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Agosto 2008               Índice Geral do BLOCO

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09/08/08

Segurança do Processo Eleitoral (3) - História e mais dados técnicos

----- Original Message -----
From: Helio Rosa
To:
Celld-group@yahoogrupos.com.br ; wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Cc: Márcio
Sent: Sunday, August 10, 2008 9:16 PM
Subject: Segurança do Processo Eleitoral (3) - História e mais dados técnicos
 
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
 
01.
Este é o "Serviço ComUnitário" sobre a Segurança do Processo Eleitoral.

O "sistema de voto eletrônico" apresenta componentes de hardware, software e telecomunicações.
Creio que em nossos fóruns poderemos discutir estes e outros aspectos que influem na "segurança" sem resvalar para a política partidária e o "achismo", evitando comentários não-técnicos que possam prejudicar o debate.

Assim, no prosseguimento, entre outras dúvidas, vamos buscar mais informações sobre os fabricantes da urnas, os projetistas do software e como são transmitidos os dados.
 
Lembro enfaticamente (como temos feito nos demais programas governamentais que acompanhamos) que nosso objetivo não é detonar o "voto eletrônico" mas sim ajudar a aperfeiçoar o sistema existente, muito questionado quanto à segurança. 

O primeiro passo é reunir o máximo de informações disponíveis na web e organizar aos poucos um "resumo" com os principais dados. 
Ao mesmo tempo, estamos recuperando as principais críticas - e elogios - já publicados.
Contamos com a colaboração de todos!

02.
Encontramos um artigo, sem data (possivelmente de 2006), com uma "história do voto eletrônico" publicado no site Inova Unicamp.
Trata-se de um documento muito interessante, com dados sobre o hardware, software e fabricantes; a leitura é amena e vale conferir!  :-)
 
Fonte: Inova Unicamp
Urna eletrônica (transcrito mais abaixo)
 
03.
Na próxima mensagem vamos transcrever estes dois artigos de Pedro Dória, do Estadão (os "recortes" valem como aperitivo, para salivação...):  :-)

[02/10/06]  
Urna eletrônica é segura? - parte 1  (clique para ler na fonte)
 
(...) A falta de segurança da urna eletrônica não é apenas hipotética. É só que o TSE e a maioria dos políticos, como os banqueiros, preferem não divulgar as falhas aos gritos. Veja-se o caso da eleição para governador do Distrito Federal, há quatro anos. Naquele pleito, Joaquim Roriz (PMDB) foi reeleito governador levando pouco mais que 12 mil votos além dos de seu adversário, Geraldo Magela, do PT. No percentual, a diferença entre um e outro não chegou a 1,5% dos votos de Brasília e cidades satélites.
Na época, pipocaram acusações de irregularidades no processo eleitoral pela imprensa local. O PT-DF contratou uma equipe que conhecia profundamente a tecnologia das urnas – tinha participado de seu projeto, afinal – e, para investigar, eles não precisaram ir muito além dos dados oficiais do TSE. Foram distribuídas 1.153 urnas, mas apenas 600 emitiram a zerésima. A zerésima é um documento muito simples: a urna cospe antes de ser aberta um papelucho que afirma não haver qualquer voto previamente registrado.
Ou seja, não é possível afirmar que metade das urnas no Distrito Federal estavam zeradas quando veio o segundo turno das eleições.
Aquela eleição foi apavorante. Dentre todas as quase 1.200 urnas, apenas 121 produziram autotestes com sucesso; apenas 145 produziram boletins de urna considerados pelo próprio sistema das urnas correto e livre de erros. Evidentemente, gente do PT-DF se mobilizou para sair divulgando para quem quer que fosse.(...)
 
[09/10/06]   Urna eletrônica – parte 2  (clique para ler na fonte)

(...) Na última segunda-feira, cá esta coluna questionou a segurança da urna eletrônica. Nunca na história deste espaço – se sua Excelência o presidente permite o plágio –, houve tanto e-mail de resposta, além dos comentários no site do Link. A coluna apanhou tanto quanto foi aplaudida. Vale retornar ao assunto.
No site, um leitor classificou o texto de ofensivo aos profissionais de informática do país. Perdoe, mas não é o caso. Algumas das questões que circularam por aqui foram repassadas, diretamente, por pessoas talentosas que estiveram efetivamente envolvidas no projeto inicial da eleição digital e que, portanto, conhecem por dentro as fragilidades do sistema.
Outra das críticas afirma que a urna é segura, sim, porque não passa de uma calculadora – e não há, no mundo, calculadora à qual dados dois e dois some cinco.
A questão não é tão simples. Para que aconteça fraude eleitoral, é preciso que gente envolvida no processo aja de má fé. Gente atua com má fé, nestes casos, ou porque recebeu por isto, ou porque ideologicamente quer mudar o resultado. Se houver um único corrupto envolvido no carregamento de dados da urna, alguns votos podem ser adicionados; o software pode ser modificado para subtrair um percentual determinado de votos de um candidato para creditá-los a outro.
A maneira mais simples e eficaz de fraudar, no entanto, não é na urna e sim nas centrais dos TREs, onde os votos vão sendo computados. Juízes eleitorais têm senhas que os permitem expurgar votos quando há algum tipo de erro de leitura dos discos. É normal. Mas há casos testemunhados por fiscais de partidos, em eleições passadas, nos quais estas senhas aparecem coladas em post-its nos monitores das máquinas nas mãos de vários operadores. É que às vezes os juízes têm medo de computador. Na confusão, não é impossível que apenas uma destas pessoas insira os dados que quiser. (...)

 
04.
Nossa página comunitária especial sobre tema está aqui:
Segurança do Processo Eleitoral com Urnas Eletrônicas
 
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
 
-------------------------
 
Fonte: Inova Unicamp
Urna eletrônica
 
A eleição brasileira, considerada a maior votação eletrônica do mundo e que atrai a atenção de observadores internacionais, passou por um longo processo de evolução até chegar à atual etapa de informatização. Por estranho que pareça, a previsão de uma máquina de votar já constava no primeiro Código Eleitoral, em 1932. Mas a realização desta medida só foi efetivada há poucos anos, após algumas experiências pouco lembradas. Na década de 60, o inventor Sócrates Ricardo Puntel idealizou e apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um modelo de mecanismo para ser utilizado nas votações, mas seu projeto não foi considerado eficiente e ele o abandonou. Em 1978, o Tribunal Regional de Minas Gerais apresentou ao TSE um protótipo para mecanização do processo eleitoral, que também não foi levado adiante. Outros tribunais regionais, isoladamente, desenvolveram, a partir daí, algumas idéias que visavam a automação dos processos eleitorais, principalmente o cadastramento de eleitores, como fez o Tribunal Regional do Rio Grande do Sul, em 1983. Antes disso, em dezembro de 1981, o então presidente do TSE, ministro Moreira Alves, encaminhou à Presidência da República o anteprojeto que dispunha sobre a utilização de processamento eletrônico de dados nos serviços eleitorais. Já na eleição presidencial de 1989 foi possível a totalização eletrônica dos resultados nos estados do Acre, Minas Gerais, Paraíba, Piauí e Rondônia.
 
Aos 52 anos, Carlos Prudêncio foi o mentor intelectual do atual voto eletrônico. Em 1989, ele implantou o primeiro terminal de votação por computador em Brusque, no Interior de Santa Catarina. Na época, aos 41 anos, Prudêncio era juiz da 5ª Seção Eleitoral do Estado, com sede naquele município. A adaptação do computador foi feita com a ajuda do irmão, Roberto Prudêncio, dono de uma empresa de informática. O modelo do programa de computador usado por Prudêncio é o mesmo adotado hoje pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
 
"As primeiras máquinas nossas (nas eleições de 1988 e 1990) eram semelhantes às urnas atuais, mas em 1992 tivemos duas vantagens", lembra Prudêncio. "Uma delas é que trabalhamos com urnas ligadas on-line e a outra era a materialização do voto". Adotado na seção 145 de Brusque, o modelo de 'materialização' funcionava da seguinte forma: em vez de digitar o número dos candidatos numa tela, os eleitores preenchiam uma cédula que passava por um leitor óptico semelhante ao das casas lotéricas. "Depois, o eleitor colocava a cédula já 'carimbada' pela máquina numa urna convencional". Ao final do pleito, para apressar a apuração, os dados registrados pela máquina eletrônica eram encaminhados a um computador central via telefone. As cédulas de papel ficavam armazenadas na urna convencional para eventual checagem em casos de dúvida.
 
A idéia de transformar a cédula de papel em impulsos eletrônicos surgiu na cabeça do desembargador Carlos Prudêncio em 1978. Dez anos depois, nas eleições municipais de 1988, surgiria a primeira oportunidade de colocá-la em prática em Brusque. "Mas o desembargador Tycho Brahe Fernandes Neto (então presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina) disse que eu era um sonhador e não autorizou", lembra hoje Prudêncio. Somente um ano depois, nas primeiras eleições presidenciais após o golpe militar, é que a urna eletrônica de Prudêncio funcionaria em caráter experimental. "Hoje, ao ver isso no País, me sinto um homem realizado na vida por contribuir para o fim das fraudes eleitorais e para a democracia do meu País". Em 1989, a urna eletrônica nada mais era do que um terminal de computador adaptado. O programa era o mesmo usado hoje pelo TSE.
 
Na primeira experiência de Brusque, 373 eleitores da 90ª. seção eleitoral da Cidade votaram no computador durante o primeiro turno. No segundo turno, disputado entre Luiz Ignácio Lula da Silva (PT) e Fernando Collor (PRN), 790 eleitores das 84ª. e 90ªseções usaram o esquema montado pela Alcance Informática, empresa de Roberto Prudêncio, irmão do desembargador. Em 1990, nas eleições para governador, deputados federais, estaduais e senador, a experiência foi repetida. No pleito de 3 de outubro de 1990, o Tribunal de Santa Catarina inovou com a instalação de um microcomputador em cada uma das Zonas Eleitorais, a fim de totalizar e divulgar resultados parciais, transmitidos à sede do Tribunal, que somava os votos de todo o Estado, obtendo-se, com isso, maior agilidade na apuração. Tanto em 90 quanto em 89, Brusque foi a primeira cidade do País a encerrar a apuração dos votos eletronicamente. "Além das urnas experimentais, fomos os primeiros a usar computadores na apuração", lembra Prudêncio. "Eu fui o primeiro juiz a usar computador para apurar em 1982, na comarca de Juaçaba (oeste de SC)". Nas eleições municipais de 1992, as urnas foram substituídas pelas máquinas de leitura ótica em uma seção da Cidade. No plebiscito sobre a forma e sistema de governo, em 1993, o modelo foi repetido.
 
O método foi adotado, também, em diversos plebiscitos realizados no interior de Santa Catarina, destacando-se a consulta acerca da emancipação do Distrito de Cocal do Sul, realizado em 31 de março de 1991, quando foi realizada a primeira votação totalmente eletrônica na América Latina, abrangendo as etapas do voto e da apuração. Este e outros trabalhos foram feitos em cooperação com o CERTI (Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras) da Universidade de Santa Catarina. Na capital de Santa Catarina, o sistema de votação eletrônica foi utilizado no segundo turno das eleições para o governo do Estado, em 1994. Na ocasião, os eleitores de cinco seções da 12ª Zona Eleitoral de Florianópolis digitaram seus votos diretamente nas urnas eletrônicas.
 
A batalha para informatização das eleições foi encampada em 1994 pelo ministro Sepúlveda Pertence, então presidente do TSE. A primeira eleição totalmente informatizada no Brasil ocorreu em 12 de fevereiro de 1995, no Município de Xaxim - oeste catarinense-, para os cargos de prefeito e vice-prefeito. Vale ressaltar, nessa eleição, a evolução do sistema de votação eletrônica, que já permitia, inclusive, a visualização da fotografia dos candidatos na tela do computador, e não apenas no teclado. Naquele ano o TSE reuniu um grupo de assessoria técnica formada por profissionais do Centro de Tecnologia Aeronáutica (CTA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) com o objetivo de determinar as bases para o projeto da eleição informatizada em grande escala no Brasil.
 
A urna eletrônica, inicialmente chamada de coletor eletrônico de voto (CEV), foi o resultado de vários estudos da Justiça Eleitoral, que teve como objetivo identificar as alternativas para a automação do processo de votação e definir as características e medidas necessárias à sua implementação nas eleições de 1996 e subsequentes. Resultado desta pesquisa, o edital de licitação internacional 002/95, tornado público dezembro de 95, define a descrição técnica detalhada da urna eletrônica e de seu funcionamento. Em "O voto informatizado: legitimidade democrática" de Paulo César Bhering Camarão, de 1997 são descritos em detalhes as etapas de licitação, desenvolvimento, fabricação e controle de qualidade do projeto relativo a urna eletrônica utilizada pelo TRE nas eleições de outubro e novembro de 1996.
 
Em 1996, o TSE contratou a primeira compra de quase 78.000 urnas eletrônicas UE96, resultado de licitação iniciada em dezembro de 95. Participaram da concorrência três produtos completamente diferentes. A IBM propôs um projeto desenvolvido no Japão, baseado em um notebook. A Procomp apresentou uma adaptação de um quiosque de auto atendimento bancário, que pesava mais de 20Kg. E a Unisys venceu a licitação, com a urna eletrônica UE96, projetada pela empresa Omnitech Serviços em Tecnologia e Marketing, inteiramente desenvolvida no País. A concepção da urna eletrônica de 96, UE96, foi adotada, pelo TSE, para todas as UE's usadas no Brasil, hoje. Em 1995, o engenheiro eletrônico formado pelo ITA e ex-presidente da Abicomp (Associação Brasileira da Indústria de Informática) Carlos Rocha dirigia a empresa Omnitech, que foi contratada pela multinacional Unisys para trabalhar na criação e na montagem da primeira versão da urna.
 
Um protótipo da urna foi submetido a partir de abril de 1996 para "divulgação do voto informatizado na imprensa, em especial em programas de televisão de grande repercussão" e entregue ao TSE em maio de 1996 para treinamento dos funcionários dos TREs e cartórios eleitorais.Vários testes, bem sucedidos, com uso de sistemas eletrônicos de votação ocorreram em Santa Catarina, em especial na cidade de Brusque. A urna eletrônica começou a ser implantada no ano de 1996 em 57 municípios brasileiros.
 
Em 1996, a criação da urna eletrônica permitiu a total informatização do processo de votação e apuração das eleições. O voto eletrônico foi implementado passo a passo em todo território nacional para que os eleitores (principalmente os menos acostumados às novas tecnologias) não tivessem muitas dificuldades na hora de votar. O processo de votação eletrônica atingiu 100% dos municípios brasileiros no pleito de 2000, totalizando a instalação de cerca de 350 mil urnas eletrônicas. O sucesso da informatização foi comprovado com a facilidade dos eleitores ao votar e com a segurança e agilidade da urna eletrônica. Os resultados das eleições foram divulgados na manhã seguinte à eleição o que representou "recorde" no anúncio dos resultados.
 
Há três versões de hardware para a urna eletrônica, os modelos UE96, UE98 e UE2000, que foram adquiridos nos anos de 1996, 1998 e 2000, respectivamente. Todos os modelos apresentam a mesma arquitetura básica, embora diferenças, decorrentes da evolução tecnológica, possam ser observadas no seu hardware. A urna compõe-se de dois módulos: o terminal do eleitor (a urna propriamente dita e que inclui toda a capacidade de processamento e armazenamento da informação) e o microterminal, utilizado pelos mesários. Além dos dispositivos de entrada e saída visíveis para o eleitor, teclado e monitor de vídeo, a urna inclui também: uma impressora, usada para impressão dos boletins de urna e dos relatórios de testes e de carga de software; um acionador de disquete de 3,5 polegadas; dois slots para inserção de cartões de memória do tipo flash, que são denominados flash interna e flash externa; um conector para teclado padrão PS2 convencional, usado em procedimentos de teste e de manutenção da urna; dois conectores USB; um conector para fone de ouvido, para uso de eleitores com deficiência visual; um conector para conexão com outros terminais de eleitor (no microterminal); um conector para impressora (no microterminal). Todos esses dispositivos de entrada e saída, com exceção do flash card interno, são acessíveis do exterior do terminal de votação.
 
O microterminal comunica-se com o terminal do eleitor por meio de um cabo serial ligado diretamente às placas internas. Todo o processamento das informações inseridas pelo mesário, como a identificação do eleitor e os comandos, é realizado no terminal do eleitor. Cada conjunto (terminal do eleitor, microterminal) pode ser interligado a até dois outros terminais do eleitor. Nessa configuração um terminal atua como mestre do sistema e os outros dois como escravos. Os dados da votação (candidatos, partidos, eleitores) são armazenados no terminal mestre, que também é responsável pelo processo de totalização da seção eleitoral. Os terminais escravos realizam apenas as funções de entrada e saída (teclado e tela). Esta configuração é utilizada em seções com grande número de eleitores. A urna eletrônica possui uma arquitetura similar à arquitetura de um computador IBM-PC. Seu projeto inclui, todavia, hardware não encontrado em um computador pessoal e que é necessário para controle e segurança da urna. Seu hardware inclui, por exemplo, sensores para verificação do estado da bateria interna, do estado da impressora etc, e um microcontrolador, utilizado para controle dos sensores e do teclado do terminal do eleitor. A comunicação desse microcontrolador com o processador é feita através de porta serial de uso compartilhado com o teclado padrão PS2.
 
Também no firmware a urna eletrônica difere ligeiramente de um computador IBM-PC. Algumas funções foram implementadas em firmware e armazenadas no que se denominou Extensão do BIOS. Essas modificações impedem, por exemplo, a inicialização da urna eletrônica a partir do acionador de disquete independentemente da configuração da memória CMOS. Outras funções de segurança foram implementadas nessa extensão. Ainda, memórias não voláteis (EEPROM) são utilizadas para armazenamento de informações próprias de cada urna (número de série) e informações necessárias para autenticação e criptografia. A urna eletrônica utiliza o sistema operacional VirtuOS, desenvolvido pela empresa brasileira Microbase. Este é um sistema operacional multithreaded, que possibilita o compartilhamento do processador por diferentes processos que são executados simultaneamente. Funções complementares, especialmente desenvolvidas para atender as características da urna eletrônica, foram agregadas ao sistema operacional. O conjunto das funções agregadas foi denominado Extensão do Sistema Operacional. A aplicação em si é formada por um conjunto de programas destinados a teste da urna, simulações, treinamento e votação. Os programas da aplicação utilizados em uma eleição são idênticos para todas as urnas eletrônicas, independentemente do local da votação. A adequação da urna para uma seção específica é feita no processo de instalação do software (inseminação da urna) pelo carregamento dos dados relativos aos eleitores e candidatos aptos a votar e receber votos, respectivamente, naquela seção.
 
Após o encerramento da votação dispõe-se na urna, além do boletim de urna (BU) com o resultado apurado na seção, de outros resultados que são armazenados em arquivos e remetidos juntamente com o boletim de urna para o centro totalizador. Entre estes arquivos estão o registro de eleitores ausentes, o registro de justificativas eleitorais e o arquivo de log (registro de todos os eventos associados à urna eletrônica, desde o momento de sua inseminação até o encerramento da votação). Além dos dados acima referenciados, são mantidas no flash card interno (FI) e no flash card externo (FV) cópias das matrizes de totalização e de estruturas de controle que são essenciais para a retomada do processo de votação, sem perda dos dados, na eventual ocorrência de falhas. Dois sistemas são essenciais no processo de apuração da eleição: o transportador, que tem como função a leitura do disquete gerado na urna e sua transmissão para o centro de totalização e o totalizador, que tem como função a recepção dos dados enviados pelos transportadores, a extração do resultado de cada seção eleitoral e a totalização dos dados da eleição.
 
O transportador consiste em um conjunto de aplicativos instalados em uma máquina sob a guarda do juiz eleitora, cujas funções principais são: a leitura dos disquetes provenientes das seções eleitorais; a cópia dos arquivos de dados contidos nos disquetes, entre eles o BU; o armazenamento dos arquivos extraídos dos disquetes; e o posterior envio dos mesmos ao computador de totalização. O software do transportador é instalado em plataforma Windows NT, em máquinas que ficam normalmente no próprio local de apuração. A transmissão dos arquivos para o totalizador é feita em lotes, isto é, vários disquetes são lidos, seus conteúdos armazenados localmente e, posteriormente, transmitidos ao totalizador em um único bloco. A transferência de dados entre o transportador e o totalizador é feita através de uma rede de computadores. A rede utilizada é privada e não tem conexão direta com redes públicas. A integridade física da rede é garantida pelo isolamento do local de apuração e pela restrição do acesso aos computadores de rede, permitido somente a pessoas autorizadas. O totalizador é formado por um conjunto de aplicativos instalados em um computador com plataforma Unix (HP/UX) ou Windows NT, instalados nos TREs ou em zonas-mãe eleitorais. Sua função é processar os arquivos enviados pelo transportador e fazer a totalização dos resultados.
 
Apesar dos êxitos alcançados o sistema tem sido criticado, especialmente por não emitir qualquer comprovante de votação o que impede uma auditoria, nem do voto individual, nem da contagem dos votos de cada seção, muito embora em sua proposta original para a urna de 1996 Carlos Rocha tenha previsto a impressão de um comprovante, no entanto tal característica foi suprimida pelo TSE. Um projeto de lei PL 194/99 encaminhado pelo senador Roberto Requião à CCJ do Senado propõem: 1) que se desvincule a identificação do eleitor da máquina de votação; e 2) que seja permitida a conferência da apuração por meio da impressão do voto que será usado em conferência estatística. Até as eleições de 1996 as eleições no Brasil foram integralmente realizadas através de processos manuais, o que sempre causou muita discussão e polêmica, com a ocorrência comprovada de muitas fraudes. O processo de totalização e divulgação nunca foi questionado até que em 1982 ocorreu o caso Procosult, que colocou abaixo a confiabilidade nos programas de computadores que faziam a totalização dos documentos recebidos das seções eleitorais. Estava, naquele momento consubstanciada a possibilidade de alteraçào de resultados eleitorais, caso não houvesse auditoria sobre os programas de computador. Desde então tem-se implementado mecanismos de auditoria que permita a verificação dos processos de apuração.
 
Segundo Carlos Rocha: "Ainda em 96, tendo concebido um produto inédito a nível mundial, depositamos o pedido de patente de invenção, no INPI, para o nosso projeto de urna eletrônica, e, em 97, a Omnitech recebeu, do MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia, o Certificado de Tecnologia desenvolvida, no País, só concedido a produtos que apresentem relevantes inovações tecnológicas, a nível internacional, e comprovem a realização integral do projeto, no Brasil". Apesar do registro do pedido de patente do engenheiro ser de 1996, a disputa pela paternidade da urna só começou em 1999, após a divulgação do resultado da licitação para o fornecimento de urnas para as eleições municipais de 2000. Nessa ocasião, Rocha não estava mais ligado à Unisys. Tinha se associado à Itautec, que foi uma das três concorrentes.
 
Em 1996, o tribunal não tinha se preocupado em pedir a patente. No edital de dezembro de 95 e no contrato com a Unisys, um artigo determinava a transferência definitiva "dos direitos patrimoniais de autoria" para o TSE. Mas Rocha alega que o texto não impede o registro de sua patente. O contrato do tribunal com a Unisys fala em cessão de direitos autorais "que decorram da utilização direta ou indireta pela Justiça Eleitoral". Segundo Carlos Rocha "Isso é apenas direito de uso. O direito autoral é de quem criou. E o TSE não criou a urna. Tanto é que, no início, deu as diretrizes básicas e surgiram três propostas completamente diferentes". afirma. O secretário de Informática do TSE, Paulo César Camarão, ao contrário, sustenta que foram os técnicos do tribunal que idealizaram a urna eletrônica e listaram o que queriam em 94 itens que deveriam ser seguidos pelas empresas interessadas em fornecê-la ao TSE: "A Unisys desenvolveu o projeto decidido pelos técnicos do tribunal, sem mudar nada", alega Camarão. O TSE, que fez uma solicitação de patente apenas em 1998 (PI9806563-7), alega que as especificações mínimas do projeto e reproduzidas no pedido de patente de Moretzshomn já haviam sido tornadas públicas no edital de licitação das urnas usadas na eleição de 1996.
 
Independente desta discussão de paternidade, a urna eletrônica despertou interesse do governo americano, desgastado com o processo de apuração mecânico (com uso de cartões perfurados) e a necessidade de recontagens de votos no estado da Flórida nas eleições presidenciais de 2000 em que disputavam Al Gore e George Bush. A Procomp, que foi adquirida pela americana Diebold em 1999, ganhou uma licitação no valor de US$ 54 milhões para fornecer urnas eletrônicas ao Estado da Geórgia (EUA). O contrato, que representa a maior venda de sistema de votação até hoje nos Estados Unidos, inclui mais de 19.000 terminais touch-screen AccuVote-TS a serem distribuídos pelos 159 condados do Estado. Cada unidade de votação AccuVote-TS é equipada com um monitor de 15 polegadas do tipo touch-screen, para facilitar o uso pelos eleitores, e possui um sistema de orientação por voz e teclado numérico padrão para os eleitores com deficiência visual.
 
Franklin Almeida, assessor de planejamento de informática do TSE, afirma que o Tribunal detém os direitos de propriedade intelectual do processo de votação eletrônica e que a patente está sendo requerida junto ao INPI. Por outro lado, de acordo com Otaviano Galvão, presidente da Microbase, empresa que desenvolveu o software para as urnas, o trabalho do TSE se resumiu a especificar e acompanhar os editais de licitação do processo. O executivo, que acompanhou o processo desde 1996, diz que a Omnitech é responsável pelo projeto e pela produção das urnas para a Unysis que por sua vez, licenciou-as para o TSE.
 
O ministro da C&T, Eduardo Campos, anunciou em novembro de 2004, o primeiro contrato de exportação de urnas eletrônicas brasileiras. No valor de US$ 62,4 milhões, o contrato assinado com a Junta Central Eleitoral da República Dominicana prevê a exportação de cerca de 13 mil urnas, para serem utilizadas nas eleições de 2006 daquele país, além de um conjunto de programas de computador. O negócio está sendo viabilizado por um consórcio formado pelas empresas Softek, de Porto Rico, a Samurai, do Brasil, e a SOINCA - Sociedade de Engenheiros do Caribe, da República Dominicana. Com a assessoria do CESAR (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife) a Samurai realizará os ajustes necessários para adequar o sistema brasileiro à realidade dominicana. A solução brasileira também estará integrada a um sistema de automação do registro civil, que emite a carteira de identidade, também utilizada para as eleições.
 
Fonte: http://www.brunazo.eng.br/voto-e/noticias/tribuna2.htm
http://www.tre-sc.gov.br/eleicoes/ue/index.htm
http://www.tre-sc.gov.br/institucional/historico.htm
http://www.fiepr.com.br/netclip/2000/1611col.htm
http://www.estadao.com.br/tecnologia/coluna/stanton/2000/dez/18/207.htm
http://www.brunazo.eng.br/voto-e/indice.htm
http://www.brasnorte.com.br/pagina_curiosidades.htm
http://www.tre-sc.gov.br/eleicoes/eventos/ev1991.htm
http://www.cic.unb.br/docentes/pedro/trabs/e-urna.htm
http://www.certi.org.br/proj_urna.htm
http://www.tj.sc.gov.br/resenha/novembro/resenha16.htm
acesso em dezembro de 2001
http://www.procomp.com.br/sitenovo/ci_procompEmRede_materia.asp?edicao_id=41&id=217
http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=1541
http://www.jornalexpress.com.br/noticias/detalhes.php?id_jornal=4761&id_noticia=351
http://www.brunazo.eng.br/voto-e/textos/SSI2000.htm
http://www.brunazo.eng.br/voto-e/noticias/oglobo2.htm
http://www.microbase.com.br/cases/eleicoes.htm
http://www.brasnorte.com.br/pagina_noticias.htm
http://www.ue2000.com.br/compra.html
acesso em dezembro de 2002
http://www.radiobras.gov.br/materia.phtml?materia=59278&editoria=NA
acesso em abril de 2003
Jornal Valor Econômico data: 05.12.2000 página B6 (Empresas e Tecnologia) "Quem é o pai da urna eletrônica?"
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=22897 JC e-mail 2640, de 04 de Novembro de 2004. Brasil vai exportar urnas eletrônicas para a República Dominicana

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