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da
ComUnidade
WirelessBrasil
Maio 2009
Índice Geral do
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O conteúdo do BLOCO tem
forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão
Celld-group
e
WirelessBR.
Participe!
19/05/09
• 1ª Confecom (06) - Msg de Márcio Patusco:
Atrasos, mobilização e consulta pública sobre STFC
----- Original Message -----
From: Helio Rosa
To:
Celld-group@yahoogrupos.com.br ;
wirelessbr@yahoogrupos.com.br
Cc:
marciopatusco@oi.com.br
Sent: Tuesday, May 19, 2009 6:57 PM
Subject: 1ª Confecom (06) - Msg de Márcio Patusco: Atrasos, mobilização e
consulta pública sobre STFC
Olá,
ComUnidade
WirelessBRASIL!
A 1ª Conferência Nacional de Comunicações - Confecom, será
realizada em dezembro de 2009, com conferências regionais durante o
transcorrer do ano.
"Por meio da Portaria 185, de 20 de abril de 2009, o
Ministério das Comunicações definiu oficialmente a composição da Comissão
Organizadora Nacional da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (CONFECOM).
O órgão será formado por 28 membros, sendo 12 do poder público, com oito
indicados pelo Executivo Federal e quatro pelo Congresso Nacional, e 16 da
sociedade."
O nosso
Marcio Patusco Lana Lobo (
marciopatusco@oi.com.br)
está coordenando o debate sobre a "
1ª Confecom" em nossos fóruns.
Organizamos uma
página comunitária, núcleo de uma futura Seção do site WirelessBR. A
coordenação também é do Márcio Patusco.
Aguardamos um debate realista, em alto nível, sempre acreditando que a
participação e a contribuição individual são muito importantes e "fazem
diferença"!
Obrigado,
Márcio Patusco, pelas opiniões e informações!
Ao debate!
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Thienne Johnson
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----- Original Message -----
From: Marcio Patusco
To: Helio Rosa
Sent: Tuesday, May 19, 2009 3:28 PM
Subject: 1ª Confecom (6): Atrasos, mobilização e consulta pública sobre
STFC
Olá, Grupos!
Aqui vamos com o 6º post sobre a 1ª Confecom.
Passados já 20 dias do prazo para as indicações das entidades que comporão a
Comissão Organizadora da 1ª Confecom, e não se tem ainda todos os nomes, e
mais, alguns supostos indicados sofrem críticas pelos corredores do
Congresso. São os casos de Paulo Bornhausen (DEM-SC) e de Milton Monti
(PR-SP), que estariam em uma articulação de Michel Temer (PMDB-SP) para suas
indicações dentre muitos outros pretendentes. O fato é que esse atraso
impede o início dos trabalhos da comissão, que tem a árdua tarefa de
estabelecer o regimento interno e elaborar os eixos temáticos para as
discussões.
No entanto, as mobilizações da sociedade civil nos Estados continuam intensas,
com as Comissões Pro-Conferência atuando tanto administrativamente, como
montando os diversos temas que vão se evidenciando importantes. No dia 22/05,
haverá uma reunião, em Brasília, das diversas comissões estaduais
pro-conferência, que poderá ser acompanhada por videoconferência remotamente
nas Assembléias Legislativas, de modo a estruturar uma atuação das diversas
entidades
representantes da sociedade civil.
Por outro lado, a Abert está realizando entre 19 e 21/05 o seu 25º Congresso
de Radiodifusão, com um dos focos nas propostas para a 1ª Confecom. Portanto,
as armas estão sendo escolhidas.
Paralelamente, a Anatel vem realizando 3 consultas públicas sobre o STFC
(Serviço de Telefonia Fixa Comutado) , e tenciona prorrogar os contratos do
serviço por mais 5 anos. Estas consultas são no mínimo inoportunas, pois as
discussões na 1ª Confecom, que desaguarão num novo marco regulatório, poderão
até mesmo questionar a existência desse serviço. A tendência imposta pela
convergência, e já adotada em regulamentações de outros países, implica em
uma nova estruturação dos serviços por camadas de funcionalidades , e não mais
verticalmente em cada rede específica. Isto faria com que o STFC tivesse que
ser profundamente modificado ou substituído. Então, como propor essa
prorrogação dos contratos por prazo tão longo se estamos no limiar de
profundas mudanças regulatórias?
Boa leitura!
Marcio Patusco
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No final da semana passada, circulou na Câmara dos Deputados a informação de
que o presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), estaria articulando a
indicação dos deputados Paulo Bornhausen (DEM-SC) e Milton Monti (PR-SP) para
compor a Comissão Organizadora Nacional (CON) da 1ª Conferência Nacional de
Comunicação (Confecom). A opção, ainda que não oficial, foi recebida com
espanto por entidades que integram a Comissão Nacional Pró-Conferência de
Comunicação (CNPC) e por alguns deputados, que aguardavam a definição dos
nomes a partir de indicações das comissões parlamentares envolvidas no
processo.
De acordo com a Portaria 185/2009, que instituiu a Comissão Organizadora
Nacional da Confecom, a Câmara dos Deputados tem direito a indicar dois
representantes e quatro suplentes para compor a CON. Atualmente, as comissões
de Legislação Participativa (CLP), Ciência e Tecnologia, Comunicação e
Informática (CCTCI) e de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) são as três
instâncias envolvidas diretamente com a Conferência e com os debates acerca da
necessidade da atualização das políticas públicas para o setor.
O Presidente da CDHM, Luiz Couto (PT-PB), protocolou na última sexta-feira
(15), em nome das 34 entidades que compõem a CNPC, um pedido de audiência com
o presidente da Câmara. A reunião visa reforçar a importância de preencher as
vagas da Comissão Organizadora a partir da sugestão das citadas comissões
parlamentares.
O documento destaca que a CDHM e a CCTCI já haviam feito suas indicações para
tais cadeiras. “A Comissão Nacional de Direitos Humanos, por meio de seu
presidente, o deputado Luiz Couto, formalizou seu apoio à indicação da
deputada Luiza Erundina como representante da Câmara dos Deputados na Comissão
Organizadora da Conferência, devido à sua reconhecida experiência no tema e
incansável trabalho para modernizar a legislação do setor. Luiza Erundina
também é a candidata das 34 organizações que compõem a Comissão Nacional Pró
Conferência de Comunicação.
E completa: “em 14 de maio, o presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia,
Comunicação e Informática, deputado Eduardo Gomes, formalizou a indicação da
deputada Cida Diogo (PT-RJ), 2ª vice presidente da Comissão, como candidata da
CCTCI a uma das duas vagas destinadas à Câmara dos Deputados.”
Incômodo na CNPC
Carolina Ribeiro, do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, uma
das entidades que compõem a CNPC e também a Comissão Organizadora da Confecom,
avalia negativamente a suposta indicação. “Para além de ter sido um processo
atropelado, pois esperava-se que a escolha fosse feita em diálogo com as
comissões, estas indicações representam tão somente os interesses dos donos da
mídia. Os dois parlamentares compõem a Frente Parlamentar da Comunicação
Social, frente essa que representa os interesse exclusivos do empresariado do
setor”, argumenta.
A Frente Parlamentar de Comunicação Social foi criada em julho de 2008,
durante o 4ª Congresso Brasileiro de Publicidade. De acordo com matéria
publicada pelo portal Terra na época [
veja
aqui], a frente foi composta por 198 deputados federais e 38 senadores de
17 partidos. Ainda segundo a matéria, a Frente pretende ser um grupo em defesa
dos interesses do mercado. O que pode também ser comprovado na entrevista de
Milton Monti, presidente dessa Frente, para a IstoÉ logo depois da realização
do Congresso [
veja
aqui].
Para o representante do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), Ivan
Moraes Filho, a indicação foi descabida. Segundo Moraes, os possíveis
escolhidos nunca se agregaram à luta pelo direito à comunicação. “No nosso
ver, a indicação é difícil de compreender, especialmente quando diversos
deputados, como Luiza Erundina (PSB-SP), Luiz Couto (PT-PB), Fernando Ferro
(PT-PE) e Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), só para citar alguns, de diferentes
partidos, vêm se esforçando há vários anos para que a Conferência finalmente
fosse convocada. A decisão do presidente Michel Temer é equivocada e esperamos
que ainda haja tempo de ser revertida."
O representante da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço), José
Luiz Sóter, também lamenta a escolha dos nomes. Para ele, ela sinaliza de que
lado a Câmara vai querer ficar. “Isso é ruim porque revela que o poder
público, ao invés de indicar uma representação mais ampla, está reforçando o
número de representantes do empresariado na comissão. Nós temos deputados com
acúmulo na discussão da democratização da comunicação, e essa conferência é
resultado da luta dos movimentos em defesa dessa democratização”, ressalta.
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Comissões Estaduais Pró Conferência Nacional de Comunicação se organizam para
qualificar a intervenção dos movimentos sociais nas etapas preparatórias e
eletivas da Conferência
Até a próxima reunião do dia 22 de maio, em Brasília, as Comissões Estaduais
Pró-Conferência Nacional de Comunicação se organizam pelo país, promovendo
intensa mobilização da sociedade. Depois da última plenária ampliada encontro
do dia 16 de abril, que reuniu representantes de mais de 20 estados na capital
federal, as Comissões seguem na estruturação de demandas estaduais e na
intensificação de diálogo com as propostas nacionais para a realização da
Conferência Nacional de Comunicação.
Algumas Comissões têm feito reuniões periódicas e promovido atividades de
discussão junto à sociedade civil sobre temas referentes à Conferência.
“Através do envolvimento da sociedade com esses assuntos podemos ter uma
integração maior entre propostas locais e nacionais”, diz Jacson Segundo,
membro da Comissão Pró Conferência do Espírito Santo.
Assim como a Comissão Capixaba, a do Distrito Federal também se volta para
questões locais como o uso dos meios de comunicação. “No DF, mesmo sendo a
capital e abarcando demandas nacionais, temos o desafio de pensar o uso das
mídias locais e a inclusão das cidades satélites na discussão
Pró-Conferência”, explica Mayrá Lima, membro da Comissão do Distrito Federal.
Para Rachel Bragatto, da Comissão Paranaense Pró Conferência do Paraná, o
principal desafio da Comissão estadual tem sido “ampliar a mobilização das
entidades civis que ainda não estão envolvidas no processo”. Pedro Caribé, da
Comissão Baiana afirma que “as Conferências são espaços para concentrar e
organizar as pautas de cada membro da Comissão”.
Veja abaixo a relação das Comissões Estaduais com informações gerais e
próximas agendas. Entre em contato com a Comissão de sua região e participe!
Caso não haja informações da sua Comissão, entre em contato conosco pelo email
proconferencia.com@gmail.com.
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Se existe uma unanimidade entre governantes, empresários e ativistas da área
das comunicações no Brasil ela diz respeito à urgência de reformar o marco
regulatório do país para adequá-lo ao cenário da convergência tecnológica.
Constatado o problema, as diferenças surgem quanto a dois aspectos centrais
relacionados a ele: a caracterização do fenômeno e a forma da regulação a ser
adotada. Para discutir estas questões fulcrais na atual conjuntura do setor, o
Laboratório de Políticas de Comunicação da Universidade de Brasília (Lapcom)
promoveu, nessa segunda-feira (11), o debate “Convergência das Comunicações e
democratização”.
O encontrou contou com a participação de Gustavo Gindre, do Intervozes –
Coletivo Brasil de Comunicação Social, Alex Patez Galvão, coordenador do
Núcleo de Assuntos Regulatórios da Agência Nacional de Cinema (Ancine) e com o
professor da UnB César Bolaño. Para Gindre, a convergência deve ser entendida
como um processo contraditório. Por um lado, a emergência do “mundo IP”
[Internet Protocol] traz uma dinâmica dialógica para a troca de informação,
que rompe com aquela consagrada no modelo da radiodifusão, caracterizada pela
verticalização. Por outro, ela integra seus usuários sob a lógica da sociedade
de consumo e promove uma estruturação concentradora do mercado da área.
Segundo Alex Galvão, esta tendência de concentração é resultado da
característica da mercadoria informação produzida pelos diversos meios. Uma
vez que ela possui alto custo de produção e baixo custo de distribuição, o
mercado acaba privilegiando a formação de grupos com capital suficiente para
fabricação dos produtos e serviços e integrado o suficiente para potencializar
o reposicionamento dos conteúdos em diversos espaços e fases da cadeia de
valor.
“É um mercado que tende à concentração horizontal, à integração vertical, e
também à estratégia de expansão em diagonal (de escala e de escopo), que gera
um reempacotamento em meios diferenciados”, analisa. Como conseqüência disso,
acrescenta, “as empresas grandes, que têm muitas possibilidades de
distribuição e mercados que são relativamente garantidos, podem cobrar preço
muito baixo por aquilo que elas produzem, e mesmo assim tendo lucro, e
continuar produzindo e vendendo para o mundo todo. E as empresas menores têm
poucas possibilidades, e muitas vezes não conseguem competir com empresas de
grande porte.”
Já César Bolaño considera que o fenômeno da convergência não está relacionado
apenas às características próprias dos mercados da informação, mas ocupa papel
central na consolidação de um novo padrão de desenvolvimento do capitalismo.
Com a crise do padrão anterior, conhecido como fordismo e calcado no consumo
em massa de bens duráveis, os grandes grupos empresariais passaram a disputar
em nível internacional, o que demandou a inovação intensiva das Tecnologias d
a Informação e da Comunicação (TICs).
Além de servirem de suporte à expansão global de conglomerados, as TICs,
especialmente as telecomunicações, passaram elas mesmas a serem um nicho
pressionado para uma migração da abrangência nacional para novos mercados ao
redor do mundo. A quebras dos monopólios nos Estados Unidos e na Europa foram
resultado destas pressões e possibilitaram a criação de grupos que passaram a
buscar novos mercados, especialmente no dito “terceiro mundo” para serviços
tradicionais, como a telefonia, e de valor agregado, como aqueles relacionados
à Internet.
Para o professor da UnB, a digitalização dos suportes de informação, que
começa na Internet e se expande para outras mídias tradicionais, é o ponto
alto de maturação dos impactos tecnológicos deste processo. “A idéia da
digitalização é chave tanto para o processo de reestruturação produtiva, da
construção de novos setores, quanto do ponto de vista da retomada da hegemonia
norte-americana, no projeto das infra-estruturas globais da informação”,
disse.
Polêmicas em torno da Internet
Partindo desta avaliação, Bolaño destacou que é preciso desconstruir o mito de
uma condição democrática a priori das novas tecnologias. “A internet te dá
aparência de autonomia, de privacidade, em relação às formas tradicionais de
construção da hegemonia, mas na verdade o que está acontecendo é o
aprofundamento do processo de individualização e de relação do indivíduo
diretamente com o sistema sempre mediada através do capital e da estrutura da
sociedade de consumo. As formas de controle são cada vez mais transparentes,
sutis, porque indivíduos passam a aderir a isso. Os malefícios da internet não
são facilmente visíveis.”
Mas concordou com a avaliação de Gustavo Gindre de que existe um caráter
contraditório na rede. No entanto, lembrou que esta esfera, para servir às
lutas sociais, precisa ser conquistada por aqueles segmentos e forças que
lutam por uma sociedade diferente, mais justa.
Já para Alex Galvão, o desafio não está relaciondo à fé ou não nos atributos
deste novo meio, mas em como colocá-lo a serviço de um projeto democratizante.
Para atingir este objetivo, o mercado não pode ser deixado à própria sorte,
mas deve ser objeto de uma pesada regulação. “Alguns dizem que a Internet traz
mais diversidade. Para você ter mercado, competição, no setor de mídia, e ter
democratização da comunicação, é preciso ter Estado. Para mais mercado, é
preciso mais Estado”, enfatizou.
Regulação para promover diversidade
Partindo desta premissa, Galvão defendeu que o objetivo central de uma nova
regulação para um ambiente convergente seja a promoção da diversidade de
pontos de vista e opiniões. “Quando falamos em democratização da comunicação,
devemos considerar o direito à comunicação, a diversidade, o direito de
resposta. São vários elementos mas vou centrar na diversidade de opiniões e
pontos de vista”, assinalou.
Na opinião do representante da Ancine, a despeito da lógica concentradora, é
possível dar um “choque de capitalismo” no setor das telecomunicações, desde
que em um ambiente fortemente regulado por este novo marco. “O Estado deve
usar o seu poder regulatório para equilibrar a oferta de serviços e garantir
novos agentes, como por meio de mecanismos de cotas, por exemplo”,
exemplificou.
César Bolaño concordou que a diversidade é um projeto central para o futuro
marco regulatório convergente, mas ressaltou que é preciso colocá-la a serviço
de um projeto diferenciado de comunicação e de sociedade. “Acho que a
diversidade é importante, mas ela precisa ser colocada no plano da hegemonia,
de quais vozes podem e conseguem se colocar na esfera dos meios de
comunicação”, defendeu.
Assim, continuou, a diversidade deve ser pensada sob a ótica de abertura de
espaço não a mais dos mesmos agentes empresariais, mas na promoção de meios
públicos que expressem as várias facetas culturais, sociais e políticas do
país e no controle dos meios privados comerciais de modo que estes respondam a
contrapartidas pelo uso de bens públicos ou pela possibilidade de auferirem
lucros em determinados mercados.
Regulação por camadas
Gustavo Gindre afirmou que a melhor forma de evitar a concentração que represa
a diversidade e garantir um controle da população sobre a organização do
mercado e sobre os serviços prestados é regular o ambiente convergente “por
camadas”. Assim, haveria regramentos diferenciados para as camadas da
infra-estrutura de distribuição (como as redes físicas por onde trafegam dados
ou o espectro eletromagnético), lógica (aquele onde estão definidos os códigos
para o tráfego de dados) e a dos serviços e conteúdos (onde se manifesta a
produção, a programação e a definição de qual tipo de informação será ofertada
de qual maneira ao cidadão).
“Hoje ainda regulamos por tecnologia, enquanto a tendência internacional é a
regulação por camadas, assumir que infra-estrutura, seja ela física ou
wireless [sem fio], é uma camada, tem a camada dos protocolos, e a camada do
conteúdo/serviços. Para mim está claro que a camada de infra-estrutura é sim
monopolística. Não é problema desde que eu assuma isso, tenha políticas para
isso e libere a camada de conteúdo para explosão de diversidade”, sugeriu.
Segundo Gindre, a maioria dos países tem optado por este modelo. O exemplo
mais conhecido é da União Européia, que atualizou a diretiva Televisão Sem
Fronteiras extinguindo a divisão entre tecnologias para regular conjuntamente
o que foi chamado de “serviços audiovisuais”. Para o Brasil, acrescentou,
deveria ser pensada solução semelhante, considerando nossas especificidades.
Este novo marco, no entanto, não pode ser resultado da queda-de-braço entre os
radiodifusores, que vêm se enfraquecendo mas ainda possuem grande poder
político no país, e as empresas de telecomunicações, que avançam pelas brechas
e esperam um novo ambiente que têm certeza que virá cedo ou tarde.
Concordando com Bolaño e Galvão, Gindre defendeu que um marco baseado na
regulação por camadas, para combater a concentração e promover a diversidade,
deve:
(1) impedir que um mesmo ator detenha a infra-estrutura e também preste
serviços,
(2) garanta que a infra-estrutura seja aberta a qualquer um que deseje
oferecer serviços mas também que assegure a distribuição de agentes públicos e
sem fins-lucrativos,
(3) garantir recursos para que agentes não-comerciais possam produzir e
distribuir seus conteúdos.
Para isso, concluiu, é preciso vencer dois desafios: o da banda larga e o do
modelo de produção. No primeiro caso, é necessário superar o quadro atual, com
apenas 18% dos lares contemplados com esta tecnologia, por meio de uma
política de universalização ou calcada na separação entre infra-estrutura e
oferta de banda larga, ou potencializando a rede física em posse do governo
para construir uma infra-estrutura pública de banda larga para atender a
população que não pode pagar.
No segundo caso, do modelo de produção, lembrou que atualmente toda a
indústria de conteúdos tem trabalhado na lógica de clusters, ou pólos de
produção. Temos que enfrentar este problema dando conta de promover a
regionalização. Um obstáculo necessário à resolução deste nó é a reforma do
modelo de financiamento da produção. “Temos que superar o modelo de renúncia
fiscal, que acontece só no Brasil. Nós permitimos que o privado pegue o
dinheiro público para financiar o setor”, defendeu.
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