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Setembro 2008
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27/09/08
• Como funciona a Internet (33): "Embratel x
Global Info" - Mensagem de Bruno Cabral
----- Original Message -----
From: bruno@openline.com.br
To: heliorosa@wirelessbrasil.org
Sent: Saturday, September 27, 2008 6:16 PM
Subject: [wireless.br] Como funciona a Internet: Os "nossos"
backbones
Prezados colegas,
A noticia abaixo foi bastante oportuna porque aconteceu um
problema similar comigo agora dia 10, 11 e 12 de setembro,
embora não tenha sido com link mas com infra-estrutura
locada a tele. Mas soube que tem acontecido com outros
provedores também, exatamente como no caso em tela.
Funciona assim: você faz vários contratos com essa empresa,
de vários serviços distintos e com cobranças em separado.
Se por um acaso você atrasar um serviço, ou se eles cobrarem
errado (o que acontece bastante, diga-se de passagem) e você
contestar (como prevê o contrato), eles ignoram sua
contestação, deixam algumas faturas vencer, cortam os
serviços que estão sendo pagos SEM PRÉVIO AVISO e
condicionam o religamento do que está em dia a quitar todas
as faturas dos outros serviços (mesmo que não estejam
corretas ou estejam contestadas) ou que assine um termo de
confissão de divida
(com juros de por ex. 40% ao ano, sendo que o contrato é 2%
+ 1% a.m.), as vezes até sem listar que faturas por ventura
estariam incluídas no "acordo", que multas e juros seriam
incluídos, ou seja, as cegas.
É isso ou que fique desligado e arque com as conseqüências.
Só consigo pensar na palavra "extorsão" para resumir a
"negociação" com essa empresa. Maior "Poder de Mercado
Significativo" não existe.
Recorri a justiça, exatamente como fez a Global Info.
Consegui até rápido o religamento, mas senti a pancada. E
olhe que tenho, além do ISP, empresa de telecom (SCM, que a
Globalinfo também é), embora a Agência não tenha nos servido
em nada neste caso.
É uma mudança e tanto para a empresa que já foi a melhor do
país em atendimento a empresas. Tudo mudou depois dos "novos
donos". E os tentáculos deles estão se alastrando.
Esse grupo já controla telefonia fixa e longa distância,
satélites, redes de dados, celular e 3G, backbone IP, está
lançando DTH, controla grande parte de TV por assinatura
(com oferta de banda larga, TV e telefonia via IP, numa
"casadinha" de apelo fácil), brevemente vai ser difícil não
ter algum serviço com eles.
E pelo visto, ai de quem atrasar uma fatura.
Achava que nada fosse pior que o atendimento da tele fixa
que serve a minha região mas estava enganado. Esta pelo
menos usa os meios aceitáveis de cobrança (negativar, cobrar
via empresa de cobrança, colocar na justica, deixar de
vender NOVOS serviços etc.), nunca cortou um serviço como
forma de pressão pelo pagamento de outro.
A concentração de mercado dá muito poder a essas empresas. E
alguns ainda querem dar-lhes ainda mais poder achando que
será "benéfico" para o consumidor. Pensem nisso ao ter todos
os seus ovos numa mesma cesta, ou seja, tudo com a mesma
tele.
[]s, !3runo Cabral
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Fonte: Convergência Digital
[26/09/08]
Cidades ficam "reféns" de briga entre Embratel e Global Info
por Ana Paula Lobo
Uma disputa entre a Embratel e a Global Info, entidade que
atende a mais de 700 provedores de acesso à Internet no
país, coloca à mesa a gravidade da questão do debate em
torno da separação estrutural das redes, proposta na revisão
do Marco Regulatório.
Distantes geográficamente, as cidades de Ubá, em Minas
Gerais, e Chapadinha, no Maranhão, viveram nas últimas 50
horas o "inferno do apagão da Internet" sem terem qualquer
responsabilidade: A Embratel - única concessionária capaz de
atender em toda a área das localidades - cortou os links
contratados pela Global Info, sob a justificativa de
inadimplência.
A Global Info, que admite possuir uma disputa com a
operadora, mas segundo ela não é referente à essas
localidades, recorreu à justiça e provou que os pagamentos
estavam em dia. Com poucas opções, a disputa da Global Info
e da Embratel penalizou integralmente ao consumidor desses
municípios.
A briga entre a Embratel e a Global Info veio à público
através de um manifesto oficial da entidade que reúne os
ISPs. Inicialmente, a Global Info denunciou a arbitrariedade
da concessionária em cortar os dois links das cidades,
inclusive, expôs situações como a "agressão formal de
funcionários da Embratel aos provedores locais", clientes da
Global Info. Só que a história vai um pouco mais além.
A Embratel, numa primeira análise, usou, sim, o seu Poder
Dominante de Mercado e simplesmente desativou os links das
cidades e de provedores que não estavam devedores. A
concessionária foi procurada pelo Convergência Digital e
preferiu não se pronunciar oficialmente sobre a questão. A
operadora, ao que parece, usou a a única forma que tinha
para "cobrar" uma pendência relativa a outros contratos:
Cortar os links das cidades.
Isso porque a Global Info possui, atualmente, apenas dois
contratos com a concessionária, segundo o Dr. Leonardo
Meliande, advogado da provedora. Eles são exatamente os das
cidades de Ubá, em Minas Gerais, e Chapadinha, no Maranhão.
"Não há outra alternativa nessas localidades. Não há quem
preste serviço. Em Ubá, ainda há um pouco de ação da Oi, mas
não atende a todos.
Então não tínhamos como migrar para outras concessionárias
como o fizemos em vários municípios", esclareceu o advogado.
Segundo Meliande, nessas cidades, a Global Info está
rigorosamente em dia com os seus contratos. Tanto é assim
que anexou as contas pagas à Embratel no
ação impetrada na 46ª Vara Cível do Rio de Janeiro, onde
obteve uma liminar que obrigou a operadora a religar os
links para essas localidades. A juíza impôs ainda uma multa
de R$ 10 mil/dia, caso o religamento não ocorresse de forma
imediata. "A Embratel levou mais de 24 horas para cumprir a
decisão judicial", explicou o advogado da Global Info.
Consumidor desamparado
O problema é que se a Embratel usou do seu Poder Dominante
de Mercado para atingir a Global Info sem se preocupar com
os moradores dessas duas cidades do Brasil - que não são as
maiores, mas não menos importantes já que pagam impostos
como todas as outras - a Global Info por sua vez, possui,
sim, uma pendência com a Embratel, relativa não à falta de
pagamento, mas sim, referente à cobrança de multa rescisória
de contratos de migração. O "x" da questão é que o embate
não tem qualquer ligação com as cidades de Ubá e Chapadinha,
mas elas foram integralmente prejudicadas nesta briga entre
a Embratel, detentora da infra-estrutura, e a Global Info,
que usa da sua capilaridade nacional para negociar a compra
de links e, assim, revendê-los para pequenos ISPs.
Os nomes das localidades onde há o problema de contestação
de pagamento não foram reveladas, mas essa pendência - ainda
em cárater administrativo, insiste o advogado da Global Info,
ocorre por cobrança indevida de multa por rescisão
contratual e migração para outros provedores. "A Embratel
possui um histórico de cobranças erradas e também houve a
oferta de preços melhores com a competição", diz Meliande.
Segundo ainda o advogado, a Anatel, consultada, disse que
não há qualquer possibilidade de cobrança de multa nestes
casos.
"O que fizemos foi respeitar o parecer da Anatel e estamos
aguardando uma posição da Embratel com relação à essas
contas, em aberto. Mas não houve inadimplência. Nunca
deixamos de pagar os links à Embratel. O que não pagamos
para a operadora foi um valor de multa de rescisão que a
Anatel já disse que não é legal e que, portanto,
consideramos, incorreta e indevida. Não pagamos porque
estamos questionando esta cobrança. Ela está em aberto,
infelizmente ainda no cárater administrativo, mas agora, em
função dos problemas, teremos que ajuizar uma ação na
Justiça", completa o advogado Bruno Rodrigues, também do
grupo jurídico da Global Info.
Certo é que nessa disputa entre a Embratel e Global Info,
duas cidades brasileiras ficaram quase três dias sem acesso
à internet. Os ISPs locais enfrentaram a revolta dos
moradores dessas localidades. Os serviços públicos e
privados não funcionaram. O dano foi grande para a população
local que não conhecia os detalhes do processo entre as
partes. Para os moradores de Ubá e de Chapadinha, os ISPs
locais eram devedores, quando não eram.
Isso expõe a seguinte situação: A precariedade da
infra-estrutura de telecomunicações no Brasil. Ainda há,sim,
monopólio em vários municípios brasileiros. Os casos de Ubá
e de Chapadinha comprovam isso integralmente. A Embratel
decidiu, cortou e só reviu sua posição por ordem judicial. O
prejuízo dos consumidores, em nenhum momento, ao que parece
- já que a concessionária se recusou a se pronunciar - foi
levado em conta.
Ao mesmo tempo também revela a fragilidade dos pequenos
provedores de acesso à Internet que dependem de terceiros
para usar links das grandes concessionárias. Esses ISPs não
têm condições de negociar diretamente com uma grande
operadora. Usam a força de uma entidade como a Global Info
para ter acesso à conexão e, dessa forma, revender o serviço
para os moradores da cidade. Esses ISPs também não possuem
alternativa. Sem a "intermediação" ficam fora do negócio.
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