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Maio 2009               Índice Geral do BLOCO

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16/05/09

• Oi x GVT: A guerra dos cabos cortados (2) - Fechado acordo sobre uso de caixas de passagem + Recordação: Artigo sobre a fusão BrOi

----- Original Message -----
From: Helio Rosa
To: Celld-group@yahoogrupos.com.br ; wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Cc: bruno@openline.com.br ; Flávia Lefèvre Guimarães
Sent: Saturday, May 16, 2009 10:02 AM
Subject: Oi x GVT: A guerra dos cabos cortados (2) - Fechado acordo sobre uso de caixas de passagem + Recordação: Artigo sobre a fusão BrOi
 
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
 
01.
O "post" anterior no BLOCO está aqui:
06/05/09
Oi X GVT: A guerra dos cabos cortados (1) - Para entender e acompanhar: 04 notícias
 
02.
Ambientação via "recortes":
 
(...) O imbróglio começou com a acusação, pela GVT, de que a Oi estava cortando cabos telefônicos de acesso predial – especialmente em Salvador (BA), área onde a GVT entrou no ano passado. A Oi admite os cortes, mas sustenta que tem o direito de cobrar pelo uso da infraestrutura que instalou e que a GVT se negou a pagar. A GVT ganhou uma liminar, na véspera do Carnaval, impedindo os cortes. (...)
 
(...) A GVT defende que as caixas de passagem pertencem aos condomínios e garante que há anos vem compartilhando a infraestrutura com a BrT. A coisa parece ser mesmo da Oi contra a GVT, pois a Oi não fez essa exigência para a TV Cidade, que também usa essas mesmas caixas, sem pagar por elas e nunca teve seus cabos cortados. Com a prática a Oi tirou a rede da GVT do ar para prejudicar os assinantes. (...)
 
(...) Oi e GVT conseguiram chegar a um acordo para por fim à briga judicial envolvendo o uso das caixas de passagem (armários de linhas prediais para conexão final dos consumidores). Na conciliação, as duas empresas concordaram em ratear os custos de manutenção das caixas, estimado em R$ 0,70 por edificação, de acordo com estudos feitos pelas próprias companhias. Aparentemente, o resultado da negociação sugere uma vitória da GVT, uma vez que a Oi vinha argumentando que as caixas faziam parte da sua rede e, portanto, tinham posse e direito de cobrança pelo acesso a esta infraestrutura. (...)
 
03.
Esta matéria dá mais informações sobre o acordo:
 
Fonte: Teletime
[15/05/09]   Oi e GVT fecham acordo sobre uso de caixas de passagem por Mariana Mazza
 
04.
Comentário meu:
O previsível término do conflito ocorreu com o noticiado acordo.
Se era possível, por que não foi tentado à exaustão antes da interferência da opinião pública e da Anatel?
Este incidente nos revela uma inacreditável truculência de uma empresa contra uma concorrente em que as verdadeiras vítimas foram os usuários que tiveram seus serviços interrompidos. E o descaso de outra que apostou que a truculência não ocorreria.
Não li nenhuma notícia de qualquer ação de ressarcimento por parte dos prejudicados.

Quanto às empresas, estão na moda: ambas "se lixando" para as consequências de seus atos.

Não esquecer:
A criação da supertele Oi (com a fusão BrT/Oi) foi "uma das mais complexas, intrincadas e corrosivas operações do mundo dos negócios no Brasil. A transação, que não sairia sem o aval de Brasília, dividiu o governo em facções, despertou os instintos mais primitivos do lobby privado e mudou a face do Partido dos Trabalhadores."
As "aspas" acima são de um artigo da Veja que já foi motivo de "post" em nosso BLOCO.
Para manter a indignação afiada, vai transcrita mais abaixo.  Vamos recordar?  :-)

É preciso "resistir"!!!
 
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
 
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Fonte: Teletime
[15/05/09]   Oi e GVT fecham acordo sobre uso de caixas de passagem por Mariana Mazza

Oi e GVT conseguiram chegar a um acordo para por fim à briga judicial envolvendo o uso das caixas de passagem (armários de linhas prediais para conexão final dos consumidores). Na conciliação, as duas empresas concordaram em ratear os custos de manutenção das caixas, estimado em R$ 0,70 por edificação, de acordo com estudos feitos pelas próprias companhias. Aparentemente, o resultado da negociação sugere uma vitória da GVT, uma vez que a Oi vinha argumentando que as caixas faziam parte da sua rede e, portanto, tinham posse e direito de cobrança pelo acesso a esta infraestrutura.
 
Os esclarecimentos foram prestados nesta sexta-feira, 15, pela Anatel e por representantes das duas empresas, após uma reunião na agência reguladora onde o acordo foi oficialmente entregue ao órgão regulador. O gerente-geral de Competição da Superintendência de Serviços Públicos (SPB), José Gonçalves Neto, afirmou que a conciliação levou em consideração aspectos pró-competição e que o resultado alcançado pode pacificar as disputas nesse ramo da oferta a partir de agora. A agência, porém, ainda não avalizou o acordo e irá estudar mais detalhadamente os termos acertados entre as duas empresas nos próximos dias.
 
Um dos pontos que a Anatel irá avaliar é o preço estipulado pelas empresas para cobertura dos custos de manutenção e se este valor está adequado para todos os potenciais usuários dessas caixas de passagem. Por enquanto, o termo firmado entre Oi e GVT resolve a polêmica na cidade de Salvador e, segundo as duas companhias, as regras conciliadas valem também para qualquer interessado em usar essa infraestrutura predial, seja por meio de caixas mantidas pela Oi e pela GVT, seja as construídas pelos próprios condomínios. Assim, outras empresas de telecomunicações, como operadoras de TV a cabo, podem utilizar esses elementos de rede, entrando no rateio da manutenção.
 
Sem definição de propriedade
 
Um dos aspectos importantes do acordo é que as duas empresas concordaram em abandonar a discussão sobre a posse dessas caixas de passagem. Ao invés de decidir quem detém a propriedade dessa infraestrutura, adotou-se a ideia de "mantenedora", ou seja, qual empresa tem sido a responsável pela manutenção desse equipamento e, portanto, arcado com os custos até o momento. Essa mantenedora, que pode ser a Oi, a GVT ou até outra empresa, deverá encaminhar relatórios mensais à Anatel especificando quantas "entrantes" estão usando as caixas e, portanto, participam do rateio dos custos.
 
A contenda entre GVT e Oi não é a primeira associada ao uso de infraestruturas de acesso. Neto lembrou que a primeira vez que o assunto chegou à Anatel foi com uma disputa envolvendo Intelig e Embratel, há alguns anos. Mesmo com duas controvérsias sobre o mesmo tema, é pouco provável que a Anatel regulamente de forma definitiva esse acesso às caixas de passagem. Segundo Neto, a experiência da agência mostra que as empresas têm conseguido se entender apenas com a colocação de diretrizes pelo órgão regulador e a implantação de um regulamento pode não ser necessária.
 
"O uso de caixas de passagem é da família dos 'usos compartilhados', do qual fazer parte as linhas dedicadas, o co-faturamento, a desagregação de redes", explicou o gerente. Ele lembra que, no caso do co-faturamento, não se emitiu até hoje um regulamento e as empresas conseguiram pacificar o uso comum das faturas apenas com diretrizes apontadas pela Anatel.
 
Parâmetro
 
Assim, mesmo que a Anatel não venha a produzir um regulamento sobre o assunto, a expectativa é que o acordo entre Oi e GVT sirva de parâmetro para o uso das caixas de passagem em outras cidades, além de Salvador, e evitar disputas futuras. De qualquer forma, a agência já estabeleceu alguns parâmetros para a negociação no despacho emitido na semana passada e que norteou as negociações entre as empresas. Além disso, como há uma disputa judicial em torno do assunto, a Anatel deverá fechar uma posição na análise de mérito do caso na Justiça. E esse posicionamento pode indicar que todas as empresas devem seguir os termos estabelecidos no acordo entre Oi e GVT.
 
Até agora, o termo firmado entre as empresas já assegura, ao menos, que Oi e GVT compartilharão as caixas de passagem sob sua manutenção. "O despacho da Anatel apresentou diretrizes que ajudaram a Oi e a GVT a chegar a um acordo para propor a qualquer interessado (em explorar) a infraestrutura mantida por elas", afirmou Alain Rivière, diretor de Regulação da Oi.
 
Para o vice-presidente da GVT, Carlos Alberto Nunes, o consenso obtido entre as empresas neste caso valoriza o uso eficiente da infraestrutura. "Não dá para colocar dezenas de caixas na frente do prédio. Então, a gente tem que entrar nas que estão ai, admitindo que essa infraestrutura está sendo mantida por alguém e que há custos nessa manutenção", argumentou. Nunes destacou ainda que a discussão sobre o direito de uso dessas caixas pelas empresas não pode perder de vista que o mais importante é o atendimento dos consumidores finais. "Quem dá autorização a uma empresa para usar essas caixas é o usuário, quando ele escolhe uma prestadora."
 
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Fonte: Veja
[26/11/08]   Sob a linha-d'água da supertele por Ronaldo França e Ronaldo Soares
 
Lula assinou decreto que permite a criação da Oi-BrT.
A fusão faz todo o sentido na luta de gigantes da telefonia, mas a guerra interna entre petistas contra e a favor mudou a face do partido e do governo
 
Com uma assinatura, o presidente Lula validou, na última quinta-feira, uma das mais complexas, intrincadas e corrosivas operações do mundo dos negócios no Brasil. A transação, que não sairia sem o aval de Brasília, dividiu o governo em facções, despertou os instintos mais primitivos do lobby privado e mudou a face do Partido dos Trabalhadores.

A assinatura do presidente era esperada e adiada desde 2005 em virtude dos desdobramentos políticos e policiais do negócio.
Ela altera as regras que vigoravam desde 1998, ano da privatização do sistema Telebrás, e proibiam que uma operadora de telefonia fixa oferecesse serviços em mais de uma região do país.
A mudança viabilizou a compra da Brasil Telecom, a terceira maior empresa de telefonia fixa do país, pela Oi, a vice-líder do setor em vendas. Juntas, as duas vão faturar por ano 29 bilhões de reais, formando a terceira maior geradora de caixa do setor privado nacional – atrás apenas da Vale e da Gerdau.
Será criada também a 30ª maior operadora de telefonia do mundo.
A mudança, feita pelo presidente por decreto, não precisa passar pelo crivo do Congresso. Apenas a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vão ainda analisar o negócio, sem perspectivas de reversão, porém.
 
Do ponto de vista empresarial, a criação da Oi-BrT faz todo o sentido.
Telefonia é, no mundo todo, um embate entre gigantes. Sozinhas, Oi e BrT sumiriam. Juntas, ganham tamanho para enfrentar os concorrentes internacionais.

A evolução tecnológica também dissolveu o bem-sucedido modelo de privatização das telecomunicações implementado em 1998 pelo então ministro Sergio Motta.
Deixou de existir uma divisão tão clara entre setores como os de longa distância, móvel ou fixo.
As novas tecnologias digitais mudam completamente o jogo.
A criação da Oi-BrT, portanto, abre uma porta para que o Brasil entre na competição global dos serviços de infra-estrutura de telecomunicações, o que inclui transmissão de sinais de vídeo, de redes de dados e de entretenimento. Isso exige musculatura suficiente para competir por novos mercados, principalmente na América Latina, que hoje se divide quase exclusivamente entre o bilionário mexicano Carlos Slim, que controla a Claro e a Embratel, e a espanhola Telefónica, dona da operadora de mesmo nome. "A divisão dos serviços na América Latina é quase um novo Tratado de Tordesilhas. Só que entre espanhóis e mexicanos", afirma Luiz Eduardo Falco, presidente da Oi, que presidirá a nova empresa. "Vamos acabar com esse sonho de duopólio."
 
Para uma transação de lógica negocial tão óbvia, a chegada ao mundo da Oi-BrT foi muito dolorosa.
Essa via-crúcis tem vários ramais.
O primeiro e mais conspícuo é o político.

Em qualquer país, a telefonia é o setor mais dependente do governo, que estabelece padrões, tipos de equipamento, regiões de operação e, ao fim e ao cabo, decide quem são os perdedores e os vencedores no setor.
No caso da Oi-BrT, esse poder deu-se de forma ainda mais forte.
Em primeiro lugar, porque ambas as empresas têm como detentores de parte de seu capital os poderosos fundos de pensão dos funcionários de empresas estatais. Em segundo, porque o governo do PT, mais do que o anterior, acredita na planificação e na centralização da economia.

Quando o destino do negócio era ainda muito nebuloso, tanto a Oi quanto a BrT trataram de acionar seu lobby em Brasília.
Nessa fase valeu tudo. Até o filho do presidente da República, Fábio Luís, o Lulinha, foi alvo dos lobistas.
Oi e BrT travaram um duelo para ver quem conseguiria recrutá-lo para sua causa. A Telemar (atual Oi) passou na frente da BrT e investiu 5,2 milhões de reais na Gamecorp, uma produtora de TV e de jogos para celular que tem entre seus sócios o filho do presidente.
Na semana passada, esse investimento era o cavalo de batalha de parte da oposição em Brasília em sua condenação à assinatura do decreto. "Essa mudança deveria ter sido encaminhada ao Congresso, por uma questão de probidade", protestou na última sexta-feira o deputado federal Rodrigo Maia, presidente do partido Democratas (DEM).

Os controladores da Oi são os empresários Carlos Jereissati e Sérgio Andrade.
Jereissati é dono de um dos maiores grupos de shopping centers do país e conhece como ninguém as engrenagens dos fundos de pensão de estatais brasileiras. Andrade é amigo de Lula desde os tempos em que o atual presidente parecia ser apenas um eterno candidato ao maior posto da hierarquia política do país.
O Grupo Andrade Gutierrez, que ele comanda, foi o maior doador da campanha de reeleição de Lula, em 2006, com 6,4 milhões de reais. Sérgio Andrade é hoje o empresário mais próximo do presidente.
 
Como parece ser sua sina estar presente em todo negócio confuso do país, neste também aparece como personagem o financista Daniel Dantas.
O decreto assinado por Lula significa para Dantas um cheque a seu favor que, dependendo da quantidade e do valor das ações que detém, chegará a alguma coisa entre 1 bilhão e 2 bilhões de reais.

Mas esse é o mesmo Daniel Dantas, o inimigo número 1 do governo petista?
Não é ele o alvo da mais cara e mais alardeada operação da Polícia Federal, a Satiagraha?
Sim, caro leitor, é o mesmo Daniel Dantas.
Como ele saiu dessa ainda mais rico do que era é um desses paradoxos do capitalismo estatal, com suas sombras inescrutáveis.

Para lembrar: Dantas era o controlador da Brasil Telecom até 2005.
Foi praticamente expulso pelos fundos de pensão de estatais – manobrados politicamente pelo ex-ministro Luiz Gushiken, partidário de uma empresa de telefonia 100% estatal.
Ao sair, Dantas decidiu manter uma posição em ações na BrT e comprar quanto pôde de ações da Oi no mercado.
Manteve acesos também os processos judiciais que movia contra os fundos de pensão.
Como é do seu feitio, municiou-se de dados sensíveis e das alianças que construiu no coração do petismo.
Dividido entre os inimigos de Dantas e os partidários de Dantas, o PT deixou-se arrastar para o terreno comercial, perdendo quase todo – se não todo – o seu decantado purismo ideológico.
Quando as negociações para a fusão entre a Oi e a BrT prosperaram, no ano passado, Dantas foi chamado a negociar e fechou um acordo por meio do qual receberia seus bilhões, a que tem direito agora, depois que Lula apôs sua assinatura ao decreto.
 
Um lado e outro do rubicão comercial do petismo vão ver a Oi-BrT a seu modo.
Para um, foi uma rendição à iniciativa privada e uma vergonhosa maneira de enriquecer ainda mais Daniel Dantas.
Para o outro lado, foi um passo do governo coerente com sua visão de mundo.
É o mais provável. Lula sempre foi entusiasta da proteção e formação de grandes empresas nacionais. A criação da Oi-BrT se encaixa perfeitamente nesse contexto.
É claro que o entusiasmo do presidente e do PT vai muito além de criar condições para a existência de poderosos grupos nacionais no campo comercial, industrial e de serviços.
Se pudessem, eles iriam mesmo para a materialização do sonho que não escondem: a criação de empresas estatais hegemônicas em seus campos de atuação.
Ao anunciar na semana passada a compra da Nossa Caixa, o banco estatal paulista, pelo Banco do Brasil, Lula disse que o objetivo do BB é voltar a ser o maior banco nacional – posto perdido pela recente fusão do Itaú com o Unibanco. "Não é um problema de partido, não é um problema ideológico. O Brasil ganha com o negócio porque haverá um banco público mais sólido e competitivo, com muito mais agilidade e muito mais dinheiro", disse Lula.
 

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