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Maio 2009
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forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão
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03/05/09
• "A reversibilidade do backhaul": "Anatel
quer rever conceito" + Msgs de José Smolka e Rogério Gonçalves
Fonte: Teletime
[30/04/09]
Proposta de mudança conceitual dos bens reversíveis gera novo impasse por
Mariana Mazza
Logo após estão duas mensagens transcritas para nivelamento dos dois Grupos: a
do José Smolka foi veiculada no Grupo WirelessBR e a do Rogério
Gonçalves veio em "pvt".
Ambas trazem mais esclarecimentos e opiniões sobre o conceito de "backhaul".
Vale conferir!
Estão atualizadas também as páginas comunitárias com mensagens de
José Smolka
e Rogério
Gonçalves... com fotos... :-)
Agradecemos as informações enviadas por Bruno Cabral e Carlos
Carneiro, que ainda não tivemos agilidade de processar.
Agradecemos a todos pelas contribuições!
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Em meio a uma batalha jurídica sobre a reversibilidade do backhaul -
infraestrutura negociada pelo governo com as operadoras de telefonia para
levar banda larga às 55 mil escolas do país em troca dos PSTs (postos de
Serviços Telefônicos - o Conselho Consultivo da Anatel, que se reuniu nesta
quinta-feira, 30/04, em Brasília, prepara uma recomendação ao Conselho Diretor
da Agência que deve apimentar o debate: Uma revisão no conceito de bens
reversíveis.
A partir das discussões internas no Conselho Consultivo e também das
audiências realizadas com os setores envolvidos, o conselheiro Luiz Francisco
Perrone elaborou uma proposta de sugestão com o quê entendeu ser o consenso
entre os colegas.
Porém, a 'unidade' não sobreviveu até o fim da apresentação da proposta. Em
especial na parte onde é sugerido que "mais importante que o tratamento
patrimonialista dos bens reversíveis é que a continuidade e atualidade dos
serviços estejam protegidas por meio de ativos próprios ou de contratos com
terceiros".
Em seguida, a minuta do que seria a opinião do Conselho Consultivo sobre a
reversibilidade propôs que "a parcela do backhaul utilizada pelo STFC, aí
incluída a reserva técnica para o crescimento do STFC, faz parte dos bens
reversíveis da concessão".
Basicamente o documento ressalta que os bens reversíveis existem para garantir
a continuidade e a atualização do serviço ofertado. "Não basta ter uma lista
de bens reversíveis, por maior que ela venha a ser, devido ao avanço
tecnológico", defendeu Perrone. Ele também entendeu que a Anatel não possui
infraestrutura suficiente para fiscalizar os bens reversíveis.
Mas o caráter secundário proposta ao tratamento patrimonialista; ou seja,
deixar a lista de bens reversíveis em segundo plano; e a 'parcela' reversível
provocaram protestos de outros conselheiros.
"O controle patrimonial é de vital importância. Mais ainda porque estamos
falando de patrimônio público. Deve haver uma relação clara de todos os bens
reversíveis para que as empresas tenham claramente, ao final do contrato, a
obrigação de dar", insistiu o conselheiro Ricardo Sanchez.
"A construção do backhaul é meta de universalização, embora já tenha visto o
presidente da Oi dizer que só vai devolver a central telefônica e o fio de
cobre. Essa questão de parcela é deixar indefinido. E no futuro vai gerar um
problema judicial", completou.
O Conselho Consultivo ainda vai tentar encontrar um texto de consenso até a
próxima reunião, marcada para 22 de maio - e já se defende que, na
incapacidade desse consenso - a sugestão ao Conselho Diretor seja engavetada.
Talvez falte até tempo para os conselheiros decidirem sobre a questão. Isso
porque na reunião de 22 de maio está previsto um dia inteiro de audiências
públicas sobre a mudança no regulamento da frequência 2,5GHz - outro tema
bastante polêmico.
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A reversibilidade de bens das concessionárias de telefonia fixa continua
mostrando seu potencial explosivo nas discussões na Anatel. Mesmo com o
impasse jurídico superado momentaneamente - com a derrubada recente da liminar
da Pro Teste que impedia a inclusão do backhaul como uma meta de
universalização - a devolução desta rede no fim das concessões de STFC foi
motivo de mais uma controvérsia no Conselho Consultivo da Anatel nesta
quinta-feira, 30. O atrito, polarizado entre os conselheiros Francisco Perrone
e Ricardo Sanches, ambos representantes das empresas, ocorreu na tentativa de
o Conselho Consultivo fechar uma posição sobre qual conceito deve ser adotado
com relação ao que é de fato "reversível" à União.
O ponto de partida foi uma sugestão, apresentada por escrito por Perrone, como
"conclusões" do Conselho Consultivo a serem encaminhadas ao Conselho Diretor
sobre a reversibilidade dos bens. O documento, obtido com exclusividade por
este noticiário, lista seis conclusões que teriam surgido a partir dos dois
debates promovidos pelo conselho sobre o tema no mês de março.
Ocorre que, ao fim desses debates, o conselho não chegou a discutir
publicamente um posicionamento sobre o assunto, tendo ficado a cargo de
Perrone a produção de um relatório sobre as discussões, e não a elaboração de
uma proposta conclusiva.
A polêmica, no entanto, não está no fato de Perrone ter assumido a dianteira
na construção de uma proposta, mas nas conclusões ali expressas. O conselheiro
sugere que "mais importante que o tratamento 'patrimonialista' dos bens
reversíveis é que a continuidade e atualidade dos serviços estejam protegidas,
por meio de ativos próprios ou de contratos com terceiros". E conclui: "Ou
seja, o tratamento a ser dado aos bens reversíveis deve estar focado sobre a
sua finalidade e seus procedimentos devem ser auxiliares e não a atividade
primordial no controle a ser exercido pela Anatel".
Esta análise se alinha com uma apresentação em especial, feita durante o ciclo
de debates no conselho consultivo. O fim da visão "patrimonialista" dos bens
reversíveis foi defendido pelo presidente da Abrafix, José Fernandes Pauletti,
e apoiado pelo diretor de regulamentação e estratégia da Oi, Alain Rivière. "O
conceito que está nessa regulamentação ainda é o do bem físico e esse conceito
já vem mudando na prática para a análise da 'necessidade' dos itens que devem
ser reversíveis", disse Pauletti em sua apresentação no dia 27 de março.
Backhaul
Ocorre que além das visões da Oi e da Abrafix sobre os problemas da visão
"patrimonialista" da listagem de bens reversíveis, outras análises foram
apresentadas pelos demais sete debatedores que passaram pelo ciclo de debates
do conselho consultivo. Um posicionamento que mereceu destaque no primeiro
encontro sobre o tema foi o do ex-presidente da Anatel e consultor Renato
Guerreiro, que defendeu que o backhaul não é reversível à União pelo simples
fato de não ser essencial ao STFC. "Não dá para ser considerado que o backhaul
faz parte do serviço de telecom porque ele não é essencial para a fruição do
serviço. Até porque não foi (essencial) até hoje", afirmou Guerreiro em 20 de
março.
Mesmo com o posicionamento de Guerreiro, Francisco Perrone minimizou a
controvérsia sobre a reversibilidade do backhaul. "Nas discussões que tivemos
ficou claro para a maioria, acho que para todos que estão aqui, que o backhaul
é reversível. A dúvida é que parte retorna à União. A parcela dessa
infraestrutura que é destinada à telefonia fixa, esta parte é sim,
indubitavelmente, reversível à União", afirmou.
Atenção com o "público"
Para Ricardo Sanches, a proposta de Perrone lança ainda mais dúvidas sobre a
listagem de bens reversíveis, uma vez que abre a possibilidade de redes de
terceiros serem incluídas ao mesmo tempo em que suaviza a importância de um
controle patrimonial. "O controle patrimonial é de vital importância. Ninguém
aqui trata o patrimônio próprio, pessoal, com generalidade. E aqui estamos
falando do patrimônio público. Então, é mais do que necessário ter uma
listagem clara de todos os bens que retornam à União", protestou.
Com relação à hipótese de que ser revertida apenas a parte do backhaul que for
utilizada pelo STFC, Sanches rememorou declarações dadas pelo presidente da Oi
em agosto do ano passado sobre a devolução da nova rede à União, quando Luiz
Eduardo Falco alegou que o STFC só corresponde a 1% do tráfego das novas redes
utilizadas atualmente. "Vou devolver o que eu posso: as centrais, o fio de
cobre... É isso", disse Falco na ocasião.
Apesar da amostra dada no debate de hoje sobre o tamanho da polêmica em torno
de uma mudança conceitual da análise dos bens reversíveis, a Anatel já vem
estudando essa possibilidade há algum tempo. Após participar do debate no
Conselho Consultivo no mês passado, o gerente-geral de Outorgas,
Acompanhamento e Controle de Obrigações Contratuais da Anatel, Fernando Pádua,
admitiu que a agência está trabalhando neste tema e que a área técnica pode
apresentar uma proposta ao Conselho Diretor ainda neste ano.
Sem decisão
Por ora, o Conselho Consultivo não deverá se posicionar sobre a
reversibilidade dos bens. Frente ao impasse entre Perrone e Sanches, a maioria
do conselho decidiu adiar a definição sobre a recomendação para o próximo
encontro do grupo, agendado para o dia 22 de maio. Até lá, os conselheiros
tentarão chegar a um consenso e, caso não seja possível uma posição comum,
decidirão se encaminham uma recomendação ao Conselho Diretor sem apoio pleno
ou se abandonam o tema.
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----- Original Message -----
From: J. R. Smolka
To: wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Sent: Thursday, April 30, 2009 10:15 AM
Subject: [wireless.br] Ainda o backhaul...
Pessoal,
Pode ser que eu esteja me repetindo, mas continuo com a sensação que esta
história de backhaul está mal explicada, tanto do ponto de vista técnico como
do ponto de vista político.
Não tenho muito interesse em fazer carreira política, então vou me limitar a
discutir o aspecto técnico.
Primeiro: o que é um backhaul? Estas definições já foram compiladas pelo
Hélio, mas eu dou a minha: é a infra-estrutura de conexão dos pontos de
concentração da rede de acesso com o núcleo de alta capacidade de transmissão
da rede (onde, normalmente, também estão localizados os pontos de interconexão
com outras redes), também conhecido como backbone.
Notem a hierarquia desenhada: acesso, concentração (backhaul) e núcleo
(backbone). Notem também a ausência de adjetivos. Eu não disse
acesso/backhaul/backbone do STFC, ou IP, ou o que seja. O motivo é simples:
por razões econômicas, quanto mais serviços puderem compartilhar o uso da
mesma infra-estrutura melhor. O jargão telecom para isto é multi-serviço, uma
espécie de santo graal da indústria, perseguido desde os heróicos tempos do
ISDN (ou RDSI, no jargão Telebrás - melhor não esquecer, porque pode ser que
volte :o) ).
E, é bom não esquecer também, tudo isto nasceu dentro das operadoras de
telecom nos tempos em "operadora de telecom" significava um único serviço:
telefonia (ou STFC, conforme define o marco regulatório no Brasil, hoje).
Comunicação de dados, neste tempo, era apenas um acessório, um penduricalho,
ao lado do majestoso e imponente serviço de telefonia.
Mas não vamos fugir do assunto... Todo este papo sobre instalação de modems
xDSL, DSLAMs e BRASs para prover acesso em banda larga para escolas e órgãos
públicos (e, porque não, para a população em geral) é uma discussão de rede de
acesso. Não é backhaul. Embora transforme a rede de acesso tradicional do STFC
(pares metálicos) em multi-serviço, e seja uma das alternativas para a sonhada
inclusão digital (não vou entrar, aqui e agora, em discussões sobre FTTx,
DOCSIS, femtocells 3G/4G e assemelhados) não é este o foco das metas de
universalização propostas no novo PGMU.
O assim chamado backhaul é o que, nós que trabalhamos em operadoras,
conhecemos prosaicamente pelo nome transmissão. E a tecnologia PDH (canais E1,
E3, etc.) e todas as suas sucessoras, sempre foram usadas tendo em mente a
possibilidade de alocação de banda, determinística ou estatisticamente, para
múltiplos serviços concorrentemente.
Então, neste sentido, o backhaul das operadoras, seja ele PDH, SDH (com ou sem
ATM associado), NG-SDH, ou xWDM, é suporte para o STFC, sim! Só que ele não é
suporte apenas para o STFC, e só uma operadora muito tapada usaria estruturas
separadas de backhaul/backbone para cada serviço. É ilógico e anti-econômico
(neste caso ainda existe hífen?). Pode ser que, nos termos da legislação em
vigor, isto seja ilícito, mas é assim que é feito.
Então resumo minha opinião sobre o imbroglio da seguinte forma:
1. O STFC já está, para todos os efeitos práticos de infra-estrutura de
acesso, backhaul e backbone, universalizado. Este é o principal argumento da
Pro-Teste (e da Fláfia Lefévre, sua advogada no caso) para pleitear a redução
ou eliminação da tarifa básica do serviço. Creio que eles tem razão nisto.
2. Embora a tecnologia permita, e esteja de fato sendo feito naquelas
localidades onde outros serviços (principalmente acesso à Internet em banda
larga via xDSL) estejam sendo prestados compartilhando a rede de acesso do
STFC, na maioria das localidades da área de concessão das operadoras o
backhaul existente é usado exclusivamente para o transporte do STFC. Creio que
este seja o argumento dos que defendem o "evidente" status do backhaul como
reversível, mas também creio que não faz mal nenhum reiterar isto nos
contratos.
3. Definir a expansão da capacidade do backhaul das localidades como meta no
PGMU só tem sentido em duas hipóteses: ou existe a previsão de um baita
aumento da demanda por ligações STFC interurbanas originadas/destinadas em/a
localidades pequenas e médias; ou existe a previsão de lançamento de novos
serviços nestas localidades. Não acredito na primeira hipótese. Já a segunda é
coerente com a idéia da oferta obrigatória de acesso à Internet em banda larga
para escolas e órgãos públicos (e, de quebra, para o resto da população - que
possa pagar, claro), mas tem o vício da exigência mal disfarçada da prestação
de um serviço que pode ser ilegal, nos termos da legislação atual.
4. O pior, em minha opinião, fica para o futuro, em uma eventual não renovação
do contrato de concessão do STFC de alguma das operadoras atuais (BrOi e
Telefônica). Se o backhaul for expandido conforme pede o novo PGMU, é certo
que esta capacidade adicional não vai ser direcionada primariamente para
cursar tráfego do STFC. A participação de outros tráfegos (inicialmente SCM,
mas outros podem vir no vácuo) na banda do backhaul vai aumentar e,
eventualmente, superar a banda utilizada pelo STFC. Quando isto acontecer - e
tenho certeza que acontecerá antes do final do prazo dos contratos de
concessão - como fica o status do backhaul como bem reversível?
5. Não acredito em soluções do tipo recriação do antigo seriço de troncos
(operado, então, pela Embratel) ou ressurreição da Telebrás. Acredito que
existe a necessidade de revisão completa da LGT e todos os PGMx (x = U, Q,
etc.) associados, para criar um novo marco regulatório que faça sentido na
nova realidade tecnológica.
[ ]'s
J. R. Smolka
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Mensagem de Rogério Gonçalves
----- Original Message -----
From: Rogerio Gonçalves
To: Helio Rosa
Sent: Friday, May 01, 2009 11:16 PM
Subject: Ajuda com "resumo" sobre "Backhaul"
Oi Hélio,
Não há muito mais o que dizer sobre "backhaul". Porém, para o amigo não
ficar sem resposta, vai aí um mini-texto:
Conforme já foi dito por aqui, no contexto do decreto 6.424 "backhaul" é
apenas um outro nome para os "links IPs" que, nos termos do art. 86 da LGT,
não podem ser comercializados por concessionárias do STFC.
O que está prá lá de evidente é a manobra de uma quadrilha, especializada
em desvio de patrimônio público, que distorceu o teor de documentos oficiais
para transferir as redes públicas de comunicação de dados (e suas ampliações),
que já existiam antes da publicação da LGT, para o patrimônio particular dos
controladores das concessionárias do STFC.
Também está meio óbvio que o atual trambique do "backhaul" (a dupla Minicom/Anatel
já tentou aplicar esse mesmo golpe em 2001 e 2004), na forma de "meta de
universalização do STFC", faz parte do pacote da Broi e, só para variar,
pretende enterrar os bilhões de reais do FUST na implementação de redes IP que
serão utilizadas ilegalmente pelas concessionárias de telefonia na exploração
de serviços de comunicação de dados em regime privado.
O problema é que essa insistência do Minicom/Anatel em fazer os outros de
trouxas, além de já ter se tornado patética, também resultou numa montanha de
provas que poderão ser utilizadas contra eles em futuras ações judiciais,
tanto no âmbito cível quanto no criminal, graças a extrema incompetência
demonstrada pelas nossas autoridades de telecom na nobre arte da aplicação de
megatrambiques.
Daí, nunca antes na história desse país foi tão fácil denunciar ministros
das comunicações por crimes de responsabilidade, pois é só pescar as provas
deixadas por eles nas exposições de motivos de "novos PGOs e PGMUs" (ex. a
intenção de transformar as concessionárias do STFC em operadoras "multisserviços"),
montar a denúncia, apresentá-la na Câmara dos Deputados e correr pra galera...
Melhor ainda, seria que as demais entidades de classe das empresas,
usuários etc. seguissem o exemplo da Pro-Teste e entrassem com representações
junto ao MPF questionando a prática de atos de improbidade administrativa por
parte dos dirigentes da Anatel. Ex. regulamentar a LGT através de resoluções,
revogar portarias do Minicom, inventar artifícios para transferir patrimônio
público para empresas privadas e outras barbaridades.
Valeu?
Um abraço
Rogério
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