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Outubro 2009 Índice Geral do BLOCO
O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão Celld-group e WirelessBR. Participe!
07/10/09
• Rádio Digital (49) - Sugestão à Mídia: Entrevistas com técnicos e radiodifusores
de Helio Rosa <rosahelio@gmail.com>
para Celld-group@yahoogrupos.com.br, wirelessbr@yahoogrupos.com.br
data 7 de outubro de 2009 11:30
assunto Rádio Digital (49) - Sugestão à Mídia: Entrevistas com técnicos e
radiodifusores
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
01.
Desde 2005
acompanhamos a "escolha" do sistema de Rádio Digital a ser implantado no
Brasil.
02.
O primeiro "post" do nosso BLOCO sobre o assunto está aqui:
22/09/05
• Rádio
Digital (01) - Anatel autoriza primeiros testes
03.
Em 2007, o jornalista Renato Cruz, do Estadão, escreveu esta matéria:
Rádio enfrenta o desafio de ser digital e recortamos o trecho:
(...) Segundo Ronald Barbosa, diretor de Rádio da
Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET), além das 17 emissoras que
já testaram o rádio digital, há entre 40 e 50 que importaram o equipamento, mas
não testaram os transmissores. (...)
Este "parque instalado", seja qual for o número atual de "emissoras IBOC", por
si só já se constitui um escândalo.
E "não deu outra": isto está sendo citado, inclusive pelo ministro Costa, como
"fator favorável de escolha":
(...) Segundo Costa, a maioria das grandes emissoras de
rádio já possui o equipamento para o sistema Iboc, o que apressaria a
implantação desse sistema no país.(...)
04.
Se as emissoras realizaram efetivamente os testes, "ninguém sabe ninguém viu" e
não temos conhecimento que a Anatel, entidade autorizatária, tenha divulgado
algo organizado sobre o resultado.
O "vício do processo" é o mesmo quando, numa fase posterior, delegou-se à ABERT
testar o IBOC em S. Paulo, ou seja, como citei anteriormente, "raposas
realizando testes no galinheiro".
E, de certo modo, o "vício" continua, neste momento em que a DRM está ou "vai
estar testando" seus equipamentos por conta da "consulta pública em
andamento".
05.
Ao mesmo tempo, não há como deixar de perguntar: por que essas emissoras
continuam "transmitindo IBOC", culminando com a inauguração recente (prestigiada
pela presença do ministro Costa) da "emissora digital" Globo Cultura, de
Uberlândia, MG?
Sem ouvintes e receptores, o objetivo só pode ser criar uma situação "de facto"
(usando este termo emprestado do noticiário sobre Honduras). :-)
Olá, Dona Anatel! Pelo que consta, a autorização para funcionamento era só para
os testes!
06.
Helio Costa, magnânimo, declarou recentemente:
(...) “Para fazer um processo democrático, aberto, temos
que assegurar as mesmas condições que oferecemos aos americanos. Eles [os
europeus] terão que fazer os testes e mostrar que o sistema DRM é bom”,
disse.(...)
Perdão, ministro mineiro Costa, para assegurar as "mesmas condições que oferecemos aos americanos", no mínimo, seria preciso convencer mais algumas dezenas de emissoras a importar, com recursos próprios, equipamentos DRM para uma mesma bateria de testes, némessm? Que "processo democrático" é esssô?
07.
Esta longa "introdução" é para dizer que respeito a opinião de Hilton
Alexandre
mas não concordo quando ele cita:
(...) "O que me alegra é
que as autoridades responsáveis pela decisão estão se portando de forma
exemplar, cautelosos como a questão exige e interessadas na melhor solução e no
menor tempo possível e responsável, aliás, agindo até mais interessadas do que
muito radiodifusor brasileiro".
Hilton Alexandre é radiodifusor de emissora AM
no interior do Estado do Rio de Janeiro. Economista e advogado, atua há 30 anos
no setor. É presidente da AERJ – Associação das Emissoras de Rádio e TV do
Estado do Rio de Janeiro e publicou um interessante artigo (apesar da conclusão
acima citada) no Portal Tele.Síntese, com esta referência::
Fonte: Tele.Síntese
[02/10/09]
Uma tecnologia nacional para o Rádio Digital - por Hilton Alexandre
(transcrição mais abaixo)
No seu texto Hilton sugere:
(...) O Rádio Digital brasileiro poderia ocupar o canal 14
da TV Digital (470 MHz à 476 MHz). Esses 6 MHz abrigariam com tranqüilidade as
Rádios de toda uma Região metropolitana, como São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo
Horizonte, transmitindo em Digital, com todas as vantagens agregadas
apresentadas pelo IBOC ou DRM. O custo seria bem menor que as adaptações na
transmissão simultânea. Para se ter uma idéia, uma emissora que opera em 10 000
w de potência precisaria de algo em torno de 400 w para ter a mesma cobertura, e
isso com um transmissor em VHF (470 MHz) que não custaria muito mais do que R$
8.000,00. É evidente que ainda haveria o custo de antenas e software, mas com
certeza bem mais baratos do que das outras tecnologias.(...)
08.
Esta sugestão "acendeu uma sinapse" já enferrujada e lembrei-me de outro artigo
veiculado em nossos fóruns em que Higino Germani perguntava e também
sugeria:
(...) Não será possível criarmos uma Nova Radiodifusão em
todos os sentidos e não apenas inserir as técnicas digitais no Rádio existente?
Onde reside a maior dificuldade ? Na faixa de operação desta Nova Radiodifusão.
Em que freqüências as estações exclusivamente digitais operariam?
Cremos que, sem querer, esta nova faixa está surgindo ao natural:
Com a criação de mais dois canais de Radio Comunitária (87,7 e 87,5 MHz) estamos
“invadindo” a banda do canal 6 de TV.
Já com o canal “oficial” de RadCom (88,7 MHz) o conflito com o canal 6 já
existia e agora se tornou maior ainda. É de se prever que o futuro nos aponta
para a extinção do canal 6 de TV.
Com isto, resulta que teremos uma maravilhosa banda de 6 MHz (de 82 a 88 MHz) e
na faixa de VHF (a melhor para a radiodifusão, quer em termos de comprimento de
onda quer em
termos de características de propagação), à disposição para criarmos uma Nova
Radiodifusão.
Podem fazer idéia de quantos canais exclusivamente digitais e o que será
possível fazer nos mesmos em termos de qualidade de áudio e informações
suplementares (dados) numa banda de 6 MHz na faixa de 82 a 88 MHz ? É tudo os
que sonham com o Rádio Digital pediram ao Criador ...(...)
Anotamos o "resumo biográfico" de Higino Germani na época:
"O engenheiro eletrônico Higino Germani, diretor técnico da Fundação Cultural
Piratini Rádio e Televisão. Nos anos 1970, ele foi chefe da área técnica de
Radiodifusão no antigo Departamento Nacional de Telecomunicações e diretor
técnico da Rádio Nacional de Brasília (atual Radiobrás) para a implantação da 1ª
Etapa do Sistema de Alta Potência em Ondas Médias e Ondas Curtas. Concebeu,
projetou e implantou o primeiro sistema de Radiovias no Brasil, na BR-290, em
2003.
Germani é responsável técnico pelo projeto de mais de 300 emissoras de rádio, TV
e retransmissoras e aproximadamente o mesmo número em projetos de sistemas de
radiocomunicação.
Em fevereiro deste ano, ele publicou o estudo "Rádio Digital: Uma Outra Opção
Não Seria Possível" (...)
09.
Isto posto...
Olá, D. Mídia!
Vamos seguir o exemplo do Tele.Síntese e entrevistar engenheiros, pesquisadores
e radiodifusores, buscando o "contraditório"?
Lembro que nesta e nas mensagens anteriores foram citadas, entre outras,
autoridades técnicas como Takashi Tome, Higino Germani e
Marcus Manhães...
Olá, ComUnitários!
Cadê nossos estudantes e professores de telecom para opinar sobre os aspectos
técnicos?
Ao longo do tempo tenho sugerido a participação da "Academia" neste processo.
Na ausência de uma convocação governamental da "Academia", lembro que nós, Mídia
e ComUnitários, somos os "acadêmicos informais"... :-)
Ao debate!
10.
Transcrições mais abaixo:
Fonte: Tele.Síntese
[02/10/09]
Uma tecnologia nacional para o Rádio Digital - por Hilton Alexandre
Observatório da Imprensa
[08/08/05]
Rádio Digital - A um passo da democracia nas ondas
sonoras
Fonte: SJSC
[Fev 2005]
Rádio Digital: Uma outra opção não seria possível? - por Eng. Higino Germani
Fonte: FNDC
[29/07/06]
Dona do padrão IBOC de rádio digital quer ampliar uso do espectro - por
Júlia Pitthan
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio
Rosa
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Fonte: Tele.Síntese
[02/10/09]
Uma tecnologia nacional para o Rádio Digital - por Hilton Alexandre
Hilton Alexandre é radiodifusor de emissora AM no interior do Estado do Rio de
Janeiro. Economista e advogado, atua há 30 anos no setor. É presidente da AERJ –
Associação das Emissoras de Rádio e TV do Estado do Rio de Janeiro.
Após seis anos de testes e debates sobre o Rádio digital, apenas um consenso
sobrevive: O Rádio tem que se digitalizar para sobreviver à convergência das
mídias que se aproxima. As vantagens para o Rádio são mais visíveis nas
emissoras de Amplitude Modulada, pois a qualidade de áudio tem uma melhora bem
perceptível, mais do que nas de Freqüência Modulada. Para ambas o ingresso na
tecnologia digital poderá trazer mais serviços agregados.
Como radiodifusor de AM e apaixonado pelo serviço que ela presta à comunidade,
cultivo uma preocupação quanto ao seu futuro. Primeiro pelas crescentes
perturbações e ruídos que se alastram nos grandes centros, tornando em algumas
áreas o AM inaudível; segundo, pelas mudanças na geografia das cidades e nas
características do solo em volta dos parques transmissores que prejudicam a
propagação das Ondas Médias. Por fim, a péssima qualidade dos receptores
colocados à disposição dos consumidores, na maioria chineses, via Paraguay, não
conseguem sintonizar todas as emissoras AMs.
As Tecnologias apresentadas
Até hoje chegou ao país de forma mais concreta apenas duas tecnologias para o
Rádio Digital: O DRM e o IBOC. Não pretendo me aprofundar tecnicamente neles,
mas pondero que as duas tecnologias não servem para o radiodifusor brasileiro
que opera na faixa das Ondas Médias. Elas têm sua irradiação baseadas na
plataforma de AM, que pelos motivos comentados anteriormente, sofrem
interferência, com ruídos e chiados no analógico e no digital ficariam mudos. O
IBOC e o DRM também apresentam os problemas da transmissão simultânea, na mesma
faixa, do analógico e do digital, um atrapalha o outro. Levando em consideração
que seriam necessários pelo menos dez anos para que houvesse a transição
completa pelo consumidor do analógico para o digital, teríamos uma década de
transmissão ainda pior no Rádio AM analógico e um Rádio AM Digital cheio de
problemas.
O analógico e o digital não conseguem conviver com qualidade na mesma banda.
Acredito que a audiência acabaria por debandar para outro serviço. A solução
seria uma transição para uma freqüência livre onde o digital operaria "full",
enquanto continuaria com a transmissão analógica até o momento da transição
final. O AM poderia ir para os canais 5 e 6 da TV analógica (76 MHz à 88 MHz), e
as FMs migrariam para onde? Parece que essas tecnologias estão condenadas pela
transição.
Uma Tecnologia Nacional
A TV enfrentava também os mesmos problemas do Rádio, a atual faixa levava
dificuldades para a migração, os dirigentes e engenheiros de televisão foram
buscar o caminho mais apropriado tecnologicamente e politicamente para a
migração. O Rádio começou a discutir o sistema digital bem antes da TV no Brasil
e ainda não chegou a nenhuma conclusão.
Venho defendendo uma guinada no rumo das discussões do Rádio Digital. Cada vez
mais me convenço que devemos seguir o exemplo bem sucedido (na migração) da TV
Digital. O Rádio deve ocupar uma freqüência consignada, nova, livre, e aos
poucos ir fazendo a sua migração, sem prejudicar o analógico, sem apressar o
pequeno e distante radiodifusor.
Imaginemos se o Rádio utilizasse uma nova freqüência, com seu transmissor
digital “full”, podendo fazer seus ajustes, testes e investimentos na velocidade
da sua praça e nível de exigência dos seus consumidores, este é o ambiente ideal
para a migração.
Continuando o exercício de criarmos em nossas mentes o ambiente ideal para o
novo Rádio brasileiro, imaginemos que, além do Rádio ser digitalizado e se ele
pudesse dar um passo simultâneo à convergência das mídias? Ou seja, estar numa
freqüência que pudesse agregar outras formas de mídias. Existe um ambiente assim
para o Rádio, uma tecnologia de menor custo e nacional, desenvolvida no Brasil.
O Rádio Digital brasileiro poderia ocupar o canal 14 da TV Digital (470 MHz à
476 MHz). Esses 6 MHz abrigariam com tranqüilidade as Rádios de toda uma Região
metropolitana, como São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte, transmitindo em
Digital, com todas as vantagens agregadas apresentadas pelo IBOC ou DRM. O custo
seria bem menor que as adaptações na transmissão simultânea. Para se ter uma
idéia, uma emissora que opera em 10 000 w de potência precisaria de algo em
torno de 400 w para ter a mesma cobertura, e isso com um transmissor em VHF (470
MHz) que não custaria muito mais do que R$ 8.000,00. É evidente que ainda
haveria o custo de antenas e software, mas com certeza bem mais baratos do que
das outras tecnologias.
O Receptor
A transmissão pelo canal de TV Digital é viável e possível, entretanto, os mais
críticos veriam dificuldades nos receptores, afinal é uma tecnologia nacional e
não há disponíveis receptores de Rádio nessa freqüência. É verdade, ainda não
existem, mas também até há bem pouco também não existiam receptores e setup box
para a TV Digital brasileira -- hoje já disponíveis nas lojas de todo o país. O
receptor viria naturalmente, pois o mercado nacional é significativo no consumo
de eletroeletrônico. Os países do Mercosul (Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai)
e ainda Peru, Bolívia e Venezuela que adotaram o padrão brasileiro de TV
Digital, iriam com certeza nos seguir no Rádio Digital também.
Convergência
No momento em que a TV e o Rádio estão em desvantagem na tendência de
convergência de mídias, com perspectivas de perda de espaço para as Teles e a
internet, a união dos dois meios de comunicação numa mesma freqüência, permitirá
que o Rádio e a TV compartilhem as recepções em portáteis, celulares e
televisores de última geração. Essa união fortaleceria a radiodifusão livre e
gratuita do Brasil.
As Vantagens
A possibilidade de abrigar as Rádios Digitais num canal de TV Digital só traria
vantagens ao país: teríamos resolvido a transição do Rádio Digital,
permitiríamos que cada radiodifusor fizesse o investimento à seu tempo e
necessidade, uniríamos a radiodifusão livre e gratuita e, ainda, estaríamos
gerando emprego e exportando para o mundo a tecnologia.
Ainda é cedo para prevermos para onde caminhará a digitalização do mais popular
e querido meio de comunicação, pois os “lobbies” estão se acotovelando para
conquistar o segundo mercado mundial de radiodifusão, que é o Brasil, só
perdemos para os EUA. O que me alegra é que as autoridades responsáveis pela
decisão estão se portando de forma exemplar, cautelosos como a questão exige e
interessadas na melhor solução e no menor tempo possível e responsável, aliás,
agindo até mais interessadas do que muito radiodifusor brasileiro.
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Fonte: SJSC
[Fev 2005]
Rádio Digital: Uma outra opção não seria possível? - por Eng. Higino Germani
Já fazem algumas décadas que ouvimos falar que o futuro do Rádio AM e FM será a
digitalização. No entanto, esta espera já está por demais longa...
Os esforços concentram-se no Rádio AM e com razão : as emissoras de FM
proporcionam qualidade de áudio muito boa e tem disponíveis sub-canais que, em
sua grande maioria, ainda não foram suficientemente explorados.
Desde as primeiras pesquisas a respeito, sempre ouvimos falar em sistemas “in
band”, ou seja, ocupando o mesmo canal que as AM’s atuais. Examinemos as
características deste canal :
- largura de cada canal de apenas 10 KHz : o que podemos esperar de banda tão
estreita e ainda compartilhada com um sinal analógico ?
- faixa de OM de 535 KHz a 1705 KHz : a relação entre a freqüência mais baixa e
a mais alta é de cerca de 3 vezes, o que demonstra características de propagação
muito diferentes entre as freqüências “baixas” e as “altas”; dependência da
condutividade do solo a qual tem valores cada vez menores em função do aumento
da urbanização; propagação diurna pelo solo e noturna pelo solo e pela ionosféra
o que gera sinais interferentes a longas distâncias.
- sistemas de transmissão que exigem áreas de vários hectares próximas às áreas
urbanas, o que se torna cada vez mais difícil.
- necessidade de potências cada vez maiores para compensar a queda de
condutividade e nível de ruído elevado (característico da faixa).
- necessidade de torres irradiantes altas devido ao grande comprimento de onda o
que conflita cada vez mais com a proteção dos aeródromos.
Com estas características, perguntamos : Porque insistir em sistema “in band” ?
Os ouvintes não terão que adquirir um novo receptor para ouvir os sinais
digitais ? Como a resposta é obviamente afirmativa, cremos que boa parte das
argumentações da opção “in band” cai por terra.
Será verdadeiramente viável que, após um certo período de transição, o sinal
analógico deixará de ser transmitido, permanecendo apenas o digital ? Ou será
que, para cobrir
deficiências da cobertura digital teremos que manter no ar permanentemente
trambolhos de dezenas de quilowatts com alto consumo de energia elétrica ?
Nos vemos em situação semelhante ao advento da máquina a vapor nas embarcações :
inicialmente as instalaram em veleiros com resultados obviamente desastrosos; ou
então com o advento do motor a combustão interna : não foi projetado um
automóvel e sim instalado o motor em carruagens, no lugar dos cavalos ...
Estaríamos agora colocando turbinas em veleiros ou em carruagens ?!
Não será possível criarmos uma Nova Radiodifusão em todos os sentidos e não
apenas inserir as técnicas digitais no Rádio existente ?
Onde reside a maior dificuldade ? Na faixa de operação desta Nova Radiodifusão.
Em que freqüências as estações exclusivamente digitais operariam ?
Cremos que, sem querer, esta nova faixa está surgindo ao natural :
Com a criação de mais dois canais de Radio Comunitária (87,7 e 87,5 MHz) estamos
“invadindo” a banda do canal 6 de TV.
Já com o canal “oficial” de RadCom (88,7 MHz) o conflito com o canal 6 já
existia e agora se tornou maior ainda. É de se prever que o futuro nos aponta
para a extinção do canal 6 de TV.
Com isto, resulta que teremos uma maravilhosa banda de 6 MHz (de 82 a 88 MHz) e
na faixa de VHF (a melhor para a radiodifusão, quer em termos de comprimento de
onda quer em
termos de características de propagação), à disposição para criarmos uma Nova
Radiodifusão.
Podem fazer idéia de quantos canais exclusivamente digitais e o que será
possível fazer nos mesmos em termos de qualidade de áudio e informações
suplementares (dados) numa banda de 6 MHz na faixa de 82 a 88 MHz ? É tudo os
que sonham com o Rádio Digital pediram ao Criador ...
Como operacionalizar isto ?
Ora, existe um Plano de Canais para TV Digital em elaboração. Certamente está
prevista uma solução para o canal 6 (no Plano de Geração de TV no Brasil existem
apenas 24 outorgas !).
Estabelecida a nova canalização de canais digitais (de 82 a 88 MHz) – deixando
obviamente uma margem para os canais de RadCom – e estabelecidas as Normas
Técnicas correspondentes, estes canais seriam objeto de “leilões”, primeiramente
para os atuais radiodifusores que desejarem operar digitalmente e,
posteriormente, para outros interessados.
Parte do valor arrecadado nestes leilões seria canalizado para indenizar os
custos de migração para outro canal dos atuais concessionários de TV que operam
no canal 6. Com um cronograma bem estabelecido, pode-se fazer com que esta
migração coincida com a implantação da TV Digital o que evitará prejuízos às
empresas que operam no canal 6.
Os radiodifusores que operarem digitalmente desativarão suas estações analógicas
quando julgarem que o mercado de receptores digitais já atingiu a grande maioria
do público. O próprio
público será beneficiado pois terá tempo de sobra para trocar de receptores (e
esgotar a vida útil dos atuais).
Quanto aos receptores, não cremos que possa haver dificuldade em seu
desenvolvimento e produção uma vez que a faixa de operação é de tecnologia
dominada e será equipamento
exclusivamente digital sem a parte analógica. Existirá tempo mais que suficiente
para o desenvolvimento deste novo receptor na área industrial paralelamente à
implantação das regras para o novo serviço de tal forma que não venha a ocorrer
novamente o desastre que foi a implantação do AM Estéreo quando havia emissoras
mas não havia receptores no mercado...
Um grande debate a respeito poderia ser levado a efeito pelo Poder Concedente
para se avaliar os prós e contras de cada opção existente para a efetiva
implantação do RÁDIO DIGITAL de forma segura, viável econômica e
empresarialmente – e não só tecnicamente – a qual venha a contemplar o público
com todos os recursos e possibilidades que a NOVA RADIODIFUSÃO nos acena.
Fev/2005
Eng. Higino Germani
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Fonte: FNDC
[29/07/06]
Dona do padrão IBOC de rádio digital quer ampliar uso do espectro - por
Júlia Pitthan
A empresa Ibiquity, proprietária norte-americana do padrão IBOC de rádio
digital, protocolou no dia 5/7 pedido de ampliação do uso de espectro de 200kHz
para 250kHz. Se for concedida pela Comissão Federal de Comunicações (FCC, sigla
em inglês) – agência reguladora dos setores de radiodifusão e telecomunicações
nos EUA – a ampliação de freqüência pode significar a redução de cerca de 30% no
total de canais FM hoje disponíveis naquele país.
Isto porque o IBOC (In Band, On Channel) opera com o sinal analógico e digital
transmitidos ao mesmo tempo e no mesmo canal de freqüência. A ampliação da banda
digital é um requisito técnico para que o sistema funcione sem interferência.
Mas se este aumento for concedido para uma determinada emissora outras terão que
sair para dar espaço a ela.
O IBOC é o padrão preferido de 13 emissoras brasileiras que já iniciaram testes
de rádio digital no país. Para o representante da Associação Brasileira de
Radiodifusão Comunitária (Abraço), Josué Lopes, a notícia só agrava o quadro de
entrave ao processo de democratização da comunicação. “Além de ser um padrão que
já excluiria pela questão econômica, em função do alto custo dos royalties,
agora exclui pela questão técnica”, disse Josué.
Demanda técnica
Para que a transmissão simultânea aconteça é preciso linearizar o sinal
analógico, ou seja, fazer com que menos sinais espúrios provocados pelo emissor
analógico sejam transmitidos. Isso provoca uma redução na qualidade sonora
recebida, pois diminui a amplitude do sinal de modulação e reduz a relação entre
o nível do sinal recebido e o nível do ruído existente no canal. O sinal do
transmissor digital, sobreposto ao sinal analógico linearizado, compõe o que
tecnicamente chama-se de máscara de emissão. Duas bandas laterais digitais são
inseridas na emissão do sinal analógico (veja gráfico na
fonte).
Na prática, estudos detectaram a interferência do sinal digital sobre o
analógico, e entre canais distintos da mesma localidade. Uma das soluções
vislumbradas para reduzir o problema das interferências seria a ampliação desta
banda digital, como a Ibiquity está solicitando. “A ampliação é uma demanda
técnica, sem a qual o padrão não apresentará um desempenho satisfatório”, diz o
técnico do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD),
Marcus Manhães.
Caixa de sapato
A necessidade da elevação na potência de transmissão, demanda que surge com a
interferência ente os canais, acarreta também no obrigatório replanejamento do
espectro na forma que hoje está distribuído. Segundo Manhães, caso os EUA
procedam com a implementação total do padrão IBOC, está prevista a redução de
cerca de 30% dos canais hoje disponíveis, conforme Manhães.
No Brasil, algo semelhante aconteceria caso o padrão norte-americano fosse
adotado já com esta nova largura de banda. Em localidades como Rio de Janeiro e
São Paulo, onde o espectro está lotado, alguns canais acabariam sendo
despejados. “A redução do número de canais aconteceria de forma indiscriminada,
não apenas os comunitários e educativos, mas também os comerciais”, diz Manhães,
que também é diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa no Estado de São
Paulo (SinTPq).
Para o engenheiro de telecomunicações e diretor técnico da rádio FM Cultura e da
TVE/RS, Higino Germani, a tentativa de realocar os mesmos canais analógicos para
o padrão digital usando o sistema "in band" é o mesmo que tentar acomodar um
elefante em uma caixa de sapato. No artigo "Rádio Digital: uma outra opção não
seria possível?", Germani defende a criação de um paradigma em radiodifusão
completamente novo. "Podem fazer idéia de quantos canais exclusivamente digitais
e o que será possível fazer nos mesmos em termos de qualidade de áudio e
informações suplementares (dados) numa banda de 6 MHz na faixa de 88 MHz?",
questiona Germani.
Debate urgente
Para Josué Lopes, da Abraço, é premente a normatização do debate sobre a questão
do rádio digital. "É preciso que o presidente Lula publique um decreto que
institua o início de um processo de pesquisa e discussão sobre qual o melhor
padrão de rádio digital para o Brasil", disse. "Está visto que o IBOC só
favorece às grandes empresas", avaliou Josué. O representante da Abraço lembra
que não só as cerca de 15 mil emissoras comunitárias existentes hoje no país,
mas também as pequenas rádios comercias e as educativas correm o risco de ficar
excluídas do processo de digitalização caso a escolha não se dê de forma
responsável. "Um momento que deveria ser de democratização, pode acabar se
tornando de exclusão", considera o representante da Abraço.
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