BLOCO
Blog dos Coordenadores ou Blog Comunitário
da
ComUnidade
WirelessBrasil
Julho 2008
Índice Geral do
BLOCO
O conteúdo do BLOCO tem
forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão
Celld-group
e
WirelessBR.
Participe!
12/07/08
• Como funciona a Internet (14): Telefonica e "apagão"- Silvio Meira:" Parou por quê? [O dominó de Sorocaba]"
O "Serviço ComUnitário" está acompanhando os
"ecos" e as providências referentes ao recente "apagão" da Telefônica.
E, no processo, buscando mais conhecimentos técnicos sobra a
infra-estrutura da Internet.
Antes, mais um agradecimento "genérico". :-)
Creio que posso falar em nome de todos os participantes.
Obrigado a todos os debatedores pela disposição em opinar e
compartilhar conhecimentos.
Estou nos Grupos há 8 anos e este certamente é um dos ótimos momentos da
convivência comunitária.
01.
O nosso Julião Braga citou Silvio Meira
na sua mensagem.
Sílvio Meira
dispensa apresentações mas, por via das dúvidas, lá vai: é Professor
Titular de Engenharia de Software do Centro de Informática da
Universidade Federal de Pernambuco em Recife, cientista-chefe do Centro
de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R)
e engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Mais abaixo está a matéria do Sílvio cujo
blog
agora está no "Terra".
O charme dos seus textos, além do excelente conteúdo, é não usar
maiúsculas (certamente está treinando para Saramago, que não usa
pontuação...) :-)
Na medida em que lia o "post" tentei fazer algumas correções para
facilitar a leitura dos não-iniciados no Meira. :-)
02.
É bom saber que estamos todos sintonizados.
Recortes do "Silvio":
(...)
Este blog defende a tese
de que a internet está se tornando uma infra-estrutura tão essencial
para a sociedade como a eletricidade; e informática [incluindo
internet] deve ser, para o usuário final, tão simples e tão confiável
como eletricidade.
Claro que há muita complexidade até a eletricidade chegar à minha casa
mas, para mim [e todos nós], todos os problemas ficam escondidos atrás
da tomada.
a coisa existe, e é muito simples de usar, ou não existe. não há meio
termo. a isso eu dou o nome de informaticidade [veja
uma definição aqui].
(...)
(...)
Em querer sugerir que
apareça um operador nacional do sistema [de internet], como há um ONS
para energia, pode ter passado a hora dos grandes provedores se
articularem para interligar suas redes e dar-lhes, e a nós todos, um
grau de redundância e qualidade de serviço bem maior do que temos
hoje. (...)
Eu gosto de pensar, pretensiosamente, que
tenho um longo histórico de equilíbrio e ponderação e pretendo não
estar exagerando ao dizer que "Internet" hoje é tema de segurança
pública e nacional.
03.
Estamos procurando conhecer a estrutura da
Internet no Brasil.
E, agora que já temos uma idéia do que é MPLS, continuamos aguardando as
explicações técnicas da Telefônica.
Como lembrou o Julião, o grande ausente das
explicações do "incidente" é o CGI.br: o "apagão" por lá é mais sério
que o da Telefonica... :-)
Sobre o
CGI.BR:
O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br)
foi criado pela Portaria Interministerial nº 147, de 31 de maio de 1995 e
alterada pelo Decreto Presidencial nº 4.829, de 3 de setembro de 2003, para
coordenar e integrar todas as iniciativas de serviços Internet no país,
promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços
ofertados.
Para tornar efetiva a
participação da Sociedade nas decisões envolvendo a implantação,
administração e uso da Internet, o Ministério das Comunicações e o
Ministério da Ciência e Tecnologia constituíram, de forma conjunta, o Comitê
Gestor da Internet, em maio de 1995.
Composto por membros do
governo, do setor empresarial, do terceiro setor e da comunidade acadêmica,
o CGI.br representa um modelo de governança na Internet pioneiro, com base
nos princípios de multilateralidade, transparência e democracia.
Após a matéria do Silvio, transcrevo a
relação dos integrantes do CGI.br. Estão todos convidados a se
manifestar!
Quem conhecer e puder intermediar, agradecemos!
-----------------------------------------------
Tinha que acontecer em São Paulo. Ou tinha que
ser notado em São Paulo, porque partes da internet apagam o tempo todo, em
estados e cidades menos votadas [e menos conectadas], e não chegam no
noticiário nacional. Por quase dois dias [ou mais, dependendo de onde você
está]
A internet do estado e da cidade mais rica e
conectada do país entrou em colapso. Mas colapso mesmo. e isso aconteceu,
vale a pena lembrar, com uma rede cuja proposta original [da década de 60]
era resistir a ataques nucleares. Ou seja, mesmo que alguém detonasse
[literalmente!] uma boa parte da infra-estrutura, a rede, pensada e
construida para ser resiliente, deveria resistir ao ataque e continuar viva.
Com uma performance menor, certamente, mas fazendo o que tinha que fazer.
Como é que são paulo entrou em colapso? Em suma, parou por quê?
Prá começar, acho que devemos dar crédito à
operadora; segundo a versão oficial, um roteador [em sorocaba] detonou a
rede inteira.
Não há nenhuma razão para a telefônica esconder a verdade, principalmente
estando sob o escrutínio da sociedade inteira, do procon à anatel, passando
pelo minicom e ministério público.
Mentir agora significa transformar um problema
muito grande no presente em outro, gigantesco e inadministrável, no futuro.
até porque a telefônica pode ter sido a vítima, e não o causador do
problema.
Segundo seu presidente, é … "muito difícil" que o problema tenha sido
provocado por sabotagem ou ataque externo de hackers, mas não descartou a
possibilidade.
Isso já aconteceu antes, nos estados unidos, na índia, no resto do mundo. E
companhias que dependem só da web para existir, como a amazon, vez por outra
desaparecem. a causa é muito provavelmente uma combinação de problemas de
infra-estrutura, software, fatores humanos e… azar.
Para resistir a problemas em algumas de suas
partes, a rede tem que ser redundante.
não completamente redundante, porque o custo seria alto demais e, por
conseguinte, pagaríamos um preço alto demais para ter uma maior garantia de
serviço.
Mas a rede [qualquer rede do tipo internet]
teria -tem- que ter infra-estrutura em quantidade e qualidade suficiente
para garantir que a queda de um roteador [a coisa que decide que caminhos
usar para conectar agentes, como eu e você ou o servidor do meu blog e seu
browser] não derrube a rede inteira.
O acidente com o roteador de sorocaba, que
parece ter causado um efeito dominó, pode ser uma indicação de que não havia
redundância suficiente, na rede física que provê internet para o estado de
são paulo, para garantir a continuidade do serviço em certas condições de
pane.
Mas a causa pode não ser tão simples assim: em
2001 e 2003, parte considerável da rede mundial entrou em colapso por causa
de um worm, um tipo de programa de computador que se espalha rapidamente e
causa, principalmente, o aumento da ocupação dos servidores, roteadores e
das conexões da rede, levando todo o sistema ao limite. e isso aconteceu
logo depois de um grupo de pesquisadores ter alertado sobre o aumento da
centralização da rede e dos riscos que isso representava para o sistema como
um todo.
A rede comercial, segundo o estudo, estava se
desviando dos princípios fundamentais da internet, que se pautava
principalmente pela redundância e por protocolos que não garantiam a entrega
da informação enviada ou solicitada, mas faziam o possível para tal
[protocolos best effort ].
Os protocolos da internet ainda são best effort; mas a rede, principalmente
a rede privada, se centraliza cada vez mais, trocando resiliência por
economia de escala e menores custos [e maiores margens].
Resultado? Se a rede da telefônica fosse mais
fiel aos princípios originais de desenho da internet, sorocaba não teria
derrubado são paulo inteiro, e por quase dois dias, tirado todo mundo do ar.
Como não é, deu no que deu. culpa da telefônica? provavelmente não, porque
todas as redes de todos os grandes provedores estão montadas da mesma forma…
Este blog defende a tese de que a internet está
se tornando uma infra-estrutura tão essencial para a sociedade como a
eletricidade; e informática [incluindo internet] deve ser, para o usuário
final, tão simples e tão confiável como eletricidade.
Claro que há muita complexidade até a eletricidade chegar à minha casa mas,
para mim [e todos nós], todos os problemas ficam escondidos atrás da tomada.
a coisa existe, e é muito simples de usar, ou não existe. não há meio termo.
a isso eu dou o nome de informaticidade [veja
uma definição aqui].
Essa tal de informaticidade [que inclui a
internet], tem que ser tratada, pelos provedores e pelos reguladores, como
se trata eletricidade.
Não que vá haver uma burocracia para se usar a internet [e outras coisas de
informática]; isso ninguém quer. Mas é preciso chegar mais perto de quem
provê a infra-estrutura da qual todos passamos a depender, do hospital à
escola, da balada ao banco, e trabalhar, com todos os envolvidos, para
aumentar as garantias de que a rede não vai nos faltar.
Em querer sugerir que apareça um operador
nacional do sistema [de internet], como há um ONS para energia, pode ter
passado a hora dos grandes provedores se articularem para interligar suas
redes e dar-lhes, e a nós todos, um grau de redundância e qualidade de
serviço bem maior do que temos hoje.
E eu estivesse nas teles, estaria correndo atrás
disso há algum tempo, com urgência e foco.
e por uma razão simples: num país de tradição imperial e autoritária como o
nosso, se rolar mais uns dois dominós destes, é capaz do congresso aprovar
uma regulação maluca para o provimento de serviço internet, por cima da
anatel. esta, sabendo disso, pode começar ditando alguma regra pra não
sofrer um drible da vaca dos senhores parlamentares. e alguma coisa já deve
estar na cabeça do comitê gestor da internet, o cgi.BR, que, até pra não
ficar soterrado pela derrocada dos dominós, pode também tomar alguma
iniciativa.
Para todos os efeitos, passado o barulho do
dominó de sorocaba, seria bom que sua conseqüência fosse uma ampla melhoria
na infra-estrutura de rede do país, causada principalmente por uma maior e
há muito necessária articulação entre as grandes redes, sem esquecer do
suporte aos pequenos provedores, que são os únicos que chegam a muitos
pequenos e escondidos lugares do nosso mapa.
--------------------------
Ministério da Ciência e Tecnologia:
AUGUSTO CESAR GADELHA VIEIRA (coordenador), titular;
ANTENOR CESAR VANDERLEI CORRÊA, suplente;
Casa Civil da Presidência da República:
RENATO DA SILVEIRA MARTINI, titular,
EDGARD LEONARDO PICCINO, suplente;
Ministério das Comunicações:
MARCELO BECHARA DE SOUZA HOBAIKA, titular;
JEFERSON FUED NACIF, suplente;
Ministério da Defesa:
MARCELO ANDRADE DE MELO HENRIQUES, titular;
EWALDO JOSÉ ROETTGER, suplente;
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior:
JAIRO KLEPACZ, titular;
MANUEL FERNANDO LOUSADA SOARES, suplente;
Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão:
ROGÉRIO SANTANNA DOS SANTOS, titular;
RODRIGO ORTIZ D'AVILA ASSUMPÇÃO, suplente;
Agência Nacional de Telecomunicações:
PLÍNIO DE AGUIAR JUNIOR, titular;
JOSÉ ALEXANDRE NOVAES BICALHO, suplente;
Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico:
JOSÉ ROBERTO DRUGOWICH DE FELÍCIO, titular;
GERALDO SORTE, suplente;
Conselho Nacional de Secretários Estaduais
para Assuntos de Ciência e Tecnologia:
ALEXANDRE AGUIAR CARDOSO, titular;
ALBERTO DUQUE PORTUGAL, suplente.
Representante de notório saber em assunto da
Internet:
DEMI GETSCHKO
Representantes do setor empresarial:
a) provedores de acesso e conteúdo da
Internet:
JAIME BARREIRO WAGNER, titular e
ANTONIO ALBERTO VALENTE TAVARES, suplente.
b) provedores de infra-estrutura de
telecomunicações:
ALEXANDRE ANNENBERG NETTO, titular e
ERCIO ALBERTO ZILLI, suplente.
c) indústria de bens de informática, de bens
de telecomunicações e de software:
HENRIQUE FAULHABER, titular e
JOSÉ CARLOS LOURENÇO REGO, suplente.
d) setor empresarial usuário:
NIVALDO CLETO, titular e
CASSIO JORDÃO MOTTA VECCHIATTI, suplente
Representantes do terceiro setor:
MARIO LUIS TEZA, titular;
CARLOS ALBERTO AFONSO, titular:
GUSTAVO GINDRE MONTEIRO SOARES, titular;
MARCELO FERNANDES COSTA, titular;
EVERTON DOS SANTOS RODRIGUES, suplente;
JAMES GÖRGEN, suplente;
ANA MARIA DRUMMOND CHICARINO, suplente; e
MARIA DO AMPARO ARAÚJO, suplente.
Representantes da comunidade científica e
tecnológica:
NELSON SIMÕES DA SILVA, titular;
LISANDRO ZAMBENEDETTI GRANVILLE, titular;
FLÁVIO RECH WAGNER, titular;
OMAR KAMINSKI, suplente; e
TÚLIO LIMA VIANNA, suplente
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