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Julho 2008               Índice Geral do BLOCO

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02/07/09

• TV Digital (23) - "Ajuda" + "Resumo" + "Histórico" + Artigo do Observatório da Imprensa

----- Original Message -----
From: Helio Rosa
To:
Celld-group@yahoogrupos.com.br ; wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Wednesday, July 02, 2008 7:17 PM
Subject: TV Digital (23) - "Ajuda" + "Resumo" + "Histórico" + Artigo do Observatório da Imprensa
 
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
 
Este é o "Serviço ComUnitário" sobre "TV Digital".
Lembramos que o objetivo principal do "Serviço" é estimular o compartilhamento de informações e o desejável debate!!!!
 
01.
Ajuda!
Estamos solicitando links e artigos para montagem de uma página comunitária sobre "Desenvolvimento de Aplicações para TV Digital Interativa usando o Middleware Ginga" e textos didáticos sobre a "linguagem declarativa NCL".
Seria pedir muito um voluntário para coordenar a página?  :-))
 
02.
Para os recém-chegados e para os que estão se interessando agora pelo tema, temos em andamento duas "Séries" sobre TV:  
 
1. "TV Digital", com ênfase nos problemas técnicos como "padrão", espectro, "middleware", "set top box", início das transmissões, etc).

2. "TV Pública" ou "TV Brasil" ou "TV Lula" ou "TV do PT", significando a nova rede "Empresa Brasil de Comunicação" com nome de fantasia "TV Brasil", resultante da fusão de duas empresas já existentes - Radiobrás e Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp) que o governo criou por Medida Provisória. 

E lembramos também que há um "tema genérico sobre TV pública" na mídia, que abrange o universo das emissoras públicas, educativas, culturais, universitárias, legislativas e comunitárias.
 
03.
Sumário parcial desta mensagem:  :-)
a.
Vamos nos socorrer no nosso "parceiro informal" TELECO para uma recordação e ambientação: O que é TV Digital.
Recomendamos
visitar a fonte para conferir na íntegra e utilizar os links ativos para navegar rumo à mais informações.  :-)

b.
Mais abaixo recortamos o tópico "Um breve histórico sobre a implantação da TV digital no Brasil" da matéria:
Fonte: CRIS - Origem: Intervozes
[07/03/06]  
TV Digital: princípios e propostas para uma transição baseada no interesse público (consulte texto integral na fonte)

c.
O "Observatório da Imprensa" publicou hoje esta matéria, transcrita mais abaixo:
Fonte: CRIS - Origem: Intervozes
[07/03/06]  
TV Digital: princípios e propostas para uma transição baseada no interesse público
 
04.
TELECO: TV Digital: O que é?

TV Digital no Brasil
 
Esta página apresenta o que é a TV Digital e acompanha o seu processo de implantação no Brasil.
 
A TV Digital completa 6 meses de operação no Brasil
A cidade de São Paulo foi a primeira a ter TV Digital no Brasil. As transmissões foram iniciadas em 2 de dezembro de 2007.
Em 7/04/08 a Rede TV, Globo (experimentalmente) e Record iniciaram a transmissão do sinal digital nas cidades de Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Em 25/04/08 a Rede Globo iniciou oficialmente a transmissão digital em Belo Horizonte.
Um balanço dos primeiros 6 meses da TV Digital apontam para uma baixa adoção e problemas de cobertura. Pesam ainda neste cenário preço dos conversores e a limitada oferta de programas de alta resolução e de interatividade. Estes problemas terão de ser superados a medida que as transmissões de TV Digital se tornam disponíveis em outras capitais.
  
 
TV Digital: O que é?
 
A TV aberta (terrestre) transmitida para os televisores existentes em 90% das residências brasileiras utiliza canais analógicos com largura de banda de 6 MHz.
 
Na TV Digital a transmissão do áudio e do vídeo passa a ser feita através de sinais digitais que, codificados, permitem um uso mais eficiente do espectro eletromagnético, devido ao aumento da taxa de transmissão de dados na banda de freqüências disponível.
 
É possível desta forma transmitir:
* Som e imagem de melhor qualidade viabilizando a Televisão de Alta Definição (HDTV). A resolução da imagem na TV analógica que é de 400 x 400 pixels poderá ser de até 1920 x 1080 pixels.
* Mais canais (até 4) na mesma faixa de freqüência utilizada por um canal analógico.
 
A TV digital apresenta algumas funcionalidades que permitem uma interatividade entre o telespectador e a emissora possibilitando:
* O acesso à informações adicionais como por exemplo o menu de programação.
* A iteração do usuário com a emissora, através de um canal de retorno via linha telefônica por exemplo, possibilitando a este votar ou fazer compras.
 
Receptores de TV
 
Com a introdução da tecnologia digital na radiodifusão de TV (TV Digital Terrestre), o usuário poderá optar por uma das seguintes situações:
* Continuar a receber a TV aberta da forma atual utilizando a sua TV analógica.
* Adquirir um conversor (set top box) que permitirá receber o sinal digital e convertê-lo para um formato de vídeo e áudio disponível em seu receptor de TV
* Adquirir uma TV nova que já incorpore o conversor.
 
Tecnologias
Existem em todo o mundo três sistemas de TV Digital – o sistema americano (ATSC), o sistema europeu (DVB) e o sistema japonês (ISDB).
 
 
Implantação da TV Digital no Brasil
Em Jun/06 o Brasil adotou o padrão japonês (ISDB) para a TV Digital terrestre.
 
A definição ocorreu através do Decreto 5.820. Os principais pontos definidos no decreto são:
* O decreto definiu que o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T) adotará, como base, o padrão de sinais do ISDB-T e possibilitará transmissão digital em alta definição (HDTV) e em definição padrão (SDTV); transmissão digital simultânea para recepção fixa, móvel e portátil; e interatividade.
* Ás emissoras de TV receberão um canal de radiofreqüência com largura de banda de 6 MHz para cada canal analógico que possuam.
* A transmissão analógica continuará ocorrendo, simultaneamente à digital, por um período de 10 anos até 29/06/2016. A partir de Jul/2013 somente serão outorgados canais para a transmissão em tecnologia digital.
* Deverão ser consignados pelo menos quatro canais digitais para a exploração direta pela União Federal como canal do Poder Executivo, Canal de Educação, Canal de Cultura e Canal de Cidadania. 
Ler mais.
 
05.
Artigos publicados no site comunitário WirelessBR:
 

Marcus Aurélio Ribeiro Manhães e Pei Jen Shiehs
Canal de Interatividade: Conceitos, Potencialidades e Compromissos
Padrão para TV Digital Brasileira: o Limite do Sistema Canal de Interatividade
Canal de Interatividade: Uma Visão de Futuro

 
Ao debate! :-)
 
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa

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Um breve histórico sobre a implantação da TV digital no Brasil

Fonte: CRIS - Origem: Intervozes
[07/03/06]  
TV Digital: princípios e propostas para uma transição baseada no interesse público

(...)
A TVD já é debatida no país há mais de dez anos. No segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, foram iniciados testes de campo entre os três sistemas até então em funcionamento (o norte-americano ATSC, o europeu DVB e o japonês ISDB), realizados pela Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV), pela Set (Sociedade de Engenharia de Televisão e Telecomunicações) e pela Universidade Mackenzie. Estudos técnicos e mercadológicos também foram realizados pela Fundação CPqD a partir de demanda da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Ainda em 2002, houve novo aceno em relação à definição acerca do assunto, mas, frente à chegada de um novo governo, o então presidente optou por deixar a decisão ao novo ocupante do Palácio do Planalto.

Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o novo ministro das Comunicações, Miro Teixeira, a definição sobre a TV digital saiu do âmbito da Anatel, onde estava até então, e foi para a pasta de Teixeira. Em novembro de 2003, foi publicado o Decreto 4.901 , que institui o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), a estrutura de dois comitês (um gestor e um de desenvolvimento) e um Conselho Consultivo com participação da sociedade civil.

Durante a gestão de Lula, primeiro com Miro Teixeira e depois com Eunício de Oliveira, o governo demonstrou relativa abertura ao debate e acertou ao verificar junto às universidades que pesquisavam o tema a possibilidade de desenvolver componentes que formassem um sistema brasileiro . A partir dos subsídios do CPqD, crescia o debate nas instâncias governamentais e no Conselho Consultivo acerca dos rumos do SBTVD.

Com a entrada do ministro Hélio Costa, em julho de 2005, o que se verificou foi um esvaziamento do debate com a sociedade e uma identificação exclusiva com os interesses dos radiodifusores, especialmente com os das Organizações Globo. Em apenas alguns meses, Costa incorporou à sua pasta a pauta da Abert, negociou incentivos fiscais com o Ministério da Fazenda e vem disputando dentro do governo a adoção de um sistema caracterizado por ser uma levíssima adaptação do ISDB, modelo também defendido pela Abert, que não permite a entrada imediata de novos atores no universo da radiodifusão.

Além disso, o atual ministro esvaziou a discussão com a sociedade no Conselho Consultivo e criou um comitê ad hoc com a participação das emissoras. O deslocamento do espaço real de decisão contrariou o próprio Decreto 4.901, com o ministro ignorando as posições da sociedade civil e, inclusive, as contribuições do CPqD, órgão responsável pela produção de documentos de subsídio à construção do SBTVD. Os documentos sobre Política Industrial e Marco Regulatório, por exemplo, sequer foram discutidos pelo conselho consultivo. O ministro passou a buscar apoio para a posição das emissoras que, com um “ISDB travestido”, garante a manutenção da estrutura concentrada de propriedade e ainda permite às grandes emissoras ocupar um novo nicho transmitindo para receptores móveis (celulares).

Esta breve recuperação histórica serve como ilustração do processo de decisão sobre o SBTVD. Não é possível que esta grande oportunidade para resolver velhos problemas e aproveitar novas soluções seja relegada apenas a uma decisão de empresários. A comunicação não pode ser encarada apenas como um serviço comercial e sim como práxis social e direito humano. Por isso, ao apresentarmos este documento, reafirmamos nossa convicção de que o SBTVD é uma questão da nação e não pode ser definido sem o mais amplo debate com a sociedade. São do interesse da população os rumos da TV digital e suas implicações (que vão desde a economia até a própria conformação da democracia) para o país. (...)
Ler mais:
TV Digital: princípios e propostas para uma transição baseada no interesse público

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Fonte: Observatório da Imprensa - TV Digital
[01/07/08]   
Como construir um avião em vôo por Cosette Castro (*)

(*) Cosette Castro
Doutora em Comunicação pela Universidade Autônoma de Barcelona, professora do Mestrado em TVD na UNESP, prêmio Luiz Beltrão/Intercom – 2008 na categoria Liderança Emergente, autora de Mídias Digitais, Convergência Tecnológica e Inclusão Social (Paulinas, 2005), Por que os Reality Shows Conquistam as Audiências?(Paulus, 2006) e Comunicação Digital, Educação, Tecnologia e Novos Comportamentos (Paulinas, 2008, no prelo)

Caminante no hay camino/ El camino se hace al caminar... [Antonio Machado, poeta espanhol (1875-1939)]

Embora o processo de implantação da TV digital nos países europeus e nos EUA já tenha completado 10 anos, no Brasil pode-se dizer que recém dá seus primeiros passos com a chegada da TVD a São Paulo, em 2 de dezembro de 2007, e que ainda se encontra em fase de testes. Em capitais como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o processo de implantação já começou; nas capitais do Sul do país está previsto para o final de 2008 e nas demais deverá estender-se até 2009. De acordo com entrevista do ministro das Comunicações Helio Costa (25/6/2008) ao programa Bom Dia ministro, as capitais que desejarem antecipar a chegada da TVD deverão formalizar o pedido diretamente ao Ministério das Comunicações.

Mas as discussões sobre a escolha do padrão tecnológico tiveram início no final dos anos 1990 e, no começo do século 21, o governo Lula estimulou a cerca de 1.200 pesquisadores de universidades públicas, privadas e instituições de P&D a desenvolverem projetos tecnológicos para a TV digital brasileira.

A escolha do padrão japonês, em 2006, garantiu robustez, mobilidade, portabilidade, multiprogramação, uso dos modelos standard e/ou alta definição, interatividade em diferentes níveis, sistema aberto (não pago), interoperabilidade, troca de conhecimento entre japoneses e brasileiros, entre outros benefícios para o país. Entre eles, o projeto de interoperabilidade desenvolvido pelo midlleware Ginga, que permite que uma caixa conversora do sinal digital para uma TV analógica possa entender a linguagem tecnológica e ser usada nos diferentes padrões existentes para TV digital, como o europeu, o norte-americano ou o nipo-brasileiro, conhecido como ISDB-T (International Standard of Digital Broadcasting – terrestrial).

Outros itens contam a favor do modelo híbrido escolhido pelo governo brasileiro. Entre eles, a melhor compressão de vídeos, que torna possível transmitir o sinal simultaneamente em alta definição, em definição standard, móvel e também para celular de forma totalmente gratuita. Ainda assim, o modelo foi alvo de várias críticas que defendiam o uso de outros padrões para o país ou mesmo a criação de um padrão made in Brazil que demandaria mais alguns anos de estudos e testes.

Esclarecer as diferenças

Escolhido o modelo japonês e feitos os primeiros testes e ajustes em São Paulo [cidade com grande número de edifícios, durante mais de 40 anos a TV analógica conseguiu atingir com bom sinal apenas 15% da capital paulista. De acordo com estudos do Instituto Mackenzie (2008), em seus poucos meses de existência a TV digital chega com bom sinal a 85% dos lares de São Paulo. Os 15% restantes estão localizados em regiões distantes e se encontram em fase de ajuste], a TV digital começa a chegar a outras capitais, como um bebê que dá seus primeiros passos. No entanto, alguns pesquisadores e empresários ainda continuam criticando a implantação do projeto, "denunciando" publicamente que a TVD paulista não ultrapassou a casa do 1% de audiência em seus poucos meses de audiência.

Ora, esquecem os críticos a história da TV no Brasil. Ao trazer a TV analógica para o país no início da década de 1950, Assis Chateaubriand também foi chamado de visionário, louco e muitos consideraram que o projeto estava fadado ao fracasso. Em 1950, para quem não recorda, o empresário trouxe câmeras e técnicos norte-americanos para treinar os brasileiros, num período em que ainda não existia gravação de programas e tudo era produzido ao vivo; comprou 200 equipamentos de TV, espalhou-os no centro de São Paulo e inaugurou a TV brasileira, que tinha programação pensada (e roteirizada) apenas para o dia lançamento.

De lá para cá, a TV brasileira cresceu muito, conquistou sua própria linguagem e, embora exista concentração dos meios de comunicação no país, não é possível deixar de observar que possuímos uma das melhores qualidades em programação de conteúdos do mundo. No caso da TVD, trata-se de um produto novo. É preciso fazer uma grande campanha nacional esclarecendo quais as diferenças entre a TV digital e a TV analógica e as vantagens de se adquirir um conversor com canal de retorno, que tenha um preço acessível e possa ser comprado em prestações para não pesar no orçamento familiar.

Produção de conteúdos

A escolha do modelo tecnológico trouxe em seu bojo uma outra discussão: a necessidade de desenvolver projetos de conteúdos para a TV digital que tenham como características a interatividade, a multiprogramação, a acessibilidade, a portabilidade e a convergência tecnológica. Ou seja, trata-se da possibilidade de construir e desenvolver conteúdos que possam ser usados em diferentes plataformas digitais, como a TV, o rádio e o cinema digital, os celulares, videojogos, computadores e palms, i-pods, ao mesmo tempo ou em separado.

Isso significa a possibilidade de produzir uma gama de conteúdos digitais para diferentes plataformas nunca antes pensada no país, que é um dos maiores produtores de conteúdos audiovisuais analógicos. Afinal, está terminando o tempo em que os conteúdos e diferentes gêneros eram produzidos para cada mídia em separado e apenas pelas empresas de comunicação que monopolizavam (e ainda monopolizam) o setor.

Em tempos de tecnologias digitais, os conteúdos podem produzidos por diferentes atores postados em internet, podendo ser vistos em computadores, TV digital, i-pods e celulares. Os conteúdos digitais também podem ser usados em diferentes plataformas, desde que respeitadas as linguagens de cada equipamento – e não apenas copiados, como fazem algumas empresas ao reproduzirem seus canais de TV na internet ou os jornais na internet.

Nesse sentido, a proposta do governo brasileiro de criar o Centro Nacional de Excelência em Produção de Conteúdos Digitais Interativos e Interoperáveis, coordenado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), é inovadora e segue a decisão do encontro do E-LAC em 2008. No encontro de 26 países latino-americanos e caribenhos para definir os rumos da Sociedade da Informação até 2010, realizado em El Salvador (2008), a delegação brasileira apresentou a proposta de criação de um centro regional de produção de conteúdos digitais, assim como o estímulo à criação de centros nacionais em cada país.

Projetos não-centralizados

A proposta, aceita por unanimidade, levou em conta o papel da indústria de conteúdos e de entretenimento no cenário mundial. Os 26 países decidiram tornarem-se produtores de conteúdos, e não somente consumidores, como vinha ocorrendo até então, pois os estudos internacionais mostram que a América Latina produz apenas 7% dos conteúdos consumidos mundialmente.

Desde março, estão acontecendo reuniões interministeriais que envolvem representantes do MCT, do MEC, Ibict, Ministério da Cultura, da Saúde, Desenvolvimento Agrário, Planejamento, Indústria e Comércio, Rede Nacional de Pesquisa (RNP) e Casa Civil, entre outros. Esses representantes estão definindo os parâmetros e critérios que deverão nortear o estímulo à produção de conteúdos digitais para diferentes plataformas digitais. Isso significa estimular a produção e desenvolvimento de projetos em parceria por diferentes atores sociais, como a academia, os produtores independentes, pequenas empresas, institutos de P&D e terceiro setor.

Para desenvolver uma proposta, os interessados desenvolvem projetos de conteúdo para uma ou mais plataformas digitais que contenham itens como acessibilidade, usabilidade, portabilidade, interatividade e mobilidade. Além disso, projetos inter-regionais serão valorizados, estimulando, por exemplo, que as universidades mais desenvolvidas, colaborem com universidades menores, sem centralizar projetos em uma ou outra instituição. Quanto à temática, serão aceitos projetos de conteúdos voltados para educação, cultura, entretenimento, saúde, justiça, trabalho, comércio, meio ambiente etc. Espera-se que o Comitê Gestor do Centro Nacional de Produção de Conteúdos Digitais possa ser nomeado no começo do segundo semestre e os editais convidando para execução de projetos de conteúdos digitais em todo o país possam ser publicados antes do final de 2008.

O mais completo

A grande vantagem do uso da TV digital em países emergentes, como o Brasil, é a possibilidade de inclusão social que ela permite, já que o país possui mais de 95% de televisores analógicos e o governo federal começou a desenvolver uma política de barateamento da caixa conversora – similar às das TVs por assinatura ou a um DVD. A população poderá adquirir o equipamento em várias prestações. Trata-se de uma política similar à desenvolvida para estimular a compra de computadores, que possibilitou a venda de 10 milhões de equipamentos em 2008.

Muita gente pergunta quais outros motivos – além da inclusão digital e do preço acessível – levariam o consumidor a adquirir a caixa conversora com canal de retorno?

Vários motivos podem ser apontados.

Em primeiro lugar, as pessoas já conhecem o seu aparelho de TV analógico, de uso doméstico. Isso significa que já há uma intimidade com a máquina – e a caixa conversora é similar a um aparelho para receber TV por assinatura ou a um DVD. Assim, não haveria grandes modificações ou choque tecnológico, até porque os primeiros controles remotos têm funções bastante básicas para não confundir os consumidores, atendendo aos critérios de acessibilidade para aqueles que ainda não estão familiarizados com as tecnologias digitais.

Em segundo lugar, a TV pode ser usada de forma coletiva e compartilhada. Enquanto o computador estimula a individualidade, a TV promove a parceria, a socialização dos conhecimentos e das informações, se pensarmos do ponto de vista das pessoas que estão em casa. Um bom exemplo é o de uma pessoa que deseja fazer um curso de educação à distância (EaD): ela poderá estudar sozinha e/ou acompanhada através da TV digital ou sozinha no computador. Pela primeira vez, existe a oportunidade das pessoas de uma mesma família aprenderem coletivamente e compartilhar saberes e experiências de mundo.

Em terceiro lugar, é possível apontar a significativa melhora na imagem da TV digital – seja através do uso do sinal analógico com caixa conversora, do modelo standard ou de alta definição –, pois ele é fundamental para estudos que exijam detalhamento de imagens, profundidade ou terceira dimensão. Tais tecnologias ampliam as oportunidades de desenvolvimento de projetos de EaD voltados para a educação técnica/ profissionalizante, assim como para tele-medicina, só para citar dois casos.

A TV digital – através do uso do midlleware Ginga, incorporado à caixa conversora – permite uma grande revolução tecnológica. Essa revolução vai além do fato do Ginga ser uma tecnologia made in Brazil que vem servindo de referência para outros países, como os europeus e os EUA. Mais do que isso: permite a interoperabilidade entre os diferentes padrões; ou seja, eles podem "falar" entre si, não sendo restritivos, como os sistemas DVD existentes no mundo. Além disso, o uso do canal de retorno estimula a interatividade entre o campo da produção e da recepção, mudando radicalmente a relação entre os que produzem conteúdos e aqueles que até então apenas recebiam silenciosamente esses conteúdos. Como se não bastasse, o Ginga oferece interface com internet e também interface gráfica. Em outras palavras, é o mais completo middleware entre os sistemas existentes e funciona em código aberto.

Inclusão social

Muitos se perguntam se isso vai ocorrer já no primeiro ano da TV digital brasileira. Creio que não; é preciso dar tempo ao tempo, já que a tecnologia está sendo criada, desenvolvida "no caminho". E recordar Antonio Machado, quando escreveu "caminante no hay camino; el camino se hace al caminar". Mais do que isso, é preciso levar em consideração que tampouco existe experiência acumulada em interatividade total em países como Inglaterra e EUA, que possuem pelo menos 10 anos de pesquisa e trabalhos em TVD.

Isso significa que não teremos interatividade na TV digital brasileira?

Sim, teremos interatividade, mas também significa que temos de dar tempo ao tempo. E ao invés de apenas criticar os projetos do governo, precisamos encontrar posições proativas que ajudem a construir a TV digital brasileira, entre elas:

1. Apoiar projetos nacionais como o Ginga;

2. Estimular o desenvolvimento de uma nova geração de produtores de conteúdos, agora voltados para o mercado digital em suas diferentes plataformas, através do Centro Nacional de Excelência em Produção de Conteúdos Digitais Interativos e Interoperáveis;

3. Repensar os programas universitários de graduação e de pós-graduação estimulando a transdisciplinaridade e o trabalho conjunto entre professores e pesquisadores de diferentes áreas para pensar as plataformas digitais e a convergência tecnológica;

4. Desenvolver uma grande campanha nacional sobre os benefícios da TVD e da aquisição da caixa conversora, explicando aos consumidores a diferença entre caixa conversora simplificada, que não permite interatividade mas melhora a imagem, e a caixa conversora com canal de retorno, que permite multiprogramação e vários níveis de interatividade, como a local (só é possível baixar programas) e total (aquela que permite interagir online com outros atores sociais e com a produção dos programas realizados ao vivo);

5. Enfim, tratar a TV digital e as novas plataformas digitais como política pública de inclusão social, desenvolvimento tecnológico e futuros conteúdos de exportação.

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