
responsável por fabricar equipamentos de infra-estrutura para
provedores, confirma que roteadores da empresa, além de modelos de
marcas concorrentes, trazem programas integrados. Por meio de uma
interface gráfica é possível, segundo ele, que o administrador de
rede defina quais são os protocolos que podem baixar conteúdo, o
teto para downloads em determinada região ou restrições de horário
que um programa em questão terá dentro da rede.
É possível, por exemplo, restringir a banda consumida por
programas que usem o protocolo P2P entre às 8 horas da manhã e as
10 horas da noite semanalmente, ou definir que usuários em
determinado bairro sofrerão cortes na banda usada por programas de
VoIP, o que prejudicará a qualidade da ligação.
Nos casos em que uma quantidade de banda é definida, os programas
de restrição forçam pacotes de dados a se perderem, o que diminui
a quantidade de informações trafegando por uma rede e impede que o
teto de banda consumida seja atingido.
Ainda que negadas pelas operadoras, as conseqüências diretas para
os clientes são fáceis de perceber: na maioria dos casos, redes
P2P ou torrent para download de conteúdo multimídia apresentam
velocidades muito abaixo da que o plano originalmente proveria e
ligações por VoIP sofrem falhas nas conversas pela perda de
pacotes, enquanto a navegação por páginas e serviços online mantém
uma estabilidade de velocidade.
"São vários os parâmetros: qual é tráfego prioritário, qual o
nível de tráfego excedido, qual o comportamento após estourar (se
vai alocar mais, baixar prioridade ou descartar tráfego
excedente). Posso definir que a política que será estabelecida
levando em consideração até a hora do dia", explica Mariano, da
3Com. Aliando o sistema a uma ferramenta que condensa os dados em
relatórios, operadoras têm em mãos gráficos sobre os aplicativos
mais usados ou quanto cada usuário consome de banda diariamente,
por exemplo.
Foi um tipo de tecnologia semelhante que a Electronic Frontier
Foundation (EFF) pegou no flagra ao usar o rastreador de pacotes
Wireshark no serviço de banda larga da Comcast e comprovar que a
provedora norte-americana usava técnicas para forçar a perda de
pacotes e até bloquear o uso de programas P2P ou VoIP. A EFF
também testou serviços de compartilhamento buscando e oferecendo
arquivos não protegidos por direitos autorais.
"Consideramos a possibilidade de que outros provedores pudessem
estar envolvidos nesta intermediação e testamos conexões
oferecidas por outras empresas, como Sonic, AT&T e provedores
internacionais. Em uma série de testes, observamos apenas
irregularidades em conexões de clientes da Comcast", diz a análise
feita por Peter Eckersley, Fred von Lohmann e Seth Schoen, que
pode ser baixada em PDF no site da EFF.
O acúmulo de evidências fez com que a Comissão Federal de
Comunicações (da sigla em inglês, FCC), responsável por
regulamentar as telecomunicações norte-americanas, iniciasse uma
investigação sobre o suposto traffic shaping praticado pela
Comcast que, como todas as provedoras brasileiras, afirmava não
fazer qualquer tipo de restrição até a publicação do documento, no
começo de dezembro de 2007.