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Novembro 2009               Índice Geral do BLOCO

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12/11/09

• Apagão elétrico: a hora e a vez dos especialistas

de Helio Rosa <rosahelio@gmail.com>
para Celld-group@yahoogrupos.com.br, wirelessbr@yahoogrupos.com.br
data 12 de novembro de 2009 09:05
assunto Apagão elétrico: a hora e a vez dos especialistas

Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!

O tema "apagão elétrico" nos interessa tanto quanto os "apagões telefônicos", não somente pela afinidade mas também porque temos muitos técnicos e engenheiros ("elétricos", "eletrônicos" e "tecomunicantes") com boa formação e conhecimento na área.
Estamos salivando seus comentários!
E vale convidar técnicos "extra-grupos"! :-)

Olá, Rubens, você comentou em relação aos telefones durante o apagão elétrico:

(...) Hélio, Minha leiga mãe comentou que sentiu falta de cobertura jornalística na noite de ontem trazendo justamente esse tipo de informação. As rádios ficaram apenas nos relatos de quem estava sofrendo com o apagão, mas deixaram de entrevistar pessoas de conhecimento técnico para divulgar por exemplo que os celulares que ainda funcionavam logo deixariam de fazê-lo, e que isso era normal.(...)

Parara continuar no ambiente familiar... :-) 
Meu saudoso pai tinha uma orientação que me livrou de poucas e boas durante minha vida (na ativa e "no particular"): "Em caso de dúvida, diga sempre a verdade!"  :-)

InfelizMENTE, "neste país"...

Vamos então conferir algumas opiniões de especialistas, que conflitam com as do ministro Lobão (Mau?) do Apagão.  :-)

Fonte: G1
[[11/11/09] Especialista do Inpe diz que chance de raio ter provocado blecaute é mínima - Luciana Rossetto Do G1, em São Paulo

Fonte: Estadão
[12/11/09]   Sistema energético do País é frágil, apontam especialistas

Fonte: G1
[11/11/09] Termoelétricas não são 'backup', diz especialista - por Luciana Rossetto Do G1, em São Paulo

Comentários técnicos?  :-)

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa

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Fonte: G1
[[11/11/09] Especialista do Inpe diz que chance de raio ter provocado blecaute é mínima - Luciana Rossetto Do G1, em São Paulo

Osmar Pinto Junior já havia provado que raio não causou apagão em 1999.
Blecaute atingiu 18 estados, segundo Ministério de Minas e Energia. (ver gráfico na fonte)

O Instituto Nacional de Pesquisas Espacias (INPE) concluiu que é mínima a chance de um raio ter provocado o blecaute que atingiu o país na terça-feira (10), ao contrário do que afirmou o Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (11), Lobão afirmou que o apagão que afetou 18 estados foi consequência de raios, ventos e chuva na região de Itaberá, em São Paulo.

O coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Inpe, Osmar Pinto Junior, explicou ao G1 que cada uma das quatro linhas de transmissão de Itaipu a São Paulo foi avaliada individualmente pelo sistema do Inpe. Esse sistema foi desenvolvido após o apagão de 1999, quando um raio também foi apontado como culpado pelo problema - o que foi desmentido por técnicos cerca de dois meses depois.

O especialista ressalta que em três linhas, com certeza absoluta, não houve desligamento provocado por raios. Na quarta linha, o sistema aponta baixa probabilidade.

“Nesta quarta linha, de 750 kV, temos descargas próximas e de baixa intensidade. Um raio, para produzir o desligamento de tensões dessa órbita, tem que atingir diretamente a linha e precisa de uma intensidade equivalente ao dobro ou triplo da intensidade média de um raio comum”, afirma Pinto Junior.

Ou seja, o coordenador explica que um raio de 70 mil ampères, no mínimo, teria de atingir em cheio a linha para provocar a queda. Em geral, um raio tem 30 mil ampères.

Veja entrevista do coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Inpe no Programa do Jô

Pinto Junior ressalta que sistema mostrou que foram registradas descargas com 15 mil ampères a distâncias não inferiores a dois quilômetros das linhas. “Quanto mais fraca a descarga, mais difícil de medir. Raios abaixo de 15 mil ampères podem ter ocorrido, mas eles não causam desligamento. A chance de uma descarga com 60 mil ampères não ter sido medida não existe. Por isso a chance é ínfima de um raio ter sido a causa do blecaute”, diz.

Mesmo que tenha caído um raio de baixa intensidade sobre a linha, ela teria que ter outros problemas para ser desligada, pois somente o raio não causaria o problema.

Para o coordenador, a grande chance é que um problema técnico tenha causado o apagão. Como a verdadeira causa ainda não foi identificada, é grande a chance de novos problemas acontecerem. “É imprudente o ministro fazer essas declarações sem consultar os especialistas do Inpe. O mundo inteiro reconhece nosso trabalho”.
saiba mais

Primeiro apagão

Quando foi atribuído a um raio o motivo do apagão de 1999, o Inpe conseguiu comprovar – dois meses depois – que o fenômeno não havia provocado o problema .

Esse foi o incentivo para que os técnicos desenvolvessem um sistema que permitisse identificar mais rapidamente os locais de queda dos raios.

Após o blecaute na noite desta terça, em 12 horas os técnicos já tinham um relatório onde ficava constatado que eram mínimas as chances de um raio ter atingido a rede.

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Fonte: Estadão
[12/11/09]   Sistema energético do País é frágil, apontam especialistas

Uso de toda capacidade de Itaipu às 22 horas é criticada; 'redes inteligentes' seriam solução - por Débora Thomé, Kelly Lima, Irany Tereza e Nicola Pamplona, RIO

A extensão do blecaute expôs a fragilidade de um sistema de abastecimento quase integralmente dependente da geração hidrelétrica. Pelos dados do ONS, esta semana 95,16% da energia consumida foi gerada por hidrelétricas - Itaipu respondeu pela parcela de 78,18% desse total. A opção brasileira para o fornecimento elétrico divide especialistas.

"Eram 22 horas e Itaipu estava gerando tudo o que podia. Botar toda Itaipu gerando pode ser correto do ponto de vista energético, já que não tem reservatório e não é bom desperdiçar água, mas é arriscado", diz o físico Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia da Coppe e ex-presidente da Eletrobrás. Ele defende o uso de "redes inteligentes", que evitem o efeito dominó que ocorreu anteontem, com um número maior de pontos controlados. É o que o mercado chama de ilhamento. "Isso foi estudado, discutido, mas não implementado."

O apagão foi provocado por uma sobrecarga no sistema, pelo aumento de demanda residencial, na opinião do especialista em infraestrutura Adriano Pires, que é mais contundente nas críticas à condução da política energética. "Está havendo barbeiragem de operação. Às 22 horas, não há por que manter as 20 turbinas de Itaipu ligadas. É populismo manter modicidade tarifária, excluindo as usinas térmicas, que deviam estar também na base do sistema", diz ele, creditando ao aumento no uso de aparelhos, como ar-condicionado, a sobrecarga. "O governo estimulou muito o consumo da linha branca. A linha de transmissão tem um limite de capacidade e não aguentou."

Luiz Fernando Vianna, presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine), discorda, porém, dos defensores da ideia de que as termelétricas deveriam estar ligadas para garantir a segurança do fornecimento de energia. "Isso tem um custo alto e nem todas as termelétricas são capazes de operar sem ser na utilização da capacidade máxima; além disso, está sobrando água, o que também representa um risco."

INTEMPÉRIES

A divisão dos especialistas é bastante evidente. Se por um lado há quem acredite que em 2009 o nível de umidade do ar pode provocar constantes tempestades de maior força, que devem acarretar em novos incidentes semelhantes, há quem garanta que o sistema estava completamente preparado para intempéries climáticas do porte verificado. "O sistema está sendo constantemente testado para esse tipo de risco. É como se um paciente passasse sem problemas por completos check-ups e na saída do consultório médico tivesse um enfarte ao atravessar a rua. Houve erro nos exames ou algo que não poderia ser previsto?", indagou o especialista Mário Veiga, da PSR Consultoria. "O sistema interligado está preparado para ser reconectado após 45 minutos.Por que levaram tanto tempo?"

Já o professor Nivalde Castro, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da Universidade Federal do Rio (UFRJ), vê como uma eventualidade, um "infortúnio de virtudes", o apagão. "A interligação do sistema traz como bônus a redução do preço de energia, mas acarreta risco mais elevado", disse. Para ele, o sistema está vulnerável a intempéries climáticas como a ocorrida e não seria possível criar uma alternativa. "Só se fosse construído um linhão paralelo, mas o custo seria tão alto que a sociedade não concordaria em pagar a conta", disse.

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Fonte: G1
[11/11/09] Termoelétricas não são 'backup', diz especialista - por Luciana Rossetto Do G1, em São Paulo

Usinas são usadas para suprir falta de produção em época de seca.
Consumidor raramente é afetado por pane em linhas, diz especialista.

As usinas termoelétricas não poderiam ser usadas para compensar a falta de fornecimento de energia durante o apagão que atingiu 18 estados do país na noite de terça-feira (10). É o que explicam os especialistas ouvidos pelo G1, que ressaltam que as termoelétricas são mais usadas para suprir a baixa produção das hidrelétricas em momentos de estiagem.

“As termoelétricas não funcionam como backup, por exemplo. Elas existem para reforçar o sistema de geração de energia em um ano com poucas chuvas e impedir um apagão por falta de água nos reservatórios. Servem para complementar o fornecimento da energia elétrica das fontes hidráulicas”, explicou o professor Roberto Brandão, pesquisador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O professor do departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília Ivan Camargo ressalta que, quando os reservatórios estão baixos, as termoelétricas são usadas para que se gaste menos água. “Mas, evidentemente, elas gastam muito mais combustível e, depois, o consumidor tem que pagar por ele. Neste ano, pagamos com reajustes tarifários”, diz.

Os especialistas afirmam que o uso das termoelétricas é programado. As usinas demoram certo tempo até produzir e transmitir a energia. Como houve uma pane no sistema de transmissão de energia, segundo o Ministério de Minas e Energia, mesmo que as termoelétricas tivessem capacidade de suprir a demanda do Brasil, elas não poderiam ser acionadas enquanto o sistema de transmissão não fosse restabelecido.

“Neste ano de 2009, o consumo de energia caiu em relação ao ano passado por causa da crise mundial. Choveu e nossos reservatórios estão cheios. Provavelmente, estamos fazendo a geração totalmente hidrelétrica de energia. Se cai a conexão de repente, o operador não consegue colocar automaticamente as termoelétricas para operar. Precisa de tempo para aquecer e funcionar”, explica Camargo.

Sistema de emergência

Quedas nas linhas de energia acontecem com frequência, porém o consumidor raramente é afetado.

“O sistema é dimensionado para, em caso de falha de um equipamento, a energia ser redirecionada para outro sistema com capacidade de aguentar. Normalmente, quando cai um raio em uma linha de transmissão, nós não somos afetados porque a energia passa por outro lugar”, afirma Brandão.

“O sistema trabalha com número maior de linhas. Essas linhas são menos carregadas do que o podem suportar. O sistema tem redundância, então, pode perder uma linha porque as outras continuam trabalhando. O problema foi perder três linhas de transmissão”, diz o professor da UnB.

Para os especialistas, uma das hipóteses para o problema foi um evento climático, como um vendaval ou chuva forte que pudessem ter derrubado uma torre. Porém, o sistema também pode estar mal planejado e a queda de uma linha causou o problema nas outras duas.

Existe ainda um sistema de emergência para alívio de carga. Quando parte da geração de energia é perdida, o sistema para de abastecer alguns locais predeterminados, para que a geração continue equilibrada e não ocorra perda total do sistema.
 


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