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Julho 2008 Índice Geral do BLOCO
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----- Original Message -----
From: bruno@openline.com.br
Olá
Muito interessante essa discussão, gostaria de tecer um ou dois comentários
mais pragmáticos a respeito sobre AS e interconexão e sobre "de quem é a culpa
quando tudo cai".
Nos Estados Unidos e também no Brasil, há um esforço centralizador dos grandes
players, que se recusam a interconectar (trocar tráfego) com players menores
sem cobrar deles o trânsito (explico o que é trânsito no final, para quem
ainda não conhece o termo). Por exemplo aqui no Nordeste um cliente da
Embratel em João Pessoa para acessar um cliente Telemar (ADSL) na mesma cidade
geralmente passeia bastante, indo até Recife, as vezes Salvador, Rio de
Janeiro ou mesmo São Paulo para trocar tráfego com o outro backbone e vir
pela rede do mesmo até o cliente destino.
E a volta sofre do mesmo problema.
Os usuários de Internet nem imaginam que isso acontece, é bom frisar, mas pode
ser facilmente verificado através do TRACEROUTE (Iniciar, executar, cmd,
tracert nos Windows), que mostra algumas informações incompreensíveis para
leigos mas entre elas o endereço IP (e nome, quando existe) de cada roteador
por onde o pacote passa enquanto caminha pela Internet.
Por que os backbones não tem interconexão em mais locais? Porque manter mais
pontos de troca de tráfego pressupõe maior gerência de rede, custo de portas
de interconexão (físicas), e tira poder de fogo do fornecedor de backbone em
forçar os menores a pagarem trânsito consigo: Por que um provedor de serviços
de internet pagaria caro por link da tele se pode trocar tráfego sem pagar
nada ou pagando pouco, localmente?
Portanto, a "culpa" quando há uma queda de link é da operadora, que centraliza
para economizar custos ganhando pela escala ao invés de fazer rotas
redundantes para minimizar possíveis problemas. E quem precisa de mais
resistência se vê obrigado a manter 2 (as vezes mais) fornecedores de Internet
para que a queda do principal não interrompa completamente sua comunicação.
Os PTTs (Pontos de Troca de Trafego) que a RNP tem (muito timidamente, IMHO)
criado são um esforço para contrabalançar esse interesse privado das teles
face ao interesse público de melhor funcionamento da Internet. Com mais PTTs,
no caso de uma queda, os caminhos alternativos automaticamente surgiriam e a
comunicação fluiria, um pouco mais lenta talvez, mas não interromperia de
todo.
Por sinal acho que cabe dizer aqui que o pessoal da Abranet, na Presidência do
Eduardo Parajós, quer replicar a experiência de PTTs nas demais regiões, onde
qualquer um que chegue com meios próprios possa trocar tráfego com os outros e
com isso diminuir a dependência de um backbone para que sua Internet funcione.
Um sonho para os provedores independentes.
Eu acho essa idéia louvável e deveria ter mais apoio, mas está sofrendo,
digamos, "resistência" por parte das teles em vender os links (sem IP) de São
Paulo até cada local em preços acessiveis. Algo como ofertar por R$3 mil um
mega de MPLS quando o preço de um link de um mega com a própria tele custa na
faixa R$179, por exemplo. As grandes redes de dados (tirando a da Eletronet)
já estão nas mãos das teles (por ex. a Rede Pegasus comprada pela Oi, a Geodex
comprada pela GVT etc.), o que limita bastante a oferta de fibras para
cobrir nosso gigantesco pais (essa é a seara do Rogério *risos*)
Aqui com meus botões eu me pergunto se a rede "gigaflops" da RNP (mapa no
endereço abaixo), que tem bastante ociosidade nos links principais, não
poderia "hospedar" essa troca de tráfego entre os core routers (no sp.ptt.br)
em São Paulo e os provedores independentes nas diversas capitais, já que se
depender das teles isso não sairá do papel nunca...
http://www.rnp.
[]s,
!3runo Cabral
* Trânsito é tráfego internet com o mundo exterior. É diferente de peering
pois neste caso este se apresenta como troca apenas com endereços dentro das
respectivas redes. Por ex. se eu sou cliente da Embratel faço peering com
todos os clientes dela (sem mudar de backbone, embora ela cobre por isso).
Para atingir clientes conectados em outros backbones, como da BrT por exemplo,
ou mesmo internacionais, precisaria comprar trânsito. Conectado a um PTT o
provedor não pagaria o peering, o que diminui sua conta e com isso possibilita
menores preços e mais oferta de serviços aos seus usuários.
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