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Julho 2009               Índice Geral do BLOCO

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19/07/09

• Msg de Flávia Lefèvre:  A Anatel, a Telefonica, o BNDES e os princípios da publicidade e eficiência

----- Original Message -----
From: Flávia Lefèvre
To: Helio Rosa e Grupos
Cc: CTSP - Ruy Bottesi
Sent: Sunday, July 19, 2009 8:37 PM
Subject: A ANATEL, A TELEFONICA, O BNDES E OS PRINCÍPIOS DA PUBLICIDADE E EFICIÊNCIA

Oi Helio e Grupos

Ando muito desanimada com as notícias do Senado e o apoio que o Governo e o PT vem dando para abafar a gravidade da situação.

Esses fatos geram um desânimo geral. Dão a impressão que não adianta lutar pela moralidade e que somos ingênuos ao acreditarmos que existe certo e errado.

E geram também uma vergonha profunda, que alcança o passado, pois lembramos do quanto atuamos e empenhamos nossas crenças e palavras para ver o Governo do PT.

Como poderíamos supor há uns dez anos atrás que o PT daria apoio a figuras como Renan Calheiros e José Sarney?

Mas, a descrença é desmobilizadora e, como diz o José Simão, "quem fica parado é poste"!

Sendo assim, vamos lá!

Não é incrível que a Telefonica venha tendo problemas na rede de comunicação de dados há um ano, sem tomar nenhuma providência e, de repente, em poucos dias, consiga apresentar um plano de recuperação para a ANATEL e, agora, informa que já iniciou sua implantação e que os problemas estão resolvidos, conforme declarou o Presidente da concessionária? Vale conferir a
matéria do Teletime.

Se a Telefonica já tinha a solução, por que não adotou as providências antes? E, mais, se a solução é tão simples, por que a ANATEL não impôs à concessionária que adotasse as medidas devidas desde o primeiro apagão ocorrido em 3 de julho de 2008 e que deixou os usuários da Telefonica mais de 36 horas sem serviço?

Também não podemos ignorar que, como já tenho comentado em posts anteriores, a Telefonica levou em outubro de 2007 do BNDES R$ 2 bilhões para investir na rede de comunicação de dados.

Se realmente investiu esses valores, tanto o BNDES quanto a concessionária tem de demonstrar. No que foram aplicados os recursos públicos e qual a razão de, depois de investimentos de R$ 2 bilhões, o serviço público essencial de comunicação de dados vir sendo prestado de forma descontínua no Estado de São Paulo e, ainda, não chegar às milhares de localidades menos ricas da área de concessão da Telefonica, que não tem oferta do serviço por outras prestadoras?

Não vamos cair na esparrela das meras alegações vazias da Telefonica de que investiram, sem lastro probatório, inconsistentes e incongruentes com a realidade da má prestação do serviço e do crescimento de envio de remessas de lucros para a Espanha.

E nem o BNDES deveria cair, pois, afinal, o dinheiro que empresta deveria estar à serviço do interesse público e não do interesse do Grupo Telefonica. O BNDES deve nos demonstrar que tem controle sobre a destinação dos recursos que libera.

A Associação dos Engenheiros de Telecomunicações tem dito que São Paulo não merece a Telefonica. É verdade. Vale a transcrição de parte de uma mensagem do Eng. Ruy Botesi - da AET, a respeito do assunto:

1. Nível de Investimento:
A Telefonica informou que em 2008 investiu R$ 2 bilhões, sendo R$ 500 milhões destinados para a rede de dados. Este ano (2009) na rede de dados a Telefonica estará investindo R$ 750 milhões, ou seja, aumento de 34% de um ano para outro, conforme citado na Folha de São Paulo de 28/06/2009. O orçamento de investimento da Telefonica para o Brasil em 2009 é de R$ 2,4 bilhões (Estadão e DCI 08/07/2009). No nosso entendimento, esses pronunciamentos por parte do Presidente da Telefonica são meramente especulativos, com números arbitrários, uma vez que não estamos conseguindo identificar junto aos fornecedores e prestadores de serviços os gastos com contratações. Considerando que essa empresa é uma concessionária de serviços públicos, a mesma deveria ter obrigação de abrir seus contratos para a sociedade, como forma de justificar e comprovar os níveis de investimentos anunciados ano a ano.

2. Imposto Estadual (ICMS):
Estamos recebendo denúncias de que a Telefonica não está cumprindo (em dia) com suas obrigações tributárias, principalmente em relação ao recolhimento do imposto ICMS. Dessa forma, entendemos que antes de providenciar a remessa de lucros para a sua matriz na Espanha, a Telefonica deveria quitar (colocar em dia) todas as obrigações tributárias pendentes no Brasil, não deixando de fazer isso a posteriori. A denúncia refere-se à obrigação de recolhimento efetivo do imposto ICMS devido em anos passados (em montante superior a R$ 500 milhões). Em nosso entendimento a transparência neste caso deveria ser recíproca, tanto da Telefonica, como do Governo do Estado de São Paulo".

Preocupante, não é?

Mas se São Paulo não merece a Telefonica, o Brasil não merece a ANATEL funcionando do jeito que está. A agência tem responsabilidade direta no cenário que temos enfrentado, pois, criminosamente, depois de onze anos de privatização, resiste em implementar o modelo de custos e não fiscaliza, como deveria, o precioso bem público - a infraestrutura de telecomunicações do país. A rede de comunicação de dados das concessionárias é bem público - é backhaul. Essa discussão não pode ser negligenciada. O que a Telefonica está fazendo com o patrimônio da nossa antiga Telesp?

Vejam que não é só a Telefonica que vem apresentando problemas.
Matéria publicada no último dia 17 de julho no O Estado de São Paulo, assinada por Gerusa Marques, dá conta que a segurança na prestação do serviço em todo o país está em risco. E a ANATEL é muito responsável por isso, especialmente por sua omissão imoral, que leva a ineficiência, contrariando garantias constitucionais (art. 37 e art. 175, da Constituição Federal)

Na matéria encontramos o seguinte:

"O alerta para o risco de uma falha sistêmica, envolvendo a infraestrutura de outras empresas de telefonia fixa, celular e de internet em alta velocidade, vem de setores da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

"O problema não é só do Speedy", diz uma fonte graduada do órgão regulador. Levantamento obtido pelo Estado mostra que, nos primeiros sete dias de julho, houve pelo menos cinco falhas (ver quadro) nas redes da Oi, Vivo e TIM. São problemas nos serviços de telefonia fixa, banda larga e telefonia celular, provocados por rompimentos de cabos de fibra ótica, queda de enlaces e falhas na conexão de roteadores, por exemplo. Também há situações mais comuns, como velocidade de conexão à internet abaixo da contratada e problemas para completar ligações telefônicas.

O aumento da frequência de "pequenas panes", segundo a mesma fonte, é atribuído à falta de manutenção nos equipamentos e a investimentos insuficientes para a expansão das redes. Apesar do diagnóstico, a Anatel, responsável pela fiscalização das empresas, estaria com a sua atuação limitada por não dispor de instrumentos atualizados para checar a qualidade da prestação dos serviços.

A Agência, como admite fonte do setor, não concluiu os estudos para elaboração de modelos de regulação econômica que lhe permitam exigir das empresas o cumprimento de planos estratégicos de atendimento da demanda e de modernização das redes. "A Anatel faz padrão de qualidade com base em uma norma da época da Telebrás", diz a fonte.

O ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros considera que a Anatel está "super atrasada" na elaboração do modelo de custos, iniciada em 2005, que ofereceria um detalhamento contábil para identificar quanto é gasto em cada setor das empresas e a receita obtida com cada serviço.

"Não adianta só fiscalização física, o modelo de custos é fundamental para ver o que de fato está ocorrendo", disse.


Diante das circunstâncias, vou continuar batendo na tecla no art. 65, da Lei Geral de Telecomunicações, estabelecendo que não serão deixados à exploração exclusivamente no regime privado os serviços essenciais, como é o caso da comunicação de dados.

Vou continuar batendo na tecla do que está disposto no Decreto 4.733/2003, que obriga a ANATEL a adotar medidas para regular o compartilhamento da rede e ampliar a concorrência e a implantar o modelo de custos, desde 2006 e até hoje não se fez nada.

E, ainda, continuar a perguntar: por que o Governo, que adora alardear que a banda larga é tão importante para seus programas de inclusão digital, não cumpre a lei?

Risco sistêmico? Falta de concorrência? Preços extorsivos? Falta de acesso aos serviços essenciais? Depois de onze anos da privatização? Quem merece?

Abaixo estão transcritas estas duas matérias citadas:

Fonte: Teletime
[17/07/09] 
Telefônica diz ter concluído ajustes e quer retomar vendas do Speedy - Da Redação
Fonte: Estadão
[17/07/09]  
Panes nos serviços das teles vão muito além do Speedy por Gerusa Marques

Abraço a todos.

Flávia Lefèvre Guimarães 
 

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Fonte: Teletime
[17/07/09]
Telefônica diz ter concluído ajustes e quer retomar vendas do Speedy - Da Redação

A Telefônica anunciou nesta sexta-feira, 17, a conclusão do plano de melhorias para a estabilização do seu serviço de banda larga (Speedy) entregue à Anatel no último 26 de junho. O anúncio ocorre com nove dias de antecedência, uma vez que a agência havia dado à operadora um prazo de 30 dias para colocar o projeto em operação. O presidente da Telefônica, Antônio Carlos Valente, informou que foi enviada carta ao embaixador Ronaldo Sardenberg, presidente da Anatel, comunicando a conclusão da etapa de estabilização do Speedy e solicitando a liberação da comercialização do serviço, que está vetada pela agência desde 22 de junho. Segundo ele, representantes da Anatel visitarão o centro de operações da Telefônica nos dias 20 e 21 deste mês para analisar as medidas implementadas. Segundo declarações do presidente da Anatel em Brasília, contudo, é improvável que uma decisão sobre o tema seja tomada na próxima semana.

Medidas implementadas

As melhorias implementadas custaram R$ 16,1 milhões e incluem a duplicação de capacidade de resolução dos servidores DNS; 100% de contingenciamento para os pontos internacionais de conexão Internet (toll-gate), responsável pela conexão da rede da Telefônica com a Internet em todo o mundo, que passa de 60 para 100 Gb em cada uma das duas saídas por meio de cabos submarinos; a ampliação em 20% da capacidade do backbone IP entre São Paulo e interior; e a consolidação do novo modelo de realização de trabalhos programados.

Medidas futuras

A partir do sucesso dessa primeira fase de estabilização da rede do Speedy, outros dois pacotes de medidas estão previstos a fim de ampliar a capacidade da infraestrutura e demandarão investimentos de R$ 52 milhões. O primeiro, de 90 dias - a contar de 26 de junho - está orçado em R$ 33,6 milhões e prevê a expansão do toll-gate internacional em 130%; a ampliação do core IP entre São Paulo e interior em 150% da capacidade total; a segmentação da rede IP realizada e conclusão da migração de 55% dos clientes; e a ampliação e implantação de ferramentas de segurança (TMS, peak-flow e opnet). Segundo Valente, no final de agosto devem começar os primeiros testes desta etapa. O segundo pacote, previsto para até 180 dias, absorverá investimentos de R$ 18,4 milhões. Nele estão contemplados a ampliação de dois para quatro centros de serviços para o aumento da contingência física; segmentação da rede IP e conclusão da migração de 100% dos clientes; e contingenciamento total dos anéis Metro Ethernet. Somados aos R$ 16,1 milhões da etapa de estabilização da rede, os investimentos totalizam R$ 67,1 milhões e fazem parte dos R$ 750 milhões que a Telefônica gastará com as melhorias do Speedy em 2009.

Veja na seção "download" do site TELETIME a o cronograma de implantação do plano.

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Fonte: Estadão
[17/07/09]  
Panes nos serviços das teles vão muito além do Speedy por Gerusa Marques
 
Apenas em julho, serviços operados por Oi, Vivo e TIM também apresentaram falhas no País
 
Os problemas que vêm atingindo o serviço de banda larga Speedy, deixando milhares de pessoas e órgãos públicos sem conexão à internet, podem não estar restritos somente às redes da Telefônica. O alerta para o risco de uma falha sistêmica, envolvendo a infraestrutura de outras empresas de telefonia fixa, celular e de internet em alta velocidade, vem de setores da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
 
A agência tem registrado problemas na prestação dos serviços, que apontam para a possibilidade de um sucateamento das redes de telecomunicações no País, que seria provocado por um patamar de investimentos abaixo do necessário.
 
"O problema não é só do Speedy", diz uma fonte graduada do órgão regulador. Levantamento obtido pelo Estado mostra que, nos primeiros sete dias de julho, houve pelo menos cinco falhas (ver quadro) nas redes da Oi, Vivo e TIM. São problemas nos serviços de telefonia fixa, banda larga e telefonia celular, provocados por rompimentos de cabos de fibra ótica, queda de enlaces e falhas na conexão de roteadores, por exemplo. Também há situações mais comuns, como velocidade de conexão à internet abaixo da contratada e problemas para completar ligações telefônicas.
 
O aumento da frequência de "pequenas panes", segundo a mesma fonte, é atribuído à falta de manutenção nos equipamentos e a investimentos insuficientes para a expansão das redes. Apesar do diagnóstico, a Anatel, responsável pela fiscalização das empresas, estaria com a sua atuação limitada por não dispor de instrumentos atualizados para checar a qualidade da prestação dos serviços.
 
A Agência, como admite fonte do setor, não concluiu os estudos para elaboração de modelos de regulação econômica que lhe permitam exigir das empresas o cumprimento de planos estratégicos de atendimento da demanda e de modernização das redes. "A Anatel faz padrão de qualidade com base em uma norma da época da Telebrás", diz a fonte.
 
O ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros considera que a Anatel está "super atrasada" na elaboração do modelo de custos, iniciada em 2005, que ofereceria um detalhamento contábil para identificar quanto é gasto em cada setor das empresas e a receita obtida com cada serviço.
 
"Não adianta só fiscalização física, o modelo de custos é fundamental para ver o que de fato está ocorrendo", disse.
 
"A Anatel recebe as informações das empresas e não tem como processá-las", concorda a coordenadora da Frente dos Consumidores de Telecomunicações, Flávia Lefèvre, que integrou até o início deste ano o conselho consultivo da agência. Ela acredita que os problemas atingem todas as redes, mas ganharam dimensão na Telefônica porque se trata de um mercado que envolve grandes corporações, como o de São Paulo.
 
"Quando atinge só os pequenos clientes, todo mundo acha que está tudo bem." Segundo ela, o maior problema é que a banda larga não é considerada pelo governo como um serviço essencial e, portanto, as empresas não têm metas de qualidade e de universalização a cumprir.
 
Juarez Quadros disse temer que os problemas estruturais da Anatel se reflitam no consumidor. "Tenho medo de um caos. A gente vê as falhas se repetindo, tenho receio que aumente a escala de acontecimentos", afirmou. Ele lembra que o tráfego de banda larga e de telefonia celular tem crescido muito no País e que os investimentos têm de acompanhar essa proporção. "Houve investimento, mas pode não ter sido o suficiente", afirmou.
 
As empresas negam a retração nos investimentos. Elas afirmam que os recursos aplicados nas redes são suficientes para garantir o atendimento da demanda. Asseguram ainda que as falhas verificadas no início do mês são pontuais e que suas redes estão operando dentro da normalidade.
 
A Oi informou que monitora permanentemente a operação dos serviços, além de possuir equipes de plantão 24 horas para fazer reparos. Para 2009, a empresa prevê investir de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões, sendo 90% em expansão, manutenção e qualidade. As falhas registradas, segundo a Oi, foram provocadas por "fatores externos".
 
A TIM informou que investirá neste ano R$ 2,3 bilhões, sendo cerca de R$ 1,4 bilhão em expansão de redes. A TIM diz que suas redes são monitoradas e os problemas estão restritos a Manaus, causados por instabilidade dos links contratados da Embratel. A Embratel informou, porém, que não é responsável pelos problemas da TIM no Amazonas e que cumpre o contrato com a operadora de telefonia celular.
 
A Vivo disse que a falha ocorrida em Minas Gerais foi "um problema pontual" e que a empresa ressarciu os usuários, com devolução de créditos. Para este ano, a empresa afirmou que fará um investimento total de R$ 2,6 bilhões.
 
FALHAS REGISTRADAS EM JULHO
 
Dias 1.º e 2/7: Falha no serviço de telefonia celular da TIM, em Manaus. Os problemas foram causados por falha no sistema de transmissão e rompimento no anel óptico de conexão à rede da Embratel e atingiu cerca de 700 mil clientes da empresa
 
Dia 2/7: Falha no serviço de telefonia celular da Vivo, em Minas. Houve problemas na conexão de roteadores em Belo Horizonte, atingindo a rede principal (backbone) nos municípios que usam DDD 35, na região de Varginha
 
Dia 3/7: Falha no serviço de telefonia fixa da Oi, em Viçosa (MG). Um cabo de fibra ótica se rompeu, deixando sem comunicação cerca de 19 mil telefones
 
Dia 4/7: Problemas de conexão à internet no serviço de banda larga Velox, da Oi. O problema que motivou a pane não foi relatado, mas afetou algumas áreas dos Estados do Rio Grande do Sul, Bahia e Ceará.
 
Dia 7/7: Falha no serviço de telefonia fixa e celular da Oi nas cidades de Belmonte e Canavieiras, na Bahia. Houve queda nos "enlaces" da rede da empresa, deixando quase 3 mil clientes sem conexão
 

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