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Fevereiro 2009               Índice Geral do BLOCO

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03/02/09

• Telebrás e Eletronet: de novo... - "Não tem cabimento criar uma Transamazônica digital" + 2 matérias do Estadão

----- Original Message -----
From: Helio Rosa
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br ; wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Tuesday, February 03, 2009 4:53 PM
Subject: Telebrás e Eletronet: de novo... - "Não tem cabimento criar uma Transamazônica digital" + 2 matérias do Estadão
 
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
 
De volta após um pequeno "recesso familiar", encontro a caixa postal transbordando... :-)
Peço desculpas a todos pelo atraso nos retornos... eu chego lá... espero...  :-)

01.
Na berlinda, de novo, a Telebrás!
Obrigado, José Roberto Souza Pinto pela indicação da matéria do Ethevaldo.
E obrigado ao Rubens pela matéria do Guerreiro (vai repetida para nivelamento dos dois Grupos).
Acrescento mais uma, Editorial do Estadão de ontem.

Aqui estão as manchetes e links, com a recomendação de preferir, sempre, ler na fonte (as transcrições estão mais abaixo):

Fonte: Computerworld
[03/02/09]   "Não tem cabimento criar uma Transamazônica digital", diz Renato Guerreiro
Recorte:
(...) O primeiro presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Renato Guerreiro, fez duras críticas à intenção do governo de criar um backbone público, usando a infraestrutura da Eletronet - em processo de falência. (...)

Fonte: Clipping MP - Origem: Estadão
[02/02/09]   Vocação estatizante
Recorte:
(...) O governo admitiu, na semana passada, que quer reativar a Telebrás, tornando a empresa a responsável pelo acesso à internet, por banda larga, em todo o território brasileiro. (...)

Fonte: Ethevaldo.com.br
[25/01/09]   O que está por trás da recriação da Telebrás
Recorte:
(...) Quarto argumento contra a recriação da Telebrás: o governo Lula, além de não ter nenhum plano sério de desenvolvimento das telecomunicações, vem impondo visível retrocesso à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), com a nomeação de dirigentes indicados predominantemente pelo interesse político-partidário.(...)
 
02.
Na ComUnidade, acompanhamos o tema desde novembro de 2007.
Lá no final está a coleção de "posts".
Vale conferir para se ambientar, recordar e formar opinião!

Ao debate!
 
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa 
 

 
Fonte: Computerworld
[03/02/09]   "Não tem cabimento criar uma Transamazônica digital", diz Renato Guerreiro
Brasília - Ex-presidente da Agência Nacional de Telecomunicações critica projeto do governo de criar backbone público com infraestrutura da Eletronet.

Por Fabiana Monte, editora-assistente do COMPUTERWORLD

O primeiro presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Renato Guerreiro, fez duras críticas à intenção do governo de criar um backbone público, usando a infraestrutura da Eletronet - em processo de falência.

"Não tem o menor cabimento fazer uma Transamazônica digital, que é o que está cheirando esse projeto da Eletronet", reprovou o atual diretor da Guerreiro Consult, referindo-se à rodovia considerada uma das "obras faraônicas" realizadas no Brasil durante o governo militar.

O secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, diz que a intenção é usar a rede da Eletronet para colocar em prática o plano nacional de banda larga. O argumento é que existem regiões no País economicamente desinteressantes para que as operadoras de telecomunicações ofereçam formas de conexão à internet.

Por isso, analisa Santanna, cabe à administração pública criar alternativas para fazer com que a população dessas áreas conte com conectividade para acessar serviços de governo eletrônico, promovendo um ciclo virtuoso que movimente a economia e impulsione o crescimento.

"As soluções de mercado não respondem às questões mais gerais que o governo precisa no longo prazo. O foco das empresas é baseado numa lógica de mercado aplicável ao sistema privado, mas pouco ajustada ao governo", pondera Santanna. "Venho defendendo que devemos ter um plano nacional de banda larga que trate de levar conexão a regiões condenadas à desconexão eterna", completa.

Para Guerreiro, é desnecessário criar e manter um backbone para viabilizar a disseminação do acesso a serviços de inclusão digital. O raciocínio do ex-presidente da Anatel é que as empresas de telecomunicações já estabeleceram a infraestrutura necessária para tal e que as ofertas surgirão à medida que o desenvolvimento econômico chegue a regiões que hoje são desinteressantes para as teles.

"As estradas já construídas pelas empresas de telecom vão se alargando à medida que mais informação precisar trafegar", ilustra. "Não se faz uma autoestrada para uma cidade pequena a menos que se desperdice o dinheiro do governo", manifesta.

A infraestrutura da Eletronet tem 16 mil quilômetros de fibra óptica, cortando estados das regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A empresa oferecia serviços de transporte de dados por meio da rede elétrica e tinha como acionistas a Eletrobrás e a AES Corporation.

Santanna defende que usar a rede da Eletronet é explorar uma infraestrutura que já foi construída e recebeu investimentos públicos, mas ele admite que será necessário destinar novos recursos para iluminar as fibras ópticas, pois 90% delas estão apagadas. "Não queremos a massa falida da Eletronet, queremos receber as fibras que estão apagadas no sistema Eletrobrás, mas agora não tenho condição de precisar o valor do investimento".

A ideia de utilizar a rede da Eletronet para estabelecer um backbone público não é inédita. O governo levanta a hipótese de usar a Telebrás para gerir o negócio. O tema recebe o apoio de membros do governo como a Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o Ministro das Comunicações, Hélio Costa, além do próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

O secretário do Ministério do Planejamento afirma que a Telebrás é uma das possibilidades aventadas, mas o governo não descarta outras hipóteses, como o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) e o próprio sistema Eletrobrás.

A proposta de ter um backbone para uso exclusivo do governo é bem-vinda por outras razões, acrescenta Santanna. "O goveno precisa ter suas próprias redes, porque há atividades que só o governo faz e precisa de privacidade. Ligar o interior do Amazonas, onde não tem densidade e nem  renda é tarefa que só o governo vai desempenhar", argumenta.

Para Renato Guerreiro, que participou ativamente dos anos prévios e imediatamente seguintes à privatização do sistema de telecomunicações brasileiro, a possibilidade de recriar a Telebrás ou de estabelecer um backbone público soa como absurda.

"Não tem nenhuma sintonia com o que foi feito no País. É uma solução sem nenhum tipo de sustentação, uma bobagem, um absurdo, uma coisa totalmente fora de propósito. Acho que é muito mais o interesse de uma parte do governo, de manter as comunicaçõeos sob a tutela do estado", censura o ex-presidente da Anatel.



Fonte: Clipping MP - Origem: Estadão
[02/02/09]   Vocação estatizante
 
O governo admitiu, na semana passada, que quer reativar a Telebrás, tornando a empresa a responsável pelo acesso à internet, por banda larga, em todo o território brasileiro.
 
A volta da Telebrás foi defendida pelo secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, sob a alegação de que "o País precisa de rede própria para interligar com banda larga não só escolas, mas delegacias e hospitais em todos os lugares". Dia 26/12, a Telebrás já havia comunicado aos acionistas a disposição da União de capitalizar a empresa, aportando-lhe até R$ 200 milhões, por subscrição de ações novas.
 
Os defensores do projeto alegam ainda que a Telebrás propiciaria maior economia ao governo e maior segurança aos serviços de telecomunicações governamentais, além de operar com um satélite estatal brasileiro, para atender ao governo e às comunicações da aeronáutica. Sobretudo, alegam eles, poderia operar uma rede de 16 mil quilômetros de cabos de fibra óptica que está ociosa, pois pertence a uma empresa falida, a Eletronet, cujo controle acionário é da Eletrobrás e da AES Bandeirante.
 
A verdade é bem diferente do que sugerem os defensores da Telebrás. Ressuscitar a estatal, que já deveria ter sido liquidada por falta de atividades desde a privatização da telefonia, em 1997, e hoje é deficitária, conflita com o previsto na Lei Geral de Telecomunicações.
 
Em sua coluna de domingo, dia 25 de janeiro, no Estado, Ethevaldo Siqueira, especialista em tecnologia da informação, denuncia a inconsistência dos argumentos dos defensores da Telebrás e alerta para os riscos de que seja realizada uma operação nebulosa e, eventualmente, danosa ao País, por envolver uma companhia (a Eletronet) cujo único resultado concreto foi dar um enorme prejuízo aos credores, estimado em cerca de R$ 600 milhões.
 
Ignorou-se, diz o jornalista, na proposta de reativar a Telebrás, que o Brasil já dispõe de uma excelente infraestrutura e de oferta de serviços que poderiam atender ao governo. A segurança das comunicações militares é conferida por sistema de criptografia e codificação, não pelo fato de a operadora ser uma companhia estatal.
 
Além disso, acrescenta Ethevaldo Siqueira, na verdade a Telebrás nunca foi operadora, mas apenas uma holding de empresas telefônicas; o marco regulatório é contrário à presença de estatais como operadoras de serviços, salvo em casos excepcionais; e o Estado não tem razões plausíveis para retornar ao setor de telecomunicações, pois a estrutura privada do segmento mostrou-se altamente eficiente.
 
Aliás, mesmo no âmbito oficial, não há unanimidade quanto à conveniência de reativar a Telebrás. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, por exemplo, estaria alinhado a outro grupo, para o qual a estatal deveria apenas cumprir suas obrigações judiciais e caminhar para a extinção.
 
A Telebrás, ademais, não teria condições de atender diretamente os usuários de telecomunicações, pois a rede da Eletronet não lhe faculta este acesso.
 
Como afirmou o ex-ministro das Comunicações do governo Fernando Henrique Cardoso Juarez Quadros, seria no mínimo arriscado transformar a Telebrás em prestadora de serviços de telefonia: "Por um momento, pode até parecer competitiva, mas depois vai precisar de dinheiro para modernizar a infraestrutura e aí não vai haver garantias. É difícil concorrer com a iniciativa privada." Ao ressuscitar a Telebrás, portanto, o governo terá de aumentar as despesas públicas, num momento de queda de receitas tributárias.
 
A única certeza é que se abriria espaço para a criação de centenas de empregos para os correligionários e amigos do governo, como se tem visto nas demais agências reguladoras, inclusive na Anatel, responsável pela área de telecomunicações.
 
Em 25 anos, a Telebrás investiu cerca de R$ 40 bilhões, instalando o total de 24,5 milhões de acessos telefônicos, entre fixos e móveis. Em pouco mais de uma década, as operadoras privadas já investiram quatro vezes mais do que a Telebrás, passando a oferecer uma linha de telefone por habitante, pois atingiu 193,2 milhões de acessos fixos e móveis, densidade seis vezes maior do que quando a telefonia foi privatizada.
 


Fonte: Ethevaldo.com.br
[25/01/09]   O que está por trás da recriação da Telebrás
 
A Telebrás foi privatizada em 1998. Mas não foi extinta. Embora nunca tenha sido empresa operadora de telecomunicações, mas uma holding controladora de 27 subsidiárias, ela pode ser reativada. Com que objetivos? Na argumentação dos defensores desse projeto, seriam quatro as razões para ressuscitar a velha empresa: a) proporcionar maior economia ao governo e conferir maior segurança aos serviços de telecomunicações governamentais: b) torná-la “gestora de uma rede nacional de banda larga, com o objetivo de levar o acesso à internet rápida a todo o País”; c) operar a rede de 16 mil quilômetros de cabos de fibra óptica da falida Eletronet, estatal formada pela Eletrobrás e a AES Bandeirante, cujo passivo já supera os R$ 600 milhões; d) operar um satélite estatal brasileiro, para atender ao governo e às comunicações aeronáuticas.
 
Nenhum desses propósitos tem consistência, pois o Brasil dispõe de infraestrutura e de oferta de serviços, inclusive de satélites, que poderiam atender ao governo. No caso das comunicações militares, a segurança essencial em todo o mundo é assegurada por meio de sistemas de criptografia e codificação e não pela estrutura estatal da operadora.
 
Com a criação de uma operadora estatal de telecomunicações, no atual cenário político brasileiro, seria quase certa a criação de, no mínimo, 500 vagas para nomeações de profissionais, amigos e correligionários. Outra consequência seria a oportunidade de grandes licitações para aquisição pelo governo de equipamentos na área de telecomunicações. Tudo isso seduz alguns defensores do velho projeto do governo.
 
A reativação da Telebrás volta a ser considerada pelo primeiro escalão governamental – com apoio da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, e do secretário de Logística e Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna. A questão, no entanto, é tão polêmica que nem no governo existe consenso sobre as eventuais vantagens da ressurreição da velha empresa.
 
De fato, recriar a Telebrás, depois de todas as mudanças institucionais que levaram o País a privatizar suas telecomunicações – uma emenda constitucional, uma lei geral, a criação de uma agência reguladora e a própria privatização do sistema – é muito mais do que insensatez.
 
O PERIGO
Se concretizada a reativação, o grande risco para o País é estar diante de uma das maiores negociatas da história das telecomunicações, com o envolvimento da Telebrás e da Eletronet, empresa falida formada pela estatal Eletrobrás e a AES Bandeirante – a qual foi afastada da gestão da companhia em 2002, por não pagar seus fornecedores.
 
A participação da AES na Eletronet foi comprada por uma única pessoa – por apenas US$ 1, na expectativa de que essa fatia do capital venha a render milhões num possível saneamento, reativação ou reestruturação da empresa, segundo fontes governamentais.
 
Primeiro grande argumento contrário à volta da empresa: a Telebrás nunca foi operadora, mas apenas a holding de um conjunto de 27 concessionárias estaduais de telecomunicações. Na verdade, o Brasil não precisa de uma operadora estatal para servir ao governo e aos setores militares.
 
Não caberia nenhuma objeção se o governo federal quisesse proporcionar a todo cidadão o acesso aos serviços e às suas informações, nas áreas de previdência, justiça, tributos, saúde, educação e inclusão digital – num projeto moderno de governo eletrônico. Bastaria para tanto contratar uma ou mais operadoras, que fariam tudo isso por um preço final muito mais econômico, além de serem imunes ao empreguismo, numa verdadeira parceria público-privada, com regras claras e fiscalização rigorosa. Mas essa solução não tem o charme dos sonhos hoje acalentados em Brasília nem abriria vagas para a nomeação de amigos e companheiros.
 
O segundo argumento que desaconselha a recriação da Telebrás é a existência de um marco regulatório inteiramente contrário à presença de empresas estatais como operadoras de serviços, a não ser em casos excepcionais e muito específicos.
 
Terceiro argumento: o Estado brasileiro não tem recursos de investimento nem razões plausíveis para retornar ao setor de telecomunicações. Mais do que isso: o País já dispõe de infraestrutura, e o setor privado provou que é capaz de atender mais e melhor nessa área e que dá respostas muito mais rápidas e com mais eficiência às demandas da sociedade.
 
Recordemos apenas um dado significativo sobre o setor: em 10 anos e meio, o Brasil passou de uma densidade de 17 para 101 telefones por 100 habitantes. Por outras palavras, o País tem hoje mais telefones do que gente: 193,2 milhões de acessos fixos e móveis para 192 milhões de habitantes.
 
Quarto argumento contra a recriação da Telebrás: o governo Lula, além de não ter nenhum plano sério de desenvolvimento das telecomunicações, vem impondo visível retrocesso à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), com a nomeação de dirigentes indicados predominantemente pelo interesse político-partidário.
 
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