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Agosto 2009               Índice Geral do BLOCO

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17/08/09

• 1ª Confecom (31): Comentário de José Smolka sobre o posicionamento dos empresários com relação à Confecom

----- Original Message -----
From: J. R. Smolka
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br ; Celld-group
Sent: Sunday, August 16, 2009 11:56 PM
Subject: Re: [wireless.br] 1ª Confecom (30): Patusco comenta msgs de Smolka, Cabral e Nacinovic sobre o tema "Empresários saem"

Boa noite pessoal,

A pedido do Hélio vou poupá-lo, a partir de hoje, do trabalho de copiar meus posts para o celld-group :-)

Bom, parece que vamos enfim ao cerne da questão sobre o posicionamento dos empresários com relação à CONFECOM. E eu vou assumir o antipático papel de advogado do diabo. So be it...

Pra começo de conversa, eu relutei muito com o título deste post. Fiquei tentado a intitulá-lo "joga pedra na Geni... Joga b**ta na Geni", porque em todo este papo sobre o posicionamento dos empresários eu noto um tom curiosamente semelhante ao que justificou a edição e aprovação de todas estas leis antifumo que vão pipocando Brasil afora, com especial repercussão sobre o caso paulistano, por ele ser, bem... em São Paulo.

Sou um ex-fumante relativamente recente (parei em novembro do ano passado), mas sempre me incomodou muito a postura de diversas pessoas que, em nome da preservação da minha saúde, sentiam-se no direito de cercear a minha liberdade. Por baixo desta atitude aparentemente benevolente existe um viés fortemente autoritário. E é especialmente interessante observar como todo este frenesi, que hoje domina as políticas de saúde e justifica legislação cada vez mais draconiana, teve sua gênese. Recomendo fortemente a leitura do texto da palestra Aliens Cause Global Warming, proferida por Michael Crichton no Caltech em 17 de janeiro de 2003.

Voltando ao nosso caso... Como aparentemente todos os radiodifusores são políticos ou apaniguados, então vale tudo para tirar estes sanguessugas das nossas costas, certo? Nem tanto. Primeiro porque existe a hipótese (talvez não provada) de que alguns entre eles sejam realmente empresários sérios. Segundo porque o objetivo da CONFECOM, segundo entendo, não é expropriar as licenças atuais, mas estabelecer um novo marco regulatório que seja sério e possa ser porto para funcionar de forma séria. Se, desta forma, o resultado posterior for a cassação das licenças daqueles maus empresários, tanto melhor. Mas isto é consequência, não objetivo.

Vale lembrar também que o grande trauma com relação à liberdade de imprensa vem dos produtores de conteúdo jornalístico, principalmente o impresso. Uma boa parte destas empresas tem uma forte memória institucional que remonta ao tempo da ditadura militar. E, convenhamos, nosso governo tem mantido uma relação de proximidade preocupante com países onde a liberdade de imprensa vem sendo sistematicamente atacada. Alguns onde este processo já passou da fase de ameaça e parece estar em fase quase final de concretização (alguém aí está interessado em camisetas com a frase porque non te callas?). Como nem o nosso Presidente, nem seus assessores diretos para política externa, o Ministro Celso Amorim e o assessor da Presidência Marco Aurélio "top top" Garcia, falam nada contra o processo que se desenrola naqueles países, é legítimo que flutue a suposição de que eles concordem, apoiem, e talvez até secretamente desejem fazer algo semelhante por aqui. E torna-se natural que os empresários (os sérios, pelo menos) pensem: eu não lutei contra uma ditadura para depois cair em outra.

Chegamos à questão das ONGs. Assim como os empresários, pode ser que existam ONGs sérias por aí. Mas quando eu vejo uma entidade que se autodenomina kollektiv, outras cuja diretoria parece ser formada por militantes de carteirinha do partido do governo ou de partidos que apregoam o intento de construir o socialismo no Brasil, eu fico com sérias suspeitas sobre o comprometimento delas com a manutenção do regime da Economia de mercado.

Estes senhores parecem, sim, ter a pretensão de representar os despossuídos, os carentes, os sei-lá-mais-o-quê. E eu pergunto: quem os elegeu para isto? Que legitimidade eles tem que seja maior que a de outros tantos? E quem são eles para, doutamente, e em nome do nosso bem coletivo, começar a pontificar sobre legislações restritivas ao presumivelmente nefasto Capitalismo?

Nestes termos, se eu fosse empresário e estivesse participando deste processo, ficaria com a mesma preocupação que um jogador de futebol quando, ao sair a bola pela lateral em favor do time adversário, ouviu o juiz dizer: bola nossa. Desta forma o Governo na verdade participa com duas delegações: a sua própria e mais aquela que segue a sua orientação política ou, pelo menos, ideológica. Sinceramente, assim eu também cairia fora.

Para finalizar, para mim "controle social dos meios de comunicação" é, como já disse, um mercado definido por uma legislação séria e atualizada, e controlado por uma agência desaparelhada, profissional e independente.

[ ]'s
J. R. Smolka


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