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Blog dos Coordenadores ou Blog Comunitário
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ComUnidade
WirelessBrasil
Abril 2009
Índice Geral do
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O conteúdo do BLOCO tem
forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão
Celld-group
e
WirelessBR.
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20/04/09
• 1ª Confecom - Conferência
Nacional de Comunicação (01) - Msg de Márcio Patusco: Íntegra do Decreto +
Coleção de matérias
01.
Olá, Márcio Patusco, obrigado pela informação e comentário sobre a
1ª Confecom (mensagem mais abaixo)!
Seu registro motivou-me a procurar saber mais sobre o assunto e abrir uma
nova "Série" para que o "Serviço ComUnitário" possa acompanhá-lo. :-)
E já vou arriscando um "resumo comentado", aguardando colaborações para
corrigi-lo e ampliá-lo.
A 1ª Confecom não é somente um evento técnico, como pode parecer à primeira
vista.
Uma das notícias abaixo informa que "a realização da Conferência é uma
reivindicação antiga de diversas organizações e movimentos sociais".
Estes movimentos lutam pela "democratização dos meios de comunicações" mas
tenho que confessar que ainda não encontrei uma definição precisa desta
expressão nem as motivações e ideologias nos bastidores destas
reivindicações.
Posso imaginar que será um evento muito importante mas, pelo noticiário,
pode ser enquadrado como "chapa branca" o que enfraquece sua
representatividade.
O governo vai liberar R$ 8,2 milhões para a organização do encontro que
será presidido pelo ministro das Comunicações.
Do site da Abert anotamos: "A conferência terá representantes do poder
público e da sociedade civil, eleitos em conferências municipais, estaduais
e distrital. A eleição dos delegados será feita com base em regras ainda
não divulgadas pelo Ministério das Comunicações".
"Os ministros chefes da Secretaria-Geral, Luiz Dulci, e da Secretaria de
Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins,
participarão da coordenação dos trabalhos para a realização da Conferência".
Os nomes das autoridades envolvidas me trazem uma certa apreensão... :-)
02.
Espero que nossos participantes se motivem a estudar, indicar links
e "resumir" os temas em debate para que possamos formar opinião
Dou a partida. :-)
Um dos temas em discussão será o da "
Concentração Cruzada", ilustre
desconhecido para este escriba que só ouviu o galo cantar lá longe... :-)
No final desta mensagem transcrevo esta matéria para ambientação:
Fonte: Fundação Perseu Abramo (FPA)
03.
Aqui estão as primeiras matérias coletadas sobre a 1ª Confecom,
devidamente transcritas mais abaixo.
Quem se interessar pelo tema deve procurar ler as notícias pois a
diversidade das fontes favorece a formação da opinião.
Fonte: Tele.Síntese
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----- Original Message -----
From: Marcio Patusco
To:
Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Saturday, April 18, 2009 9:59 AM
Subject: [Celld-group] Confecom
Pessoal,
Para não passar em branco, vale o registro de que finalmente foi assinado o
decreto presidencial para a realização da Conferência Nacional de Comunicações
- Confecom, a ser realizada em dezembro desse ano, com conferências regionais
durante o transcorrer do ano.
O objetivo é discutir as contribuições para um novo marco regulatório que
envolva as telecomunicações, radiodifusão, tv por assinatura e produção e
distribuição de conteúdo. Abaixo vai a íntegra do despacho.
Marcio Patusco
Clube de Engenharia - DETI
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DECRETO DE 16 DE ABRIL DE 2009_*
*Convoca a 1a Conferência Nacional de Comunicação - CONFECOM e dá outras
providências.*
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no
uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea "a", da
Constituição,
D E C R E T A:
Art. 1o
Fica convocada a 1a Conferência Nacional de Comunicação - CONFECOM, a se
realizar de 1 a 3 dezembro de 2009, em Brasília, após concluídas as etapas
regionais, sob a coordenação do Ministério das Comunicações, que desenvolverá
os seus trabalhos com o tema: "Comunicação: meios para a construção de
direitos e de
cidadania na era digital".
Art. 2o
A 1a CONFECOM será presidida pelo Ministro de Estado das Comunicações, ou por
quem este indicar, e terá a participação de delegados representantes da
sociedade civil, eleitos em conferências estaduais e distrital, e de delegados
representantes do poder público.
Parágrafo único.
O Ministro de Estado das Comunicações contará com a colaboração direta dos
Ministros de Estado Chefes da Secretaria-Geral e da Secretaria de Comunicação
Social da Presidência da República, na coordenação dos trabalhos para a
realização da Conferência.
Art. 3o
O Ministro de Estado das Comunicações constituirá, mediante portaria, comissão
organizadora com vistas à elaboração do regimento interno da 1a CONFECOM,
composta por representantes da sociedade e do poder público.
Parágrafo único. O regimento
interno de que trata o caput disporá sobre a organização e o funcionamento da
1a CONFECOM nas suas etapas municipal, estadual, distrital e nacional,
inclusive sobre o processo democrático de escolha de seus delegados, e será
editado mediante portaria do Ministro de Estado das Comunicações.
Art. 4o As despesas com a
realização da 1a CONFECOM correrão por conta dos recursos orçamentários do
Ministério das Comunicações.
Art. 5o Este Decreto entra em
vigor na data de sua publicação.
Brasília, 16 de abril de 2009; 188o da Independência e 121o
da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Hélio Costa
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Fonte: Tele.Síntese
O aguardado decreto presidencial convocando a 1ª
Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) saiu publicado na edição de
hoje do Diário Oficial da União. O tema central é "Comunicação: meios para a
construção de direitos e de cidadania na era digital" e o evento, que
acontecerá de 1º a 3 de dezembro deste ano, em Brasília, será presidido pelo
ministro das Comunicações, Hélio Costa.
A decisão da realização da conferência foi
anunciada em janeiro, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante o
Fórum Social Mundial, no Pará. A expectativa é de que seja debatida a
modernização de todo marco regulatório do setor, inclusive o Código Brasileiro
de Radiodifusão, que data de 1962 e nem a Assembléia Constituinte conseguiu
atualizar.
A Confecom terá a participação de delegados
representantes da sociedade civil, eleitos em conferências estaduais e
distrital, e de delegados representantes do poder público. Os ministros chefes
da Secretaria-Geral, Luiz Dulci, e da Secretaria de Comunicação Social da
Presidência da República, Franklin Martins, participarão da coordenação dos
trabalhos para a realização da Conferência.
O regimento interno sairá por meio de portaria
do Minicom e disporá sobre a organização e o funcionamento da 1ª Confecom nas
suas etapas municipal, estadual, distrital e nacional, inclusive sobre o
processo democrático de escolha de seus delegados. Os recursos para realização
do evento sairão do orçamento do Minicom, que já conta com R$ 8,2 milhões para
este fim.
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Radiodifusão participará do comitê organizador
do evento
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou
em decreto publicado nesta sexta-feira (17) no Diário Oficial a realização da
Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) nos dias 1, 2 e 3 de dezembro.
A conferência será presidida pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, e
terá como tema Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania
na era digital.
A Abert irá integrar o comitê organizador do evento e pretende participar de
todas as pré-conferências e plenárias municipais e estaduais. De acordo com o
presidente da Abert, Daniel Slaviero, a conferência deve ser uma oportunidade
para discutir um novo marco regulatório para as comunicações no Brasil.
A expectativa da entidade, segundo ele, é a de
encontrar soluções para antigos problemas, como o avanço da radiodifusão
ilegal, a morosidade dos processos de regularização pelo Ministério das
Comunicações e o excesso de regulação sobre as emissoras comerciais . Mas
também para olhar para o futuro desse mercado. “A realidade da comunicação
mudou, mas as regras não acompanharam essas transformações, por isso, é
preciso discutir uma nova regulamentação que assegure condições equilibradas
de concorrência”, afirma.
Para ele, devem ser criadas regras distintas
para segmentos diversos. O capital da radiodifusão é eminentemente nacional,
ao contrário do que ocorre com as telecomunicações. “O faturamento da
radiodifusão é de R$ 15 bilhões/ano, já o das telecomunicações soma R$ 145
bilhões/ano”, compara Slaviero. Ele destaca ainda que emissoras de rádio e
televisão têm obrigações que outros setores, como os veículos digitais, não
têm – a transmissão do programa “Voz do Brasil” e do horário eleitoral, por
exemplo.
A conferência terá representantes do poder
público e da sociedade civil, eleitos em conferências municipais, estaduais e
distrital. A eleição dos delegados será feita com base em regras ainda não
divulgadas pelo Ministério das Comunicações.
Assessoria de Comunicação da Abert
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Comissões Estaduais Pró Conferência Comunicação
reúnem-se em Brasília
Atividades, que acontecem nos dias 16 e 17 de abril, no Interlegis, tem como
objetivo proporcionar um espaço de formação e construção coletiva da atuação
da sociedade na Conferência Nacional de Comunicação, prevista para o final do
ano.
No próximo dia 16 de abril, a partir das 10h00,
no Interlegis, dezenas de pessoas de todo o Brasil estarão reunidas para
discutir propostas e traçar um plano de mobilização da sociedade para a I
Conferência Nacional de Comunicação. A atividade, organizada pela Comissão
Nacional Pró Conferência e pelas Comissões de Direitos Humanos e Minorias,
Ciência Tecnologia e Informática e de Legislação Participativa, tem como
objetivo central traçar um plano de mobilização para a sociedade nas etapas da
Conferência. Foi indicado que cada Comissão Estadual já constituída enviasse
pelo menos um representante de modo a garantir a representação local no
evento.
No dia 17, entre 9h00 e 12h00, será realizada
uma videoconferência com as Comissões Estaduais que não puderam mandar
representantes e também para todos aqueles que não puderam estar em Brasília.
Na atividade, serão repassadas as discussões e os encaminhamentos feitos no
dia anterior, além de esclarecimento de possíveis dúvidas que possam surgir.
Além da convocatória com a programação, será
elaborado um documento de perguntas e respostas sobre a Conferência e material
de apoio aos debates.
Programação
16 de abril - Plenária das Comissões Estadual e
Nacional
10h00 às 10h30 - Abertura
10h30 às 12h30 - Informes dos Estados
14h00 às 16h00 - Apresentação e validação das propostas de metodologia e
temário da Comissão Nacional
16h00 às 17h30 – Plano de mobilização
17 de abril - Videoconferência
9h00 às 12h00 – Videoconferência para repasse do debate às Comissões que não
puderam estar presentes ou para um número maior de pessoas nos estados.
Mais informações: Augustino Veit - 61 32166576
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Fonte: Carta Maior
[21/03/09]
Conferência Nacional de Comunicação, antes tarde
do que nunca por Laurindo Lalo Leal
Filho (*)
(*) Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de
Jornalismo da ECA-USP e da Faculdade Cásper Líbero. É autor, entre outros, de
“A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus
Editorial).
Bastou o governo confirmar a Conferência
Nacional de Comunicação e a campanha contra começou. E a ordem veio de cima,
bem de cima: da associação internacional dos donos da mídia no continente,
conhecida pela sigla SIP (Sociedade Interamericana de Prensa).
No Brasil, comunicação sempre foi um
não-assunto. Contam-se nos dedos os jornais que, em algum momento, abriram
espaço para uma reflexão crítica a respeito do próprio trabalho. Para o rádio
e a televisão dispensam-se os dedos, não há autocrítica. Se do conteúdo
informativo pouco ou nada se fala, sobre as lutas de seus trabalhadores o
silêncio é total. Lembro uma campanha salarial liderada pelo Sindicato dos
Jornalistas do Paraná que espalhou outdoors por Curitiba com a frase "a nossa
dor não sai nos jornais". Naquela época, anos 1980, as dores de outras
categorias até apareciam em algumas páginas, menos a dos jornalistas.
E os jornalistas, além das suas dores e
angústias profissionais, têm muito a falar sobre a sociedade e os meios de
comunicação. Muito mais do que seus patrões permitem. Claro que há jornalistas
e jornalistas, como lembrou em artigo exemplar nesta página Marcelo Salles.
São, de um lado, os que estão comprometidos com as imprescindíveis e
necessárias transformações sociais e, de outro, os ventríloquos dos que lhes
pagam altos salários no fim do mês. A maioria ganha pouco, trabalha muito e
tem que ficar quietinha cumprindo as pautas determinadas pelos interesses
empresariais.
Essa divisão se já era bem nítida, agora
escancarou-se diante da anunciada realização da Conferência Nacional de
Comunicação, reivindicação histórica de vários setores da sociedade. Bastou o
governo confirmar o evento, a campanha contra começou. E a ordem veio de cima,
bem de cima: da associação internacional dos donos da mídia no continente,
conhecida pela sigla SIP (Sociedade Interamericana de Prensa). A entidade se
diz preocupada "porque os debates (na Conferência) serão conduzidos por ONGs e
movimentos sociais que pretendem interferir no funcionamento da imprensa".
Expressão que pode ser traduzida pelo temor diante da possibilidade de um
debate mais sério e aprofundado sobre o pensamento único imposto pelos grandes
meios de comunicação aos nossos países. Afinal, debates como o proposto podem
conduzir a ações práticas, capazes de impor limites a esse poder incontrolado.
Do lado patronal dificilmente sairia posição
diferente, afinal estão defendendo interesses de classe seculares. O triste é
constatar que enquanto centenas de trabalhadores da mídia mobilizam-se em todo
o Brasil a favor da realização da Conferência, uns poucos jornalistas e
radialistas, agem em sentido contrário. Caso emblemático é o de um âncora e de
uma repórter da rádio CBN que usaram longos minutos da programação para ecoar
pelo país as posições dos seus patrões. Usavam o velho procedimento dos
comunicadores populares, decodificando para grandes audiências as concepções
ideológicas de quem lhes paga os salários. Esbanjando informalidade, usando a
ridicularização como arma, eles levam ao ouvinte as mesmas idéias que os
jornais apresentam de forma mais elaborada, nos editoriais ou nas colunas dos
seus articulistas. Colaboram, dessa forma, para popularizar as idéias da
classe dominante tornando-as dominantes em toda a sociedade, como já notava
aquele pensador do século 19, cada vez mais atual.
Mas há resistência. Rapidamente os sindicatos
dos jornalistas do Distrito Federal e do Estado do Rio de Janeiro foram a
público repudiar a posição da SIP e dos seus porta vozes nacionais. Os
jornalistas do DF através de sua entidade perguntam "O que pretendem os
grandes empresários da comunicação? Pressionar o governo para retirar o apoio
à Conferência, facilitando assim a manutenção intacta dos oligopólios que
dominam, e que manipulam a informação, em detrimento do interesse público". E
os fluminenses afirmam: "A nossa entidade não pode silenciar diante do
posicionamento pouco democrático manifestado pela SIP. É preciso deixar bem
claro que o patronato mente quando diz que defende a liberdade de imprensa,
pois está, isto sim, defendendo de fato a liberdade de empresa, que não aceita
a ampliação dos espaços midiáticos a serem ocupados pelos mais amplos setores
representativos do povo brasileiro, como são os movimentos sociais".
Apesar das pressões, não há dúvida que a
Conferência vai sair. Pelos estados já se realizam conferências regionais
preparatórias para o encontro nacional marcado para o começo de dezembro, em
Brasília. Diante do fato irreversível, as entidades patronais tentam impor
suas pautas ao debate. Segundo a Folha de S.Paulo, para Paulo Tonet, da
Associação Nacional de Jornais, discutir monopólio e propriedade cruzada é um
retrocesso. Para ele o tema tem que ser "conteúdo nacional e igualdade de
tratamento regulatório". Mais uma frase que precisa tradução: ele quer dizer
que a Conferência só deve tratar dos interesses das empresas de rádio e
televisão, preocupadíssimas com a entrada no mercado de radiodifusão das
operadoras de telecomunicações.
E parte para o sofisma ao chamar de retrocesso a
discussão em torno do monopólio e da propriedade cruzada dos meios de
comunicação, sem dúvida a maior chaga existente na comunicação social
brasileira. Não há como democratizá-la sem que se enfrente com determinação
esse obstáculo.
O tema geral da Conferência será "Comunicação:
Direito e Cidadania na Era Digital". Amplo o suficiente para caber tudo. Daí a
importância da mobilização nacional, necessária para impedir que os interesses
empresarias da mídia se sobreponham aos da sociedade. Conferências de outros
setores, como saúde, educação e direitos humanos, por exemplo, tem sido
decisivas para o encaminhamento das respectivas políticas públicas. A da
comunicação não pode fugir à regra.
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Fonte: Botuca Ligada
Depois de quase vinte anos de luta, as entidades
civis de direito à comunicação conseguiram. O governo marcou para o dia 2 de
dezembro de 2009 a realização da I Conferência Nacional de Comunicação, com
participação ampla dos setores da sociedade pra discutir temas
importantíssimos como crescimento da internet e das novas mídias, concessão da
radiodifusão, propriedade cruzada dos meios de comunicação, fortalecimento da
imprensa regional e concentração de veículos na mão de um mesmo grupo. Mexer
nesse vespeiro vai chamar gente pra briga, mas o confronto é essencial para
avançarmos na democratização da comunicação no Brasil.
Antes de dezembro, etapas municipais da
Conferência serão realizadas até 22 de junho, e as estaduais, entre 30 de
junho e 15 de setembro. Para o evento nacional, falta apenas uma oficialização
do governo.
E como a nossa brava Folha de S. Paulo nomeia o
título da notícia sobre o assunto?
União prevê R$ 8,2 mi para debater comunicação
social no país (ver transcrição abaixo)
A análise desse título não exige muito
raciocínio. A escolha da informação do - possível - custo do evento revela a
importância dada pela Folha, um veículo de comunicação, à Conferência Nacional
de Comunicação. A forma de redação da finalidade da despesa (”para debater
comunicação social no país”) também sugere uma certa irrelevância do tema.
Ok, podemos até questionar a magnitude do valor
de R$ 8,2 milhões. Porém, depois de tanto tempo sem se discutir abertamente a
caixa-preta da comunicação no Brasil, a prévia alocação (e não aplicação!) dos
recursos é realmente mais importante do que a realização da Conferência em si?
Estejam certos de que vem mais por aí.
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Fonte: FNDC Origem: Folha de
S.Paulo
O governo reservou R$ 8,2 milhões para realizar
uma conferência nacional que irá discutir a comunicação social no país. O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva já determinou a três ministros a
realização do evento ainda neste ano para discutir temas como concessão de
rádio e TV e convergência tecnológica.
O foco do evento, segundo a Folha apurou, estará
voltado para as novas mídias, como internet, TV a cabo e celular.
O governo está definindo os detalhes do decreto
que irá convocar a conferência, prevista para dezembro. O valor do evento foi
incluído no Orçamento de 2009 pelo Congresso e, segundo o deputado Walter
Pinheiro (PT-BA), preservado dos cortes do início do ano.
O montante supera o valor gasto com o encontro nacional dos prefeitos, que
reuniu 15 mil pessoas, e teria custado mais de R$ 2 milhões. O governo ainda
não tem o valor exato do custo, nem a definição de quantos serão os
participantes da conferência. Porém, as realizadas pelos ministérios da Saúde
e Cidades, por exemplo, reuniram em média 2.000 pessoas.
Auxiliares de Lula dizem que ele decidiu
convocar a conferência neste ano para evitar a discussão em 2010, ano
eleitoral. Será a primeira vez que um governo realiza conferência sobre o
assunto. A pressão partiu de movimentos sociais e do PT, mas a realização da
conferência também agrada o setor.
Segundo o ministro Franklin Martins (Comunicação
Social), concessão de radiodifusão, propriedade cruzada dos meios de
comunicação, fortalecimento da imprensa regional e concentração de veículos
nas mãos de um mesmo grupo devem ser debatidos. Esses pontos são similares aos
defendidos pelo PT, que discutiu o tema em conferência, em 2008.
"O objetivo é que o país debata as questões de
comunicação de forma plural. Há muito tempo que não discute o assunto", disse
Franklin. O marco regulatório da radiodifusão é de 1962, e o das
telecomunicações, de 1995. Os ministros Hélio Costa (Comunicações) e Luiz
Dulci (Secretaria Geral) também estão envolvidos no debate.
Para Paulo Tonet, da Associação Nacional de
Jornais, discutir monopólio e propriedade cruzada é um retrocesso. "O tema tem
que ser conteúdo nacional e igualdade de tratamento regulatório", disse.
O presidente da Abert (Associação Brasileira de
Rádio e Televisão), Daniel Pimentel Slaviero, também defende que a conferência
seja ampla, incluindo discussões sobre jornais e revistas.
Antes do evento nacional, haverá discussões nos
Estados.
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Fonte: ABTU
Está programada para o dia 2 de dezembro de 2009
a 1ª Conferência Nacional de Comunicação, reivindicada há quase duas décadas
por diversas entidades civis defensoras do direito à comunicação.
Em reunião realizada no dia 26 de janeiro, o
ministro das Comunicações Hélio Costa e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
acertaram a condução de uma proposta para a conferência.
No Fórum Social Mundial, em Belém (PA), Lula
afirmou que assinará um decreto nos próximos dias convocando o evento, para
atender à reivindicação dos movimentos que lutam pela democratização do setor.
"No conflito entre grandes e pequenos, dali sairá uma proposta de comunicação
mais avançada para o Brasil", declarou Lula segundo a CUT.
Para Roseli Koffman, representante do Conselho
Federal de Psicologia na Comissão Executiva do FNDC (Fórum Nacional para
Democratização da Comunicação), esta é uma "oportunidade que os movimentos
sociais e organizações criaram a partir da discussão da necessidade de fazer
um contrato público no campo da comunicação e fazer vigorar isso pela primeira
vez".
Ao Portal IMPRENSA, ela afirmou que "a
convocação é um gesto heróico". Segundo ela, "vamos poder discutir como está a
comunicação pública e a comunicação de estado no Brasil. Tvs e rádios sempre
foram criadas no campo estatal, e as mídias de massa no Brasil foram criadas
no campo privado. Queremos que a comunicação de massa seja um meio de
expressão no campo social".
"Temos uma agenda que prevê a 1ª Conferência no
dia 02 de dezembro de 2009, quando faz um ano que fizemos uma reivindicação em
Brasília para que ela ocorresse, e faz dois anos que a RBC (Rede Brasil de
Comunicação) foi criada; muito mais que uma emissora estatal, queremos que ela
se transforme para servir para o público".
Após uma reunião realizada na última terça-feira
(03) com representantes da Casa Civil, Ministério das Comunicações, comissões
de Ciência Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) e Direitos Humanos e
Minorias (CDHM) da Câmara, e membros do comitê Pró-Conferência, o deputado
Walter Pinheiro (PT-BA), presidente da CCTCI, confirmou a realização da
Conferência na primeira semana de dezembro.
Ele reafirmou a escolha da data como uma
referência ao dia 2 de dezembro de 2007, quando foram criadas a TV Digital e a
TV Pública do país. "A realização da Conferência é uma reivindicação antiga de
diversas organizações e movimentos sociais, são mais de trinta entidades que
se uniram conosco em 2007 para criar a Comissão Pró-Conferência Nacional de
Comunicação. Essa é a oportunidade de discutir um novo modelo de comunicação
para o País", declarou.
Segundo o deputado, uma reunião marcada para o
dia 9 de fevereiro no Ministério das Comunicações determinará os temas
centrais do evento. para ele, a Câmara deve indicar três representantes para
participar formalmente da organização e realização da Conferência.
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Fonte: Fundação Perseu
Abramo (FPA)
Concentração de propriedade na mídia
brasileira tem se acirrado, diz especialista
Na semana em que se discute a democratização
das comunicações, de 17 a 25/10/04, debates estão sendo promovidos em todas
as partes do país, incluindo manifestações populares.
Leia a seguir a reportagem realizada pela Radiobrás*.
Brasília – Segundo o professor e pesquisador
Venício A. de Lima, especializado em estudos sobre a concentração dos meios
de comunicação, as tecnologias da informação e as telecomunicações aparecem
como um dos quatro setores com maior número de fusões e aquisições no
primeiro trimestre de 2003, com um crescimento de 35% em relação ao mesmo
período de 2002, fato que acirrou ainda mais a concentração da mídia no
Brasil.
Autor do livro “Mídia: Teoria e Política”
(Editora Fundação Perseu Abramo, 2001), Venício Lima, destaca como
principais fatores que têm contribuído para a concentração da propriedade
das comunicações no Brasil, sobretudo na radiodifusão, o não cumprimento da
norma legal (Decreto 236/67) que limita a participação societária do mesmo
grupo nas empresas de radiodifusão a cinco concessões em VHF, em nível
nacional, e a duas em UHF, em nível regional (estadual); o período de
carência legal para venda das concessões de radiodifusão, isto é, para a
troca legal de proprietários, é de apenas cinco anos e, mesmo assim, sabe-se
que existem vendas antecipadas por meio da conhecida prática dos chamados
"contratos de gaveta".
Isso faz com que os eventuais concessionários
independentes se sintam atraídos pela possibilidade de negociar suas
concessões com os grandes proprietários e/ou vice-versa e o fato de não
haver normas ou restrições legais para a "afiliação" de emissoras de
radiodifusão, isto é, para a formação de redes nacionais e/ou regionais.
Para o professor, o resultado é que, antes
mesmo de se manifestar a tendência mundial à concentração da propriedade no
setor de comunicações, o mercado brasileiro já era concentrado, tanto no que
se refere à concentração horizontal, quanto à vertical, à cruzada e a "em
cruz".
Concentração horizontal
Segundo Venício Lima, a “concentração horizontal” significa a oligopolização
ou monopolização que se produz dentro de uma mesma área do setor. O melhor
exemplo de concentração horizontal no Brasil, afirma ele, continua sendo a
televisão. Na televisão paga, segundo Lima, o grupo NET-SKY, da Globo,
controla 95% da TV por satélite.
Historicamente, a televisão aberta abocanha a
maior parte de todo o investimento publicitário. Em 2002, 58,7% das verbas
de publicidade foram para a televisão aberta. Do total gasto, em 2001, 78%
foram para a Globo e suas afiliadas. Para o pesquisador, a posição de
oligopólio da Rede Globo na televisão aberta acompanha a própria história da
televisão no país, a partir dos anos 1970, e constitui exemplo clássico de
concentração horizontal no mercado brasileiro em relação às outras redes em
todos os critérios básicos de comparação, como: número total de emissoras
(próprias, associadas e afiliadas); cobertura geográfica por municípios e
por domicílios; participação na audiência nacional de TV e audiência em
horário nobre; e alocação de recursos publicitários.
Concentração vertical
Para Venício Lima, a concentração vertical
constitui-se na integração das diferentes etapas da cadeia de produção e
distribuição, quando um único grupo controla desde os vários aspectos da
produção de programas de televisão até a sua veiculação, comercialização e
distribuição. Para ele, esse tipo de concentração é uma prática consolidada
na televisão brasileira. Nesta área, o melhor exemplo, diz ele, continua
sendo a produção e exibição de telenovelas. Por exemplo: a Rede Globo possui
os estúdios de gravação e mantém, sob contrato permanente, os autores,
atores e toda a equipe de produção (roteiristas, diretores de programação,
cenógrafos, figurinistas, diretores de TV, editores, sonoplastas etc.).
As Organizações Globo há muito operam uma
estrutura multimídia que outros megagrupos internacionais só recentemente
constituíram por meio daquilo que chamam de sinergia, diz Lima. Dessa forma,
a Globo produz a novela em seus estúdios e a exibe em sua rede de televisão.
Além disso, comercializa a novela para outros países, a trilha sonora
através de gravadora própria (CDs e K-7) e divulga "o pacote" através de sua
rede de TV, seus jornais, revistas, emissoras de rádio etc. Essa mesma
estratégia esteve presente no lançamento do programa Big Brother Brasil, em
2002, segundo o professor.
Propriedade cruzada
Lima explica que a propriedade cruzada é a
propriedade por um mesmo grupo de diferentes tipos de mídia do setor de
comunicações. Por exemplo: TV aberta, TV por assinatura (a cabo, MMDS ou via
satélite-DTH), rádio, revistas, jornais e, mais recentemente, telefonia
(fixa, celular e móvel, via satélite), provedores de internet, transmissão
de dados, paging etc. Para ele, alguns dos principais conglomerados de
comunicações no Brasil se consolidaram por meio da propriedade cruzada na
radiodifusão (radio e televisão) e na mídia impressa (jornais e revistas).
Como exemplo desse tipo de concentração, Lima
cita a RBS. Atuando apenas em dois mercados regionais, o Rio Grande do Sul e
Santa Catarina, o Grupo RBS reúne 6 jornais, 24 emissoras de rádio AM e FM,
21 canais de TV, um portal de internet, uma empresa de marketing e um
projeto na área rural, além de ser sócio da operadora de TV a cabo NET (Zero
Hora, 31/8/2002). Ademais, lembra Lima, a RBS foi um dos grupos contemplados
com a vasta liberação de RTVs que ocorreu nos últimos dias do governo de
Fernando Henrique Cardoso, quando recebeu 14 novas retransmissoras.
Para o pesquisador, essa é uma situação que
confere a um único grupo de comunicações e a uma equipe de comentaristas e
articulistas um extraordinário poder. É também uma situação que não seria
possível, legalmente, em vários países, dentre eles a França, a Itália e o
Reino Unido.
Monopólio em cruz
Por último, Venício Lima explica que o
monopólio em cruz trata-se da reprodução, em nível local e regional, dos
oligopólios da "propriedade cruzada", constituindo o que se chamou
"monopólio em cruz". Verificou-se que, na grande maioria dos estados da
Federação, os sistemas regionais de comunicações são constituídos por dois
"braços" principais, geralmente ligadas às Organizações Globo - existe um
canal de televisão, largamente majoritário, quase sempre integrante da Rede
Globo; e dois jornais diários, um dos quais – o de maior circulação – está
sempre ligado a um canal de TV, e – quase sempre – ao canal de televisão
afiliado à Rede Globo; e sempre, paralelamente, ligado a uma rede de
emissoras de rádio, com canais AM e FM. Cada um desses jornais, em quase
todas as capitais, reproduz as principais seções de "O Globo" e seu
noticiário é alimentado, predominantemente, pelos serviços da Agência de
Notícias Globo.
Venício Lima cita pesquisa realizada no início
da década de 1990 que revelou o "monopólio em cruz" se manifestando em pelo
menos 18 dos 26 estados brasileiros – Rio de Janeiro, Paraná, Acre,
Maranhão, Paraíba, Alagoas, Amazonas, Pará, Ceará, Rio Grande do Norte,
Pernambuco, Tocantins, Goiás, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul –, além do Distrito Federal.
Em seu livro, o autor destaca que no Brasil
existe um ambiente bastante propício à concentração. A legislação do setor
tem sido historicamente tímida, por intenção expressa do legislador, ao não
incluir dispositivos diretos que limitem ou controlem a concentração da
propriedade, o que, aliás, vai no sentido inverso do que ocorre em países
como a França, a Itália e o Reino Unido, preocupados com a pluralidade e a
diversidade no novo cenário da convergência tecnológica.
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