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Abril 2009               Índice Geral do BLOCO

O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão  Celld-group e WirelessBR. Participe!


15/04/09

• Telebrás e Eletronet: de novo... (28) - Novas matérias + "Queremos conhecer as argumentações a favor e contra para formar opinião"

----- Original Message -----
From: Helio Rosa
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br ; wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Wednesday, April 15, 2009 8:04 PM
Subject: Telebrás e Eletronet: de novo... (28) - Novas matérias + "Queremos conhecer as argumentações a favor e contra para formar opinião"
 
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
 
01.
O "Serviço comUnitário" acompanha este tema desde setembro de 2007.
Vamos atualizar a Seção Telebrás e Eletronet  e também fizemos uma renumeração dos "posts" do nosso BLOCO - Blog Comunitário.

No último "post" - Telebrás e Eletronet: de novo... (27) - "Governo decide reativar a Telebrás, mesmo sem Eletronet" - divulgamos a notícia corresponde ao título muito cedo, de outras fontes, sem atentar que, na realidade, a origem era o conceituado Estadão.

Estranhamente, os principais sites sobre TI e Telecom que costumamos acompanhar como IDG Now!, Teletime, TelecomOnline, TeleSíntese, etc, não repercutiram a reunião ministerial tema da matéria.
Mistério...  :-)

02.
Continuamos recebendo muitos "pvts" sugerindo que a ComUnidade se posicione externamente sobre este e outros temas.

Lembramos que a "ComUnidade" é apenas um ambiente virtual que existe pela força de vontade e perseverança de participantes dedicados que não possuem "procuração" para atuar como agremiação, associação, clube ou sindicato.
Todo nosso esforço de compartilhamento é visando a formação da opinião do participante/leitor para possa agir/interagir individualmente junto às autoridades e órgão do governo e da mídia.
A pressão em "pvt" é grande para fazermos "algo mais". Voltaremos à este assunto em outra mensagem.

03.
Opinião do Helio Rosa sobre a Telebrás, para estimular a manifestação dos participantes: :-)

Independente de argumentos técnicos e de mercado, não faz o menor sentido reativar uma estatal como a Telebrás ou criar qualquer outra (já lançaram um balão de ensaio sobre uma estatal para gerir o "trem-bala" Rio-São Paulo, Deus nos acuda!).
O motivo não é somente a crise internacional pois qualquer brasileiro minimamente informado, "leitor de jornais", sabe que o governo atual não tem aptidão nem competência para administrar qualquer projeto de grande porte. Pode-se imaginar que o objetivo seja somente a negociata, o abastecimento dos cofres dos partidos, o aparelhamento e loteamento dos órgão do governo. Não acredito que exista algum participante "leitor de jornais" que considere estas suposições como exageradas.

À propósito, para quem não conhece ou só ouviu falar, sugiro a leitura desta matéria: Veja entrevista o senador Jarbas Vasconcelos, que vai transcrita lá no final. Não podemos deixá-la cair no esquecimento! 

Não há também como desvincular as intenções de recriação da Telebrás de objetivos eleitoreiros quando o Presidente, que deveria dar exemplo de probidade e honestidade, escandalosamente está em franca campanha antecipada para emplacar sua candidata, usando a máquina do governo em flagrante desrespeito à lei eleitoral. Assim, neste "biênio eleitoral" não há como justificar a ressurreição da Telebrás!

No entanto, sempre há argumentações a favor e contra e precisamos conhecê-las para poder debater e formar opinião.

De qualquer modo, pela importância e pela polêmica este é um assunto que deve ser levado ao Congresso que, apesar dos pesares, é a Casa do Povo e deve ser prestigiado e preservado como instituição.
Assim, além de opinar nos fóruns, sugiro que os participantes interajam com os parlamentares! 
Os e-mails estão aqui: Relação de Senadores - Relação de Deputados

04.
Continuamos colecionando  e resgatando artigos e notícias relevantes.

A matéria citada na mensagem anterior é esta, agora com o link original do Estadão:
Fonte: Estadão
[08/04/09]    Governo decide reativar a Telebrás, mesmo sem a Eletronet por Renato Cruz

Na mesma página do Estadão está matéria não foi muito repercutida:
Fonte: Estadão
[08/04/09]   Rede do governo assusta teles
 
Fonte: Blog do Alexandre Porto  Origem: Valor Econômico
[09/04/09]   Eletronet gera disputa e governo busca opções para Telebrás
 
Fonte: A Associação dos Provedores de Serviços e Informações da Internet - INTERNETSUL
[05/01/09]   Telebrás retorna ao cenário como futura gestora da infovia federal
 
Fonte: Estadão - Coluna do Ethevaldo Siqueira
 
Silvio Meira dispensa apresentações. Em 2003 já fazia comentários que continuam válidos:
Fonte: Meira.com
[26/05/03]   A volta... da Telebrás? por Silvio Meira
 
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
 
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Fonte: Estadão
[08/04/09]    Governo decide reativar a Telebrás, mesmo sem a Eletronet por Renato Cruz
 
Sem a rede da empresa falida, planos são usar a estrutura de fibras ópticas de outras companhias estatais
 
O governo resolveu prosseguir de qualquer maneira com o projeto de reativação da estatal Telebrás, mesmo sem saber se vai poder contar para isso com os ativos da Eletronet, operadora falida que tem a Eletrobrás entre seus controladores. Na quinta-feira, houve uma reunião ministerial para avaliar a situação das empresas e, segundo fontes do governo, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deu a ordem para que a Telebrás seja reestruturada.
 
Além da ministra, participaram da reunião o ministro das Comunicações, Hélio Costa, e o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, além de representantes da Eletrobrás e da Advocacia-Geral da União (AGU).
 
A Eletronet opera uma rede nacional de 16 mil quilômetros de fibras ópticas, e a ideia inicial era que a Telebrás usasse essa rede para prestar serviços ao governo e para projetos de inclusão digital. Até agora, a reestruturação da Telebrás esperava uma solução para a situação jurídica da Eletronet, cuja falência corre na Justiça do Rio e que é alvo de várias ações no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília.
 
A avaliação dos participantes foi de que a situação jurídica da Eletronet é muito complicada, e que pode levar algum tempo para se resolver. Por causa disso, o governo resolveu fazer um levantamento das redes ópticas de outras estatais, como a Petrobrás, para saber quais ativos de telecomunicações podem ser usados agora. "O plano B é esse", disse uma fonte.
 
Os planos de reativar a Telebrás têm sido bombardeados pelos críticos. A empresa nunca foi uma operadora - antes da privatização, em 1998, atuava como holding das operadoras. Ela só não foi extinta porque teve de ceder funcionários para a Anatel e porque é parte em várias ações na Justiça. A Telebrás recebeu este ano um aporte de R$ 200 milhões do governo, para garantir seu equilíbrio financeiro. A empresa não tem, atualmente, fontes de receita.
 
"Eu considero um retrocesso e um desperdício de dinheiro público ressuscitar a Telebrás", afirmou Gilberto Garbi, ex-diretor de Operações da empresa. Juarez Quadros, ex-ministro das Comunicações, apontou que as telecomunicações não são carentes de investimentos privados, e que uma estatal teria muitas amarras orçamentárias e de contratação de pessoal para atuar em um setor tão dinâmico. "Pode ser interessante no começo, mas acaba sendo dinheiro jogado fora", disse Quadros.
 
O governo também busca acomodar o interesse da Oi na Eletronet com os planos de reativação da Telebrás. A Oi, em uma negociação considerada no mínimo polêmica - o grupo já conta com uma rede nacional de fibra óptica após a compra da BrT -, fez uma oferta pela Eletronet aos acionistas (a Eletrobrás e o empresário Nelson dos Santos) e credores da empresa.
 
Santos, que é sócio do ex-ministro José Dirceu em outras atividades, tomou o lugar da AES no controle da empresa ao assumir as dívidas. Praticamente não houve desembolso. "Nunca um grupo esteve tão avançado nas negociações para compra da Eletronet", disse uma fonte que acompanha as conversas.
 
O mais próximo que se chegou de uma solução para a Eletronet foi a possibilidade de venda da empresa para o Serpro, no ano passado. A estatal, que pertence ao Ministério da Fazenda, chegou a fazer uma oferta de R$ 210 milhões aos credores - a Alcatel-Lucent e a Furukawa. Segundo fontes de mercado, a Oi estaria disposta a pagar menos do que isso. O valor nominal da dívida já ultrapassa R$ 600 milhões
 
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Fonte: Estadão
[08/04/09]   Rede do governo assusta teles
 
Rogério Santanna, secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, preferiu não comentar a reunião da semana passada. No entanto, ele rebateu críticas à criação de estatal de telecomunicações.
 
"Toda vez que a fênix da Telebrás bate as asas, o governo tem mais facilidade de negociar com as empresas monopolísticas", disse Santanna, referindo-se às operadoras privadas. "Elas se assustam com a possível concorrência de uma rede própria do governo, e daí baixam o preço."
Segundo ele, as operadoras apresentam estimativas de preços muito altas para atender o governo. "As primeiras contas que as operadoras apresentaram para conectar as escolas do País eram da ordem de R$ 9 bilhões, e os investimentos não são dessa ordem, são muito menores", exemplificou Santanna. Depois, as empresas acabaram fechando um acordo com o governo de troca de obrigações, instalando infraestrutura de banda larga no lugar de postos de atendimento. "O problema é que essas empresas não têm ameaça", disse o secretário. "Estamos indo para o duopólio no Brasil. De um lado a BrOi e de outro a Telefônica."
Ele rebateu o argumento de que a criação de uma operadora estatal iria desvirtuar o modelo de telecomunicações implantados no Brasil. "Existem mais de 600 empresas, públicas e privadas, com licença SCM (para serviços de dados). Além do mais, não existe país desenvolvido hoje que não tenha sua rede própria, para uso do Estado. Os Estados Unidos têm uma rede que ninguém pluga nada, além do próprio governo."
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
 
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Fonte: Blog do Alexandre Porto  Origem: Valor Econômico
[09/04/09]   Eletronet gera disputa e governo busca opções para Telebrás
 
Valor Econômico - A Eletronet, companhia que está há seis anos em processo de falência, começa a despertar o interesse das operadoras de telefonia, interessadas em sua estrutura de fibras ópticas que percorre 18 Estados brasileiros. As empresas Oi, Vivo, Telefônica e Embratel estão atentas à possibilidade de compra da empresa, afirmaram ao Valor fontes do setor de telecomunicações.
 
Porém, o tema é delicado e não está em fase adiantada. Há uma vertente do governo - que ganhou a simpatia da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil - que prefere usar a rede da Eletronet para implementar uma infraestrutura estatal de banda larga, administrada pela Telebrás.
 
A Eletronet tem 16 mil quilômetros de rede de fibra óptica - tecnologia que tem despertado bastante interesse das operadoras fixas e móveis por sua capacidade de transmissão de um grande volume de dados em altíssima velocidade. A Eletrobrás é controladora da empresa, mas o grupo AES também tem participação acionária nela.
 
A infraestrutura é complementar ao backbone (núcleo de uma rede de telecomunicações) da Brasil Telecom (BrT) e é por isso que desperta a atenção da Oi, explica um executivo da operadora. A Oi (ex-Telemar) concluiu em janeiro deste ano a compra da BrT.
 
Por outro lado, a Oi elevou seu endividamento para adquirir a Brasil Telecom, e isso pode fazer com que o apetite pela Eletronet seja menor neste momento. Para companhias de telefonia móvel, a rede poderia ser usada na ligação das estações radiobase, que costuma ser feita por meio de infraestrutura fixa.
 
A venda da Eletronet poderia ser um desfecho interessante para os credores da empresa. Os principais são a Alcatel-Lucent, fabricante de equipamentos para redes de telefonia, e a Furukawa, fornecedora de fibra óptica. No entanto, as teles avaliam a possibilidade com muita cautela por causa do teor político que o negócio envolveria. Antes de mais nada, não interessaria às operadoras se indispor com a ministra da Casa Civil, pré-candidata à Presidência da República nas eleições de 2010.
 
Uma ala do governo quer manter a Eletronet sob controle estatal e usar a rede da companhia como peça-chave num projeto de revitalização da Telebrás. Essa ideia conta com a simpatia da Casa Civil, do Ministério das Comunicações e tem como grande entusiasta o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, que também integra o conselho de administração da Telebrás.
 
Mas, para que isso aconteça, o governo precisa vencer um obstáculo jurídico que hoje impede a aplicação de decisão do Tribunal de Justiça que autoriza a devolução, para a Eletrobrás, da rede da Eletronet que está ociosa.
 
Como essa pendência vem se arrastando há meses, na semana passada o governo tomou a decisão de procurar redes alternativas para colocar em pé o projeto de reestruturar a Telebrás. Numa reunião na Casa Civil, ficou acertado que a estatal voltará a ser uma companhia operacional, gestora de uma rede de internet de alta velocidade.
 
Porém, se não for possível usar a rede da Eletronet, o governo vai buscar soluções alternativas. Poderiam ser usadas, por exemplo, a infovia que passa pelos dutos da Petrobras ou a rede de companhias elétricas estatais.
 
As ações da Telebrás, que têm pouca liquidez, subiram nos últimos dias, assim como tem acontecido sempre que surgem notícias sobre a reativação da estatal. As preferenciais fecharam ontem valendo R$ 0,33, com alta de 10%. As ordinárias avançaram 7,5%, para R$ 0,43. (Heloisa Magalhães e Talita Moreira)
 
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Fonte: A Associação dos Provedores de Serviços e Informações da Internet - INTERNETSUL
[05/01/09]   Telebrás retorna ao cenário como futura gestora da infovia federal
 
Os acionistas da Telebrás acabaram de ganhar um presente de Natal do governo. No último dia 23, depois de um ano de espera, saiu por meio de um Decreto publicado na edição do dia 24, a liberação dos R$ 200 milhões para consolidação do aumento do capital social da empresa, que fará frente às necessidades de pagamentos e a preparação de uma possível retomada da empresa como uma "Operadora Nacional de Banda Larga do Governo".
 
Entenda-se por Operadora Nacional, a Telebrás sendo uma gestora de uma Infovia Federal, que será criada por meio da rede da Eletronet, de 16 mil quilômetros de fibras ópticas, uma empresa criada na bolha da Internet no final dos anos 90 numa parceria entre a Eletrobrás e empresas privadas do setor elétrico além de telecomunicações (Alcatel-Lucent, sendo apenas a Lucent na época e a Furukawa).
 
No acordo de criação da Eletronet há uma cláusula que previa que, se por qualquer razão a empresa fosse desfeita, a infra-estrutura de rede de fibras ópticas passaria para o controle da Eletrobrás. A empresa faliu, mas a posse da infra-estrutura acabou gerando uma disputa judicial entre o govetrno e as empresa privadas do setor de telecom, que investiram na infra-estrutura de fibras. O governo vem ganhando a disputa já em duas instâncias na Justiça do Rio de Janeiro.
 
Em termos leigos, as decisões judiciais de primeira e segunda instâncias adotadas pela magistratura carioca foram as seguintes: A Eletronet pode permanecer com parte das fibras ópticas suficientes para manter-se operando. Mas toda a parte ociosa ou "apagada" da rede, deve ser repassada para o controle do governo - via Eletrobrás.
 
Como forma de ressarcimento, pelos custos de implantação dessa rede de 16 mil quilômetros, o governo pagaria às empresas que fizeram o serviço. Porém, nessa disputa judicial o governo conseguiu alterar uma decisão na qual seria obrigado a repassar em dinheiro cerca de R$ 300 milhões - a preços da época - para os "sócios" privados do ramo de Telecomunicações. O judiciário carioca entendeu que o governo pode remunerar as empresas com títulos públicos federais e não necessariamente em dinheiro.
 
RETOMADA DA REDE
Já é dado como certo dentro do governo, que os ativos da Eletronet retornarão para o governo. Com isso, cria-se a possibilidade de o Executivo dispor de uma Infovia que começa do Rio Grande do Sul, atravessa as principais capitais e cidades de grande porte brasileiras até o Nordeste. Apenas a Região Norte estaria fora dessa rede.
 
Resolvido esse problema judicial, a Eletronet poderá deixar de existir. Acaba o processo de falência e um "esqueleto" que dormia no armário do governo federal desde a gestão Fernando Henrique Cardoso. Porém, seu maior patrimônio, a rede de fibras ópticas, ficaria nas mãos da Eletrobrás. Ocorre que, como essa estatal opera o setor Elétrico e não o de Telecomunicações, o mais correto e provável é que a infra-estrutura seja gerenciada por uma empresa federal voltada para essa atividade.
 
De início, foi estudada a hipótese do Serpro tornar-se a gestora da rede, mas a empresa não aceitou as condições impostas pelos credores privados de telecom. Depois, a empresa de processamento de dados está enrolada com a Anatel, pois perdeu sua licença de Serviço de Comunicação Multimídia ao não recolher as contribuições do FUST, Funttel e do Fistel e acaba de ser multada por operar a Infovia Brasília sem a devida licença da agência reguladora.
 
RETORNO DA TELEBRÁS
Agora três fatos novos, coincidentemente ou não, sinalizam que a Telebrás - a primeira empresa cogitada para operar a rede de banda larga - pelo ministro as Comunicações, Hélio Costa, poderá ser a grande gestora da Infovia Federal.
 
Primeiro, as decisões judiciais favoráveis à retomada dos ativos da Eletronet, assunto que deverá tornar-se mais claro após o fim do recesso do judiciário carioca em fevereiro. Segundo, a nomeação de Rogério Santanna, Secretário de Logística eTI do Ministério do Planejamenbto, para o Conselho de Administração da Telebrás. Rogério é o maior defensor de que o governo necessita ter sua própia Infovia. O terceiro fato ocorreu no dia 24 de dezembro, quando foi publicada no Diário Oficial da União, o Decreto em que autoriza o aumento do capital social da Telebrás em R$ 200 milhões e nesta sexta-feira 26 de dezembro saiu novo fato relevante da Telebrás anunciando o aporte de R$ 200 milhões do governo.
 
EXTINÇÃO?
Esse dinheiro vem sendo aguardado pela empresa para fazer frente a diversos compromissos há cerca de um ano. O aporte foi inserido na Medida Provisória 405, em dezembro de 2007, quando um crédito suplementar de R$ 5 bilhões destinado para a Justiça Eleitoral e uma pequena parte (em torno de R$ 600 milhões) às empresas estatais, entre elas, a Telebrás foi encaminado ao Congresso Nacional. Na época o governo - por meio da própria Telebrás -disse com todas as letras, num fato relevante ao mercado, o por quê de estar aumentando o capital social dessa estatal, supostamente "em processo de extinção".
 
"O credito extraordinario, no valor de R$ 200 milhoes, de que trata a Medida Provisoria n. 405, de 18 de dezembro de 2007, Edicao Extra do Diario Oficial da Uniao, de 18/12/2007, objetiva a capitalização da TELEBRAS, destinando-se a investimentos no sistema de Operacionalizacao do Programa de Inclusao Digital e da Universalizacao da Banda Larga no Brasil, bem como promover o restabelecimento do equilibrio economico e financeiro da Companhia,” informou a empresa.
 
A Telebrás vive uma situação peculiar. Em tese, seria uma empresa "em processo de extinção", mas na realidade, continua atuando normalmente, inclusive negociando suas ações na Bovespa e hoje por conta desse novo comunicado do repasse de R$ 200 milhões, já teria gerado uma nova alta no valor dos seus papéis. Embora exista uma Portaria assinada pelo então ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, colocando a empresa em processo de extinção, neste mesmo Ato, o Ministério das Comunicações condicounou o "fim" da Telebrás mediante concentimento de seus acionistas, por meio de uma AGE- Assembleía Geral Extraordinária - fato que nunca ocorreu.
 
E nem podia, pois na época praticamente todos os funcionários da Telebrás, cerca de 1,2 mil tinham sido remanejados para a Anatel - Agência Nacional de Telecomunicações, criada após a privatização da telefonia para regular e fiscalizar o setor. Muitos ainda estção trabalhando na Anatel. Então, a volta da Telebrás é uma simples questão de pagamentos de dívidas judiciais e com fornecedores, restabelecer seu equilibrio econômico-financeiro e dar à empresa alguma função relevante, perdida com a privatização.
 
"INFOVIA / BROI"
Dentro do governo a aposta mais concreta é de que até o ano que vem, com a retomada das fibras apagadas da rede da Eletronet, a Telebrás será chamada a compor toda a Infovia Federal, tornando-se numa das mais importantes empresas estatais do governo.
 
Primeiro, porque a mega rede da Eletronet, mesmo para uso governamental é grandiosa demais. Existe neste caso, uma forte possibilidade da empresa estatal entrar para o mercado disputando com empresas privadas o acesso à banda larga e forçando seus preços para baixo.
 
E mesmo as teles poderiam até economizar na montagem do backhaul que terão de criar para acesso à Internet das escolas públicas, em troca da liberação da instalação de cerca de quatro mil PSTs - Postos de Serviços de Telecomunicações - prevista nos contratos de concessão.
 
Por mera "coincidência" também, a maioria desses PSTs, está concentrada na região I do Plano Geral de Outorgas da Anatel, justamente a área de concessão da Telemar, que agora está em pleno processo de fusão com a Brasil Telecom. As empresas já comunicaram fato relevante do negócio junto à Comissão de Valores Mobiliários e já receberam a anuência prévia da Anatel.
 
O governo tem todo o interesse em fundir as duas grandes empresas de telefonia que cobrirão todo o território nacional, com exceção para São Paulo, área da Telefônica, que sofrerá forte concorrência com o novo "grupo nacional".
 
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Fonte: Estadão - Coluna do Ethevaldo Siqueira
[25/01/09]   O que está por trás da recriação da Telebrás
 
A Telebrás foi privatizada em 1998. Mas não foi extinta. Embora nunca tenha sido empresa operadora de telecomunicações, mas uma holding controladora de 27 subsidiárias, ela pode ser reativada. Com que objetivos? Na argumentação dos defensores desse projeto, seriam quatro as razões para ressuscitar a velha empresa: a) proporcionar maior economia ao governo e conferir maior segurança aos serviços de telecomunicações governamentais: b) torná-la “gestora de uma rede nacional de banda larga, com o objetivo de levar o acesso à internet rápida a todo o País”; c) operar a rede de 16 mil quilômetros de cabos de fibra óptica da falida Eletronet, estatal formada pela Eletrobrás e a AES Bandeirante, cujo passivo já supera os R$ 600 milhões; d) operar um satélite estatal brasileiro, para atender ao governo e às comunicações aeronáuticas.
 
Nenhum desses propósitos tem consistência, pois o Brasil dispõe de infraestrutura e de oferta de serviços, inclusive de satélites, que poderiam atender ao governo. No caso das comunicações militares, a segurança essencial em todo o mundo é assegurada por meio de sistemas de criptografia e codificação e não pela estrutura estatal da operadora.
 
Com a criação de uma operadora estatal de telecomunicações, no atual cenário político brasileiro, seria quase certa a criação de, no mínimo, 500 vagas para nomeações de profissionais, amigos e correligionários. Outra consequência seria a oportunidade de grandes licitações para aquisição pelo governo de equipamentos na área de telecomunicações. Tudo isso seduz alguns defensores do velho projeto do governo.
 
A reativação da Telebrás volta a ser considerada pelo primeiro escalão governamental – com apoio da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, e do secretário de Logística e Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna. A questão, no entanto, é tão polêmica que nem no governo existe consenso sobre as eventuais vantagens da ressurreição da velha empresa.
 
De fato, recriar a Telebrás, depois de todas as mudanças institucionais que levaram o País a privatizar suas telecomunicações – uma emenda constitucional, uma lei geral, a criação de uma agência reguladora e a própria privatização do sistema – é muito mais do que insensatez.
 
O PERIGO
Se concretizada a reativação, o grande risco para o País é estar diante de uma das maiores negociatas da história das telecomunicações, com o envolvimento da Telebrás e da Eletronet, empresa falida formada pela estatal Eletrobrás e a AES Bandeirante – a qual foi afastada da gestão da companhia em 2002, por não pagar seus fornecedores.
 
A participação da AES na Eletronet foi comprada por uma única pessoa – por apenas US$ 1, na expectativa de que essa fatia do capital venha a render milhões num possível saneamento, reativação ou reestruturação da empresa, segundo fontes governamentais.
 
Primeiro grande argumento contrário à volta da empresa: a Telebrás nunca foi operadora, mas apenas a holding de um conjunto de 27 concessionárias estaduais de telecomunicações. Na verdade, o Brasil não precisa de uma operadora estatal para servir ao governo e aos setores militares.
 
Não caberia nenhuma objeção se o governo federal quisesse proporcionar a todo cidadão o acesso aos serviços e às suas informações, nas áreas de previdência, justiça, tributos, saúde, educação e inclusão digital – num projeto moderno de governo eletrônico. Bastaria para tanto contratar uma ou mais operadoras, que fariam tudo isso por um preço final muito mais econômico, além de serem imunes ao empreguismo, numa verdadeira parceria público-privada, com regras claras e fiscalização rigorosa. Mas essa solução não tem o charme dos sonhos hoje acalentados em Brasília nem abriria vagas para a nomeação de amigos e companheiros.
 
O segundo argumento que desaconselha a recriação da Telebrás é a existência de um marco regulatório inteiramente contrário à presença de empresas estatais como operadoras de serviços, a não ser em casos excepcionais e muito específicos.
 
Terceiro argumento: o Estado brasileiro não tem recursos de investimento nem razões plausíveis para retornar ao setor de telecomunicações. Mais do que isso: o País já dispõe de infraestrutura, e o setor privado provou que é capaz de atender mais e melhor nessa área e que dá respostas muito mais rápidas e com mais eficiência às demandas da sociedade.
 
Recordemos apenas um dado significativo sobre o setor: em 10 anos e meio, o Brasil passou de uma densidade de 17 para 101 telefones por 100 habitantes. Por outras palavras, o País tem hoje mais telefones do que gente: 193,2 milhões de acessos fixos e móveis para 192 milhões de habitantes.
 
Quarto argumento contra a recriação da Telebrás: o governo Lula, além de não ter nenhum plano sério de desenvolvimento das telecomunicações, vem impondo visível retrocesso à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), com a nomeação de dirigentes indicados predominantemente pelo interesse político-partidário.
 
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Fonte: Meira.com
[26/05/03]   A volta... da Telebrás? por Silvio Meira
 
O Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores é um fenômeno quase à parte em meio aos eventos científicos que acontecem no Brasil. Promovido pela SBC e pelo LARC, a reunião contou com a presença de mais de 1200 pessoas, semana passada, em Natal. É certo que o local deve ter atraído parte das pessoas; mas, por outro lado, ninguém iria até lá só por causa das praias. Bom para as redes e a internet, no Brasil, pois vai haver muito capital humano competente numa das áreas-chave do futuro do país, de qualquer país. Muitos painéis, mesas redondas, cursos e sessões técnicas tiveram sua lotação esgotada e os organizadores, apesar do visível cansaço por terem que lidar com muito mais gente do que planejado, não cabiam em si de tanta alegria.
 
Fora das salas e auditórios, havia grupos conversando sobre absolutamente tudo, desde os mais novos protocolos, as mais esquisitas formas para se conectar dispositivos móveis, os negócios de telecomunicações e, em algum grupo, a falência da Eletronet, a empresa de backbone de redes da qual a Eletrobrás era dona (na realidade, é) de 49%. O sócio controlador é o gigante americano AES, maior empresa de energia do mundo, que já foi devidamente responsabilizada pelo conglomerado brasileiro de eletricidade pela falência da operação de redes. Até aí nada de novo. A holding brasileira de energia, proprietária de direitos de passagem em todo o território nacional, havia resolvido fazer o que muitas outras empresas similares fizeram lá fora: usar a sua rede elétrica, já existente, como parte da infra-estrutura necessária para lançar uma malha de fibras óticas que conectaria todo o país. O empreendimento, que abrangeria 22.000 km de cabos, tem 16.000 km em funcionamento, o que não é pouco, mas que não foi suficiente para viabilizar a parceria, no Brasil.
 
O desenlace entre as partes se deu no fim de março, quando a empresa, que tem dívidas de mais de meio bilhão de reais e Intelig, AT&T e Vésper entre seus clientes, viu seu caixa secar. Logo depois, a presidência da Eletrobrás anunciaria que não tem nada a ver com o pato e que os controladores iriam responder pela massa falida. Na página da empresa, não há indícios de como falar com sua assessoria de imprensa e a última notícia, divulgada depois do anúncio público da falência do empreendimento pela Telebrás, é o anúncio da assinatura de um contrato para fornecimento de infra-estrutura de redes à AT&T. Pois bem, estas são as versões oficiais; voltemos a Natal, em algum canto de um hotel à beira-mar. Segundo a conversa, muito animada, a Telebrás está conversando com a Eletrobrás e o BNDES para assumir a Eletronet. Sim, mas a Telebrás não havia sido extinta? Não, segundo sua própria definição, ela “... é uma empresa de economia mista vinculada ao Ministério das Comunicações, encontrando-se em situação de descontinuidade, exercendo as funções essenciais ao seu funcionamento até sua futura dissolução”.
 
Tentemos, então, juntar as peças da teoria que se encontrava em construção lá em Natal. Primeiro, há o caso, real e concreto, de uma empresa pública que detém quase a metade de um backbone que conecta boa parte do Brasil. Deixado para lá, pode apodrecer, pura e simplesmente. Segundo, há uma conta gigantesca de telecomunicações que o governo paga, todo santo mês, para conectar seus mais diversos órgãos entre si, à rede de telefonia e à internet, o que deixa uma ala estatizante do executivo incomodada, desde sempre. Terceiro, o esqueleto jurídico da Telebrás ainda está lá, no armário do Minicom, prontinho pra receber uma injeção reanimadora e voltar à cena, possivelmente ganhando de partida o contrato-missão de interligar os órgãos públicos. Os executivos (federal, estaduais e municipais...), legislativos, judiciário, polícias, forças armadas, escolas, hospitais, universidades, centros de pesquisa... todos seriam parte de uma “rede pública” montada sobre o que restou da Eletronet. Quarto, há muito mais gente, neste governo, em relação aos anteriores, disposta a, de uma ou outra forma, trazer de volta para casa coisas que os “neo-liberais” entregaram "à sanha” do capitalismo de mercado. Quinto, a Eletronet é um exemplo de operação que o mercado não conseguiu desenrolar... e na qual o poder público poderia entrar “para salvaguardar interesses estratégicos nacionais, de longo prazo”... E estes não são todos os argumentos “a favor”: quem quiser, pode exercitar pelo menos uma boa dúzia de pontos que poderiam vir a justificar, perante o mercado e investidores, a volta do Minicom, pela via da quase extinta Telebrás, à operação direta de serviços de telecomunicações.
 
Esta “teoria de Natal” para a Eletronet pode não ter absolutamente nenhuma relação com o que está sendo discutido, dentro do governo, para dar solução ao rombo que a empresa deixou no mercado, entre seus financiadores e fornecedores. Mas, por outro lado, pode ser exatamente o que muitos estão pensando em fazer. Neste caso, é bom que se comece, também, a conversar com os investidores internacionais que populam o mercado nacional de telecomunicações. Dependendo da qualidade da explicação, eles todos podem entender que o governo está agindo na melhor das intenções de salvaguardar interesses realmente nacionais e estratégicos. Tais interesses podem, sem a menor dúvida, passar pela salvação da Eletronet: o governo não está salvando (apesar dela quase não querer) a Varig? Mas duvido que o mercado compre, simples e calmamente, a recriação da Telebrás para tocar uma “rede pública”, retirando centenas de milhões de reais de contratos do mercado livre e os entregando a uma renovada e, conseqüentemente, poderosíssima estatal. Os argumentos “contra” são tantos e tão sofisticados quanto os “a favor”.
 
O mercado “livre” de telecomunicações, no Brasil, ainda está engatinhando e, até que tenhamos passado por mais umas duas ou três trocas de governo, ainda haverá tiques nervosos, de um lado e outro, sobre o que pode mudar em relação ao que outros mudaram no passado. Ou seja, as mudanças (antigas) são pra valer mesmo ou existiria, sempre, o risco de mudança de papéis de agências reguladoras e dos novos governos interferirem em contratos de concessão assinados e ainda válidos, parte de planos de negócios que trouxeram bilhões de dólares em investimentos estrangeiros ao país? Não seria melhor negociar por trás de pesadas cortinas de veludo e, pela via de delicada mas infinita pressão, conseguir que as empresas, dando uma de boazinhas, modificassem elas próprias seus termos? Os governos, quando se empenham de verdade, sabem fazer isso muito bem, no mundo inteiro. O que quase nunca leva a nada construtivo é a discussão pública, pela via do tiroteio midiático, de termos de longo prazo acordados no passado já remoto.
 
Se é para trazer a Telebrás de volta, que venha. Bem explicada, se possível for, e como parte de um processo que poderia levar à renovação de um setor que nos custou tão caro instalar e que, é sempre bom lembrar, atravessa uma das maiores crises de sua história, razão maior pela qual a própria Eletronet não resistiu e desabou. Se a volta da Telebrás for para “cortar custos” do governo, para desafiar a iniciativa privada e assustar ainda mais o capital (internacional), que quase já desistiu do Brasil e da América Latina, vamos ver uma tourada e tanto. Se o toureiro será o mercado ou o governo, ainda não dá para saber. Mas o touro -que sempre morre no final, num embate idiota entre tais contendores, sempre é o interesse público.
 
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[18/02/09]   Veja entrevista o senador Jarbas Vasconcelos
 
O PMDB é corrupto
 
Senador peemedebista diz que a maioria dos integrantes do seu partido só pensa em corrupção e que a eleição de José Sarney à presidência do Congresso é um retrocesso.
 
A ideia de que parlamentares usem seu mandato preferencialmente para obter vantagens pessoais já causou mais revolta. Nos dias que correm, essa noção parece ter sido de tal forma diluída em escândalos a ponto de não mais tocar a corda da indignação. Mesmo em um ambiente político assim anestesiado, as afirmações feitas pelo senador Jarbas Vasconcelos, de 66 anos, 43 dos quais dedicados à política e ao PMDB, nesta entrevista a VEJA soam como um libelo de alta octanagem. Jarbas se revela decepcionado com a política e, principalmente, com os políticos. Ele diz que o Senado virou um teatro de mediocridades e que seus colegas de partido, com raríssimas exceções, só pensam em ocupar cargos no governo para fazer negócios e ganhar comissões. Acusa o ex-governador de Pernambuco: "Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção".
 
O que representa para a política brasileira a eleição de José Sarney para a presidência do Senado?
 
É um completo retrocesso. A eleição de Sarney foi um processo tortuoso e constrangedor. Havia um candidato, Tião Viana, que, embora petista, estava comprometido em recuperar a imagem do Senado. De repente, Sarney apareceu como candidato, sem nenhum compromisso ético, sem nenhuma preocupação com o Senado, e se elegeu. A moralização e a renovação são incompatíveis com a figura do senador.
 
Mas ele foi eleito pela maioria dos senadores.
 
Claro, e isso reflete o que pensa a maioria dos colegas de Parlamento. Para mim, não tem nenhum valor se Sarney vai melhorar a gráfica, se vai melhorar os gabinetes, se vai dar aumento aos funcionários. O que importa é que ele não vai mudar a estrutura política nem contribuir para reconstruir uma imagem positiva da Casa. Sarney vai transformar o Senado em um grande Maranhão.
 
Como o senhor avalia sua atuação no Senado?
 
Às vezes eu me pergunto o que vim fazer aqui. Cheguei em 2007 pensando em dar uma contribuição modesta, mas positiva – e imediatamente me frustrei. Logo no início do mandato, já estourou o escândalo do Renan (Calheiros, ex-presidente do Congresso que usou um lobista para pagar pensão a uma filha). Eu me coloquei na linha de frente pelo seu afastamento porque não concordava com a maneira como ele utilizava o cargo de presidente para se defender das acusações. Desde então, não posso fazer nada, porque sou um dissidente no meu partido. O nível dos debates aqui é inversamente proporcional à preocupação com benesses. É frustrante.
 
O senador Renan Calheiros acaba de assumir a liderança do PMDB...
 
Ele não tem nenhuma condição moral ou política para ser senador, quanto mais para liderar qualquer partido. Renan é o maior beneficiário desse quadro político de mediocridade em que os escândalos não incomodam mais e acabam se incorporando à paisagem.
 
O senhor é um dos fundadores do PMDB. Em que o atual partido se parece com aquele criado na oposição ao regime militar?
 
Em nada. Eu entrei no MDB para combater a ditadura, o partido era o conduto de todo o inconformismo nacional. Quando surgiu o pluripartidarismo, o MDB foi perdendo sua grandeza. Hoje, o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos.
 
Para que o PMDB quer cargos?
 
Para fazer negócios, ganhar comissões. Alguns ainda buscam o prestígio político. Mas a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral. A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção.
 
Quando o partido se transformou nessa máquina clientelista?
 
De 1994 para cá, o partido resolveu adotar a estratégia pragmática de usufruir dos governos sem vencer eleição. Daqui a dois anos o PMDB será ocupante do Palácio do Planalto, com José Serra ou com Dilma Rousseff. Não terá aquele gabinete presidencial pomposo no 3º andar, mas terá vários gabinetes ao lado.
 
Por que o senhor continua no PMDB?
 
Se eu sair daqui irei para onde? É melhor ficar como dissidente, lutando por uma reforma política para fazer um partido novo, ao lado das poucas pessoas sérias que ainda existem hoje na política.
 
Lula ajudou a fortalecer o PMDB. É de esperar uma retribuição do partido, apoiando a candidatura de Dilma?
 
Não há condições para isso. O PMDB vai se dividir. A parte majoritária ficará com o governo, já que está mamando e não é possível agora uma traição total. E uma parte minoritária, mas significativa, irá para a candidatura de Serra. O partido se tornará livre para ser governo ao lado do candidato vencedor.
 
O senhor sempre foi elogiado por Lula. Foi o primeiro político a visitá-lo quando deixou a prisão, chegou a ser cotado para vice em sua chapa. O que o levou a se tornar um dos maiores opositores a seu governo no Congresso?
 
Quando Lula foi eleito em 2002, eu vim a Brasília para defender que o PMDB apoiasse o governo, mas sem cargos nem benesses. Era essencial o apoio a Lula, pois ele havia se comprometido com a sociedade a promover reformas e governar com ética. Com o desenrolar do primeiro mandato, diante dos sucessivos escândalos, percebi que Lula não tinha nenhum compromisso com reformas ou com ética. Também não fez reforma tributária, não completou a reforma da Previdência nem a reforma trabalhista. Então eu acho que já foram seis anos perdidos. O mundo passou por uma fase áurea, de bonança, de desenvolvimento, e Lula não conseguiu tirar proveito disso.
 
A favor do governo Lula há o fato de o país ter voltado a crescer e os indicadores sociais terem melhorado.
 
O grande mérito de Lula foi não ter mexido na economia. Mas foi só. O país não tem infraestrutura, as estradas são ruins, os aeroportos acanhados, os portos estão estrangulados, o setor elétrico vem se arrastando. A política externa do governo é outra piada de mau gosto. Um governo que deixou a ética de lado, que não fez as reformas nem fez nada pela infraestrutura agora tem como bandeira o PAC, que é um amontoado de projetos velhos reunidos em um pacote eleitoreiro. É um governo medíocre. E o mais grave é que essa mediocridade contamina vários setores do país. Não é à toa que o Senado e a Câmara estão piores. Lula não é o único responsável, mas é óbvio que a mediocridade do governo dele leva a isso.
 
Mas esse presidente que o senhor aponta como medíocre é recordista de popularidade. Em seu estado, Pernambuco, o presidente beira os 100% de aprovação.
 
O marketing e o assistencialismo de Lula conseguem mexer com o país inteiro. Imagine isso no Nordeste, que é a região mais pobre. Imagine em Pernambuco, que é a terra dele. Ele fez essa opção clara pelo assistencialismo para milhões de famílias, o que é uma chave para a popularidade em um país pobre. O Bolsa Família é o maior programa oficial de compra de votos do mundo.
 
O senhor não acha que o Bolsa Família tem virtudes?
 
Há um benefício imediato e uma consequência futura nefasta, pois o programa não tem compromisso com a educação, com a qualificação, com a formação de quadros para o trabalho. Em algumas regiões de Pernambuco, como a Zona da Mata e o agreste, já há uma grande carência de mão-de-obra. Famílias com dois ou três beneficiados pelo programa deixam o trabalho de lado, preferem viver de assistencialismo. Há um restaurante que eu frequento há mais de trinta anos no bairro de Brasília Teimosa, no Recife. Na semana passada cheguei lá e não encontrei o garçom que sempre me atendeu. Perguntei ao gerente e descobri que ele conseguiu uma bolsa para ele e outra para o filho e desistiu de trabalhar. Esse é um retrato do Bolsa Família. A situação imediata do nordestino melhorou, mas a miséria social permanece.
 
A oposição está acuada pela popularidade de Lula?
 
Eu fui oposição ao governo militar como deputado e me lembro de que o general Médici também era endeusado no Nordeste. Se Lula criou o Bolsa Família, naquela época havia o Funrural, que tinha o mesmo efeito. Mas ninguém desistiu de combater a ditadura por isso. A popularidade de Lula não deveria ser motivo para a extinção da oposição. Temos aqui trinta senadores contrários ao governo. Sempre defendi que cada um de nós fiscalizasse um setor importante do governo. Olhasse com lupa o Banco do Brasil, o PAC, a Petrobras, as licitações, o Bolsa Família, as pajelanças e bondades do governo. Mas ninguém faz nada. Na única vez em que nos organizamos, derrotamos a CPMF. Não é uma batalha perdida, mas a oposição precisa ser mais efetiva. Há um diagnóstico claro de que o governo é medíocre e está comprometendo nosso futuro. A oposição tem de mostrar isso à população.
"Eu fui oposição ao governo militar e me lembro de que Médici era endeusado no Nordeste. Mas ninguém desistiu de combater a ditadura.
A popularidade de Lula não deveria ser motivo para a extinção da oposição"
 
Para o senhor, o governo é medíocre e a oposição é medíocre. Então há uma mediocrização geral de toda a classe política?
 
Isso mesmo. A classe política hoje é totalmente medíocre. E não é só em Brasília. Prefeitos, vereadores, deputados estaduais também fazem o mais fácil, apelam para o clientelismo. Na política brasileira de hoje, em vez de se construir uma estrada, apela-se para o atalho. É mais fácil.
 
Por que há essa banalização dos escândalos?
 
O escândalo chocava até cinco ou seis anos atrás. A corrupção sempre existiu, ninguém pode dizer que foi inventada por Lula ou pelo PT. Mas é fato que o comportamento do governo Lula contribui para essa banalização. Ele só afasta as pessoas depois de condenadas, todo mundo é inocente até prova em contrário. Está aí o Obama dando o exemplo do que deve ser feito. Aqui, esperava-se que um operário ajudasse a mudar a política, com seu partido que era o guardião da ética. O PT denunciava todos os desvios, prometia ser diferente ao chegar ao poder. Quando deixou cair a máscara, abriu a porta para a corrupção. O pensamento típico do servidor desonesto é: "Se o PT, que é o PT, mete a mão, por que eu não vou roubar?". Sofri isso na pele quando governava Pernambuco.
 
É possível mudar essa situação?
 
É possível, mas será um processo longo, não é para esta geração. Não é só mudar nomes, é mudar práticas. A corrupção é um câncer que se impregnou no corpo da política e precisa ser extirpado. Não dá para extirpar tudo de uma vez, mas é preciso começar a encarar o problema.
 
Como o senhor avalia a candidatura da ministra Dilma Rousseff?
 
A eleição municipal mostrou que a transferência de votos não é automática. Mesmo assim, é um erro a oposição subestimar a força de Lula e a capacidade de Dilma como candidata. Ela é prepotente e autoritária, mas está se moldando. Eu não subestimo o poder de um marqueteiro, da máquina do governo, da política assistencialista, da linguagem de palanque. Tudo isso estará a favor de Dilma.
 
O senhor parece estar completamente desiludido com a política.
 
Não tenho mais nenhuma vontade de disputar cargos. Acredito muito em Serra e me empenharei em sua candidatura à Presidência. Se ele ganhar, vou me dedicar a reformas essenciais, principalmente a política, que é a mãe de todas as reformas. Mas não tenho mais projeto político pessoal. Já fui prefeito duas vezes, já fui governador duas vezes, não quero mais. Sei que vou ser muito pressionado a disputar o governo em 2010, mas não vou ceder. Seria uma incoerência voltar ao governo e me submeter a tudo isso que critico.,
 

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