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Outubro 2009 Índice Geral do BLOCO
O conteúdo do BLOCO tem forte vinculação com os debates nos Grupos de Discussão Celld-group e WirelessBR. Participe!
15/10/09
• Telebrás, Eletronet e "Plano de Banda Larga" (82) - Mais "ecos" da Futurecom 2009: o debate se amplia + Matéria especial da Teletime
de Helio Rosa <rosahelio@gmail.com>
para Celld-group@yahoogrupos.com.br,
wirelessbr@yahoogrupos.com.br
data 15 de outubro de 2009 09:08
assunto Telebrás, Eletronet e "Plano de Banda Larga" (82) - Mais "ecos" da
Futurecom 2009: o debate se amplia + Matéria especial da Teletime
Como sempre, nas transcrições que fazemos, todos os créditos estão concedidos, com links para os originais e com recomendação de preferir a leitura na fonte, para uma visitação aos sites, onde estão matérias mais recentes e outros assuntos não abordados em nossos debates.
03.
Sumários das transcrições:
Fonte: Teletime
[14/10/09]
Controlador da Oi critica rede de banda larga controlada pelo Estado -
por Samuel Possebon
Fonte: Convergência Digital
[14/10/09]
Pacto privado pela banda larga passa pelo compartilhamento de rede - por
Ana Paula Lobo
Fonte: Tele.Síntese
[14/10/09]
Operadoras e indústrias querem incentivos para massificar banda larga -
por Lúcia Berbert
Fonte: Convergência Digital
[14/10/09] Setor
admite que gargalo da banda larga está na transmissão - por Ana Paula
Lobo
Fonte: Tijolaço
[15/10/09]
Outra guerra: a da banda larga de internet
Fonte: TelecomOnline
[14/10/09]
Claro defende pacto pela antecipação das metas de 3G mediante contrapartidas
- por Marineide Marques
Fonte: TelecomOnline
[14/10/09]
Governo quer acesso banda larga a R$ 30,00 - por Wanise Ferreira
Fonte: Teletime
[14/10/09]
Secretaria da Presidência faz discurso conciliador sobre plano de banda
larga - Mariana Mazza
Fonte: Teletime
[14/10/09]
Teles pedem segurança regulatória para investir - Mariana Mazza
Fonte:Teletime
[Set 2009]
Um modelo para a banda larga - por Samuel Possebon e Helton Posseti
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
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Fonte: Teletime
[14/10/09]
Controlador da Oi critica rede de banda larga controlada pelo Estado -
por Samuel Possebon
O presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, declarou nesta quarta,
dia 14, que o melhor modelo para um Plano Nacional de Banda Larga é o que já
existe, ou seja, baseado em empresas privadas que explorem o serviço. A
Andrade Gutierrez é acionista controladora da Oi. Ao ser perguntado sobre
uma eventual competição entre a Oi e uma rede estatal de telecomunicações
Azevedo disse: "essa outra opção eu não considero. Que governo falou em rede
pública? Quem falou? Vamos ver o que o presidente Lula vai falar antes. Eu
concordo com uma rede pública, oferecida pelas empresas. Apoiamos um plano
de banda larga que envolva as empresas". Para o executivo, o modelo a ser
colocado ainda precisa ser pensado. "O uso da rede da eletronet, que é uma
rede privada, pois o governo só tem 49% dela, é uma boa ideia, porque é uma
rede privada. Mas a Telebrás é uma empresa que deveria estar extinta, foi
uma decisão do País acabar com ela, não faz sentido recriá-la". Para
Azevedo, o governo atuar como operador não é algo ruim, "mas não é
necessário, o governo tem outras prioridades", disse. Para a Andrade
Gutierrez, falta estabelecer uma política sobre esse tema. "O ministro Hélio
Costa tem feito um bom trabalho de estabelecer essa política juntamente com
as empresas", disse Azevedo. Para o executivo, "as pessoas já pagaram pela
universalização ao pagarem o Fust, que está contingenciado". Para Azevedo,
colocadas as diretrizes políticas e sendo um plano sustentável, as empresas,
especialmente a Oi, estarão dispostas a ajudar o governo.
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Fonte: Convergência Digital
[14/10/09]
Pacto privado pela banda larga passa pelo compartilhamento de rede - por
Ana Paula Lobo
Ao participarem do Futurecom 2009, nesta quarta-feira, 14/10, na capital
paulista, os presidentes da TIM, Luca Lucciani, e o presidente da Claro,
João Cox, enfatizaram que qualquer iniciativa voltada para a massificação da
banda larga no Brasil com a participação das teles terá de passar por um
acerto na última milha, no que o executivo da TIM classificou como monopólio
natural das fixas. Cox, da Claro, propôs uma reflexão sobre o melhor modelo
a ser implantado no país - numa referência ao binômio investimento x tempo.
O tom dos executivos foi relevante porque a discussão da banda larga passa
pela necessidade de levar a infraestrutura de acesso para localidades do
interior, onde a rentabilidade econômica é baixa. Lucciani e Cox deixaram
patente que é necessário, sim, que haja o unbundling (compartilhamento da
última milha) e também a boa vontade de firmar um consórcio para construir
redes em áreas, hoje, não atendidas.
"Se nós, operadoras, fornecedores, consumidores e governo, queremos de fato
trabalhar juntos por um projeto nacional de banda larga, temos que pensar,
sim, na rentabilidade do capital. Não vejo por que haver duplicação de
investimentos", afirmou o presidente da TIM, referindo-se ao acesso de
última milha.
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Fonte: Tele.Síntese
[14/10/09]
Operadoras e indústrias querem incentivos para massificar banda larga -
por Lúcia Berbert
O crescimento da oferta de banda larga no país é inevitável, mas para ser
acessível para todos os brasileiros depende de política pública para
incentivar investimentos, liberação de espectro, redução de impostos,
mudança nas legislações estaduais e municipais de direito de passagem e até
uso dos recursos do Fust para subsidiar oferta em locais de baixo interesse
econômico. São as reivindicações dos representantes das operadoras e das
indústrias que participaram do painel “A Evolução da Banda Larga no Brasil e
seus Impactos nos Negócios Atuais e Futuros”, promovido hoje na Futurecom.
O diretor do Departamento de Universalização de Telecomunicações do
Ministério das Comunicações, Átila Souto, disse que o governo está ciente de
todos esses problemas e que muitos deles deverão ser atacados no Plano
Nacional de Banda Larga, ainda em elaboração. Ele confirmou que o Minicom
apresentará uma proposta ao plano diferente daquela que está sendo discutida
entre os outros ministérios, Casa Civil e Presidência da República. “Nós já
temos uma proposta do Minicom, que está sendo apresentada neste momento às
empresas do setor para receber subsídios”, disse.
Souto não quis adiantar pontos da proposta, mas assegurou que ela não será
baseada em novas obrigações para operadoras e que prevê a utilização das
redes de fibra ópticas do sistema elétrico. Ele não quis falar sobre a
possibilidade de reativação da Telebrás, como empresa para gerir essa rede
pública, como defende o projeto apresentado pelo secretário de Logística e
Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna.
Números
O representante da Huawei, Marcelo Motta, antecipou alguns dos números da
pesquisa sobre acesso à internet no Brasil, encomendada pela empresa.
Segundo o estudo, em 2011, a banda larga móvel terá 20 milhões de
assinantes, três milhões a mais do que os acessos fixos. Em 2014, ano da
Copa do Mundo no Brasil, os acessos móveis previstos são de 60 milhões,
contra 30 milhões de usuários de banda larga fixa. “E isso demandará
investimentos pesados do setor”, disse.
Para o representante da Ericsson, Lourenço Coelho, o volume de recursos para
atender a demanda de banda larga deve ser semelhante ao que se deve investir
hoje na exploração do Pré-sal. O representante da Nokia Siemens, Wilson
Cardoso, lembrou que os Jogos Olímpicos de 2016 deverão aumentar ainda mais
a demanda de conexão. “Nas Olimpíadas na China, em um raio de 3 km em volta
do estádio Ninho de Pássaros, haviam 45 mil pessoas conectados ao mesmo
tempo”, disse.
Já o representante da Acision, Rafael Steinhauser, entende que a solução
para massificação da banda larga poderá vir de serviços patrocinados, como
os bancários. “O uso desses aplicativos poderiam subsidiar o acesso das
camadas mais baixas da população”, disse.
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Fonte: Tele.Síntese
[14/10/09]
Presidente da Claro não vê problema em uso da Eletronet pelo governo -
por Miriam Aquino
O presidente da Claro, João Cox, defendeu hoje, durante o Futurecom, que a
infraestrutura pública (ou, em outras palavras, a rede da Eletronet) deva
também ser usada para a oferta de serviços à sociedade. "O Brasil não pode
ter infraestrutura parada, por isso, não vejo problemas em que haja uma rede
pública, desde que as condições sejam equânimes para o governo e iniciativa
privada", completou.
Para levar a banda larga a todos os brasileiros, Cox defendeu a adoção de um
pacto nacional entre governo, sociedade e iniciativa privada. "A iniciativa
privada vai expandir a banda larga porque há demanda. Mas se o governo
quiser acelerar o processo, é preciso firmar esse pacto", defendeu o
executivo.
E, no seu entender, o papel do governo deve ser o de reduzir a carga
tributária. Além de o Brasil ter a alíquota mais alta do mundo, Cox
assinalou que os tributos penalizam os mais pobres, já que eles são cobrados
sobre os aparelhos e não sobre as receitas que geram, fazendo com que os
pré-pagos paguem mais impostos do que os telefones pós-pagos.
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Fonte: Convergência Digital
[14/10/09]
Setor admite que gargalo da banda larga está na transmissão - por Ana
Paula Lobo
Com a colaboração de Cristina De Luca
Falta infraestrutura - por ausência de investimento e dificuldade de
relacionamento e de compartilhamento da rede existente - para a oferta de
serviços de banda larga no país, assumiram os presidentes das operadoras
durante participação nesta quarta-feira, 14/10, no Futurecom 2009. As teles
admitem que estão construindo redes próprias para contornar a ausência de
oferta, mas reconhecem que se houvesse o compartilhamento a "infovia'
nacional poderia ser montada mais rapidamente.
A maior parte das redes está concentrada nas grandes cidades. Quem tem
infraestrutura em regiões mais distantes nem sempre está disposto a ceder o
acesso. Esta foi uma das constatações feitas pelo presidente da Claro, João
Cox. Segundo ele, a empresa está com rede pronta em 300 municípios, mas não
tem como oferecer 3G por não dispor de uma rede de transmissão. Sem essa
infraestrutura, não há como fazer a oferta de um serviço internet de
qualidade.
"Está na hora de sentarmos à mesa e colocar todas as nossas pendências. Eu
reivindico que possamos antecipar as metas de cobertura, se houver
contrapartidas, assim como que se faça o compartilhamento de rede para que
os custos não sejam elevados", enfatizou Cox.
Segundo ele, todas as teles, hoje, possuem entre 40 a 50 mil ERBs para 3G. A
expectativa é que esse número quadruplique para atender à demanda. A mesma
posição foi defendida pelo presidente da TIM Brasil, Luca Lucciani, em sua
apresentação, reportada pelo Convergência Digital (leia aqui).
Na prática, não é a primeira vez que o compartilhamento de rede ou a
ausência dele vem à tona. O presidente da Vivo, Roberto Lima, há dois anos,
também num Futurecom, sugeriu que as operadoras dividissem o custo da
construção das redes para aumentar a rentabilidade do capital.
Oriundo do mercado de cartão de crédito - segmento onde há esse acordo de
infraestrutura -, ele não entendia o porquê de um acerto semelhante não ser
fechado nas telecomunicações. A iniciativa, no entanto, nunca saiu do papel.
Ao contrário. As operadoras fixas Oi e GVT brigaram e foram à Justiça por
conta do compartilhamento, o unbundling, e houve a intervenção da Anatel.
Se as operadoras móveis, principalmente, assumem que falta transmissão, não
foi esquecida a Eletronet, personagem central do plano defendido pelo
secretário de Logística e TI do Ministério do Planejamento, Rogério
Santanna, e causadora de divergências públicas no governo - o ministro Hélio
Costa não compareceu à solenidade de abertura do Futurecom pela primeira vez
desde que assumiu o cargo no Governo Lula.
<´p> Ao participar do painel no Futurecom, Octávio Azevedo, presidente do
Grupo Andrade Gutierrez e um dos acionistas da Oi, foi direto ao assunto: "A
Telebrás já deu o que tinha de dar". Mas o presidente da Alcatel-Lucent,
Jonio Foigel - uma das empresas credoras da Eletronet - mostrou-se bastante
satisfeito com o fato de a infraestrutura estar de volta à pauta.
"Estamos negociando para resolver do melhor modo o nosso problema", disse. E
foi além. Em um momento em que a transmissão ou a falta dela passa a ser
alvo de debates, garantiu: "A Eletronet é um ativo pronto e talvez um dos
últimos disponíveis no Brasil. Precisa ser melhor aproveitado", completou.
Mais do que nunca, nesse primeiro dia do Futurecom ficou evidenciada a
necessidade - rápida - de uma parceria entre as iniciativas pública e
privada para que o setor possa funcionar de forma a atender ao cidadão
brasileiro.
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Fonte: Tijolaço
[15/10/09]
Outra guerra: a da banda larga de internet
Internet, ao contrário do que pode parecer a muita gente, não é apenas um
mecanismo de acesso a notícias e a entretenimento. É a via de boa parte da
vida social e econômica dos países e será ainda mais nos próximos anos.
Algumas atividades, como o ensino à distãncia, já estão presentes. Outras,
como a telemedicina, já dão os primeiros passos. Atividades comerciais e
logísticas já dependem - e dependerão mais a cada dia - da capacidade de
trafegar imagens e dados em altíssima velocidade, em conexões estáveis e
confiáveis.
No Japão, já é comum a oferta de conexões de até 10 Gigabytes por segundo,
mil vezes mais rápidas que as melhores oferecidas no Brasil, de 10
Megabytes, tirando algumas raríssimas que prometem - e raramente cumprem -
velocidade de 100 Mbps. Ainda assim, este serviço de melhor qualidade não
esta disponível senão em pequenas áreas de alto poder aquisitivo. No Brasil,
só 0,7%dos usuários possui acesso à internet de mais de 1 Mbps. A União
Internacional de Telecomunicações, estabelece banda larga como igual ou
acima de 2 Mbps. Ou seja, nem mesmo de banda larga poderiam ser chamadas.
Mas nos preços, aí somos campeões. A revista especializada PC World
publicou, já dois anos, um estudo comparativo sobre os preços cobrados aos
usuários, e no Brasil o custo das conexões chegava a ser 400 vezes mais
caros que em outros países. Um megabit por segundo brasileiro chegava a
custar R$ 716,50 reais (em Manaus), enquanto no Japão saía pelo equivalente
a R$ 1,81.
A rede da Eletronet já tem 16 mil km de fibras de alta capacidade,
instaladas nas mesmas torres que levam energia elétrica para todo o país.
A Eletronet tem 16 mil km de fibras de alta capacidade, fixadas nas torres
que levam energia elétrica para o país.
Bem, o Governo Federal resolveu atacar esta questão. O presidente Lula deu
prazo até o final deste mês para que diversos ministérios apresentem um
plano para levar conexões de alta velocidade a todo o território nacional.
E, enquanto os Ministérios da casa Civil e Planejamento encaminham uma
solução em que o Estado, através das redes de fibras ópticas da Eletronet,
uma empresa que detém 16 mil quilômetros de ligações, abrangendo 18 estados
e que recentemente foi totalmente retomada pelo Governo, embora numa
situação falimentar. Há redes da Petrobras e de Furnas que, somadas ás da
Eletronet chegariam perto de 30 mil quilômetros. Nelas, o Estado venderia o
direito de uso às operadoras privadas, como clientes, não como
proprietárias.
O secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do
Planejamento, Rogério Santanna, diz que serão necessários investimentos de
R$ 1,1 bilhão para acender essas redes, capazes de ligar 4.245 municípios e
atender a uma população de 162 milhões de pessoas, 16 vezes mais do que as
atendidas pelas “bandas largas” privadas. Ele descartou a parceria das
operadoras e afirma que essas empresas não resolveram o problema de banda
larga no Brasil porque não estão interessadas. Ele disse que a massificação
da banda larga vai rebaixar o preço da telefonia por voz, “e isso elas não
querem fazer”.
O sitema proposto pelo Ministério do Planejamento criará “portões” de fibras
óticas em cada cidade, onde pequenas operadoras poderão cuidar da
distribuição residencial.
Mas o Ministro das Comunicações, Hélio Costa, sempre atento aos interesses
das empresas de telefonia, está correndo com um plano para colocar as
grandes teles de “sócias” da rede de fibras óticas do Governo. Ele se reuniu
com os dirigentes das grandes teles na semana passada e pediu que elaborem
um plano alternativo, no qual integrariam suas redes - mínimas e cocentradas
em áreas de alto poder aquisitivo - às go Governo, de Furnas, Petrobrás e
Eletronet. Com isso, seriam “donas” do que não é delas e continuariam com o
monopólio dos serviços de dados e de voz e ainda exigem, como contrapartida,
que o Governo baixe os impostos que pagam. Ou seja, o barateamento do custo
se daria não por preços menores, mas pela redução dos impostos.
Santana reagiu, outro dia, falando aqui na Câmara dos Deputados: “a rede
pública fomentará a concorrência, reduzirá os preços das tarifas de banda
larga e promoverá acesso nos locais onde as operadoras não querem ir. “As
operadoras não são parceiras. Se elas são parceiras em algum momento, é para
atrasar”.
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Fonte: TelecomOnline
[14/10/09]
Claro defende pacto pela antecipação das metas de 3G mediante contrapartidas
- por Marineide Marques
Mais espectro, parcerias com municípios e desoneração tributária poderiam
ser moedas de troca
O presidente da Claro, João Cox, defende um pacto nacional pela antecipação
das metas de cobertura da terceira geração, como forma de acelerar a oferta
de banda larga nas cidades de menor porte. Pelas regras do contrato de 3G,
as operadoras têm até 2016 para cobrir todo o país com a tecnologia de
acesso rápido sem fio. Na avaliação de Cox, essa data poderia ser
antecipada, mediante algumas contrapartidas. “Estou disposto a investir
mais, desde que negociadas as condições”, explicou.
Entre as contrapartidas sugeridas por Cox estão a disponibilidade de mais
espectro e facilitação para instalação de infraestrutura de rede móvel por
parte de estados e municípios. Ele também citou as parcerias
público-privadas, a exemplo do programa de universalização levado a cabo
pelo governo de Minas Gerais, como alternativas para disseminação do serviço
de banda larga móvel. A desoneração tributária também estaria na pauta de
discussões, segundo Cox. “Por que a banda larga móvel paga Fistel e a fixa
não?”, questionou o executivo.
Ele reconheceu que o maior desafio para expansão da banda larga são os
sistemas de transmissão. A Claro, assegurou Cox, tem redes móveis pronta em
300 municípios, mas faltam sistemas de transmissão para conectar as
estações. “Em muitas áreas, a minha opção tem sido construir redes de
transmissão”, afirmou, destacando a importância do compartilhamento com
outras operadoras.
Pelos cálculos de Cox, todas as operadoras móveis somam hoje entre 40 mil e
50 mil sites em todo o Brasil. Para atender à expansão da banda larga será
preciso quadruplicar esse número, e a barreira da transmissão certamente
será um gargalo. O compartilhamento poderia acelerar o processo, na
avaliação de Cox. A Claro já compartilha sistemas de transmissão com a Vivo
e com a Embratel na região Sul e quer estender o modelo para outras áreas.
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Fonte: TelecomOnline
[14/10/09]
Governo quer acesso banda larga a R$ 30,00 - por Wanise Ferreira
Cálculos iniciais apresentados a operadoras mostram mercado de 30 milhões de
domicílios a esse preço
Em sua primeira reunião com as operadoras para discutir o plano nacional de
banda larga, representantes do governo apresentaram suas metas: conseguir
uma oferta de acesso em banda larga a R$ 30,00, o que poderia garantir um
mercado de 30 milhões de domicílios, segundo cálculos preliminares de
demanda potencial. Para as empresas, agora, cabe fazer a lição de casa, ou
seja, calcular quanto de investimento seria necessário para garantir
capilaridade a esse preço.
A reunião foi realizada na tarde desta quarta-feira, 14, durante o
Futurecom, evento que se realiza em São Paulo. Pelo governo, participaram o
secretário de Telecomunicações do Minicom, Roberto Pinto Martins, o ministro
Daniel Vargas, da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), e
representantes da Anatel.
Para apresentar seus cálculos, o governo se baseou em dados do PNAD
(Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio). Para as empresas, ainda serão
necessários estudos mais aprofundados para dimensionar o alcance da meta
governamental. A expectativa é que um plano preliminar esteja pronto no
início de novembro.
O valor de R$ 30,00 é o mesmo estabelecido pelo Conselho Nacional de
Política Fazendária (Confaz) para planos de banda larga com isenção de ICMS
nos estados de São Paulo, Pará e Distrito Federal. Válida desde abril, a
desoneração deve sair do papel nesta quinta-feira, quando é aguardada a
presença do governador José Serra na Futurecom para anúncio conjunto com a
Telefônica, primeira a oferecer um plano de banda larga ao preço de R$ 30,
incluindo a prestação do serviço e o modem.
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Fonte: Teletime
[14/10/09]
Secretaria da Presidência faz discurso conciliador sobre plano de banda
larga - Mariana Mazza
Depois do embate entre Ministério do Planejamento e Ministério das
Comunicações por conta do Plano Nacional de Banda Larga, chegou a vez da
Presidência da República apresentar um discurso conciliador das diferentes
vertentes sobre o tema. Em apresentação nesta quarta-feira, 14, na
Futurecom, o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência, Daniel Vargas, defendeu a participação das empresas de telecom
no projeto, mas apoiou a exploração das redes com viés político-social, como
uma ferramenta de geração de concorrência e desenvolvimento regional em
pequenas localidades,
"Eu entendo que o Plano Nacional de Banda Larga que vem sendo pensado pelo
governo pode representar essa vinculação explícita entre o desenvolvimento
das telecomunicações e o desenvolvimento do país", analisou Vargas. Mas o
ministro ponderou que essa iniciativa não significa que o governo agirá
"arbitrariamente" no setor de telecomunicações. "Significa apenas que o
governo poderá usar as redes públicas para atuar onde é estritamente
necessário", afirmou.
Esses locais "necessários" de atuação estatal seriam pequenas localidades
onde não há acesso às telecomunicações, por exemplo. Vargas sugeriu, nesses
casos, que o backhaul de atendimento tivesse capacidade de 64 Mbps e não de
8 Mbps, conforme estipulado na troca de metas de universalização que
viabilizou a construção desta rede. Esse aumento de capacidade garantiria
aos pequenos municípios a mesma transmissão acertada hoje para atendimento
das grandes cidades.
Na visão de Vargas, a lógica de um plano de banda larga nacional deve passar
também pelo estímulo às demandas locais, mudando o paradigma estabelecido
até hoje na regulamentação da universalização dos serviços, onde o
crescimento geográfico é o grande parâmetro para a obrigação de atendimento.
"Não pode haver um determinismo geográfico para a inclusão digital".
Outros pontos regulatórios têm sido avaliados pelos grupos de trabalho que
avaliam o plano, segundo Vargas, como o unbundling e a regulamentação de
operadores virtuais de rede. De qualquer forma, o ministro garantiu que o
trabalho que deve ser concluído no início de novembro pelos grupos é apenas
o início de um debate, onde o governo levará em consideração a opinião de
empresas e da sociedade. "Esse é um assunto que deve ser, e será, o
resultado de um amplo debate entre governo, segmento empresarial e a
sociedade", afirmou. O método de estabelecimento desse debate - se por
consulta pública, constituição de novos grupos de trabalho ou outro sistema
– ainda não está definido.
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Fonte: Teletime
[14/10/09]
Teles pedem segurança regulatória para investir - Mariana Mazza
A nova onda de discussão de políticas públicas para inclusão digital,
iniciada com a tentativa do governo de criar um Plano Nacional de Banda
Larga, não pode deixar de lado a importância da segurança regulatória para a
manutenção dos investimentos privados no setor. Este foi o recado dado por
representantes de operadoras de telecom e fabricantes em um dos debates
realizados durante o primeiro dia da Futurecom. "O desafio da regulação é o
equilíbrio entre o idealismo e a solvência", declarou Francisco Perrone,
vice-presidente de Assuntos Internacional da Oi e ex-conselheiro da Anatel.
Esse equilíbrio é muito "delicado", nas palavras do deputado Paulo Henrique
Lustosa (PMDB/CE), mas deve ser procurado para que o setor consiga continuar
avançando.
No que depender da Anatel, as empresas podem ficar tranquilas. Segundo o
conselheiro Antônio Bedran, a agência reguladora "tem uma busca incessante
para estabilidade regulatória e pela segurança jurídica". E o Plano Geral de
Regulamentação (PGR) é uma prova deste comportamento, uma vez que baliza
todas as ações de grande impacto que a autarquia pretende tomar no curto,
médio e longo prazo.
A agência, porém, está limitada com relação à garantia de segurança com
relação ao plano de banda larga. "O papel da Anatel não é fazer política
pública. O papel da Anatel é aguardar a formulação dessa política e ai
regular o que for necessário", ponderou Bedran. Para Ércio Zilli,
vice-presidente de Regulação e Interconexão da Vivo, seria interessante
aproveitar esse momento de mudanças "profundas" no setor para reduzir a
intervenção regulatória. "Quanto menos regulação, mais fácil será o
investimento", avaliou Zilli.
Para Lustosa, o debate em torno da inclusão digital é bom seja qual for o
desfecho regulatório. "Acho saudável o debate ter vindo à tona. É um bom
sinal", declarou o parlamentar. O desafio da regulação para os empresários é
garantir que exista uma meta clara para os projetos públicos a partir de
agora. "É preciso ter um norte. A gente está atrasado na busca deste norte.
O importante é definir: nós estamos fazendo um plano nacional de banda larga
para quê? Qual a finalidade?", desafiou Perrone.
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Fonte:Teletime
[Set 2009]
Um modelo para a banda larga - por Samuel Possebon e Helton Posseti
Revista Teletime - Edição de setembro de 2009 - Matéria de capa
Não é de hoje que, de uma maneira ou de outra, parece haver uma vontade de
dar um tratamento diferenciado à banda larga do ponto de vista das políticas
públicas. Pelo menos desde 2007 existem iniciativas nesse sentido, começando
pelas primeiras negociações para criar o programa Banda Larga nas Escolas
até o acordo que resultou na substituição das metas de Postos de Serviços de
Telecomunicações (PSTs) por infraestrutura de backhaul. O governo deve
anunciar nas próximas semanas um Plano Nacional de Banda Larga, trabalho que
está sendo conduzido pelo Ministério das Comunicações e que deve passar a
ser pauta do Comitê de Inclusão Digital, também criado em agosto e que reúne
diversos órgãos do governo.
O fato novo é que agora parece haver, entre governo e empresas de
telecomunicações, uma disposição comum de se chegar a um modelo que permita
tornar a infraestrutura e os serviços atrelados à banda larga acessíveis à
maior parte da população.
As teles se mostraram, no final de agosto, dispostas a cumprir uma meta de
tornar a banda larga disponível a 150 milhões de pessoas até a Copa do Mundo
de 2014, mas em troca querem da parte do governo que as medidas a serem
definidas sejam baseadas em “coerência e clareza na intervenção regulatória,
e sua implementação deve ser simples, com o mínimo de exigências
burocráticas”. A manifestação foi feita pela Telebrasil (associação que
representa a maior parte das concessionárias e autorizadas de
telecomunicações) na chamada Carta do Guarujá.
Na verdade, o que as teles fizeram foi uma manifestação de disposição, mas
aproveitaram para colocar pressão sobre o governo.
Entre as demandas estão: 1) desoneração tributária de serviços e
investimentos em todos os níveis; 2) eliminação das restrições urbanísticas
(uma demanda sobretudo dos operadores wireless, por conta das torres); 3)
adequação das regras e custos de direitos de passagem e de uso do solo; 4)
alocação de novas faixas de radiofrequências para a construção das redes de
acesso em banda larga, mas sem onerar quem já investiu em licenças (outra
referência às operadoras de celular, que pagaram mais de R$ 5 bilhões pelas
faixas de 3G); 5) oferta ao mercado de novas outorgas de prestação de
serviço e a eliminação de restrições de acesso em função da origem de
capital.
Mas a colocação mais importante da Carta do Guarujá está no fim. “Tanto o
‘Plano Nacional de Banda Larga’ como as políticas públicas e as metas dele
decorrentes devem ser resultado de diálogo amplo, franco, respeitoso e
urgente entre os responsáveis por sua formulação e os agentes privados que
as implementarão”. Ou seja, as empresas ressaltam, desde já, que não querem
discutir com a espada de uma empresa estatal na cabeça.
A boa notícia é que empresas e governos estão com os mesmos objetivos, que é
o de ampliar a cobertura e o uso de banda larga ao máximo de brasileiros.
Divergem nos métodos contudo.
Luiz Eduardo Falco, presidente da Oi, é muito objetivo quando questionado
quanto à forma de se colocar esse plano em prática. “O que vamos fazer daqui
para frente depende do financiamento.
Se houver retorno financeiro, as empresas estão dentro. Se der empate, são
políticas de universalização.
E se der prejuízo, nenhuma empresa vai querer entrar”, lembrou Falco.
Simples assim.
A Anatel é um órgão de execução das políticas e terá, portanto, um papel
apenas auxiliar nessa primeira etapa da discussão do Plano Nacional de Banda
Larga. Mas seu presidente, Ronaldo Sardenberg, ressaltou à TELETIME um
aspecto importante da discussão. “As empresas serão empresas para sempre.
Não podem pensar apenas nos resultados de curto prazo”, disse. Em seu
discurso durante o Painel Telebrasil, onde a questão da banda larga foi
discutida, Sardenberg fez questão de lembrar as empresas dos seus papéis.
“As empresas estrangeiras que estão no país precisam ser boas cidadãs, e as
empresas nacionais precisam exercer um importante papel público”, disse o
presidente da agência.
Infraestrutura vs. serviços
Fontes do Ministério das Comunicações informam que o Plano Nacional de Banda
larga está sendo inspirado em diversos modelos internacionais (ver tabela)
que incluem investimentos públicos e privados, PPPs, metas e obrigações. No
Minicom especificamente existe uma preocupação crescente com os serviços que
serão oferecidos por essa rede banda larga, sobretudo com os serviços de
governo eletrônico. Segundo um importante interlocutor do ministério, “a
infraestrutura está se expandindo, seja com o backhaul das concessionárias,
com as redes móveis ou com operadoras competitivas. O que falta é
desenvolver e estimular os serviços”.
É mais ou menos a preocupação manifestada por Antônio Valente, presidente da
Telefônica no Brasil. “Temos que estimular não apenas a oferta de
infraestrutura, mas também a demanda por banda larga. Isso é função do
governo”, diz.
O fato é que existem no governo diversas iniciativas isoladas quando o
assunto é banda larga. A Secretaria de Logística e TI do Ministério do
Planejamento, a cargo de Rogério Santanna, tem trabalhado mais intensamente
no sentido de dotar o Estado de uma capacidade de infraestrutura que sirva
como alternativa às redes privadas. É dali que vêm iniciativas como
recuperar a Telebrás como operadora, administrando as redes de estatais como
Furnas e Petrobras, ou o uso da rede da Eletronet. Já a Secretaria de
Assuntos Estratégicos da Presidência da República trabalha em reflexões que
incluem não apenas empresas públicas operadoras de rede, mas também a
previsão de que obras do PAC tenham infraestrutura de telecomunicações
associadas. A Anatel, por sua vez, fica no tênue limite entre executora e
formuladora de políticas quando propõe, no Plano Geral de Metas de
Universalização (PGMU), que valerá a partir de 2011 o compromisso das
concessionárias de colocarem redes de 2,5 Gbps em todas as cidades com mais
de 30 mil habitantes ou dobrar as capacidades do backhaul já em
implementação. As propostas da Anatel, aliás, já são alvo de intensos
protestos por parte das empresas e dificilmente ficarão em pé.
Em meio a tantas ideias, ainda não existe um projeto firme para tornar a
banda larga universal em 2014. Aliás, mesmo o uso do termo universalização é
complicado, pois universalização traz a carga de serviço público, o que,
pela Lei Geral de Telecomunicações, implica garantias de continuidade dos
serviços, tarifas públicas e reversibilidade das redes.
Para fugir dessa ideia, as empresas preferem usar “massificação”. Portanto,
a discussão agora é qual será o papel do Estado e das empresas, quanto será
investido por cada uma das partes e com que objetivos.
É uma discussão já mais madura em outros países, até porque foi utilizada
como parte das políticas anticíclicas para evitar os efeitos da crise
internacional.
Segundo levantamento da OCDE, a Austrália anunciou investimentos de US$ 33,4
bilhões em infraestrutura, seguida pelo Japão (US$ 29 bilhões), EUA (US$ 7,2
bilhões), União Europeia (US$ 1,4 bilhão), Luxemburgo (US$ 285 milhões),
Alemanha (US$ 219 milhões), Canadá (US$ 211 milhões), Finlândia (US$ 96
milhões) e Portugal (US$ 73 milhões), sendo que estes dois últimos países
não programaram investimentos no setor bancário.
O professor de sistemas de informação e logística da FGV, Fernando Arbache,
afirma que o principal entrave ao desenvolvimento da banda larga no Brasil é
a capilaridade do backbone de alta velocidade, que hoje não atende
satisfatoriamente áreas fora dos grandes centros urbanos. Segundo ele, no
passado 40% das pessoas que utilizavam a Internet estavam no Sudeste, hoje
esse número é 26%. Sem falar, é claro, no crescimento explosivo do número de
usuários na mudança do perfil de uso – hoje muito concentrado em serviços de
vídeo e downloads.
O especialista calcula que o Brasil precisaria de investimentos de mais de
US$ 10 bilhões para que a infraestrutura de backbone se adequasse à demanda
de banda larga dos próximos cincos anos. Arbache explica que o Brasil está
vivenciando o fenômeno da “mobilidade social”. Isso significa que com o
aumento do poder aquisitivo e o controle inflacionário, setores da população
que antes não podiam ter acesso ao computador ou ao serviço de banda larga,
já podem adquiri-los.
PPP
Na opinião de Fernando Arbache, uma maneira interessante de viabilizar esse
investimento seria no modelo de PPP. Entretanto, embora haja inúmeros
exemplos de parceiras público-privadas em âmbito municipal e estadual, o
governo federal tem se mostrado avesso ao modelo e ainda não firmou nenhum
contrato. “Existe um grande problema ideológico no governo de acreditar que
essas obras têm que ser assumidas pelo governo. Eles acreditam que isso
seria entregar na mão dos outros”, critica ele. Arbache explica que o modelo
é interessante porque é menos burocrático que a licitação formal e, além
disso, os contratos não estão sujeitos à fiscalização do Tribunal de Contas
da União, apenas as obras.
De acordo com a análise do professor da FGV, a falta de investimento em
infraestrutura pode desencadear inclusive a volta da inflação. “Se você
cresce sem ter capacidade para escoar, há um problema de oferta aquém da
demanda e isso faz voltar o processo inflacionário”, explica. Para que isso
não aconteça, é preciso investir para que o backbone de Internet suporte o
aumento do tráfego e do número de usuários.
“Estamos com problema sério para manter a banda larga crescendo. Se hoje já
existe problema no backbone, amanhã vai ser pior ainda. Pessoas comprando
computador vão querer usar a Internet. Nós não temos infra para suportar o
crescimento reprimido da banda larga. Esse é um problema sério. O consumo
cresce numa projeção geométrica e o investimento cresce em proporção
aritmética”, afirma ele.
Para César Alvarez, assessor especial da Presidência da República e
responsável por políticas de inclusão digital, existe muita ideologização
quando se discute as redes públicas: “o ativo está aí à nossa disposição”,
disse durante o Painel Telebrasil.
Ele citou uma série de outros pontos que precisarão ser discutidos, como os
programas de massificação do acesso a computadores, as metas de backhaul, o
Gesac e os telecentros, “que em breve serão ampliados em mais 3 mil”. Passou
pelo programa de banda larga rural, mencionou a necessidade de uma política
para LAN houses, novas metas de universalização e outras medidas pontuais.
Disse ainda que as empresas precisam atuar para deixarem de ser “caras,
concentradas e lentas” no que diz respeito à banda larga, e que talvez
esteja na hora de começar a pensar em banda larga na casa dos gigabits por
segundo.
Alvarez citou a possibilidade de que as obras de infraestrutura, como as do
PAC, passem a incluir elementos de redes para telecomunicações, como dutos e
fibras apagadas.
Falou também que, neste caso, seria necessário discutir políticas de preço e
possibilidades de aumento de tráfego, redução dos valores de mensagens SMS,
desoneração tributária (deixando claro que isso passa por um pacto com os
estados) e de uma política industrial nacional. Alvarez não quis estabelecer
prazos nem dizer como o governo pretende apresentar uma proposta de
políticas para banda larga, e atenuou o impacto do ano eleitoral de 2010
sobre a discussão. “O que queremos é que essa política, quando sair, saia
bem feita.
“O custo de se trazer e buscar informações dentro do Brasil é bastante
pesado. Na região Norte e Centro-Oeste existe muito pouca oferta de serviços
para expandir oferta banda larga”, afirma Cícero Olivieri, vice-presidente
de engenharia e operações da GVT.
De dezembro de 2007 para cá – data em que a Geodex foi comprada pela GVT -
esse backbone passou de 11 mil quilômetros de fibra para 15,5 mil
atualmente. A quantidade de fibras iluminadas também cresceu de 6 mil
quilômetros para 14 mil quilômetros. A dificuldade de contratação de links
de alta capacidade foi um dos fatores que impediram a GVT de lançar sua nova
família de produtos de banda larga, que vai até 100 Mbps, em todas as
cidades de atuação da companhia.
“Todas as empresas estão se movimentando para aumentar o backbone entre
cidades. O governo poderia discutir com as empresas de telecom como
viabilizar uma infra de chegada nessas cidades através de construção
conjunta, investimento do próprio governo, há ‘n’ modelos, melhor do que
criar uma empresa para prestar serviço”, sugere.
Outro problema que a GVT enfrenta ao desbravar novas cidades é conseguir as
licenças municipais para passar os cabos, que podem demorar de sessenta a
noventa dias. Além disso, a GVT tem tido dificuldades também no
compartilhamento dos dutos das concessionárias, briga aliás que com a Nova
Oi acabou sendo resolvida na Justiça. “A maioria das cidades não tem
legislação clara de compartilhamento de dutos. As concessionárias têm uma
determinada infra, em muitos casos até ociosa, e quando a GVT chega acaba
construindo uma outra infraestrutura. Se amanhã outra empresa chega, vai
construir uma terceira infra”, diz Olivieri.
Impostos
Uma das maiores reivindicações do setor sem dúvida é a redução da carga
tributária, hoje em torno de 43% do valor da conta. O principal imposto que
incide sobre os serviços de telecomunicações é o ICMS, que ao mesmo tempo é
responsável por 12% da arrecadação dos Estados. Recentemente um convênio do
Confaz - o qual foi aderido pelos estados do Pará, Distrito Federal, São
Paulo e Rio Grande do Sul - autorizou a isenção do ICMS para os serviços de
banda larga prestados até R$ 30. Até agora apenas o Pará regulamentou a
norma, mas no entanto aguarda desde abril proposta das empresas. Fonte do
governo paraense diz ter a impressão de que as empresas não se interessaram
pela proposta.
Do lado das empresas, ao que parece elas temem que o acesso popular possa
canibalizar as demais ofertas.
Além disso, os investimentos em rede não foram desonerados. A Oi promete
para até 45 dias um serviço nos moldes da norma do Confaz. “A questão é
achar um equacionamento financeiro para a Internet popular que seja positivo
para todo o mundo”, diz Márcio Carvalho, diretor de produtos da Net
Serviços.
Para a verdadeira desoneração fiscal, alguns executivos acreditam que o
governo possa trabalhar também com o imposto de importação, na medida em
que, grande parte dos equipamentos de rede para banda larga são importados.
“Muitas empresas falam em FTTH, mas esse equipamento na casa do assinante é
100% importado e impostos de importação são extremamente altos. Aqui no
Brasil esse equipamento é limitador. Incentivar as empresas a expandir suas
redes reduzindo impostos nos equipamentos é interessante e efetivo para as
empresas investirem”, avalia Olivieri, da GVT.
Eduardo Parajo, presidente da Abranet (Associação Brasileira dos Provedores
de Internet) acrescenta que os custos de importação estão na casa dos 70%.
Backhaul e Eletronet
A ressurreição da Telebrás ou o uso da rede da Eletronet deixam o
empresariado de cabelo em pé, porque pode significar a perda de um cliente
importante, o governo. Como não se sabe ao certo os planos do governo, já
que o assunto está sendo tratado com muita cautela, são poucos aqueles que
arriscam uma opinião mais concreta. Fernando Arbaches, da FGV, sem entrar no
mérito do assunto, analisa que ser estatal não significa, necessariamente,
ser ruim. Na França existem várias empresas estatais altamente eficientes,
como a Air France, exemplifica.
Outra questão levantada por Arbaches é a concorrencial. Ele pega o setor
bancário como exemplo. “Imagina quanto seriam os juros no Brasil sem a Caixa
Econômica Federal e o Banco do Brasil? Quando o Banco Central baixa a taxa
Selic, esses bancos são os primeiros a baixarem a taxa de juros”, afirma.
“Não é um ponto negativo ter uma estatal, acho um ponto positivo. O problema
é como ela vai funcionar. O grande problema do Brasil é que toda estatal que
se abre vira um grande cabidão de emprego”, completa.
Quando se fala em universalização, a maior parte do ônus invariavelmente
recai sobre a Oi, que é a maior empresa.
Este ano a tele vai investir de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões em banda larga,
o que inclui o atendimento da troca de metas dos PSTs pelo backhaul. João
Silveira, diretor de mercado da Oi, diz que “a troca do PST pelo backhaul
foi um movimento muito positivo, pois está criando infraestrutura e
possibilidade de escolas e pessoas terem acesso a rede”, mas que a
capacidade desse backbone suportar o tráfego futuro da banda larga, no
futuro, é um desafio para as operadoras. Silveira afirma que as operadoras
vão continuar fazendo os investimentos necessários para suportar a demanda
futura, mas que é necessário encontrar um modelo de negócio onde quem usa
mais banda paga mais. “O grande desafio hoje é que poucos usuários consomem
às vezes até 80% da capacidade da rede. Esse modelo é muito difícil de
equacionar. O problema está nesse consumo concentrado”, diz.
Planejamento
A falta de planejamento para a questão da banda larga foi uma unanimidade
entre os executivos ouvidos por esta reportagem. Falta de diálogo entre as
diversas esferas do governo e decisões pontuais sem um plano de longo prazo
foram os principais aspectos mencionados.
“Sinto muita falta de ver um planejamento de curto, médio e longo prazo no
governo brasileiro. O grande problema que eu percebo não é a falta de
tentativa, é a falta de planejamento”, diz o professor Fernando Arbaches.
Luiz Cuza, presidente da TelComp, afirma que o Brasil não tem cultura em
fazer planejamento estratégico. Mas como a questão da banda larga está
relacionada ao melhoramento econômico e social do País, ele afirma que para
esse tipo de coisa precisa se “fazer uma exceção”.
Ele menciona, por exemplo, a questão da faixa de 2,5 GHz, que para ele foi
uma prova de que os assuntos são resolvidos de forma “imediatista”. “Não há
necessariamente muito raciocínio nessas discussões, é tudo muito
imediatista. Os ministérios da Educação, Fazenda, Planejamentos e outros
precisam se envolver também”, afirma. Cícero Olivieri da GVT ainda menciona
a importância do fortalecimento da Anatel para que ela possa trabalhar com
independência e criar regras claras para o setor. “O mercado de telecom
demanda muito investimento, por isso é fundamental que as empresas consigam
ter uma visibilidade de longo prazo”, afirma.
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