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Novembro 2008               Índice Geral do BLOCO

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25/11/08

• Telebrás e Eletronet: de novo... (08) - Rogério Santana na Telebrás - Ações sobem

----- Original Message -----
From: Helio Rosa
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br ; wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Cc: Flávia Lefèvre ; tele171@yahoo.com.br ; Ana Paula Lobo ; Cristina De Luca ; Luiz Queiroz ; Alice Ramos ; Miriam Aquino ; wanise@telecomonline.com.br ; Mariana Mazza ; Renato Cruz
Sent: Tuesday, November 25, 2008 7:08 PM
Subject: Telebrás e Eletronet: de novo...
 
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!

01.
Provérbios, "ditos populares", bordões e equivalentes são sempre curiosos e, não raro, plenos de sabedoria.
Um dos meus preferidos, pela gaiatice, é "Quanto mais eu rezo, mais me aparece assombração".  :-)

Aí estão de novo, novamente, again, mais uma vez (ops!), a Telebrás e a Eletronet.
Não dá pra não lembrar do filme "Os fantasmas se divertem".

02.
Nesta mensagem registramos que o tema "ressurreição da Telebrás" está de volta à mídia o que, salvo engano, pode provocar mais uma alta vergonhosa das ações. De novo... A conferir.

Transcrevemos também:
- um "post" do blog "Capital Digital" do jornalista Luiz Queiroz com um tópico: "O que está ocorrendo na Telebrás?";
- um "resumo comunitário": O que é a Eletronet e
- um Editorial do Estadão de janeiro: "
A recriação da Telebrás"
- coleção de "posts" anteriores.

03.
Manchete de matéria de hoje no "Convergência" com o devido "recorte":
Fonte: Convergência Digital
[25/11/08]   Rogério Santanna no Conselho de Administração da Telebrás por Luiz Queiroz

(...) Defensor do reaproveitamento do backbone da Eletronet - rede de fibras ópticas de 16 mil km, parcialmente ociosa desde que a empresa entrou em processo de falência - a presença de Santanna na Telebrás pode ser um indicativo que o Poder Executivo voltou a cogitar da idéia de aproveitar a estatal para ser a operadora nacional da grande rede de banda larga governamental para inclusão digital.(...)
 
Há um ano notícia semelhante produziu uma enorme elevação no valor das ações da Telebrás.

Mais manchete e mais recorte:
Fonte: Computerworld
[19/11/07]   CVM mantém ações da Telebrás em negociação e papéis saltam mais de 40%   Por Redação

(...) A Telebrás pediu à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que as negociações com seus papéis fossem suspensas na Bovespa. Até o momento, entretanto, o pedido não foi atendido e as ações da empresa, estatal esvaziada após a privatização das telecomunicações, vivem saltos de mais de 40% nesta segunda-feira (19/11). 
A razão da alta, que já vem acontecendo nos últimos dias, foi uma entrevista do ministro das Comunicações, Hélio Costa, ao jornal Folha de São Paulo na semana passada, onde comentou o estudo do governo para utilizar parte da infra-estrutura de fibras ópticas das estatais para uma rede de banda larga de uso público - para escolas, empresas da administração pública e bibliotecas, por exemplo. (...)

O jornalista Luiz Queiroz é um dos diretores do Portal Convergência Digital e mantém o blog "Capital Digital", sempre com um olhar critico e independente nas atividades governamentais.
Vale conferir o "post" de [16/04/08] Aos "acionistas" da Telebrás:
Um recortão imperdível:

(...) O que está ocorrendo na Telebrás?
Nada. Absolutamente nada. A não ser "pirotecnia política", misturada com irresponsabilidade no trato da chamada "coisa pública. No final do ano passado, em novembro, durante algumas reuniões de cúpula em que se estudava o programa de inclusão digital nas escolas, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, propôs a reativação da Telebrás para torná-la "gestora da rede de banda larga", que seria negociada com as Teles em troca dos Postos de Serviço Telefônicos.

A idéia, até onde se pode apurar não vingou naquela hora, mas o assunto ficou em suspenso, meio escanteado como tantas outras "grandes idéias", que surgiram ao longo do caminho. Ficou engavetada da mesma forma que a proposta de uso da Telebrás para assumir o controle da Eletronet, que meteria a mão no dinheiro do fundo dos funcionários da estatal - em processo de extinção - para pagamento de dívidas no mercado desta empresa vinculada ao setor elétrico. Pareceres jurídicos desaconselharam a aventura. Da mesma forma que o Serpro se negou a fechar um acordo temerário para assumir essa rede de banda larga encostada na Eletrobrás.

Mas ainda em novembro, Hélio Costa, mesmo sabendo que sua proposta ainda carecia de credibilidade e viabilidade junto à cúpula que estudava a inclusão digital no governo, resolveu usar a imprensa para empurrar o assunto para a frente. Anunciou aos quatro cantos que a Telebrás seria a gestora da rede. A Folha de S.Paulo publicou o assunto, assim como, o portal Telesíntese, entre outros veículos de comunicação.

Isso provocou em apenas dois dias de movimentação na Bovespa, um salto de 570% no valor das ações da Telebrás, segundo o jornal O Globo:

"De uma média diária de nove negócios até a última terça-feira - em dias movimentados chegou a registrar 25 operações -, os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) tiveram nada menos do que 883 negócios na quarta-feira e 3.001 ontem. A mudança ocorreu depois de o ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmar, na última terça-feira, que o governo federal pretende usar a empresa para implantar a banda larga (acesso em alta velocidade à Internet) em grande parte do território nacional. Analistas criticaram a realização de anúncios ou declarações por parte do governo sobre empresas de capital aberto com o pregão em andamento e sem a divulgação de um fato relevante", escreveu o jornal carioca em novembro do ano passado. 

O volume financeiro movimentado passou de R$ 202,416 mil, para R$ 12,974 milhões entre os dias 13 e 16 de novembro de 2007. Ou seja, a declaração do ministro Hélio Costa provocou, por si só um fato relevante sobre a Telebrás, que nunca existiu ou foi encaminhado pelo governo à CVM ou à Bovespa. Da condição de empresa em processo de extinção, a Telebrás virou a grande estrela do mercado do dia para a noite e num momento em que se preparava para fechar o seu balanço de 2007.
 
Queda livre
O tempo foi passando, o governo foi concluindo seu programa de inclusão digital e a Telebrás simplesmente foi sendo omitida nas discussões sobre a gestão da rede pelo ministro. Até ficar evidente que a Telebrás não seria a gestora, durante o lançamento do programa no Palácio do Planalto de banda larga nas escolas, na semana passada.

O portal Convergência Digital decidiu, então, indagar do ministro o que havia acontecido para a Telebrás não ser anunciada como gestora dessa gigantesca rede que atenderá mais de 56 mil escolas. Hélio Costa disse que, neste momento, a rede seria gerida na parte técnica pelo Ministério das Comunicações e, na parte educacional, pelo MEC.

O portal insistiu na pergunta: O governo abandonou a idéia de usar a Telebrás? o ministro respondeu:

Em princípio, neste momento, nós não conseguimos viabilizar ainda a Telebrás, como uma empresa viável para poder fazer a gestão deste empreendimento. Mas isso não quer dizer que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), eventualmente não venha novamente a nos sugerir essa possibilidade".

Por que não a Telebrás?
Não há nada que impeça realmente o governo, se desejar, tirar a Telebrás da condição de empresa em processo de extinção e reativá-la no mercado. A única questão neste caso é financeira. O que pode ter contribuído para a exclusão da idéia de deixar com a Telebrás a gestão dessa rede é a real situação financeira em que se encontra a empresa.

Balanço maquiado
No dia 18 de março, o portal Convergência Digital avaliou a situação da empresa através de seu balanço consolidado em 31 de dezembro de 2007. Publicado no Diário Oficial da União, o balanço continha a manifestação de uma auditoria independente, a KPMG. Pelos dados apresentados por esta empresa, ficou claro que o balanço da Telebrás estava maquiado, mostrava uma realidade financeira que não existe dentro da empresa estatal e que pode levá-la à falência a qualquer momento.

"Não é comigo..."
O Ilustríssimo presidente da Telebrás, Jorge da Motta e Silva, mandou a CVM procurar o portal Convergência Digital para maiores esclarecimentos sobre "possível" declaração do ministro Hélio Costa, como se não soubesse a real situação em que se encontra a empresa. Não há problema, se a CVM desejar, dispomos de gravação para comprovar a informação.

É com o senhor sim...
Mas este veículo de comunicação, por sua vez, também sugere ao presidente da Telebrás, que explique a "mágica" feita com o balanço da empresa, na qual advogados fazem um verdadeiro "exercício de futurologia" sobre resultados de ações judiciais que correm contra a Telebrás. Classificaram-nas em dois grupos:
1) De "Alto Risco" e passíveis de provisionamento de recursos para pagamento de sentenças e
2) De "baixo risco" sem necessidade de eventual provisionamento de fundos. Ou seja, se algum advogado errar em suas previsões, a empresa não terá como saldar o compromisso.

Isto até levou a KPMG à seguinte conclusão em seu relatório: A Telebrás apresenta patrimônio liquido negativo e obrigações superiores aos valores de seus ativos. "Essa situação, conjugada com o assunto mencionado no parágrafo anterior (pendências judiciais), resultará na incapacidade de a Companhia honrar seus compromissos e, consequentemente, continuar suas atividades, caso não seja efetuado um aporte de capital".

Aparentemente esse aporte veio no ano passado na forma de uma Medida Provisória e chega a R$ 200 milhões, mas ainda encontra-se encalhado no Congresso Nacional. Mas não ficou claro no balanço, se esse volume de recursos cobriria o rombo que efetivamente está maquiado dentro da empresa. Com a palavra, o senhor Jorge da Motta e Silva.

De resto...
Aos investidores insatisfeitos tanto eu quanto o portal Convergência Digital lamentamos, mas não estamos preocupados com a situação de vocês. Quem lucrou com as ações da Telebrás no final do ano passado e, agora parece estar acumulando perdas com esses papéis, sabe o risco que correu quando tomou a decisão de adquiri-los na Bovespa.
 

04.
Resumo ComUnitário:

O que é a Eletronet.

Eletronet é uma empresa que foi criada entre 1999 e 2000 para vender serviços de transmissão de dados em alta velocidade.
Possui 16 000 quilômetros de fibras ópticas do sistema de transmissão de energia elétrica das estatais do grupo Eletrobrás (Chesf, Eletronorte, Furnas e Eletrosul) e encontra-se em situação falimentar. A rede atravessa 18 estados, mas só chega até a periferia das grandes cidades.
 
Nova Estatal: Infovias do Brasil
Uma nova estatal de telecomunicações está em gestação no governo federal. A iniciativa é capitaneada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que batizou o projeto de Infovias do Brasil.
Para materializar o projeto, o governo pretende assumir a rede de cabos de fibra óptica da Eletronet.
A empresa que tem como sócias a mutinacional AES, com 51% do capital, e a Eletrobrás, com 49%.
Desde 2003 a Eletronet está em estado letárgico e sua pouca atividade -- serviços para estatais de energia elétrica e algumas empresas privadas -- é administrada por um síndico nomeado pela Justiça.
A massa falida tem dívidas de 600 milhões de reais, dos quais 70% com as fabricantes de equipamentos Furukawa e Alcatel-Lucent.
O governo estuda agora comprar os créditos dos fornecedores por 134 milhões de reais, um deságio de 80%, e depois tornar a Eletronet subsidiária de uma estatal já existente ou criar uma nova empresa. 
Apesar da falência, no entanto, a joint venture ainda continua a prestar serviços pontuais para alguns órgãos e empresas. A idéia do governo seria reativar a companhia  - em projeto liderado pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação -, especialmente para levar adiante projetos de inclusão digital.
 
Polêmica
Um executivo no comando de uma das concessionárias de telefonia (que não quis ser identificado) disse ao Valor Econômico que acha qualquer processo de reestatização muito ruim, mesmo se a causa for pela educação.
Para ele, a operação sinaliza uma ação parecida com as da Venezuela, de Hugo Chávez e da Bolívia, de Evo Morales que  estatizaram operadoras de telefonia.
(...) A proposta em análise pelo governo de recuperar a falida Eletronet e fazer da sua rede uma infra-estrutura particular de uso único e exclusivo do próprio governo encontra críticos mesmo entre os parlamentares do partido do presidente, o dos Trabalhadores (PT). O deputado federal Walter Pinheiro (PT-BA), por exemplo, afirmou, ao participar do 51º Painel Telebrasil, em Costa do Sauípe (BA), que não tem medo de declarar sua posição sobre essa idéia: "Não concordo. A que custo isso vai ser feito? Essa rede não tem agilidade nem capilaridade. O que é preciso fazer é combinar essa rede com a infra-estrutura que já temos no País", disse ele, citando as redes das companhias privadas.
"Vale a pena o governo despender 150 milhões a 170 milhões de reais por esse backbone?", questionou o deputado. "Não acho que o governo deve ter a sua própria estrutura e desprezar a que já existe no País", completou. (...)

Boa leitura!

Um abraço cordial
Helio Rosa
 
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Fonte: Convergência Digital
[25/11/08]   Rogério Santanna no Conselho de Administração da Telebrás por Luiz Queiroz
 
O Secretário de Logística e Tecnologia da Informação, Rogério Santanna, assumirá vaga destinada ao Ministério do Planejamento, no Conselho de Administração da Telebrás. A decisão já foi discutida no dia 28 de outubro na 320ª Reunição Ordinária deste Conselho. Santana ocupará vaga deixada por Luiz Awazu Pereira da Silva.
 
Defensor do reaproveitamento do backbone da Eletronet - rede de fibras ópticas de 16 mil km, parcialmente ociosa desde que a empresa entrou em processo de falência - a presença de Santanna na Telebrás pode ser um indicativo que o Poder Executivo voltou a cogitar da idéia de aproveitar a estatal para ser a operadora nacional da grande rede de banda larga governamental para inclusão digital.
 
O governo tem três opções possíveis para reaproveitar a Telebrás e retirá-la da condição de estatal em extinção, processo que já dura quase 10 anos.
Primeiro, seria ela assumir o controle da Eletronet. No Judiciário do Rio de Janeiro, os advogados do governo vêm conseguindo o controle dos ativos da Eletronet, numa briga contra os credores privados. É questão de prazo apenas para a rede da Eletronet passar definitivamente para as mãos governamentais.
 
Neste caso, a Telebrás pode ser a gestora da rede, ficando com a incumbência de reativá-la para colocar em operação o projeto de inclusão digital do governo antes de 2010.
Caberia à Telebrar conduzir a compra de equipamentos que serão necessários não apenas para renovar a parte de roteamento da rede, mas também para baixar a sua "hierarquia".
A Rede da Eletronet, em termos leigos, trafega numa velocidade muito alta para servir à última milha, no provimento do acesso à Internet. A Anatel tinha um cálculo de cerca de R$ 1 bilhão somente para se realizar tais procedimentos.
 
"Backhaul"
Depois de naufragada a tentativa das teles de retirar do texto do Plano Geral de Outorgas a exigência de se montar o backhaul que servirá para levar a banda larga aos municípios brasileiros, as empresas de telefonia serão obrigadas a iniciar o processo de "montagem" desta nova rede.
Neste caso, a Telebrás pode tornar-se a Operadora Nacional da Rede de Banda Larga.
Sua missão seria gerenciar o andamento da rede, fiscalizar as empresas e, no futuro, negociar com as teles móveis o acesso à Internet nas áreas rurais desses municípios, já que o Backhaul só chega até a entrada das cidades no interior e nos grandes centros do País.
 
O terceiro caso seria bem simples.
A Telebrás tomaria conta das duas redes, e o governo poderia até negociar com a teles delas reaproveitarem as fibas ópticas da Eletronet já instaladas mas ociosas, pois necessitam de uma renovação nos equipamentos para roteamento da rede, além de baixar sua hierarquia, na última milha.
 
Procurado ontem para falar do assunto, o Secretário Rogério Santanna limitou-se a dar a explicação técnica de que está apenas ocupando uma vaga que o Ministério do Planejamento tem em todas as estatais federais. Preferiu não falar sobre os rumos da Telebrás nesse contexto de reativação para tornar-se operadora da rede de banda larga de inclusão digital do governo.
 
Mas Santanna não escondeu que apreciaria muito ver a Eletronet funcionando novamente, devido ao porte da rede e os ganhos que o governo teria não apenas na inclusão digital, mas até mesmo no tráfego de suas informações do Sul até o Nordeste do País (apenas a Região Norte não tem cobertura dessa rede).
 
Para quem acabou de fazer uma mega licitação de telefonia fixa para 80 órgãos federais, que deverá gerar uma economia estimada por baixo de R$ 10,5 milhões, com a concentração em apenas uma operadora - a espelho Global Village Telecom (GVT) - os serviços na telefonia fixa local e DDD, ter uma única rede de banda larga não seria uma mera especulação.
 
Santanna acabou com a hegemonia ou "monopólio" da Brasil Telecom no Governo Federal, deixando-a apenas com as ligações Interurbanas Internacionais. Mesmo assim, as ligações para os Estados Unidos e o Canadá ficarão nas mãos da empresa-espelho, que até agora não conseguia espaço no mercado corporartivo governamental.

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Fonte: Estadão - Editorial
[07/01/08]   A recriação da Telebrás
 
O governo Lula quer reativar a Telebrás - antiga empresa holding das 27 operadoras do sistema estatal de telecomunicações que foram privatizadas a partir de 1998 - para promover a inclusão digital e a universalização da banda larga. Na realidade, a empresa só não foi extinta porque ainda tem 293 funcionários cedidos à Anatel e responde a várias ações judiciais. Numa delas, movida por uma empresa cujo capital era de apenas R$ 1.000, a Telebrás foi condenada a pagar uma indenização de mais de R$ 274 milhões, sem que o governo tenha recorrido da decisão.
 
Há vários ângulos para se analisar o projeto de recriação da Telebrás. Um deles é o do modelo institucional em vigor, que resultou de duas decisões bem fundamentadas do Congresso. A primeira, quando aprovou a Emenda Constitucional nº 8, de agosto de 1995, e a segunda, quando elaborou a Lei Geral de Telecomunicações, em julho de 1997. O significado dessa política foi mostrado de forma cristalina na exposição de motivos que acompanhou o projeto da Lei Geral de Telecomunicações ao Congresso. Ainda hoje, a exposição continua sendo um dos documentos mais completos e consistentes sobre o significado do novo marco regulatório em vigor nos últimos 9 anos.
 
Em sentido amplo, quando um país privatiza suas telecomunicações, a primeira garantia que se dá à sociedade e aos investidores é a de que o Estado se retira da condição de operador, de empresário e de prestador de serviço, para assumir o papel de regulador e fiscalizador isento do funcionamento do setor, visando ao pleno desenvolvimento do País e ao atendimento do usuário.
 
O artigo 21, inciso XI, da Constituição Federal, com a redação dada pela emenda de agosto de 1995, faz a ressalva de que o Estado pode voltar à condição anterior de operador e empresário. Mas esse retorno só pode ocorrer em três circunstâncias: a) quando as operadoras privadas não são capazes de cumprir suas obrigações contratuais; b) para corrigir graves desequilíbrios econômicos ou sociais; e c) em casos de emergência, guerra ou de ameaça à segurança nacional.
 
Nenhuma das três situações ocorre hoje. Por isso, conforme mostrou o jornalista Ethevaldo Siqueira em sua coluna de 30 de dezembro no Estado, citando a opinião de especialistas - entre os quais ex-ministros das Comunicações e ex-diretores da Anatel e da Telebrás -, a idéia de recriar a Telebrás ou de fundi-la com a Eletronet é uma das piores que poderiam ocorrer ao governo Lula na área de telecomunicações. Há alternativas muito mais lógicas e convenientes para promover a inclusão digital e a universalização da banda larga.
 
As razões alegadas pelo governo não têm qualquer fundamento. Em primeiro lugar, nem a Telebrás nem a Eletronet dispõem de acesso direto aos domicílios dos usuários, chamado tecnicamente de “última milha” e essencial para qualquer projeto social de universalização dos serviços. Em segundo lugar, a Telebrás foi holding controladora de 27 subsidiárias e nunca operou diretamente os serviços, faltando-lhe, portanto, a necessária experiência. Em terceiro lugar, porque a empresa não conta com nenhuma equipe técnica capaz de atuar nas áreas de banda larga, redes sem fio ou inclusão digital.
 
Além disso, é preciso considerar que a criação - no caso, recriação - de uma estatal na área de serviços públicos traz mais riscos do que vantagens. O ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros do Nascimento faz uma clara advertência sobre tais riscos: “A Telebrás, hoje, seria uma estatal inútil, cara, ineficiente, ineficaz e um grande e potencial cabide de empregos.” Nos projetos de inclusão digital, diz ele, “o que falta é o estabelecimento e a implementação de políticas públicas e não a volta ou a criação de uma empresa estatal”. Na realidade, soluções estatais sérias e eficazes são necessárias, sim, mas nas áreas de saúde, educação e segurança pública. O setor de telecomunicações, se o Estado não atrapalhar, continuará muito bem.
 
Diante de tantos argumentos, o mínimo que se pode esperar é que o plano de reativação da Telebrás seja arquivado.
 

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