Este é o "Serviço ComUnitário" sobre a
Segurança do Processo Eleitoral.
O "sistema de voto eletrônico" apresenta
componentes de hardware, software e telecomunicações.
Creio que em nossos fóruns poderemos discutir estes aspectos sem
resvalar para a política partidária e o "achismo", evitando comentários
não-técnicos que possam prejudicar o debate.
Assim, no prosseguimento, entre outras dúvidas, vamos buscar mais
informações sobre os fabricantes da urnas, os projetistas do software e
como são transmitidos os dados.
Lembro enfaticamente (como temos feito nos
demais programas governamentais que acompanhamos) que nosso objetivo não
é detonar o "voto eletrônico" mas sim ajudar a aperfeiçoar o
sistema existente, muito questionado quanto à segurança.
Ontem falei no Márcio del Cístia, cujo nome foi citado num artigo
de Ipojuca Pontes e que deu origem à nossa curiosidade sobre a
"urna eletrônica".
O Márcio, que considero o "padrinho" da nossa
página
sobre o tema, tornou-se um bom amigo virtual e já cobrou um "relatório"
sobre as conclusões do debate. :-)
Devagar com o andor, please, :-) mas podemos ir montando, aos poucos, um
resumo de nossos "achados".
Vamos lá?
Precisamos da colaboração de todos que possam ajudar!
01.
O(s) fabricante(s)
Nesta fase inicial da pesquisa conhecemos um dos fabricantes da "Urna".
A Urna Eletrônica é fabricada pela empresa Diebold Procomp Indústria
Eletrônica Ltda, vencedora da licitação promovida pelo Tribunal
Superior Eleitoral (TSE).
Retiramos esta informação da notícia sobre a "urna achada na rua".
[Fonte:
Urna eletrônica encontrada ainda não
pertencia à Justiça Eleitoral]
Quando movimento minha conta-corrente da CEF na "lotérica" da esquina,
digito minha senha num tecladinho com etiqueta da Diebold Procomp. Assim,
ela já é fornecedora do governo: nada contra, é apenas um registro.
A confirmação está nesta notícia transcrita mais abaixo: [Nas
lotéricas, Dieboldo Procomp consegue seu 2º maior contrato no país]
A Diebold Procomp foi
notícia (em
seu site, entre outros) em junho por sua participação no Ciab Febraban
2008 - XVIII Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das
Instituições Financeiras.
Anotamos:
(...) A Diebold, Incorporated é líder mundial em sistemas de
auto-atendimento integrados e sistemas de segurança.
A Diebold conta com mais de 17 mil funcionários, com representantes em
mais de 90 países e sua matriz está localizada em Canton, estado de
Ohio, nos Estados Unidos.
A Diebold tem ações negociadas na Bolsa de Nova Iorque sob a denominação
‘DBD’. Para mais informações, visite o site da empresa:
www.diebold.com (...)
A subsidiária brasileira, Diebold
Procomp, é responsável por um Centro Global de Outsourcing e pelo
desenvolvimento da Agilis Empower, nova plataforma de software para
caixas eletrônicos. Só no segmento financeiro, a empresa possui 350
mil equipamentos em 15 bancos.
Além disso, as três fabricas da Diebold no
Brasil – duas em Manaus e uma em São Paulo – recebem reforços para
tornarem-se pólo de exportação da companhia para outros países da
América Latina, além da Índia e dos Estados Unidos.
[Fonte:
Brasil será exportador de software da
Diebold]
Em 2007 a Diebold Procomp teve um
"tropeço técnico".
O ministério das Comunicações realizou um
pregão para a compra de equipamentos para compor os kits de acesso
para a montagem de telecentros.
A principal vencedora foi a Diebold
Procomp, mas a companhia foi desclassificada nos testes de software e
o governo decidiu recomeçar o processo do zero para incluir mudanças
no edital.
- Mais informações
sobra a Diebold Procomp?
- Correções no "resumo" acima?
- Mais algum fabricante de "Urna"?
02.
O "software"
Recorte de setembro de 2006:
(...) Hoje existem três sistemas - VirtuOS, Windows CE 4.0 e Windows
CE 4.2.
Em 03/04/08 anotamos esta notícia:
(...) O presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Melo, participou nesta
sexta-feira, 04/04, da cerimônia de acompanhamento das fases de
especificação e desenvolvimento dos programas informatizados a serem
utilizados nas eleições municipais, em outubro deste ano.
As novidades serão a utilização do
software livre Linux em substituição ao atual Windows, e a votação
por leitura biométrica nos municípios de Fátima do Sul (MS), São João
Batista (SC) e Colorado do Oeste (RO).
Perguntas:
- Como são credenciados técnicos para "visitação" (mas que termo
danado de estranho, sô!)
- Quem "fabrica" o software? A Diebold Procomp? O CPqDT? Outros? Teve
licitação? Quem instala? Quando? Onde?
Talvez, no prosseguimento da leitura da matérias da nossa página
especial encontremos as respostas mas já fica "perguntado"... :-)
03.
Investimento em segurança e a Modulo Security
(...) Os investimentos do TSE em segurança nessas eleições não param na
biometria, que ainda não será utilizada neste pleito, mas deve entrar em
teste a partir de 2008, em alguns municípios.
O órgão dedicou, ao todo, 200 milhões de reais à segurança da
informação, contratando a Módulo Security para reforçar os
sistemas de proteção à rede de comunicação que transmite os votos
para apuração na Justiça Eleitoral. [Fonte:
Tecnologia nas eleições: votação eletrônica
completa 10 anos no Brasil]
Perguntas:
_ Que rede?
- Há algum tipo de rede particular?
- Ou são as redes citadas abaixo?
- A Modulo possui mais contratos governamentais?
04.
Transmissão dos dados
(...) O objetivo é evitar fraudes durante todo o processo,
que vai desde a retirada do disquete de cada urna, passando pelo
transporte ao computador de onde são enviados aos Tribunais Regionais
Eleitorais (TREs) - trafegando pelas redes da Telefônica, da Brasil
Telecom e da Telemar -, que, por sua vez, os encaminham, via Embratel,
ao TSE. (...) [Fonte:
Tecnologia nas eleições: votação eletrônica
completa 10 anos no Brasil]
05.
Temos um longo caminho para percorrer na
avaliação da segurança do "voto eletrônico".
Repetimos: precisamos da colaboração de
todos que possam ajudar!
Demos a partida no "resumo", padrinho Márcio! :-))
06.
Abaixo transcrevemos duas entrevistas
realizadas por
Daniela Braun,
editora do IDG Now! em 2006 mas ainda com conteúdo atual.
Os entrevistados são Amilcar Brunazo , referência obrigatória
quando o assunto é Segurança do Processo Eleitoral e Giuseppe
Dutra Janino, Secretário de tecnologia do TSE.
07.
Mais transcrições abaixo:
Fonte: Valor Online
---------------------------
Fonte: IDG Now!
[25/09/06]
Entrevista: especialista questiona segurança
do voto eletrônico por Daniela
Braun, editora do IDG Now!
São Paulo - Engenheiro do PDT e autor de livro sobre fraudes nas eleições
eletrônicas, Amilcar Brunazo, critica processo de segurança praticado pelo
TSE.
A segurança do processo eleitoral eletrônico é tema de estudos do
engenheiro Amilcar Brunazo, desde 1996, quando foi contratado pelo PDT
como técnico especializado na avaliação da urna eletrônica brasileira.
Em entrevista ao IDG Now!, Amilcar, que também é autor do livro "Fraudes e
Defesas no Voto Eletrônico" e possui um site sobre o voto seguro afirma
que a possibilidade de fraudes nas eleições eletrônicas vai além da urna e
critica o processo de auditoria de segurança do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral).
A impressão do voto eletrônico pode eliminar possibilidades de fraudes
levantadas no processo eleitoral?
O processo eleitoral eletrônico tem várias etapas: começa no cadastro
eleitoral, passa para a votação, depois para a apuração e depois para a
totalização. Qualquer uma dessas etapas pode ser atacada. Então, o
problema vai além da urna eletrônica. Por exemplo, o ex-presidente do TSE
(Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Velloso Carlos Velloso, declarou
recentemente que o cadastro eleitoral tem eleitores fantasmas. São títulos
eleitorais que estão nas mãos de alguém e qualquer pessoa pode usar esses
títulos para votar mais de uma vez.
Com a biometria, que será usada nas urnas eletrônicas, isso seria
eliminado?
As 25 mil urnas com dispositivos de biometria compradas este ano ainda não
serão usadas nestas eleições, porque é preciso fazer um cadastro das
impressões digitais anteriormente. Mas a tecnologia não resolve totalmente
este problema porque um título eleitoral fantasma permite a criação de,
por exemplo, dez títulos para uma mesma pessoa. Um jeito muito mais fácil
e barato de eliminar o problema, que já foi usado no Brasil em eleições em
papel e é aplicado em outros países para evitar os eleitores fantasmas, é
pintar o dedo do usuário com uma tinta especial. Essa tinta ficaria na
pele por mais de 24 horas impedindo que a pessoa votasse novamente. Não é
alta tecnologia, mas funciona.
O processo de Sala de Apresentação de auditoria das urnas eletrônicas é
suficiente para garantir a segurança do processo de voto eletrônico?
É absolutamente inútil, não é só insuficiente. No processo realizado de
abril a setembro deste ano, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o
Ministério Público Federal não compareceram. Dos partidos compareceram
três [PDT, PT e PV] e o processo [de Sala de Apresentação] não permite que
seja acompanhado o desenvolvimento porque não são apresentados todos os
sistemas.
Quais sistemas são apresentados?
Este ano fiz petições em junho, julho e agosto pedindo para o TSE mostrar
os sistemas operacionais que são colocados nas urnas. Hoje existem três
sistemas - VirtuOS, Windows CE 4.0 e Windows CE 4.2. Solicitei que estes
três sistemas fossem apresentados para análise em junho e só apresentaram
o Windows CE 4.2 uma semana antes do encerramento da apresentação em
setembro.
Outra dificuldade é que, na Sala de Apresentação, as dúvidas dos técnicos
não são solucionadas na hora. É preciso enviar uma petição com a dúvida e,
às vezes, isso leva meses para ser respondido.
Em que momento o processo eleitoral eletrônico pode sofre maior risco?
Existem duas maneiras de atacá-lo. Uma delas envolveria o pessoal
encarregado da transmissão de informações. Outra se daria no momento em
que são transmitidos em flash cards os programas dos cartórios para as
urnas eletrônicas [processo de 'inseminação da urna']. Neste momento, o
flash card que contém as informações é muito vulnerável por serem fáceis
de duplicar, adulterar e não serem lacrados.
Mas quem fica responsável pelo manuseio destes flash cards não são
funcionários do TSE?
Nem sempre são funcionários do TSE. Como aumenta muito a carga de trabalho
na preparação das urnas, neste período, eles contratam 13 mil funcionários
terceirizados que trabalham de agosto a outubro. São funcionários que
recebem em torno de 400 reais por mês e podem estar muito vulneráveis à
corrupção. Isso é muito perigoso.
Qual seria o modelo ideal de segurança para o voto eletrônico?
Lembrando que o problema é maior do que a urna eletrônica, neste ponto do
processo, o ideal é a urna eletrônica real, que é aquela que emite um
comprovante materializado do voto, que o eleitor possa conferir e que
depois seja usada para fazer uma conferência da apuração eletrônica. A
rapidez do processo continua, mas haveria a possibilidade de conferir o
voto. Esse tipo de urna foi usada nas duas últimas eleições na Venezuela e
é a urna que está se tornando obrigatória nos Estados Unidos, em mais da
metade dos Estados.
Existe algum processo eleitoral 100% seguro?
O processo eleitoral depende sempre de pessoas. Costumo dizer que é
necessária a participação de três tipos de pessoas para que ocorram
fraudes: candidatos corruptos, que queiram atacar o sistema; funcionários
corruptos, que aceitem serem comprados para facilitar ou bloquear acessos
ao sistema; e fiscais despreparados, que não percebam as fraudes que
estejam ocorrendo. A única chance de os partidos diminuirem isso é termos
condições de fiscalização mais adequadas, preparando fiscais.
É possível que o eleitor vote em um candidato e que a urna registre
outro? Como isso ocorre?
Tecnicamente é possível. Para fazer isso é necessário adulterar o programa
original que está na urna. Isso pode ser feito em dois locais: dentro da
Justiça Eleitoral ou no momento em que as urnas são carregadas nos
cartórios eleitorais. De acordo com um recente teste feito pela
Universidade de Princenton, nos Estados Unidos, é possível adulterar o
software com um códido malicioso e ainda contaminar urna por urna cada vez
que ela for carregada.
Qual a importância da realização de
testes de segurança das urnas como foi feito pela Universidade Princenton
em setembro deste ano?
Estes testes devem ser feitos por pessoas capacitadas a atacar os sistemas
de urnas eletrônicas. É mais do que sabido que em o nosso complexo sistema
eleitoral - com mais de 50 mil arquivos - é natural que sobrem falhas de
segurança que o projetista não consegue identificar. Os ataques de
penetração têm esse objetivo.
No teste feito em Princenton foi usada uma urna e-virtual - mesma
categoria das urnas brasileiras - mas um pouco mais moderna do que a
nossa, por ser um modelo com teclado touch screen. Os sistemas de
segurança e qualidade são equivalentes.
Este foi o primeiro teste de penetração de urnas eletrônicas?
Não. Já houve um teste de penetração não-oficial realizado no Paraguai com
urnas eletrônicas brasileiras usadas nas eleições de fevereiro de 2006
mostrarando que era possível adulterar o software. Em maio, foi realizado
o "Relatório Hursti" também com urnas da Diebold, nos Estados Unidos, por
uma empresa especializada chamada Black Box Voting.
Isso tudo mostra a importância destes testes. Aqui no Brasil os
projetistas insistem que o sistema é seguro, mas não permitem que este
tipo de teste seja feito. Este ano, foi feito um novo pedido conjunto pelo
PT e o PDT de realização de um teste de penetração, no início de junho, e
até agora o processo está parado no TSE. A idéia é que a Justiça Eleitoral
tenha tempo de corrigir os testes antes das eleições.
O TSE informou ter investido 200 milhões de reais na segurança do
processo eleitoral eletrônico. De quanto seria o investimento ideal?
Os 200 milhões de reais que eles dizem que aplicaram foram dedicados
exclusivamente em defesa da Justiça Eleitoral contra invasões externas,
para proteger os códigos, desenvolver criptografias etc.
Esse é um modelo de segurança equivocado porque quem tem de ser protegido
no processo eleitoral é o eleitor em primeiro lugar. Os outros agentes,
que são os partidos, os fiscais e a própria Justiça Eleitoral também têm
de ter suas cotas de proteção, mas a Justiça Eleitoral gasta milhões de
reais e não permite a realização dos testes nas urnas, que garantem a
transparência ao processo, por exemplo. Nesse instante o interesse dela
não coincide com o interesse do eleitor.
Um exemplo marcante é o da OAB. Ela tem direito de fiscalizar os programas
e em 2004 tentou fazer isso, mas chegou à conclusão que não era possível.
Este ano, [a entidade] ficou de fora do processo por não ter dinheiro para
verificar a carga de 400 mil urnas. A Justiça Federal não ajuda outras
entidades a fazerem a fiscalização externa, que faz parte do processo de
segurança das eleições como um todo.
Do jeito que estão aplicados, digo que os 200 milhões de reais não são
suficientes porque está faltando investir na segurança fora [do ambiente]
da Justiça Eleitoral. Ela gasta esse valor é dedicado à proteção dela, mas
se alguém lá de dentro resolver fraudar o sistema não será alcançado pelos
fiscais [dos partidos].
Para fazer a verificação da assinatura digital, por exemplo, é preciso de
equipamentos e treinamento. Tudo isso poderia ser feito. Em relação aos
programas de computador da urna, por exemplo, o TSE insiste que são
mostrados, mas nem os partidos nem a OAB têm condições de passar seis
meses analisando esses programas. O TSE poderia pagar os custos de uma
auditoria externa independente.
Existe a possibilidade de termos eleições com urnas com impressão dos
votos futuramente?
Acho que em longo prazo sim, mas aqui no Brasil como o processo errado foi
iniciado, acho que vamos acabar ficando na rabeira do mundo.
O eleitor brasileiro está muito satisfeito com a eleição eletrônica. O
resultado da eleição sai em seis horas, o brasileiro fica feliz da vida
achando que tem o sistema mais moderno do mundo, mas este não é o mais
moderno, é o mais rápido.
Acho que a rapidez é uma característica desejável. É bom que a apuração do
sistema eleitoral seja rápida, mas a confiabilidade é uma característica
necessária.
Talvez somente se acontecer alguma fraude que apareça para o público,
ocorram mudanças.
Fonte: IDG Now!
[25/09/06]
Entrevista: TSE diz que urna eletrônica é
segura por Daniela Braun,
editora do IDG Now!
São Paulo - Secretário de tecnologia do TSE, Giuseppe Dutra Janino, rebate
críticas à segurança das eleições eletrônicas em entrevista ao IDG Now!
Na avaliação de Giuseppe Dutra Janino, secretário de tecnologia da
informação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o processo eleitoral
eletrônico é cada vez mais transparente.
Em entrevista ao IDG Now!, Janino rebate críticas relacionadas a
possibilidades de fraudes nas eleições eletrônicas, afirmando que o TSE
ainda estuda a abertura das urnas eletrônicas para testes de segurança, em
2007, nos moldes dos testes de penetração realizados pela Universidade de
Princeton, nos Estados Unidos, em setembro.
O processo de auditoria das urnas eletrônicas foi considerado
insuficiente por alguns partidos como PDT e PT. O TSE tem alguma intenção
de modificar este sistema ou contratar uma empresa terceirizada para
realizar a auditoria das urnas?
Antes de mais nada, gostaria de dizer que este grupo que critica a urna
desta maneira o faz desde 1996 e, muitas vezes, os interesses são
divergentes. O interesse do TSE é justamente tornar o voto informatizado,
o mais transparente e seguro possível. Aparentemente, este grupo deveria
ter o mesmo interesse, mas infelizmente, na prática isso não acontece na
totalidade.
Nosso objetivo é justamente ouvir sempre este tipo de crítica e tudo o que
é pertinente tentamos implementar justamente com transparência e
segurança.
O processo tem dez anos de implementação e a nossa diretriz é justamente a
melhoria contínua do processo. Então, essa questão da abertura do software
já é um resultado disso.
Em torno de 1998 e 2000 havia apenas uma semana para que todos os
programas fossem avaliados. Hoje, colocamos o prazo de seis meses
justamente pelo fato de haver a solicitação por parte dos partidos.
Atualmente, colocamos os sistemas abertos por um período de seis meses
para que eles possam ser avaliados na sua totalidade, desde a sua
concepção até a avaliação final. Permitimos que os partidos contratem
empresas especialistas no assunto para que possam fazer uma análise
efetiva.
No final destes seis meses, assinamos o software digitalmente, após a
última análise por parte destes técnicos. A OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil) e o Ministério Público Federal têm a oportunidade de analisar,
assinam junto e aí disponibilizamos esses softwares para serem carregados
nas urnas eletrônicas.
Cabe ressaltar que, além de assinarmos digitalmente, permitimos que os
partidos políticos assinem com suas próprias chaves [criptográficas] para
que eles possam fazer esta verificação em qualquer tempo e local do País.
Além disso, publicamos também os resumos digitais (hashes) de todos os
programas usados na eleição na internet. Isso possibilita que qualquer
fiscal, de qualquer parte do País, possa fazer uma análise efetiva com
relação à integridade dos programas que já foram examinados e assinados
pelos partidos políticos.
Qual a posição do TSE a respeito de testes de segurança feitos com
urnas eletrônicas, incluindo equipamentos brasileiros usados nas eleições
do Paraguai? Parece que alguns partidos solicitaram a realização de testes
de penetração ao TSE e o processo ficou parado.
Existe uma tendência de vincular o Brasil com o Paraguai com o objetivo de
distorcer a imagem do País O Brasil cedeu ao Paraguai 17 mil urnas do
modelo de 1996, que já não utiliza mais e passou a tecnologia e o
conhecimento em termos de gestão de eleição informatizada. O Paraguai já
faz hoje a sua eleição com o conhecimento que cedemos e os procedimentos
com relação à eleição.
Mas a urna é simplesmente um computador. Se você não tiver um procedimento
definido dentro de um processo consistente e completo de segurança, todo
computador vai ser falho. E o processo utilizado no Brasil é bastante
consistente, com maturidade de dez anos, que vem evoluindo neste tempo e
que hoje se encontra em uma situação de extrema confiabilidade em relação
à transparência e à intenção do eleitor no ato de votar.
O TSE tem o objetivo de permitir os testes de inseminação?
O TSE está aberto a fazer testes, inclusive o teste de penetração, só que
pedimos um adiamento em virtude de estarmos em pleno ano eleitoral. Nós
pretendemos fazer isso mais adiante, provavelmente no ano que vem, dentro
de uma especificação baseada em procedimentos acadêmicos, de normas e
padrões internacionais.
Nossas urnas são 'e-virtuais' com um processo totalmente digitalizado.
A impressão do voto eletrônico pode diminuir os riscos de fraudes?
Já passamos por essa experiência. Em 2002, houve a aprovação de uma lei no
Congresso obrigando que fosse feita a impressão do voto servindo para
auditar o mecanismo eletrônico. Isso foi implementado e se verificou que
era um procedimento totalmente inócuo, porque a grande motivação da
informatização do processo é justamente eliminar procedimentos manuais e a
intervenção humana no processo. Naquela situação, o voto impresso (manual)
estava auditando o processo eletrônico. Entendemos que era um mecanismo
falho e que foi constatado na prática já em 2002.
Dentro de um processo de melhoria contínua, ao invés de ser impresso em
papel, o voto é guardado nas memórias internas da urna eletrônica, como se
fosse a cédula, só que em forma digital. Isso permite, inclusive, a
recontagem dos votos.
É possível haver fraudes no processo de inseminação das urnas
eletrônicas?
Quem divulga este tipo de fraude não conhece o processo na sua totalidade.
Não há possibilidade de se fazer tal procedimento pelo menos sem que se
tenha conhecimento de que aquilo foi praticado. Existe uma série de
controles que não permite que se faça uma alteração em um determinado
código porque todos os programas são assinados digitalmente.
No momento em que eles entram lá [na urna] a primeira coisa que é feita é
verificar se as assinaturas batem. Se elas não batem, automaticamente, o
sistema é paralisado. No momento em que se liga a urna e todos os
sistemas, a primeira coisa que é feita é verificar as assinaturas
digitais.
As assinaturas digitais assinam também os resumos (hashes) - dígitos
verificadores de cada programa. Se for alterada uma vírgula de determinado
programa, a assinatura digital de todo aquele conjunto não vai bater mais.
E isso, a urna faz sempre que entra no ar.
Vamos supor que haja a possibilidade de alguém conseguir romper os lacres
físicos - embora a urna seja totalmente fechada - sem deixar pistas, ter
acesso aos cartões de memória e faça alterações nos programas. No momento
em que o sistema entrar no ar isso não vai funcionar. Além de outros
controles matemáticos de software que embutimos nos procedimentos físicos
de segurança envolvidos no processo, incluindo o acesso físico aos
equipamentos.
As críticas ao processo de auditoria argumentam que o período de seis
meses é muito curto e que mudanças nos softwares podem ser feitas até uma
semana, antes da assinatura dos programas. Isso é fato?
Remos registro dos partidos que realmente vêm diariamente e verificam o
software. Se houver realmente o acompanhamento do desenvolvimento tem todo
o ferramental para verificar exatamente o que foi alterado. Isso em uma
análise técnica não procede porque existem recursos que permitem que,
fazendo realmente o acompanhamento regular, você chegue ao final com um
software totalmente revisado. Então, não procede o que é dito.
O TSE tomou conhecimento do livro "Fraudes e Defesas no Voto
Eletrônico", do engenheiro Amilcar Brunazo, que atua como consultor
técnico do PDT?
Sim. Tivemos conhecimento e a grande maioria do que é levantado ali não se
consegue implementar a não ser que se considere que toda a equipe
desenvolvedora seja corrupta, que todos os mesários sejam corruptos e que
todos os fiscais de partidos sejam corruptos. Partindo dessa premissa,
ainda assim, existe a possibilidade de se verificar que a fraude realmente
foi implementada buscando os registros de todas as operações realizadas
nos sistemas por meio de logs, que permitem que seja feita uma auditoria e
detectada uma fraude.
Denúncias há várias, mas até hoje, com dez anos de implementação do voto
eletrônico, nenhuma delas foi confirmada.
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Fonte: Valor Online
SÃO PAULO _ A Diebold Procomp, que desenvolve
equipamentos para automação bancária, conseguiu, na noite da última
quinta-feira, um contrato que é o segundo maior da história de 20 anos da
companhia no país.
Ela saiu vencedora do pregão promovido pela
Caixa Econômica Federal (CEF) para o fornecimento dos terminais de aposta
e pagamento de contas que irão equipar as mais de 9 mil lotéricas do país.
São 25 mil equipamentos, que serão fornecidos em formato de leasing,
operação a cargo do Bradesco.
O contrato, de R$ 213 milhões, significa um
deságio de 54% em relação ao preço inicial fixado pela Caixa, de R$ 464
milhões. Mas ainda assim foi o segundo maior para a Diebold _ o maior foi
o fornecimento de 196 mil urnas eletrônicas em 2000, ao preço na época de
US$ 115 milhões _ e considerado "o maior negócio de tecnologia no país
este ano", segundo João Abud Júnior, presidente da companhia.
O leilão foi um dos quatro promovidos pela
Caixa para a modernização das lotéricas, processo que também envolve a
mudança do atual fornecedor _ a americana Gtech _ até maio de 2006.
Esta foi a primeira licitação pública, segundo
Abud, que exigia a formação de um consórcio com uma instituição financeira
para a oferta dos equipamentos em leasing. "A Diebold é uma grande
fornecedora de equipamentos para o Bradesco, enquanto o banco também é um
grande prestador de serviços bancários à empresa", explicou Abud.
Para o banco, esse também foi "um dos maiores
contratos dos últimos dois anos e o maior de 2005", segundo Cristiano
Belfort, diretor executivo do Bradesco. Segundo ele, "uma operação desse
porte não se faz todo dia".
Os três finalistas do pregão de quinta-feira
foram, além de Diebold e Bradesco, o Itaú e a Itautec e a IBM e IBM
Leasing. Os dois últimos (Diebold e Itautec) deram mais de 1 mil lances
até o final da disputa, por volta das 22 horas da quinta-feira.
Os equipamentos serão produzidos na unidade da
Diebold Procomp em Manaus (AM). Segundo Abud, o quadro de pessoal deverá
crescer "cerca de 15%", o que equivale a mais 30 pessoas no total de 200
que hoje trabalham nas linhas de produção da empresa.
Na receita da companhia, entretanto, o impacto
deverá ser de 12% a 15% este ano. A previsão da Diebold Procomp, que teve
uma receita bruta de R$ 926 milhões em 2004, era alcançar os R$ 970
milhões este ano (cerca de 5% a mais). Agora, porém, ela já revê o número
para cerca de R$ 1,1 bilhão.
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SÃO PAULO _ Um impasse vai atrasar parte da
licitação do Ministério das Comunicações para implantar 5,4 mil
telecentros no país ao longo deste ano. A Diebold Procomp, vencedora da
disputa para fornecer os terminais de acesso que equiparão essas salas de
uso público, não atendeu as especificações técnicas e poderá ser
desclassificada.
O ministério, entretanto, afirmou hoje que vai
aguardar um laudo da sua equipe técnica para decidir se dá outra chance à
companhia de se adequar às especificações ou se parte para a escolha de um
novo fornecedor. Não há prazo para que esse laudo seja divulgado, de
acordo com a assessoria de imprensa do ministério.
O pregão eletrônico aconteceu no dia 28 de
dezembro. A Procomp foi a empresa que mais fechou negócios no dia, obtendo
R$ 109,78 milhões em contratos para fornecer microcomputadores,
servidores, impressoras, roteadores e estabilizadores aos 5,4 mil
telecentros.
Ela foi a vencedora no fornecimento dos 54 mil
microcomputadores (10 a cada telecentro) e 5,4 mil servidores de sua
própria fabricação ao projeto. A Procomp também venceu a disputa para a
entrega das impressoras a laser, que serão fabricadas pela Lexmark, e dos
estabilizadores, de fabricação da MicroSol.
Nos testes para mostrar que atende as
especificações técnicas exigidas no edital para os microcomputadores, , no
entanto, a companhia não teve sucesso e, agora, o processo foi emperrado.
Segundo os resultados divulgados pelo próprio
ministério no início deste mês, a Philco (hoje marca da Gradiente) venceu
a disputa para equipar os 5,4 mil telecentros com televisores, enquanto a
Metrocomm vai fornecer os projetores multimídia e os aparelhos de DVD das
marcas, respectivamente, Epson e Proview.
Com o pregão, o ministério quer levar pelo
menos um telecentro a cada município do país até o final deste ano. Os
centros são salas de uso público equipadas com microcomputadores, internet
de banda larga, televisores e projetores, além de funcionários que atuam
como monitores para ajudar os menos experientes nas pesquisas e no
manuseio dos equipamentos.
Procurada, a Diebold Procomp ainda não
retornou os pedidos de entrevista ao Valor Online.
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SÃO PAULO – A Diebold, fornecedora de
equipamentos e serviços para auto-atendimento, anunciou investimentos de
15 milhões de dólares no Brasil nos próximos dois anos.
A subsidiária brasileira, Diebold Procomp,
ficará responsável por um Centro Global de Outsourcing e pelo
desenvolvimento da Agilis Empower, nova plataforma de software para caixas
eletrônicos. Só no segmento financeiro, a empresa possui 350 mil
equipamentos em 15 bancos.
Além disso, as três fabricas da Diebold no
Brasil – duas em Manaus e uma em São Paulo – receberão reforços para
tornarem-se pólo de exportação da companhia para outros países da América
Latina, além da Índia e dos Estados Unidos.
“O Brasil é o segundo maior mercado da
Diebold, atrás apenas dos Estados Unidos”, afirma Tom Swidarski, CEO
mundial da corporação. A Diebold entrou definitivamente no mercado
brasileiro após a compra da Procomp, em 1999. O país representa 15% do
faturamento global da Diebold, que encerrou 2006 com 3,2 bilhões de
dólares.
Segundo Swidarski, a opção do Brasil como
centro global de exportação de software está ligada à infra-estrutura
presente no país. “A mão-de-obra em países como China e Índia é mais
barata, mas o Brasil foi a opção mais eficiente. Além da estrutura, a
experiência dos profissionais brasileiros é maior no segmento bancário”,
diz o CEO.
Além do financeiro, a Diebold Procomp trabalha
em segmentos como varejo e governo. A empresa é a fornecedora das urnas
eletrônicas para as eleições no Brasil e dos terminais lotéricos da Caixa
Econômica Federal.
Bruno Ferrari, da INFO
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O pregão eletrônico realizado na última
sexta-feira (24/08) para a compra de equipamentos que formarão os kits de
acesso para a montagem de telecentros teve as companhias brasileiras
Positivo Informática e Itautec como as principais vencedoras.
O ministério das Comunicações já havia
realizado pregão semelhante em dezembro, quando a principal vencedora foi
a Diebold Procomp, mas a companhia foi desclassificada nos testes de
software e o governo decidiu recomeçar o processo do zero para incluir
mudanças no edital.
Enquanto em dezembro os gastos da pasta das
Comunicações seriam superiores a 145 milhões de reais, no pregão da última
sexta eles foram de pouco mais de 111 milhões de reais, mas as
concorrentes ainda podem apresentar recursos contra o resultado.
O governo adquiriu 54 mil PCs, além de
servidores, roteadores, estabilizadores, DVDs, projetores multimídia,
câmeras de segurança e um software de gerenciamento, equipamentos que
formarão kits para 5,4 mil telecentros, cada um com 10 microcomputadores.
Os kits serão doados às prefeituras que se
cadastraram junto ao ministério, desde que elas assumam o compromisso de
fornecer a sala para a montagem do telecentro e cuidem de sua manutenção.
A Positivo foi a que apresentou menor preço
para a oferta dos 54 mil PCs: 1,19 mil reais cada - um contrato superior a
64 milhões de reais. Itautec e Diebold Procomp também participaram dos
lances nesse item.
A Itautec deverá ser a fornecedora dos 5,4 mil
roteadores, assim como das 5,4 mil impressoras a laser, caso o governo
aprove sua documentação e nenhum concorrente questione o resultado.
A Positivo, entretanto, também apresentou a
melhor proposta para o fornecimento das câmeras de vídeo para segurança
dos telecentros e do software de gerenciamento que vai acompanhar o uso de
cada um dos pontos públicos de acesso.
A Itautec deverá fornecer os 5,4 mil
servidores de rede e a Flutuante Tecnologia apresentou a melhor proposta
para os estabilizadores de tensão, segundo informações do portal
Comprasnet do governo federal.