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Dezembro 2008 Índice Geral do BLOCO
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19/12/08
• Profissão de fé - Bruno Cabral continua o debate
----- Original Message -----
From: bruno@openline.com.br
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Friday, December 19, 2008 6:03 PM
Subject: Re: [wireless.br] Re: Profissão de fé
Grande Prof Smolka
Fico feliz por meus argumentos fazerem algum sentido :-)
A humanidade é interessante, está sempre se adaptando. Se a TV como meio de
diversão deixa a desejar pela baixa qualidade da programação, cada vez mais
pessoas usam o P2P para se abastecer de assuntos de seu interesse.
Se jornais e revistas são parciais (notadamente as do PiG(*)), cada vez mais
pessoas usam a Internet para trocar opiniões e se abastecer de informações
que não sejam pré-selecionadas pela classe dominante.
O mesmo com fax, snail mail e uma miríade de tecnologias que estão se
tornando obsoletas apenas porque não acompanharam os anseios da sociedade
por comunicação (a preço justo).
Eu também não gosto de citar a China como exemplo, principalmente porque não
engulo a história no Tibete nem o massacre da Praça da Paz Celestial. Mas o
pior cego é aquele que não quer ver, eles em pouco menos de meio século
conseguiram um desenvolvimento que o Brasil em uma centena de anos ainda não
está nem perto.
E vão passar os EUA logo logo (basta ver os resultados em medalhas nas
Olimpiadas, ou o saldo da balança comercial chinês, isso sem contar o fundo
soberano deles). Devemos aprender pelo menos um pouco com eles
(principalmente no quesito do suicidio (encorajado ou não) dos políticos
pegos em crime de corrupção)
O Estado de Bem Estar Social do capitalismo não chegou no 3o mundo (ainda
podemos nos enquadrar como 3o mundo? Ou o conceito dos BRICs nos expulsou
dali?). Mesmo na Europa onde há um custeio razoável de saúde, educação,
segurança (que falham no Brasil), aparece insatisfação, as pessoas ainda
buscam algo
a mais para se sentirem completas. Por que?
Bem, essa é uma discussão para algumas (muitas) cervejas e foge totalmente
do objetivo do nosso grupo, portanto tentarei não divagar mais e voltar ao
on-topic:
A RNP geriu nos primóridos da Internet brasileira uma rede que atendia
também provedores comerciais, mas por motivos que me escapam (talvez o
Rogério possa nos iluminar sobre isso quando voltar das férias) foi
sistematicamente sabotada pela Embratel (antes desta ser privatizada) o que
estrangulou a rede e os clientes dela até que estes tiveram que sair para a
Embratel (ou fechar as portas).
Lembre que não havia oferta concorrente naquela época. As fixas só entraram
com backbone próprio alguns anos depois.
A RNP deu uma volta por cima com as redes multi gigabit que hoje operam, no
entanto não há espaço ali para interesses comerciais, quando muito se
consegue um acordo de peering (troca de tráfego) mas a depender da boa
vontade dos gestores acadêmicos, que, perdoem-me a colocação, parecem meio
alheios a realidade que os cerca (pelo menos aqui por perto, no NE.
É quase como se eles fossem "nobres" cuidando de seus "feudos", se me
permite a comparação de alguém que não vive do meio acadêmico).
Falo muito de dados pois é a parte mais tangível desse universo que
representa a operadora de bits. As aplicações são imensas, de
videoconferência, video-aula, telemedicina, vigilância remota, comunicação
(voz, vídeo, textos, imagens), publicidade (novas bandas de música, textos
que nunca veriam uma editora, propaganda
boca a boca - estilo A Bruxa de Blair ou aquela campanha matadora da
tatuagem da modelo, feita por uma cerveja) e por ai vai.
Quando pensamos nas redes legadas (a telefonia fixa, única que tem - ou
teria - o que ser revertido á união após a concessão), em 2025 elas
provavelmente não mais existirão, e ao meu ver este foi o grande erro na
renovação dos contratos em 2005, pois se o mercado mudou, que se recuperasse
a propriedade e se licitasse novamente, mas diferente desta vez, sendo
realmente multi-serviços e com unbundling das redes.
Notou que todas as fixas tiveram que montar redes de celular por conta do
subsidio cruzado entre o serviço fixo e o móvel?
E que as redes de dados (Pegasus, metrored, engerede, geodex) foram todas
absorvidas por fixas, ultrapassando o determinado em suas concessões (de
exclusividade de serviço STFC)?
O único modelo que conheço que parece certo é o da Inglaterra, onde há
realmente separação funcional entre rede e serviço.
Há um arremedo disso na proposta de contra-partida da BrOI, com a criação de
um escritório de venda de EILD (embora esta esteja com preços acima da
realidade, tornando inviável seu uso). E a agência reguladora fechando os
olhos.
Mas em se tivesse forçado a separação funcional agora, haveria muito mais
chance de sim, haver bens a serem revertidos (os COREs da rede, pelo menos,
já que é a ponta que vem mudando com mais frequência, quer na forma de mais
banda quer na entrega de novos serviços como SMP, 3G, wi-max etc.), enquanto
se manteria
a continuidade com a retomada do controle enquanto as prestadoras de
serviços agregados continuariam operando normalmente.
Pode ser impressão minha mas acho que não vai haver mesmo como dissociar, em
2025, rede de STFC dos seus serviços, e retomar estes bens será impossivel
(ou pior, inócuo), e vão decidir dar continuidade as concessões por causa
disto.
[]s, !3runo Cabral
(*) Partido da Imprensa Golpista, ver www.paulohenriqueamorim.com