Resposta de Patusco:
Smolka,
Li atentamente o seu posicionamento e o do
blog do Reinaldo Azevedo, e já que vc concorda com êle coloco meu ponto de
vista para ambas opiniões.
Conhecendo os radiodifusores e seus
posicionamentos anteriores (Constituinte de 1988, Lei Geral de
Telecomunicações, e que tais) não me parece que suas preocupações
primordiais sejam "combater os inimigos da liberdade de imprensa" . Esse
quase slogan serve bem ao propósito de encobrir sua real intenção : não ver
seus NEGÓCIOS minimamente ameaçados por regras. NEGÓCIOS esses quase sempre
forjados em "tenebrosas transações". Cartéis de poucas famílias e políticos
inescrupulosos que se concederam concessões de radio e tv, e que
verdadeiramente passeiam à margem da lei. Herdeiros de um Brasil que
deveríamos esquecer, dos messias e dos coroné.
Na realidade, poucos são os que são contra a
livre iniciativa, mas muitos são, contra sim, àquela que não se compromete
em seguir regras e que exorbita em suas poucas atribuições . A transformação
tecnológica em que estamos mergulhados, alguém já disse, "apavora" os donos
de jornais e radiodifusores, vendo a internet abocanhar fatias cada vez
maiores de seus NEGÓCIOS. Eles só se ligam na liberdade de imprensa na
medida que venha a atrapalhar seus ganhos. Querem meter regras na internet,
e não querem, eles mesmos, se submeter a nenhuma.
Neste artigo do Reinaldo Azevedo, está claro
que ele fala como jornalista de mídia impressa, e vê-se que desconhece os
embates históricos nas leis de telecomunicações no Brasil e tão pouco as
transformações inexoráveis que a convergência vem fazendo nas
regulamentações dos países. Nada a ver com liberdade de imprensa. Só insiste
nisso o mal informado ou o mal intencionado.
Marcio Patusco
Luiz Sérgio escreveu:
Enquanto os radiodifusores e donos de jornais querem o
caos( as liberdades democráticas que almejam mas não cumprem) e um vade
retro satanás a qualquer coisa que cheire à convergência, vamos jogando pela
janela a chance que teremos de colocar em prática uma legislação que
satisfaça a todos e acabe com privilégios e reservas. O atual governo vai
ser o primeiro a querer chutar o cachorro moribundo. 2010 está na porta.
Aqui em Minas, o Hélio Costa nunca distribuiu tanta FM Comunitária. Tá uma
loucura a coisa. Luiz Sergio (...)
Bruno escreveu:
(...) Enquanto os
radiodifusores e donos de jornais querem o caos( as liberdades democráticas
que almejam mas não cumprem) e um vade retro satanás a qualquer coisa que
cheire à convergência (...)
Boa!
(...) qualquer
coisa que cheire à convergência, vamos jogando pela janela a chance que
teremos de colocar em prática uma legislação que satisfaça a todos e acabe
com privilégios e reservas. (...)
"Democracia é quando eu
mando, se outro manda é ditadura"
[]s, Bruno
Resposta de Patusco:
Luiz Sergio e Bruno,
É claro que não se pode menosprezar o
politicagem, o lobby, e os interesses espúrios, mas devemos admitir que tem
alguém no governo minimamente interessado nos resultados que a conferência
possa produzir (não é difícil adivinhar). Senão, ela não teria sido
convocada. Assim, ao final desse imenso processo, haverá uma série de
propostas discutidas, consensadas e bem alicerçadas.
Em algum ponto, os empresários que não tiverem
participado deverão entrar no processo, por interesse próprio, de estarem
vendo as coisas acontecerem sem sua interveniência, e a vaca indo pro brejo,
ou por convocação do governo. Nessa altura encontrarão uma resistência muito
maior às mudanças nas propostas, pela sua solidez, fruto da exposição e
crítica nas etapas da conferência.
Nessa hora, como sempre aconteceu no passado,
lançarão mão de todos os subterfúgios, esferas de influência, toma lá da cá,
para dizer o mínimo.
Resta saber se esse governo tem vontade política e vislumbre em relação à
importância da necessidade das mudanças para suportar esse enfrentamento.
Marcio Patusco
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Fonte: Blog Reinaldo
Azevedo
[14/08/09]
NÃO HÁ DIÁLOGO POSSÍVEL COM OS INIMIGOS DA
LIBERDADE DE IMPRENSA
Prometi voltar ao assunto da Confecom, a tal Conferência de Comunicação de
Lula e Franklin Martins. Qual era o busílis? Os dois bonitões tiveram uma
idéia genial: juntar governo, ONGs, entidades da sociedade civil e empresas
para discutir a comunicação no Brasil e consolidar propostas a serem
enviadas para o Congresso. É mesmo? Comovente!
Brinco que Confecom lembra nome de exame laboratorial cujo material se envia
numa latinha. Uma reunião desse gênero está cheia de coliformes ditatoriais.
Até compreendo que as entidades empresariais tenham, de início, topado a
iniciativa. Queriam demonstrar, creio, que não alimentam preconceito de
nenhuma natureza, que aceitam conversar com todas as correntes etc.
Há uma questão de ordem e de princípio: se estamos todos juntos, vamos lutar
a favor do quê? Ou contra o quê? Qual é a pauta da conversa entre ONGs
formadas para combater a propriedade privada de empresas de comunicação e os
donos dessas empresas? Qual é o meio do cominho entre a corda e o pescoço?
Eu respondo: uma corda posta permanentemente no pescoço, pronta a ser
acionada. Chegamos ao ponto.
Na tal Confecom, governo, entidades da sociedade civil e ONGs nada mais são
do que faces distintas de um partido. Vamos lembrar a lição: o lulo-petismo
não segue os passos de Chávez não porque não queira, mas porque não pode. As
instituições, por enquanto ao menos, não permitem. Isso não quer dizer que
essa gente não tente permanentemente solapar as regras da democracia e do
estado de direito. É o que chamo de bolivarianismo light.
O governo Lula tentou, por meio do sindicalismo laranja, criar o tal
Conselho Federal de Jornalismo — que, na prática, funcionaria como um
Conselho de Censura do Petismo. Deu com os burros n’água. Aí Franklin
Martins decidiu criar a Lula News, que prometia revolucionar o jornalismo.
Deve ser o traço mais caro da TV mundial. Verba publicitária do governo e de
estatais é usada de modo descarado, acintoso, para financiar o subjornalismo
amigo — e até blogs que optam pela delinqüência descarada. Ongueiros que mal
disfarçam o viés partidário tentam criar limites crescentes à publicidade
das empresas privadas. Já há gente querendo proibir propaganda de biscoito.
Todo esforço, em suma, é feito para pôr a corda no pescoço das empresas de
comunicação.
E elas, inicialmente, pareciam dispostas a dialogar com a corda. “Vamos ver
o que eles querem, qual é a sua pauta”. E a pauta dessa gente é uma só: o
tal “controle social dos meios de comunicação”. Na prática, isso significa
submeter a comunicação a um comitê de representantes do “povo”. Como o
“povo” é uma entidade abstrata, sem endereço, sindicalistas e ongueiros se
oferecem para representá-lo: “O povo somos nós”. As propostas autoritárias
veiculadas em seus fóruns de debate vão assumindo as mais diversas
tonalidades do autoritarismo: da revisão das concessões de TV, passando pela
criação de um fundo para financiar empresas públicas de comunicação,
chegando a um comitê censor, há loucura para todos tamanhos de
camisa-de-força.
O que os une? O ódio à liberdade de imprensa e à livre iniciativa. O que há
a conversar com esses caras? Nada! Têm é de ser combatidos e desmascarados.
Lula quer debater a comunicação no Brasil? Sugiro que comece pela concessão
de uma rádio ao filho de Renan Calheiros no mesmo dia em que este gigante
moral comandava uma baixaria inédita no Senado.
Pois bem: a ficha das empresas caiu, e elas se retiraram da tal conferência.
Descobriram que, com a corda, não se negocia. Os verdugos da liberdade de
imprensa têm é de ser combatidos e, se possível, destruídos. A democracia
não tem de negociar com quem pretende solapá-la usando os instrumentos que
ela própria oferece.
Diálogo de carrasco com vítima é a cabeça.