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07/01/08
• Telebrás e Eletronet (05) - Estadão: A recriação da Telebrás
----- Original Message -----
From: Helio Rosa
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br ; wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Monday, January 07, 2008 9:54 PM
Subject: Estadão: A recriação da Telebrás
Comentários?
Ao debate! :-)
Boa leitura!
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O governo Lula quer reativar a Telebrás - antiga empresa holding das 27
operadoras do sistema estatal de telecomunicações que foram privatizadas
a partir de 1998 - para promover a inclusão digital e a universalização
da banda larga. Na realidade, a empresa só não foi extinta porque ainda
tem 293 funcionários cedidos à Anatel e responde a várias ações
judiciais. Numa delas, movida por uma empresa cujo capital era de apenas
R$ 1.000, a Telebrás foi condenada a pagar uma indenização de mais de R$
274 milhões, sem que o governo tenha recorrido da decisão.
Há vários ângulos para se analisar o projeto de recriação da Telebrás.
Um deles é o do modelo institucional em vigor, que resultou de duas
decisões bem fundamentadas do Congresso. A primeira, quando aprovou a
Emenda Constitucional nº 8, de agosto de 1995, e a segunda, quando
elaborou a Lei Geral de Telecomunicações, em julho de 1997. O
significado dessa política foi mostrado de forma cristalina na exposição
de motivos que acompanhou o projeto da Lei Geral de Telecomunicações ao
Congresso. Ainda hoje, a exposição continua sendo um dos documentos mais
completos e consistentes sobre o significado do novo marco regulatório
em vigor nos últimos 9 anos.
Em sentido amplo, quando um país privatiza suas telecomunicações, a
primeira garantia que se dá à sociedade e aos investidores é a de que o
Estado se retira da condição de operador, de empresário e de prestador
de serviço, para assumir o papel de regulador e fiscalizador isento do
funcionamento do setor, visando ao pleno desenvolvimento do País e ao
atendimento do usuário.
O artigo 21, inciso XI, da Constituição Federal, com a redação dada pela
emenda de agosto de 1995, faz a ressalva de que o Estado pode voltar à
condição anterior de operador e empresário. Mas esse retorno só pode
ocorrer em três circunstâncias: a) quando as operadoras privadas não são
capazes de cumprir suas obrigações contratuais; b) para corrigir graves
desequilíbrios econômicos ou sociais; e c) em casos de emergência,
guerra ou de ameaça à segurança nacional.
Nenhuma das três situações ocorre hoje. Por isso, conforme mostrou o
jornalista Ethevaldo Siqueira em sua coluna de 30 de dezembro no Estado,
citando a opinião de especialistas - entre os quais ex-ministros das
Comunicações e ex-diretores da Anatel e da Telebrás -, a idéia de
recriar a Telebrás ou de fundi-la com a Eletronet é uma das piores que
poderiam ocorrer ao governo Lula na área de telecomunicações. Há
alternativas muito mais lógicas e convenientes para promover a inclusão
digital e a universalização da banda larga.
As razões alegadas pelo governo não têm qualquer fundamento. Em primeiro
lugar, nem a Telebrás nem a Eletronet dispõem de acesso direto aos
domicílios dos usuários, chamado tecnicamente de “última milha” e
essencial para qualquer projeto social de universalização dos serviços.
Em segundo lugar, a Telebrás foi holding controladora de 27 subsidiárias
e nunca operou diretamente os serviços, faltando-lhe, portanto, a
necessária experiência. Em terceiro lugar, porque a empresa não conta
com nenhuma equipe técnica capaz de atuar nas áreas de banda larga,
redes sem fio ou inclusão digital.
Além disso, é preciso considerar que a criação - no caso, recriação - de
uma estatal na área de serviços públicos traz mais riscos do que
vantagens. O ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros do Nascimento
faz uma clara advertência sobre tais riscos: “A Telebrás, hoje, seria
uma estatal inútil, cara, ineficiente, ineficaz e um grande e potencial
cabide de empregos.” Nos projetos de inclusão digital, diz ele, “o que
falta é o estabelecimento e a implementação de políticas públicas e não
a volta ou a criação de uma empresa estatal”. Na realidade, soluções
estatais sérias e eficazes são necessárias, sim, mas nas áreas de saúde,
educação e segurança pública. O setor de telecomunicações, se o Estado
não atrapalhar, continuará muito bem.
Diante de tantos argumentos, o mínimo que se pode esperar é que o plano
de reativação da Telebrás seja arquivado.
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