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05/01/09

• Comentários de Rubens Kuhl Jr sobre fraudes em internet banking

----- Original Message -----
From: Rubens Kuhl Jr.
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Cc: Celld-group@yahoogrupos.com.br
Sent: Monday, January 05, 2009 7:17 PM
Subject: Re: [wireless.br] Help com dados sobre fraudes em internet banking

Jana,

O uso de celular para transações bancárias ainda é muito pequeno então qualquer que seja o risco nessas transações, grande ou pequeno, terá pouco impacto sobre a massa de clientes... para nós que gostamos de viver na bleeding-edge tecnológico pode fazer diferença, mas nos grandes números não faz.

Os grandes vetores ainda são o "chupa-cabra" (leitor de dados de cartões magnéticos e senhas tecladas) e os computadores infectados por malware, como você mesma pode perceber... vai ser difícil levantar dados concretos sobre a frequência (eu gostava mais dessa palavra com trema) com que isso acontece pois os bancos guardam a 777 chaves essa informação. O que eu posso te dizer de experiência em 1 grande provedor e em 3 grandes bancos é que o número não é tão pequeno quanto dizem os bancos nem tão grande quanto às vezes aparece na imprensa. É um risco administrado.

As regulamentações do BACEN a respeito tratam exatamente da administração do risco; ele não precisa ser eliminado, precisa ser conhecido e dinheiro reservado para cobrir as contingências. Como os bancos querem ter que deixar o menos possível reservado para vender o dinheiro no mercado (leia-se: empréstimo a juros), eles adotam estratégias que não só mostrem como minimizem o risco. Procure por termos como "acordos de Basiléia", Basiléia II, Basel (Basiléia em Inglês) que norteiam as normas utilizadas para isso no mundo e no Brasil. Note que elas não tem foco no risco percebido pelo cliente individual, ou nos transtornos ou prejuízos de um cliente individual, mas pelo sistema.

A responsabilidade dos provedores é bastante limitada, e a possibilidade dela aumentar passa pelo que se discute hoje com a Lei Azeredo. Tudo que consta das discussões sobre Lei Azeredo se aplica à responsabilidade nos provedores nessa questão.

Um pilar importante dessa questão é a jurisprudência, onde se inverteu o viés fortemente favorável aos clientes e as decisões judiciais mais recentes tem responsabilizado os clientes pelos problemas na administração de recursos de segurança como cartões e senhas. Isso porém ainda não foi testado na questão de segurança de computadores pessoais, pois devido ao grande interesse dos bancos em manter esse canal como meio principal de interação com o cliente, os bancos tem
"entubado" os prejuízos ocasionados.

Apesar de ser de difícil a impossível conseguir informações empíricas sobre esse tema que possam ser publicadas, você já notou uma das tendências resultantes da regulamentação: como as transações entre um mesmo banco ate R$500 são cobertas pelo banco e não por resseguros do sistema financeiro, os bancos passaram a usar esse montante como guia de valores permitidos, e os meliantes passaram a usar múltiplos fraudes de valores baixos como meio de ação. Assim, a senha de uma
conta de quem ganha 2 salários mínimos é tão útil quanto a conta do Maluf de 2 milhões de euros...

Rubens

 


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