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Outubro 2008               Índice Geral do BLOCO

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06/10/08

• A "mídia pautada" (03) - "O leitor quer qualidade": Artigo no Estadão

----- Original Message -----
Sent: Monday, October 06, 2008 10:50 PM
Subject: A "mídia pautada" (03) - "O leitor quer qualidade": Artigo no Estadão
01.
Depois de um pequeno sumiço anotamos hoje o retorno do nosso combativo Rogério em mensagem para o Grupo WirelessBR, registrada no BLOCO:
A mídia "pautada" (2) + Rogério Gonçalves comenta a mudança do PGO . Vale conferir!
 
(...) Apesar de alguns exageros pontuais, as "pautas" produzidas por empresas e instituições tecnológicas renomadas não costumam faltar com a verdade, exatamente ao contrário do que ocorre com os "releases" produzidos pelo Minicom, Anatel e demais autoridades envolvidas com assuntos de telecom que, em 100% dos casos (é 100% mesmo), sempre distorcem a verdade para encobrir trambiques do passado. (...)
 
02.
A imprensa especializada é diferente da imprensa "comum"?
O "jornalista de internet" é diferente do "jornalista de papel" na sua conduta de formador de opinião?
Creio que não.

Recomendo a leitura deste artigo publicado hoje que traz visões e opiniões em sintonia com algumas de nossas críticas construtivas:
Fonte: Estadão
[06/10/08]   O leitor quer qualidade por Carlos Alberto Di Franco

 
Dois recortes:
 
(...) Num momento de ênfase no didatismo, na infografia e na prestação de serviços - estratégias convenientes e necessárias -, defendo a urgente necessidade de complicar as pautas. O leitor que devemos conquistar não quer, como é lógico, o que pode conseguir na TV ou na internet. Ele quer informação de qualidade: a matéria aprofundada, a reportagem interessante, a análise que o ajude, de fato, a tomar decisões. (...)
 
(...) Por isso, uma cobertura de qualidade é, antes de mais nada, uma questão de foco. É preciso declarar guerra ao jornalismo declaratório e assumir, efetivamente, a agenda do cidadão. O nosso papel é ouvir as pessoas, conhecer suas queixas, identificar suas carências e cobrar soluções dos governantes. Não se pode permitir que políticos e suas assessorias de comunicação definam a agenda das coberturas jornalísticas. O centro do debate tem de ser o cidadão, as políticas públicas, não mais o político, tampouco a própria imprensa. (...)
 
(...) Outros riscos ameaçam a qualidade da cobertura de política. Sobressai, entre eles, o perigo da instrumentalização da imprensa. Os protagonistas do teatro político não medem esforços para fazer com que a mídia, à sua revelia, destile veneno nos seus adversários. Por isso, é preciso revalorizar, e muito, as clássicas perguntas que devem ser feitas a qualquer repórter que cumpre pauta investigativa: Checou? Tem provas? A quem interessa essa informação? (...)
 
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
 
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Fonte: Estadão
[06/10/08]   O leitor quer qualidade por Carlos Alberto Di Franco
 
Carlos Alberto Di Franco, diretor do Master em Jornalismo (www.masteremjornalismo.org.br), professor de Ética e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco - Consultoria em Estratégia de Mídia    E-mail: difranco@iics.org.br
 
Acabo de regressar da Europa. Lá, como cá, os jornais investem pesado na tentativa de conquistar e fidelizar leitores. A mídia impressa perde leitores em todo o mundo. Aqui, felizmente, a crise ainda não se instalou com a força de outros mercados. Televisão e internet são, freqüentemente, os bodes expiatórios. Os jovens estão "plugados" horas sem fim. Já nascem de costas para a palavra impressa. Será? É evidente que a juventude de hoje lê muito menos. Mas não é só a moçada que foge dos jornais. Os representantes das classes A e B também têm aumentado a fileira dos navegantes do espaço virtual. A perplexidade do setor é gigantesca. Mas os equívocos estratégicos são ainda maiores.
 
Os jornais, erradamente, pensam que são meio de comunicação de massa. E não são. Daí derivam providências fatais: a absurda imitação da televisão, a incapacidade para dialogar com a geração dos blogs e dos videogames e o alinhamento acrítico com os modismos politicamente corretos. Esqueceram que os diários de sucesso são aqueles que sabem que o seu público, independentemente da faixa etária, é constituído por uma elite numerosa, mas cada vez mais órfã de produtos de qualidade.
 
Num momento de ênfase no didatismo, na infografia e na prestação de serviços - estratégias convenientes e necessárias -, defendo a urgente necessidade de complicar as pautas. O leitor que devemos conquistar não quer, como é lógico, o que pode conseguir na TV ou na internet. Ele quer informação de qualidade: a matéria aprofundada, a reportagem interessante, a análise que o ajude, de fato, a tomar decisões.
 
O noticiário de política, por exemplo, tradicionalmente forte nos segmentos qualificados do leitorado, perdeu vigor. Está, freqüentemente, dominado pela fofoca e pelo declaratório. Não tem notícia, mas sobra suposição sem fundamento e documentação. O marketing político avançou além da conta. Estamos assistindo à morte da política e ao advento da era do declaratório e da inconsistência. Políticos e partidos vendem uma bela embalagem, mas fogem da discussão das idéias. Nós, jornalistas, somos (ou deveríamos ser) o contraponto a essa tendência. Cabe-nos a missão de rasgar a embalagem e mostrar a realidade. Só nós, estou certo, podemos minorar os efeitos perniciosos do espetáculo audiovisual que, certamente, não contribui para o fortalecimento de uma democracia sólida e amadurecida.
 
Por isso, uma cobertura de qualidade é, antes de mais nada, uma questão de foco. É preciso declarar guerra ao jornalismo declaratório e assumir, efetivamente, a agenda do cidadão. O nosso papel é ouvir as pessoas, conhecer suas queixas, identificar suas carências e cobrar soluções dos governantes. Não se pode permitir que políticos e suas assessorias de comunicação definam a agenda das coberturas jornalísticas. O centro do debate tem de ser o cidadão, as políticas públicas, não mais o político, tampouco a própria imprensa.
 
Outros riscos ameaçam a qualidade da cobertura de política. Sobressai, entre eles, o perigo da instrumentalização da imprensa. Os protagonistas do teatro político não medem esforços para fazer com que a mídia, à sua revelia, destile veneno nos seus adversários. Por isso, é preciso revalorizar, e muito, as clássicas perguntas que devem ser feitas a qualquer repórter que cumpre pauta investigativa: checou? Tem provas? A quem interessa essa informação?
 
O esforço de isenção, no entanto, não se confunde com a omissão. O leitor espera uma imprensa combativa, disposta a exercer o seu intransferível dever de denúncia. A sociedade quer um quadro claro, talvez um bom infográfico, que lhe permita formar um perfil dos homens públicos: seus antecedentes, sua evolução patrimonial, seu desempenho em cargos atuais e anteriores, etc. Impõe-se, também, um bom levantamento das promessas de campanha. É preciso mostrar os eventuais descompassos entre o discurso e a realidade. Trata-se, no fundo, de levar adiante um bom jornalismo de serviço. A imprensa, sem precipitação e injustos prejulgamentos, tem o dever de desempenhar importante papel na recuperação da ética na vida pública.
 
Só uma séria retomada na qualidade informativa garantirá a fidelidade dos antigos leitores e a conquista de novos. Precisamos mostrar que o jornal continua sendo útil, importante, interessante.

 

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