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Dezembro 2009 Índice Geral do BLOCO
O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão Celld-group e WirelessBR. Participe!
08/12/09
• 1ª Confecom (48): Matérias do Estadão e do Tele.Síntese - Mais informações sobre as participações do Governo e do PT
de Helio Rosa <rosahelio@gmail.com>
para Celld-group@yahoogrupos.com.br,
wirelessbr@yahoogrupos.com.br
data 8 de dezembro de 2009 11:34
assunto 1ª Confecom (48): Matérias do Estadão e do Tele.Síntese - Mais
informações sobre as participações do Governo e do PT
Estamos há uma semana do início da 1ª Conferência Nacional de Comunicações (Confecom).
Enquanto aguardamos uma nova mensagem do nosso Márcio Patusco, permito-me divulgar duas matérias interessantes.
Antes, lembro os títulos de dois "posts"
recentes registrados no web site comunitário
1ª Confecom capitaneado pelo Márcio:
17/11/09
• 1ª
Confecom (45): O "Governo" e a 1ª Confecom
• 1ª
Confecom (43): O PT e a 1ª Confecom
As transcrições de hoje são:
Fonte: Estadão
[29/12/09]
Controlar não é preciso - por Sérgio Fausto
Recorte:
(...) O risco da conferência é se transformar em mais
uma batalha da guerra de posições que o PT e aliados travam contra a chamada
"grande imprensa". Ou, pior, resultar na legitimação de instrumentos que
possam servir ao partido e a eventuais futuros governos, sob seu comando ou de
outrem, para cercear a atividade jornalística e a liberdade de expressão.
Talvez por pressentir esse cenário é que a Associação Brasileira de Empresas
de Rádio e Televisão e a Associação Nacional de Jornais, entre outras
associações do setor privado, tenham abandonado, certa ou erradamente, o
processo preparatório da conferência. (...)
Fonte: Tele.Síntese
[07/12/09]
Governo proporá na Confecom regulamentação de leis existentes - por Lucia
Berbert
Recorte:
(...) A poucos dias da realização da 1ª Conferência
Nacional de Comunicação (Confecom), marcada para os dias 14, 15, 16 e 17 deste
mês, no Centro de Convenções de Brasília, o governo ainda pretende avançar no
debate de algumas propostas para o setor, que serão apreciadas no evento. É o
que conta ao Tele.Síntese o secretário-executivo da Secretaria de Comunicação
Social da Presidência da República (Secom), Ottoni Fernandes Júnior. Ele
ressalta que as propostas apresentadas pelo Poder Público até agora pedem a
regulamentação e fiscalização do que já está definido na legislação, mas que
ainda não foi normatizado. É o caso do tempo máximo de publicidade na TV
aberta, limite de concessão de outorgas e garantia de divulgação de conteúdos
regionais. E garante: o controle social da comunicação não é defendido pelo
governo. Também se diz contrário a imposição de limites à internet. (...)
Apesar da excelente cobertura feita pelo "não
jornalista" engenheiro Márcio Patusco, o tema não tem dado "ibope" em nossos
fóruns.
Mas, pelos "pvts" recebidos, sei que muitos acompanham com muita atenção.
Ler, meditar, debater, interagir com a mídia e autoridades - e formar opinião
- é preciso!
Comentários?
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
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Fonte: Estadão
[29/12/09]
Controlar não é preciso - por Sérgio Fausto
Atendendo à reivindicação histórica de
setores de seu partido, movimentos sociais, centrais sindicais e organizações
da sociedade civil, o presidente Lula convocou ao início de 2009 a 1ª
Conferência Nacional de Comunicações (Confecom), cujas deliberações terão
caráter indicativo, mas nem por isso deixarão de ter peso político.
Ninguém pode negar a relevância do tema de fundo da conferência: um novo marco
legal para as comunicações, setor cujas fronteiras se vão alargando cada vez
mais pelo surgimento de novas mídias e pela generalização da tecnologia
digital. Há aí um potencial não esgotado de desconcentração do poder de falar
e ser ouvido, escrever e ser lido na esfera pública, com impactos
possivelmente positivos para a formação de opinião e deliberação democráticas
sobre assuntos coletivos. Nesse sentido, são em princípio bem-vindas todas as
propostas que visam a alargar as possibilidades de acesso a canais de
comunicação e ampliar a oferta pluralista de informação, opiniões e debate.
O risco da conferência é se transformar em mais uma batalha da guerra de
posições que o PT e aliados travam contra a chamada "grande imprensa". Ou,
pior, resultar na legitimação de instrumentos que possam servir ao partido e a
eventuais futuros governos, sob seu comando ou de outrem, para cercear a
atividade jornalística e a liberdade de expressão. Talvez por pressentir esse
cenário é que a Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão e a
Associação Nacional de Jornais, entre outras associações do setor privado,
tenham abandonado, certa ou erradamente, o processo preparatório da
conferência.
Não se trata de pressentimento infundado. Basta se dar ao trabalho de ler
documentos produzidos por instâncias do partido e estar atento às discussões
travadas nas conferências estaduais, de onde saem propostas e delegados
eleitos à Confecom. Exemplar a esse respeito é o documento O PT na Conferência
Nacional de Comunicação, assinado pelo presidente Ricardo Berzoini, em que a
direção do partido convoca seus militantes à mobilização e estabelece as
linhas gerais da estratégia partidária para a conferência. Cabe citar um
trecho da introdução: "Com grande poder econômico e estratégico, "os barões da
mídia" controlam TVs, rádios, sites noticiosos, jornais e revistas, difundindo
para toda a sociedade o pensamento único de seus interesses comerciais,
políticos e culturais."
A descrição da mídia como um bloco monolítico que defende os mesmos interesses
e dissemina as mesmas opiniões é um retrato flagrantemente distorcido da
realidade brasileira. A emergência de novas tecnologias de comunicação, o
surgimento de novos públicos, as incertezas sobre os modelos de negócio dos
grupos empresariais do setor e os próprios efeitos da democratização da
sociedade brasileira, tudo isso somado faz a grande imprensa brasileira ser
hoje mais plural e menos segura de si do que jamais antes na História deste
país depois do fim da ditadura. Nesse cenário, os riscos de manipulação da
mídia vêm menos da ação orquestrada de "potentados econômicos" e mais de
governos dispostos a obter simpatias ou lealdades, pelo uso dos vários
instrumentos à sua disposição, entre eles vultosas verbas publicitárias, como
Eugenio Bucci, ex-presidente da Radiobrás, com equilíbrio e competência tantas
vez já mostrou neste espaço.
A construção de um espantalho da "grande mídia" não constitui um erro do
documento. É, isso sim, um recurso discursivo deliberado para definir o
terreno político em que o partido pretende jogar a partida da Confecom: de um
lado, "eles", "os barões da mídia", a "grande imprensa", a "mídia hegemônica",
todas expressões intercambiáveis no léxico dos documentos partidários sobre a
conferência; de outro, "nós", o partido e o conjunto dos movimentos e
organizações representativos da sociedade civil. A formulação é tosca, mas
politicamente inteligente: ao definir um "eles" homogêneo, o partido apela a
um "nós" cuja identidade pretende definir e liderar, por oposição.
A narrativa sobre a "grande mídia" cumpre outra função: justificar a criação
de mecanismos de "controle público e social". Afinal, contra poder
supostamente tão grande e maciço não bastariam regras que limitem a
concentração de mercado e ampliem a oferta de veículos de comunicação. É
preciso erguer tacapes que possam enquadrá-lo, pela ameaça, se necessário. Ou
não seria esse o sentido de propostas que pregam a criação "de instâncias
regulatórias que garantam a participação popular na formulação de políticas
para o setor e na avaliação das outorgas" e "de um modelo que garanta
mecanismos efetivos de sanção aos meios de comunicação"? Não são propostas
dissociadas, tanto assim que aparecem sob o mesmo caput ("Controle público e
social"). É como se a "participação popular", sem que se a defina em termos
concretos, tivesse virtudes intrínsecas e o condão de legitimar as pretensões
dirigistas e eventualmente coatoras do Estado.
É muito tênue a linha entre a necessária regulação pública sobre o poder de
mídia e a tentação autoritária de controlar a mídia. Não raro a diferença está
tanto na letra da lei quanto no ânimo de quem a propõe. Tome-se o caso da
chamada "ley de medios", recentemente aprovada na Argentina, pela qual o casal
Kirchner moveu mundos e fundos, tão empenhado que está em sua luta contra a
"grande mídia" quanto em seu projeto de cooptação de organizações da sociedade
civil. É o caso também da "ley de reforma de la comunicación", pela qual se
joga, num ambiente de confrontação, o presidente do Equador, Rafael Correa,
lei cuja pedra angular é a criação de um Consejo Nacional de Comunicación y
Información, com vastos poderes para legislar e julgar no não menos vasto
campo dos "direitos à comunicação e à informação".
Não temos por que seguir semelhante caminho.
Sergio Fausto, coordenador de Estudos e
Debates do iFHC, é membro do Grupo de Acompanhamento da Conjuntura
Internacional (Gacint) da USP E-mail:
sfausto40@hotmail.com
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Fonte: Tele.Síntese
[07/12/09]
Governo proporá na Confecom regulamentação de leis existentes - por Lucia
Berbert
A poucos dias da realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom),
marcada para os dias 14, 15, 16 e 17 deste mês, no Centro de Convenções de
Brasília, o governo ainda pretende avançar no debate de algumas propostas para
o setor, que serão apreciadas no evento. É o que conta ao Tele.Síntese o
secretário-executivo da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da
República (Secom), Ottoni Fernandes Júnior. Ele ressalta que as propostas
apresentadas pelo Poder Público até agora pedem a regulamentação e
fiscalização do que já está definido na legislação, mas que ainda não foi
normatizado. É o caso do tempo máximo de publicidade na TV aberta, limite de
concessão de outorgas e garantia de divulgação de conteúdos regionais. E
garante: o controle social da comunicação não é defendido pelo governo. Também
se diz contrário a imposição de limites à internet.
Com o tema central “Comunicação: meios para a construção de direitos e de
cidadania era digital”, a 1ª Confecom se desenvolverá em três eixos-temáticos:
“Produção de Conteúdo”, “Meios de Distribuição” e “Cidadania: direitos e
deveres”. Nas etapas regionais foram eleitos 1.680 delegados, sendo 40%
representantes dos movimentos sociais, 40% das entidades empresariais e 20% do
Poder Público. Outros 350 observadores de órgãos nacionais, internacionais e
de pessoas da sociedade vão participar dos debates, mas sem direito a voto.
Estão previstas ainda a realização de palestras sobre os eixos temáticos com o
objetivo de enriquecer os debates. As propostas finais serão votadas na
plenária da Confecom, marcada para o dia 17.
Tele.Síntese - O receio do controle social da comunicação ainda
preocupa os empresários do setor. O governo pensa em propor algo semelhante na
1ª Conferência Nacional de Comunicação?
Fernandes Júnior – O governo nunca propôs o controle social da comunicação.
Isso não está escrito em lugar algum. Não tem uma menção a controle social.
[Veja aqui as propostas do governo]
Tele.Síntese - O assunto é recorrente e tem preocupado os empresários,
de um modo geral.
Fernandes Júnior – O que nós estamos propondo é só um início de propostas.
Esta semana nós vamos evoluir em algumas propostas. Nós não queremos um papel
de protagonista. Achamos que esse papel é da sociedade, mas o governo não vai
ficar omisso. Ele vai tomar posições.
O que nós fizemos até agora, em primeiro lugar, foi um grande esforço para que
as entidades empresariais, que acabaram saindo, não saíssem. O ministro
(Franklin Martins) fez apelo, eu fiz apelo para Abert, ABTA, ANJ. Conversei
com todas, falei que era importante os empresários participarem porque esse é
um espaço de construção de uma nova proposta para o setor.
Tele.Síntese - Qual a importância da participação dos empresários, já
que em conferências de outras áreas eles deixaram de participar?
Fernandes Júnior - Embora o evento não tenha caráter legislativo, ele vai
informar as decisões do Congresso, as plataformas de candidatos. Nós
comentamos que era um erro os empresários saírem porque eles deixavam de
influir nesse debate. Nós deixamos claro aos empresários que o governo faria
um papel de ser justamente um facilitador do diálogo entre as partes, entre
sociedade civil organizada e empresarial. E se for pegar o testemunho do
Pauletti [Telebrasil], do César e do Flávio Lara Resende [Abra], eu acho que
elas estão muito satisfeitas de terem ficado, porque estão fazendo propostas,
participaram de todas as conferências estaduais.
No começo, o diálogo com os movimentos sociais foi difícil. Acontece, não
havia experiência entre as partes. Mas hoje o diálogo flui, busca-se o
consenso. E o governo cumpriu justamente esse papel. No início ele foi o
facilitador, ajudando no namoro. E hoje acho que tem um diálogo muito grande.
Nas reuniões da comissão organizadora, muitas decisões que antes rachavam as
partes, saem por consenso. E os empresários ganharam um espaço. Eles se
organizaram nacionalmente para participar das conferências estaduais. Não teve
nenhum problema nessas conferências.
Tele.Síntese - Não houve resistências nos estados?
Fernandes Júnior – No primeiro momento, na fase preparatória, algumas
comissões organizadoras estaduais queriam evitar a presença dos empresários,
mas isso foi superado. Em todos os lugares saiu a representação de 40% dos
empresários, 40% da sociedade civil organizada e 20% do poder público
municipal e estadual.
Em São Paulo, no começo, os pequenos empresários ligados aos movimentos
sociais tiveram certa resistência, como Carta Capital e Vermelho. Mas houve o
diálogo, se conciliaram. Então isso é uma demonstração de espírito
democrático. Acho que está sendo uma grande experiência.
Tele.Síntese - E as propostas a serem apresentadas na plenária
nacional, como serão organizadas?
Fernandes Júnior – O Ministério das Comunicações contratou a Fundação Getúlio
Vargas para sistematizar as propostas. Tem cerca de 6.100. Algumas, na
realidade, nem são propostas, são manifestações, não têm coisas substantivas,
mais adjetivas. Essas vão ser colocadas numa categoria à parte.
Tele.Síntese - Como será a dinâmica dos trabalhos?
Fernandes Júnior – Nós vamos formar 15 grupos de trabalhos, cinco por cada
eixo temático. [“Produção de Conteúdo”, “Meios de Distribuição” e “Cidadania:
direitos e deveres”]
Tele.Síntese - Quais são as expectativas do governo com a Confecom?
Fernandes Júnior – No governo Lula já foram realizadas 61 conferências e as
pessoas ainda não percebem a importância delas. O próprio SUS [Sistema Único
de Saúde] nasceu na oitava conferência de saúde. É uma proposta que vem da
base e foi assumida pelo governo Fernando Henrique, passou pelo Congresso
Nacional e hoje é considerada uma referência mundial de articulação dos três
níveis de governo. Então as pessoas não estão percebendo que, embora não tenha
um caráter legislativo, ela vai influir junto aos legisladores, ao Congresso.
E mais, tem uma parte da conferência, posições, propostas que são aprovadas
pelo plenário que vão ser objetos apenas de regulamentação, de uma portaria,
de uma norma, e por isso é ruim que os empresários fiquem de fora, porque
deixam de influir numa coisa que pode avançar para uma nova legislação.
Tele.Síntese - Voltando às propostas do governo, em que se baseiam?
Fernandes júnior – O que nós temos de propostas, principalmente da Secom, não
tratam ainda das questões macro de convergência, mas sim de regulamentar e
fiscalizar decisões já tomadas ou na Constituição ou no Código de
Telecomunicações. Como o limite do número de outorgas [de rádio e TV], a
garantia de veiculação de conteúdo regional, a produção independente, o limite
de hora de publicidade nas concessões de TV. Tudo isso já está na legislação,
mas ninguém controla. O que nós estamos querendo é que se defina um órgão, se
a Anatel ou outro, para regulamentar isso.
Quanto à questão de órgão regulador, nós ainda vamos discutir mais nesta
semana com os representantes de todos os ministérios, mas a minha posição
pessoal é contra qualquer tipo de órgão de controle de conteúdo naquilo que
não for concessão. Nós não temos que nos meter na liberdade de imprensa dos
veículos que não são concedidos. Por que a concessão de espaço eletromagnético
é um bem público e precisamos garantir que a programação seja basicamente de
jornalismo, entretenimento, informação cultural, limitar cultos religiosos em
determinados horários. É isso que nós queremos. Um órgão que regulamente,
fiscalize aquilo que já existe. Nós não somos contra a qualquer tipo de
controle, de fiscalização sobre a manifestação de imprensa livre.
Tele.Síntese - Esse órgão pode ser a Ancine?
Fernandes Júnior – É uma possibilidade. Eu temo que a Ancine não tenha
capacidade para cumprir essa função na TV aberta. Isso é um fator a discutir.
Precisa ter um organismo. Hoje não tem. A Anatel não faz esse papel. O
Ministério das Comunicações não faz esse papel.
O que precisa ficar bem claro é que esse trabalho de fiscalização será feito
em concessão de espaço eletromagnético e nunca sobre a qualidade do conteúdo
jornalístico ou mesmo do entretenimento. Eu sou contra a baixaria na TV, por
exemplo, mas acho que só a sociedade organizada pode combater isso. Acho que
tem que ter a classificação indicativa dos programas, sim. Acho que é um
absurdo ter propaganda de bebidas alcoólicas num horário que criança esteja
vendo televisão. Acho que isso deveria também ser fiscalizado e já existe
proposta do Ministério da Justiça em relação a isso.
Então, essas propostas tratam do que já existe e não é regulado nem
fiscalizado. E não é regulado porque não foi feito o regulamento. Tem um
número grande de projetos na Câmara para regulamentar a produção independente
e a produção regional, mas nada passou. Precisa organizar isso e a conferência
pode fazer uma proposta de unificação deles. Depois tem um processo posterior
de acompanhamento legislativo, por meio de uma comissão formada durante a
Confecom, para poder avançar.
Tele.Síntese - A regulamentação da internet tem sido defendida por
vários empresários. Qual a posição do governo sobre esse tema?
Fernandes Júnior – Eu sou radicalmente contra. Acho que a proposta do marco
civil da internet feita pelo Ministério da Justiça, que trata basicamente da
proteção do cibercrime. O caso dos provedores, para que eles tenham condições
de fazer um rastreamento para evitar pedofilia, atentados contra a segurança
do país, da sociedade, campanhas odiosas, preconceitos. Sou contra qualquer
tipo de outro controle.
Tele.Síntese - Há um movimento, principalmente dos radiodifusores, de
aplicar o artigo 222 da Constituição, que trata da propriedade dos veículos de
comunicação, nos portais da internet que veiculam notícias. Você é a favor
disso?
Fernandes Júnior – Sou contra isso. Acho que a internet tem que permanecer
como um espaço liberado. É importante para diversificar. A internet tem a
grande vantagem de, nesse aparente caos, refletir a sociedade nas suas
múltiplas visões. É uma forma, no fundo, de democratizar a informação. Tem
muito boato, tem muita lenda, mas tem informação. Não pode ter controle, é
assim no mundo inteiro.
Toda vez que tem uma manifestação [contra problemas na internet] a Justiça
resolve. A Justiça entrou no Orkut por causa de pedofilia e outros problemas.
O próprio Google forneceu as informações necessárias para identificar os
autores. Então cabe à justiça intervir, por exemplo, numa manifestação
sectária, contra valores constitucionais, contra as liberdades. E tem
acontecido. Nós temos mecanismos para isso. Não precisa adotar limites por
cima porque ai vai matar a diversidade.
Tele.Síntese - E quais as perspectivas para a Confecom? Já são mais de
seis mil propostas...
Fernandes Júnior – Eu acho que vamos chegar, depois de consolidar, a um número
bem menor porque uma mesma organização, como a Telebrasil, por exemplo, entrou
com propostas iguais em todas as regionais. Ao sistematizar, nós vamos
organizar por eixo e uma só proposta, com pequenas variações, pode representar
outras propostas. O que a FGV vai fazer é uma proposta unificadora, que vai
receber um título breve e vai estar associada na internet a todas as propostas
identificando o estado, a origem, e a pessoa vai poder ver todas as propostas
e ver que foi atendida. Então com isso a gente acha que vai enxugar bastante.
A gente acha que, com esse trabalho, chegaremos a 1.500 a 2.000 propostas, que
serão levadas para os grupos de discussão, que já vão passar um filtro muito
grande, antes de ir para o plenário. De tal forma que a gente leve cerca de
200 a 100 propostas para o plenário, para que possam ser discutidas e votadas.
Tele.Síntese - E o que acontecerá depois? Já existe uma proposta para
dar periodicidade à Confecom, como já existem para outras conferências?
Fernandes Júnior – Ainda não. Mas acho que devíamos seguir o modelo da saúde,
que é de dois em dois anos. Mas essa é uma opinião pessoal. Vai caber ao
próximo presidente ou presidenta da República definir.
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