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Maio 2008
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forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão
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WirelessBR.
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18/05/08
•
BACKHAUL E PGMU (06) - "Abrafix diz que reversibilidade da
rede de dados é polêmica"
----- Original Message -----
From: Helio Rosa
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br ; wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Cc: Flávia Lefèvre ; tele171@yahoo.com.br ; lia@momentoeditorial.com.br ;
miriam@momentoeditorial.com.br ; mariana.mazza@convergecom.com.br
Sent: Sunday, May 18, 2008 6:19 PM
Subject: BACKHAUL E PGMU (06) - "Abrafix diz que reversibilidade da rede de
dados é polêmica"
Olá,
ComUnidade
WirelessBRASIL!
01.
Este é o "Serviço ComUnitário" sobre o Decreto Presidencial 6424
que determina uma mudança nos contratos de concessão com as
operadoras do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC). Pelas novas regras,
acordadas com as operadoras, estas deixam de estar obrigadas a instalar os
PSTs - Postos de Serviços Telefônicos (exceto no caso de cooperativas
rurais), mas passam a ter que colocar seus backhauls em todas as
sedes municipais brasileiras.
02.
No dia 01 maio nosso participante Rogério Gonçalves
postou em nossos fóruns uma mensagem informal com este Assunto: "A
maracutaia subiu no telhado..."
Rogério é diretor de Pesquisa Regulatória da ABUSAR - Associação
Brasileira dos Usuários de Acesso Rápido e a mensagem está transcrita mais
abaixo.
Faço um "recorte" como recordação:
(...) surgiram fortes evidências de uma armação nos aditamentos dos
contratos de concessão do STFC, que permitirá que as redes IP, travestidas
de "backhaul", cuja implementação será bancada integralmente
pelas tarifas públicas do STFC e pelas verbas do FUST, sejam incorporadas
ao patrimônio particular das empresas ao término das concessões.
Ou seja. Uma operação ilegal, que vai desviar bilhões de reais de dinheiro
público, está sendo praticada na maior cara-de-pau pelos nossos caciques
de telecom. (...)
03.
A nossa participante Flávia Lefèvre Guimarães é
advogada do PROTESTE e representante dos usuários no Conselho Consultivo
da ANATEL.
Esta matéria, já veiculada em nossos Grupos e novamente transcrita mais
abaixo, está centrada numa entrevista da Flávia Lefèvre à
jornalista Mariana Mazza:
Fonte: Teletime
04.
Hoje anotamos mais este texto:
Fonte: Telebrasil2008
/ Teletime Online
Um recorte:
(...) O núcleo da confusão estaria no fato de o governo ter feito
questão de colocar a criação do backhaul como uma obrigação de
universalização, onde não é negociada nenhuma contrapartida com as
empresas. Ao tomar essa decisão, misturou-se serviços públicos com
privados, contribuindo para a dupla-interpretação. (...)
--------------------------------------------------------
Fonte: Telebrasil2008 /
Teletime Online
As concessionárias de telefonia fixa, que são as maiores interessadas no
esclarecimento se o backhaul é ou não reversível à União, não têm
opinião formada sobre o caso. O presidente da Abrafix, José Fernandes
Pauletti, disse não ter conhecimento sobre a questão e, por isso, não iria
opinar sobre o assunto. Mas ponderou que, de fato, existe uma "confusão"
sobre a implantação do backhaul. Essa nova rede é hoje uma
obrigação das concessionárias e esse tipo de exigência só pode ser feita
dentro do STFC. E, pela regra geral, redes associadas ao STFC são
naturalmente reversíveis à União.
No entanto, Pauletti lembra que os serviços
prestados através do backhaul (banda larga) são em regime privado e
não público, o que pode colocar por terra a interpretação de que a rede é
claramente reversível à União. "No STFC, os bens são reversíveis, essa que é
a questão. Eu sinceramente não sei como vai ser", declarou o presidente da
Abrafix. "Acho que tem bons argumentos dos dois lados", complementou.
O núcleo da confusão estaria no fato de o
governo ter feito questão de colocar a criação do backhaul como uma
obrigação de universalização, onde não é negociada nenhuma contrapartida com
as empresas. Ao tomar essa decisão, misturou-se serviços públicos com
privados, contribuindo para a dupla-interpretação. Pauletti lembra ainda que
a proposta inicial das concessionárias era levar o backhaul até a
sede do município apenas e, dessa forma, o serviço seria prestado por outras
empresas, como por exemplo, os ISPs (provedores) locais. Mas, segundo ele, o
governo exigiu que as empresas levassem a rede até as escolas.
------------------------------
Fonte: Teletime
Aditivo aos contratos deixou de fora a
reversibilidade. Ministério diz que medida seria desnecessária
Uma nova crise implantou-se na Anatel envolvendo a troca dos Postos de
Serviços de Telecomunicações (PSTs) por backhaul, dentro do projeto do
governo de levar banda larga às escolas brasileiras. O Conselho Consultivo
da agência constatou que o Aditivo ao Contrato de Concessão do STFC que
recebeu do Conselho Diretor para análise, não confere com o que foi
assinado com as concessionárias.
A constatação já resultou em um pedido de abertura de processo contra a
agência por improbidade administrativa no Ministério Público Federal.
Ao comparar a documentação recebida em março para deliberação sobre a
troca de metas com os termos efetivamente assinados pelas concessionárias,
a conselheira Flávia Lefèvre percebeu discrepâncias.
Em resumo, constatou que o que o conselho consultivo recebeu como subsídio
para deliberar sobre a mudança no PGMU não é aquilo que a Anatel assinou
com as empresas.
Lefèvre diz que os aditivos assinados com as teles omitem umas das
cláusulas (a terceira) que existiam no texto que havia sido enviado para
relatoria do Conselho Consultivo.
Este item trata justamente da inclusão do backhaul na lista de bens
reversíveis à União.
Ou seja, sem que a questão fosse avaliada pelo Conselho Consultivo, a
Anatel mudou o termo aditivo, abrindo mão de que a nova rede que será
implantada dentro do Programa Nacional de Banda Larga seja pública,
passando assim a ser infra-estrutura privada e, por conseqüência, de uso
da concessionária do STFC como bem entenderem.
Pelo menos é este o entendimento da conselheira Flávia Lefèvre, que já
vinha se posicionando contra a troca dos PSTs pelo backhaul da forma como
isso estava sendo feito no PGMU.
Bate-boca
A interpretação tem sido rebatida pelo
Ministério das Comunicações, em um bate-boca interno no Conselho
Consultivo entre a advogada Flávia Lefèvre e o também advogado e
conselheiro, Marcelo Bechara, representante do Minicom.
Para Bechara, a omissão sobre a
reversibilidade dos bens nos contratos não teria maiores danos, uma vez
que o backhaul é entendido como uma rede de suporte ao STFC de acordo com
o decreto n.º 6.424, de 4 de abril de 2008, que promoveu a troca da meta
do PGMU. "Colocar isso no contrato seria redundante", afirmou a esta
reportagem.
Para Flávia, não é tão simples assim.
De fato o decreto define o backhaul como "infra-estrutura de rede de
suporte do STFC para conexão em banda larga, interligando as redes de
acesso ao backbone da operadora".
Mas essa infra-estrutura "para conexão em banda larga" não consta na lista
de bens reversíveis à União e o próprio decreto não cita a sua inclusão. O
anexo nº 1 dos contratos é o documento que traz esta lista de bens
reversíveis. É uma lista pequena, de seis itens.
O penúltimo item da lista cita a "infra-estrutura e equipamentos de
sistemas de suporte a operação" do STFC.
Já o último item fala de "outros indispensáveis à prestação do serviço".
Os demais itens, bem mais específicos, não deixariam margem para a
inclusão do backhaul.
Mas, na opinião da conselheira, essa nova rede não se encaixa nem mesmo
nas duas citações mais abrangentes, por não ser indispensável à prestação
da telefonia fixa e nem estar sendo construída para serviços de voz, mas
sim de dados, o que não a incluiria como "suporte ao STFC".
"Do jeito que está no contrato, sem a inclusão na lista de bens
reversíveis, a rede é das empresas. É preciso entender que o decreto cria
uma rede nova e não a coloca na lista dos bens reversíveis", argumenta a
conselheira.
"E pior: se não houver dinheiro da própria concessionária para fazer esse
backhaul, ela pode usar o Fust já que a construção dessa rede é uma meta
de universalização".
Omissão
Para além da briga sobre as conseqüências do
que entende ser um problema jurídico na assinatura dos contratos, Flávia
Lefèvre se diz indignada com a atitude da Anatel no meio dessa polêmica.
Para a conselheira, a agência omitiu deliberadamente o fato.
Na documentação recebida pelo Conselho Consultivo, o contrato incluía a
seguinte cláusula:
"Cláusula Terceira - A infra-estrutura de rede de suporte ao STFC
implantada para atendimento do compromisso referenciado na cláusula quarta
será qualificada destacadamente dentre os bens de infra-estrutura e
equipamentos de comutação e transmissão, ficando o anexo nº 1 do contrato
acrescido do item 'a.1, que passa a ter a seguinte redação: a.1)
Infra-estrutura e equipamento de suporte a compromissos de
universalização."
A Cláusula Quarta a que o texto se refere trazia o anexo com as cidades
que passaram a ser atendidas com a expansão do backhaul.
Mas o imbróglio vai ainda mais longe. De acordo com a folha de rosto da
proposta de Termo Aditivo encaminhado ao Conselho Consultivo, o texto já
inclui as alterações feitas após a consulta pública.
Assim, o entendimento é que aquela era a proposta final da agência e que,
após análise do Conselho Consultivo, nenhuma nova alteração seria feita.
Há indícios de que o contrato que chegou às mãos de Flávia Lefèvre
realmente já havia passado por uma revisão após a consulta pública.
No texto disponível no sistema de consultas públicas da agência
reguladora, a Cláusula Terceira possuía outra redação, embora o resultado
fosse o mesmo: a inclusão do backhaul na lista de bens reversíveis.
"Cláusula Terceira - O anexo nº 1 do contrato de concessão fica acrescido
do item 'g', que passa a ter a seguinte redação: 'g) Infra-estrutura e
equipamentos de suporte aos compromissos de universalização'".
Obrigatoriedade
Novamente, a controvérsia se concentra entre o
entendimento de Flávia e o do consultor jurídico do Minicom, Marcelo
Bechara.
Para Bechara, não havia a menor necessidade de a alteração contratual
passar pela análise do Conselho Consultivo.
A LGT manda que o grupo analise qualquer alteração no Plano Geral de
Outorgas, no PGMU e nos programas de implantação de políticas públicas do
governo, mas não faz citação explícita às mudanças contratuais.
Na opinião de Bechara, o envio da alteração contratual foi uma mera
liberalidade da agência e, como o documento não faz parte da lista de
questões que obrigatoriamente devem passar pelo crivo do Conselho
Consultivo, não há razão de ser nos protestos de que o aditivo foi
alterado após a análise do conselho.
Flávia pensa diferente.
Para a conselheira, a mudança do contrato faz parte do processo de
alteração do PGMU e de um conjunto de ações associadas a uma política
pública.
Assim, o documento teria que passar pelo Conselho Consultivo e, por isso,
a Anatel o enviou acertadamente.
Neste caso, haveria sim um problema no fato de a agência encaminhar um
documento diferente do que seria assinado pelas concessionárias. "Foi um
ato de má-fé enorme porque o que mandaram para mim era uma minuta
concluída após uma consulta pública, mas diferente do que foi efetivamente
assinado. Estou me sentindo vítima de um estelionato. É um escândalo",
protesta.
Justiça
Os dois vértices dessa briga podem chegar à
Justiça.
No caso do envio da documentação pela Anatel diferente do que seria
assinada, Flávia já fez uma solicitação formal para que o Ministério
Público Federal (MPF) avalie se cabe abertura de processo por improbidade
administrativa.
Já com relação às conseqüências para a sociedade de o backhaul não ser
reversível ao patrimônio da União, a conselheira ainda estuda se
contestará o caso na Justiça ou não.
Independentemente de quem tem razão na análise dos documentos, Flávia faz
um alerta: advogados das empresas muito provavelmente estão fazendo a
mesma leitura que ela. E, ao não estar explícito no contrato que o
backhaul é um bem reversível, as concessionárias, no futuro, podem se
aproveitar dessa lacuna para não repassar a rede à União. "Os advogados
das empresas são contratados para ver esse tipo de omissão. E eles estão
certos; é o trabalho deles".
Mariana Mazza - Teletime News
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