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Junho 2008
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18/06/08• Fusão Oi/BrT e PGO
(11) - Editorial do Estadão: "Loteamento de Agências"
Repito uma velha ladainha e respondo à uma
nova pergunta chegada em "pvt": não fazemos política partidária na
ComUnidade.
Mas somos críticos em relação aos governos de plantão.
Gostamos de acompanhar e fiscalizar projetos
para "ajudar a dar certo".
No entanto, as "fronteiras" ficam difíceis quando o governo, numa
aberração institucional, se confunde com um partido político.
Nem precisaria, mas lembro que a ANATEL é o órgão que regulamenta nosso
mercado de trabalho: criticar e fiscalizar é preciso!
Por que estou preocupado se estou aposentado? Porque tenho amigos,
parentes, filhos, netos...
Que Brasil é esse que estamos deixando para as próximas gerações?
Nas mensagens anteriores registramos este
trecho de "post" do blog da jornalista Miriam Leitão:
(...) A agência reguladora é um órgão de Estado, e
não do governo. A idéia é que seja um organismo independente de todas as
pressões. Defende o mercado da ingerência indevida do governo; defende a
sociedade das distorções criadas pelo mercado; defende as empresas
participantes do abuso de poder de mercado de empresas dominantes. (...)
Hoje o Estadão aborda o mesmo tema em seu
Editorial, com ênfase na Anatel.
Na próxima mensagem a advogada e participante
Flávia Lefèvre indica o artigo, também do Estadão:
Amigos,
compadres e negócios".
E pergunta:
"Qual ou quais serão os compadres no segmento das telecomunicacões?"
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O governo petista cumpre o seu programa: em
breve não restará no Brasil uma única agência reguladora digna desse nome.
Uma a uma, todas vêm sendo submetidas ao loteamento de cargos e ao
aparelhamento, como todo o resto da administração pública federal. Agora
chegou a vez do PMDB, que será favorecido com a próxima nomeação para uma
diretoria da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Ao chegar ao
governo, em 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva queixou-se de ser o
último a saber das decisões tomadas por diretores de agências. Demonstrando
não entender a diferença entre órgão de governo e órgão de Estado, chegou a
reclamar de uma “terceirização” de funções e poderes governamentais. Não
havia nenhuma terceirização. Mas tem havido, nos últimos anos, um evidente e
escandaloso processo de nomeações orientadas por critérios exclusivamente
políticos, no sentido mais ignóbil dessa expressão.
Com a escolha de pessoa indicada pelos senadores
José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (PMDB-AL), a Anatel terá preenchidas
cinco diretorias, número necessário para a votação do novo Plano Geral de
Outorgas (PGO), tornado necessário para a regularização da compra da Brasil
Telecom pela Oi - antiga Telemar, do Grupo Jereissati. Os dois peemedebistas
defendem a nomeação de uma assessora especial da presidência do Senado,
Emília Ribeiro. Formada em administração e direito, foi nomeada em 2006 para
o Conselho Consultivo da Anatel e daí decorre toda a sua experiência no
setor de telecomunicações.
O episódio é especialmente instrutivo para quem
pretenda estudar os estilos de ação desse governo. Durante sete meses ficou
vago o assento do quinto diretor da Anatel, enquanto se discutia uma
indicação política.
Tudo se passou, nesse tempo, como se a agência
não fosse mais que um apêndice do Executivo, sujeito às disputas e ao
toma-lá-dá-cá das conveniências político-eleitorais. Isso é a negação mais
elementar do conceito de agência reguladora. Além disso, quem for nomeado
assumirá o posto com a missão de regularizar uma operação realizada com
estímulo do governo e sob sua proteção. Seu papel, portanto, será cumprir
ordens de um ministro ou de quem estiver acompanhando o caso da compra da
Brasil Telecom.
O loteamento, segundo reportagem do Estado, foi
resolvido já no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Com base no acordo, a diretoria vaga há sete meses deve caber ao PMDB. A
próxima vaga será aberta em novembro e pertencerá, em princípio, à cota do
PT. No Brasil, partidos, grupos e políticos influentes têm cotas na
administração: essa é a concepção dominante de coisa pública. O nome cotado
é o professor Márcio Wohlers, indicado pelo presidente do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social, Luciano Coutinho, articulador da compra
da Brasil Telecom.
Para a opinião pública, o caso mais ostensivo de
loteamento e aparelhamento de uma agência foi o da Anac, responsável pela
definição de normas para a aviação civil. Dois dos mais graves acidentes da
história da aviação brasileira, com centenas de mortos, chamaram a atenção
para um quadro espantoso de incompetência. A sucessão de tragédias acabou
resultando no afastamento de toda uma diretoria. Os desmandos facilitados
pela relação promíscua entre Executivo e agência continuam, no entanto,
aparecendo, com as denúncias sobre a articulação da venda da Varig.
A desmoralização da Agência Nacional do Petróleo
(ANP) começou com a nomeação de um presidente escolhido com base em critério
político e ideológico. O resultado mais ostensivo dessa escolha foi a
desastrada revelação da descoberta do Campo de Tupi.
Desde o início do primeiro mandato, o governo do
presidente Lula vem trabalhando para destruir o sistema de agências
reguladoras. Agências desse tipo, existentes em países desenvolvidos, são
órgãos de Estado, não de governo. Devem funcionar com independência
política, proporcionando estabilidade e previsibilidade às condições de
investimento em setores básicos, como energia, transportes e
telecomunicações. O presidente Lula e seus principais auxiliares nunca
aceitaram essa concepção, assim como jamais aceitaram os critérios de
impessoalidade e competência na gestão pública.
[Procure "posts"
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