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Abril 2009 Índice Geral do BLOCO
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05/04/09
• TV Digital (40) - Interatividade: Resumo sobre a "Guerra dos Gingas" + "Amanhã o Fórum SBTVD se reúne para decidir"
01.
Muito genericamente, "middleware" (alguns traduzem como
"mediador") é um programa ou software intermediário que interliga outros dois
aplicativos que normalmente encontram-se em camadas diferentes.
No caso da TV Digital é a ligação entre o "ambiente software/hardware"
do receptor de TV e o "ambiente" do conversor (set-top box).
Nesta situação, um "programador de interatividade" pode "operar" apenas o "middleware"
sem necessidade de maiores conhecimentos sobre os dois ambientes.
O SBTVD - "Sistema Brasileiro de TV Digital" especificou um middleware com a denominação de Ginga para ser o "padrão" nacional e está sendo desenvolvido pela PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e pela UFPB (Universidade Federal da Paraíba).
O Ginga é o único componente
genuinamente nacional do "sistema nipo-brasileiro" de TV Digital.
A PUC-Rio e a UFPB foram contratadas pelo governo federal em 2005 para o
desenvolvimento. Por falta de recursos, o ritmo foi desacelerado em 2006 tendo
sido necessário o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do
Ministério da Ciência e Tecnologia.
No total, o FUNTTEL (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das
Telecomunicações) investiu 5,7 milhões de reais no desenvolvimento do Ginga.
Ainda não entendi bem a "mecânica da coisa" mas, aparentemente, o governo
contratou junto às universidades a elaboração de uma "especificação" que se
confunde com um protótipo ou "produto acabado" básico.
Como é aberto, as empresas o recebem gratuitamente e o modificam para
embuti-lo em seu equipamento. E, antes da comercialização, tudo teria que ser
homologado ou certificado com o "selo de conformidade Ginga".
Nada consta se o contrato entre o governo e as universidades está ou será
concluído com a entrega do "produto".
A PUC-Rio (que é uma universidade
particular) e a UFBP (que é federal), travam uma feroz batalha para emplacar
seus sub-sistemas.
O middleware desenvolvido pela PUC-Rio é conhecido como Ginga-NCL, Ginga 1.0
ou Ginga NCL-Lua.
O middleware desenvolvido pela UFPB é conhecido como Ginga-J ou Ginga Java.
Assim, vemos que o middleware Ginga pode ser dividido em dois
subsistemas principais, que permitem o desenvolvimento de aplicações seguindo
dois paradigmas de programação diferentes. Dependendo das funcionalidades
requeridas no projeto de cada aplicação, um paradigma possuirá uma melhor
adequação que o outro.
Em resumo, consta que apenas o Ginga-NCL
foi totalmente especificado.
E é com base nele que já existem soluções no mercado que dão os passos
iniciais. O
Ginga NCL permite a execução de aplicações graficamente mais simples.
É uma linguagem do tipo "declarativa".
Para aplicações mais sofisticadas, como interações que exijam mais atenção à
segurança, por exemplo, como transações bancárias ou compras eletrônicas, o
Ginga Java seria o mais indicado.
O Ginga Java é uma linguagem do tipo "procedural".
O Ginga Java parece ser a melhor aposta devido à universalização do
Java.
Mas houve uma tremenda "trapalhada" no seu desenvolvimento.
Pode-se dizer que ainda está "sub judice"
pois utilizou "módulos proprietários" sujeitos ao pagamento de royalties
para a empresa americana Via Licensing.
Isto parece surpresa na mídia recente mas já é noticiado desde 2006.
Este "sistema proprietário" é o GEM - Globally Executable MHP .
Para solucionar o impasse o "Grupo do
Ginga-Java" fez parceria com a Sun Microsystem para desenvolver "aplicativos
substitutos" que permitam uma versão "free". Consta que o interesse
da Sun é vender "grandes sistemas" para as emissoras de TV que precisarão
armazenar "terabytes" de informação.
A nova especificação feita pela Sun recebeu o nome de Java-DTV, que
deve ser uma plataforma aberta, interoperável e livre da cobrança de royalties.
02.
O Fórum SBTVD deve decidir o destino do middleware Ginga na reunião desta
segunda-feira, 6, é o que informa o Teletime nesta matéria:
Teletime
[03/04/09]
Fórum SBTVD define como será o middleware nesta segunda, 6 por Fernando
Lauterjung
Mas a jornalista Cristina de Luca, que
vem fazendo uma ótima cobertura do tema, desce à mais detalhes e faz perguntas
muito interessantes neste texto:
Fonte: Coluna Circuito de Cristina De Luca -
Convergência Digital
[23/03/09]
TV Digital: Fórum SBTVD adia decisão sobre Ginga para início de abril
03.
Olá, "mais de 4500 participantes"!
Alguma boa alma com conhecimento e "ginga" suficiente para comentar tudo isso
e nos dar mais detalhes? :-)
O site WirelessBR mantém uma Seção
TV Digital - Interatividade - Ginga que deverá ser atualizada com o
noticiário da semana.
Precisa-se de muiiita ajuda para refazer ou adaptar o "resumão". :-)
Obrigado!
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Teletime
[03/04/09]
Fórum SBTVD define como será o middleware nesta segunda, 6 por Fernando
Lauterjung
O Fórum SBTVD deve decidir o destino do middleware Ginga na reunião desta
segunda-feira, 6. O que está em jogo é a escolha da linguagem procedural do
middleware, que está entre a Java-DTV e o GEM. Até o momento, ninguém
manifestou opinião nos encontros. Os conselheiros apenas receberam os estudos
técnicos. "Nada está decidido. Por enquanto, o que todos concordam é que as
duas linguagens atendem as necessidades plenamente", revela um conselheiro.
Conforme apurou este noticiário, a linguagem Java tem algumas vantagens em
relação ao GEM. O fato de ser totalmente livre de royalties é apenas uma
delas. Outra vantagem importante é que a implantação da interatividade seria
mais rápida, já que a máquina virtual Java está embarcada nos processadores
Intel e STI, e deve ser implantada nos chips da Broadcom até outubro deste
ano. Além disso, a força técnica dedicada a harmonizar o Java-DTV com a
linguagem declarativa NCL, para formar o middleware Ginga-J, seria maior,
contando com esforços da própria Sun. Outro ponto importante é que a base de
programadores Java é muito maior.
Embora ninguém tenha emitido opinião nos encontros, especula-se no mercado que
a radiodifusão poderia sair em defesa do GEM. "Eles temem que a Internet
'atrapalhe' a televisão", diz uma fonte. A linguagem Java é amplamente
difundida na programação para a Internet. Com uma porta de comunicação e a
linguagem embarcada nos televisores, nada impediria que Yahoo!, UOL, Terra e
Google, por exemplo, passassem a disputar a atenção dos telespectadores dentro
de uma caixa que, até há pouco tempo, era exclusiva dos canais de TV. Vale
lembrar que os chamados "outros dispositivos" (DVDs, video games ou até
computadores ligados ao televisor) vêm ganhando audiência na TV nos últimos
anos.
Procedural e declarativa
O middleware é formado por duas linguagens. A declarativa descreve o quê, e
não como seus procedimentos funcionam. No Ginga, está decidido que esta
linguagem será o NCL.
A outra linguagem é a procedural, que especifica os passos que um programa
deve seguir para alcançar um estado desejado. A princípio, o Ginga teria a
linguagem GEM. Foi apontado pelo próprio Fórum do SBTVD que haveria o risco de
surgirem detentores de patentes escondidas no código após a implantação do
middleware, o que poderia acarretar royalties mais altos e difíceis de serem
negociados, já que abandonar a linguagem nesta altura deixaria como legado
todos os receptores já instalados.
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Fonte: Coluna Circuito de Cristina De Luca -
Convergência Digital
[23/03/09]
TV Digital: Fórum SBTVD adia decisão sobre Ginga para início de abril
Conforme o previsto, a decisão final para especificação
do middleware do SBTVD por parte do Fórum foi adiada para daqui a 15 dias, no
dia 6 de abril, quando acontece a próxima reunião do Conselho Deliberativo. A
informação é da assessoria de imprensa da entidade. Depois de ouvir
atentamente todas as considerações e análises de cada módulo, os conselheiros
decidiram, de posse das apresentações, consultarem seus pares antes de baterem
o martelo.
Afinal, em jogo estão muitos interesses comerciais em torno do middleware
Ginga e da própria exploração da interatividade no SBTVD.
Conforme já dito antes, a especificação da parte declarativa do Ginga (o
Ginga-NCL) está pronta e em condições de, não só ser embarcada nos
conversores, televisores e celulares, como servir de base para o
desenvolvimento de diversos tipos de aplicações interativas.
A especificação da parte procedural (a Ginga-J) vive a disputa entre o módulo
GEM e o módulo Java-DTV. Em torno dela, perguntas a serem respondidas:
1 - Até que ponto a definição pelo Java-DTV, desenvolvido a partir de recente
especificação entregue pela SUN, e portanto livre de patentes submarinas,
maximiza ganhos com tecnologia nacional e minimiza dependências estrangeiras e
pagamentos de royalties?
2 - O quanto o país ganha em autonomia nesse padrão?
3 - O quanto o pagamento dos royalties e das prováveis patentes submarinas do
GEM inviabilizam a sua escolha?
4 - A adoção do GEM é realmente garantia de interoperabilidade? De
compatibilidade com os sistemas internacionais, possibilitando o uso aqui de
aplicativos criados fora e/ou a exportação de aplicações criadas aqui?
Os módulos Técnico, de Mercado e de Propriedade Intelectual fizeram suas
apresentações ao Conselho Deliberativo do Fórum SBTVD. A indefinição quanto ao
domínio tecnológico do Java-DTV e o pagamento de royalties do GEM são, sim,
limitantes que precisam ser avaliados com cuidado. Mas não são os únicos.
A sorte está lançada, portanto.
E o consenso será muito difícil.
A academia está rachada. Há quem defenda a tese de que o Ginga-J não é
essencial para a interatividade. A parte declarativa NCL/Lua dá conta do
recado. Há também votos declarados à adoção do GEM, por parte de pesquisadores
da Universidade Federal da Paraíba, envolvidos com outros projetos
internacionais que fazem uso do padrão. E há ainda os que defendam o Java-DTV,
como chance única do Brasil, dono de uma das maiores comunidades de
desenvolvedores Java do mundo, estar na dianteira da evolução tecnológica não
só da interatividade da TV Digital aberta, mas também da IPTV.
No segmento de radiodifusão, acontece o mesmo. A Rede Globo, por exemplo, é
uma das que não admite a interatividade sem o módulo Java, embora todas as
aplicações interativas já colocadas em teste por ela tenham sido escritas
usando somente o módulo declarativo, em NCL/Lua. E Há outras emissoras
bastante satisfeitas com essas aplicações declarativas apenas.
Entre a indústria de conversores e receptores há predileção pelo GEM. Mas,
mais do que isso, há o claro interesse de alongar o máximo as discussões. Há
muito produto pronto para chegar o mercado, antes daqueles que passarão a
incorporar todos os recursos necessários à interatividade.
A expectativa, conforme já o esperado é de que a decisão possa levar mais um
mês, no mínimo, mas dificilmente se alongará mais, já que o próprio presidente
do Fórum SBTVD, Frederico Nogueira, está disposto a evitar atrasos. "Não vou
enrolar com esse assunto. Vou botar para votar. Em abril a gente fecha o
assunto interatividade, seja para o bem, seja para o mal, por unanimidade ou
não", disse em entrevista concedida em Janeiro ao Convergência Digital.
Se vai conseguir, só o tempo dirá. Embora, depois desta segunda-feira, 23/03,
há quem jure que se a decisão não for tomada no dia 6, da semana do dia 21 não
passa. E ela é emblemática para o país. "Liberdade, ainda que tardia" pode vir
a ser o mote do Fórum SBTVD. Afinal, dia 21 de abril remete à inconfidência
mineira (21 de abril é dia de Tiradentes) e 22 de abril, ao descobrimento do
Brasil.
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No ar, o Ginga-NCL 0.10.1
...
...a mais nova versão da implementação de referência do Ginga-NCL . Já
disponível para download no Portal do Software Público.
Diz a PUC-Rio que além de oferecer novas funcionalidades e uma nova
arquitetura, baseada em componentes de software, essa implementação é mais
estável que as anteriores.
Entre as principais novidades estão:
- Código baseado em Componentes de Software, com a possibilidade de
carregamento dinâmico dos módulos necessários para a apresentação de cada
aplicação NCL, conforme a demanda. E a manutenção do middleware por meio de
atualizações em tempo de operação;
- Gerência de Contexto, para que perfis de usuários possam ser criados e
modificados, conforme suas preferências de exibição, localização,
dispositivos, etc. Significa que essas preferências podem ser acessadas por
aplicações NCL e NCLua por meio das variáveis globais NCL, para personalização
e adaptação ao contexto;
- Nova camada de abstração de hardware no Ginga Common Core (gingacc-system),
para facilitar ainda mais o porte entre plataformas;
- Apresentação de aplicações NCL remotas (http://...), por download;
- Maior aderência a Norma ABNT (NCL e NCLua);
- Maior estabilidade do player XHTML (links);
- Implementação Ginga pronta para acomodar outros subsistemas que não somente
o Ginga-NCL;
- Diversas outras melhorias, que podem ser encontradas nos arquivos Changelog
de cada componente.
Usuários do Ginga Live CD 1.0 já contam com todas essas facilidades, já que
possuem o Ginga-NCL 0.10.1 ali embutido. Usuários do Ginga Virtual Set-top Box
devem aguardear umnovo release, previsto para breve.
Desenvolvedores do middleware devem atualizar seu código para Rev. 21.
O Wiki de Compilação e instalação também já está atualizado, em
http://svn.softwarepublico.gov.br/trac/ginga/wiki/Building_Wiki_GingaNCL.
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