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Outubro 2008               Índice Geral do BLOCO

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05/10/08

• A mídia "pautada" (2) + Rogério Gonçalves comenta a mudança do PGO

----- Original Message -----
From: Rogerio Gonçalves
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Sunday, October 05, 2008 3:15 AM
Subject: [wireless.br] Re: A mídia "pautada" (2)

Alo Todos,

Em mercados extremamente dinâmicos e competitivos, como é o caso das tecnologias para info/telecom, não há como fugir dos "releases" produzidos pelos desenvolvedores dos produtos. E é até bom que seja assim, já que normalmente eles trazem as informações bem mastigadinhas, de forma a facilitar ao máximo o processo de escolha.

Apesar de alguns exageros pontuais, as "pautas" produzidas por empresas e instituições tecnológicas renomadas não costumam faltar com a verdade, exatamente ao contrário do que ocorre com os "releases" produzidos pelo Minicom, Anatel e demais autoridades envolvidas com assuntos de telecom que, em 100% dos casos (é 100%
mesmo), sempre distorcem a verdade para encobrir trambiques do passado.

Um bom (ou mau) exemplo do "modus operandi" dos nossos tele-caciques são as "pautas" oficiais referentes às mudanças que o Hélio Costa pretende fazer no PGO para emplacar a maracutaia da Broi, que precisam ser mais mentirosas do que nunca porque, ao assumirem a responsabilidade de inventar artifícios para tornar ainda pior um decreto que já nasceu ilegal, os conselheiros da Anatel correm até o risco de serem presos. A encrenca pode ser resumida assim:

A LGT preve que dois serviços devem ser prestados em regime público:

o STFC (art. 64) e o serviço de troncos (art. 207). Assim, o decreto 2.534/98 (PGO) deveria estabelecer áreas de outorga de concessão tanto para o STFC quanto para o serviço de troncos.

Porém, antes de publicar um decreto estabelecendo áreas de outorga, obviamente o governo FHC deveria ter publicado um outro decreto regulamentando o livro III da LGT (Regulamento Geral dos Serviços de Telecomunicações) e os decretos com os regulamentos específicos para cada modalidade de serviço listada no art. 69 da lei (telefonia, telegrafia, comunicação de dados e transmissão de imagens) pois, sem os decretos regulamentares que os instituíssem, os serviços de telecom simplesmente não existiriam.

Assim, como não é legalmente possível outorgar concessões para serviços de telecom que não existem e muito menos estabelecer áreas de outorga para eles, a solução encontrada pelos "gênios" do Minicom foi utilizar o próprio PGO para "regulamentar" o STFC, resultando que o decreto 2.534/98 se tornou prova inconteste de que o governo FHC manipulou ilegalmente a regulamentação para fazer desaparecer do mapa o serviço de troncos e o serviço de comunicação de dados, junto com
as redes públicas, constituídas por mais de 400.000 Km de fibras ópticas, que eram utilizadas pelos serviços na época da publicação da LGT.

Agora, para viabilizar o cambalacho da Broi e "legitimar" a exploração ilegal de serviços públicos de comunicação de dados (travestidos de "backhaul" e "banda larga") pelas concessionárias do STFC, os nossos caciques de telecom tiveram de tirar a caveira do PGO do armário para dar uma meia-sola nela. Porém, por uma feliz
coincidência, o Ministério Público resolveu acompanhar a maracutáia de perto, deixando o Hélio Costa e os conselheiros da Anatel em uma saia-justa "como jamais se viu na história desse país" pois, dependendo do que rolar, a coisa poderá descambar para crime de falsidade ideológica "y otras milongas más".

Em condições normais de temperatura e pressão, o desdobramento dessa encrenca do PGO teria tudo para ocupar as páginas policiais dos principais jornais do país. O único probleminha é que isso significaria dar adeus às milionárias verbas publicitárias das concessionárias de telefonia envolvidas nas maracutaias. Como no império do Gilmar Mendes a grana sempre fala mais alto do que a ética, provavelmente os Estadões da vida só voltarão a falar de PGO no dia em que o governo conseguir abafar o caso ou a PF colocar em cana um monte de caciques e ex-caciques.

O que não falta é assunto na Anatel (SRTT, CP28, regulamentos fajutos, contratos de concessão manipulados etc. etc. etc.), suficiente para milhares de pautas policiais que fariam a alegria da nação brasileira. É só aparecer algum jornalista disposto a meter a mão nessa lama.

Valeu?

Um abraço
Rogério
 

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