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Julho 2008               Índice Geral do BLOCO

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10/07/08

Como funciona a Internet (10): Telefonica e "apagão": Opinião de um participante

----- Original Message -----
From: Helio Rosa
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br ; wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, July 10, 2008 10:33 AM
Subject: Como funciona a Internet (9): Telefonica e "apagão": Opinião de um participante
 
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!

O "Serviço ComUnitário" está acompanhando os "ecos" e as providências referentes ao recente "apagão" da Telefônica.
E, no processo, buscando mais conhecimentos técnicos sobra a infra-estrutura da Internet.
 
01.
Registramos a seguir considerações feitas por um participante que prefere não se expor mas quer participar.
Estimulamos este procedimento: precisamos das opiniões de todos para formar a nossa!
Obrigado, "Participante"!
 
Recorte da mensagem recebida em "pvt":

(...)
Não tenho procuração para defender a Telefónica, nem inside information sobre o que aconteceu na rede MPLS deles.
Mas não sei se é o caso de crucificá-los pela clássica "ganância capitalista". 
 
1. Não acredito que a equipe responsável pelo planejamento/engenharia/operação da rede MPLS da Telefonica seja composta por malucos ou incompetentes patológicos. E a Telefonica podia muito bem passar sem este desgaste (gerentes e executivos tem especial pavor disso). Então o que eles dizem sobre ser um problema incomum e imprevisível provavelmente é verdade.
 
2. Ninguém gasta dinheiro com coisas imprevisíveis. Planos de contingência envolvem as falhas mais prováveis, como a queda de um link ou a falha de um roteador, ou até mesmo a ocorrência simultânea destes dois eventos. Qualquer coisa além disto está no reino das probabilidades microscópicas, que vc tenta cercar via procedimentos administrativos. É verdade que se for dado tempo suficiente até as probabilidades microscópicas se manifestam, mas eu pergunto: se vc fosse o responsável pelo planejamento - e pelo orçamento - de uma rede como esta vc gastaria dinheiro de verdade hoje - e ano após ano - na prevenção de algo que provavelmente só acontecerá uma vez a cada 10 ou 20 anos?
 
3. Para conseguir parar a rede toda o problema provavelmente ocorreu no plano de controle. Não acho que um roteador de borda pudesse causar toda esta esculhambação sem ser percebido e isolado rapidamente. Meu chute é que o ponto de origem da falha - se é que houve um único ponto de origem - é um roteador do core da rede.
 
4. Se eu fosse um jornalista especializado querendo cavucar esta história a fundo procuraria saber se:
 
a) Para parar a rede toda só consigo imaginar uma quebra geral do roteamento. Será que quem "endoidou" foram os roteadores que funcionam como route reflector? Falhou o BGP? Ou foi o IGP (OSPF ou IS-IS - não sei qual eles usam)?
 
b) Foi feita alguma alteração de software recentemente nos roteadores? Se sim, de qual fornecedor? Em roteadores de borda, do core ou ambos? Esta alteração foi testada antes de ir para a rede "quente"?
 
c) Alguma chance do problema ser causado ou agravado por "falta de entendimento" entre roteadores de fornecedores diferentes? Os fornecedores da rede deles são Cisco (certeza), Juniper (certeza) e Alcatel (possível). Tem mais alguém? Algum fornecedor em teste? Se sim, teve algo a ver com o ocorrido?
 
5. Pode ser que a Telefonica esteja no processo de "caçar cabeças", mas acho mais importante divulgar os detalhes técnicos para que os administradores de outras redes MPLS aprendam com o que aconteceu.
[ ]'s
(...)
 
02.
Alberto Dines é o Editor-Responsável pelo portal "Observatório da Imprensa".

O que é o Observatório da Imprensa?   Entidade civil, não-governamental, não-corporativa e não-partidária que pretende acompanhar, junto com outras organizações da sociedade civil, o desempenho da mídia brasileira. Ler mais

O "Observatório" e Dines pretendem ser uma espécie de "consciência da imprensa" mas seus posicionamentos são, não raro, polêmicos.
A isenção é também muito questionada em alguns assuntos.
Mas seguimos observando o Observatório" (ops!) pois formar opinião é preciso. :-)
 
Mais abaixo transcrevemos:
Fonte: Observatório da Imprensa
O apagão da Telefônica era esperado
 
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
 
-------------------------
 
Fonte: Observatório da Imprensa
[08/07/08]   O apagão da Telefônica era esperado Alberto Dines
 
A grande imprensa reagiu prontamente: o caos digital provocado pela pane no sistema da Telefônica na madrugada de quinta-feira (3/7) foi noticiado com destaque nas edições de sexta.
 
Reação incomum, surpreendente mesmo, desde a privatização das operadoras de telefonia, quando passaram a ter "relações especiais" com os grandes grupos de mídia. Justamente por isso e pelas parcerias entre o UOL e o serviço Speedy da Telefônica, a Folha de S.Paulo destacou-se na cobertura da crise, dos primeiros momentos à total volta à normalidade.
 
A manchete de oito colunas na primeira página da edição no dia seguinte (sexta, 4/7) comprova o aparecimento de uma nova sensibilidade nos grandes veículos (principalmente jornais) no caso de episódios capazes de comprometer sua credibilidade e isenção.
 
O Estado de S.Paulo também destacou o apagão no alto da primeira página do mesmo dia, mas a manchete em oito colunas adotada pela Folha soou como um alarme para situações de emergência e assegurou aos leitores a completa separação entre os interesses comerciais da empresa e os compromissos informativos do jornal que edita.
 
O Globo destoou pela discrição. É discutível a alegação de que a pane afetou principalmente os serviços públicos do estado de São Paulo e por esta razão não interessaria ao seu público, majoritariamente fluminense. Engano: o UOL, maior provedor de internet do país, tem forte presença em outros estados. Pertencente ao mesmo grupo de comunicação do qual faz parte a Net (distribuidora de TV por assinatura e agora também operadora de serviços de banda larga), o jornalão carioca passou a impressão de que apesar da acirrada concorrência com a Telefônica, prefere manter em clave baixa os eventuais acidentes no segmento.
 
Novo player 
A verdade é que se a Telefônica ainda usasse a antiga denominação Telesp e não fizesse parte de um dos grandes conglomerados multinacionais de telecomunicações, já teria sido alertada pela mídia de que o seu atendimento é deficiente. A gigante espanhola está longe de ser a "queridinha" dos usuários, desatenta às obrigações de uma concessionária de serviços públicos. Poupada e mimada pela mídia (é uma das grandes anunciantes do país), diante de uma emergência impossível de disfarçar a Telefônica apelou inicialmente para "falha humana" – e com isso só desvendou o seu despreparo para gerenciar crises.
 
É preciso registrar que foi benéfica a privatização das telecomunicações concebida pelo falecido ministro Sérgio Motta no primeiro mandato FHC. A revolução social promovida pelo celular seria impossível sem a desestatização da telefonia. Como todos os avanços, produziu efeitos colaterais perversos. Um deles foi a tentação da convergência – aproximar empresas jornalísticas de grande porte do negócio da telefonia. A maioria desistiu diante do vulto do investimento e dos altos riscos políticos, mas a sedutora miragem tecnológica permanece, ainda não foi arquivada. Manteve-se a idéia de que a imprensa, isto é a mídia impressa de qualidade, está condenada a extinção e, portanto, é preciso pular fora da canoa de Gutenberg antes que naufrague.
 
Como no apagão aéreo que em setembro completará dois anos, a pane da última semana na Telefônica revelou também que o duopólio é tão lesivo quanto um monopólio. Neste sentido e apenas nele (a ressalva é imperiosa), pode-se dar as boas vindas à anunciada fusão Oi (Telemar)-Brasil Telecom, capaz de colocar no tabuleiro um novo player e formar uma triangulação concorrencial, teoricamente mais equilibrada e mais vantajosa para os usuários.

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