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Outubro 2009 Índice Geral do BLOCO
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19/10/09
• Telebrás, Eletronet e "Plano de Banda Larga" (85) - Opiniões do engenheiro e consultor Virgílio Freire
de Helio Rosa <rosahelio@gmail.com>
para Celld-group@yahoogrupos.com.br, wirelessbr@yahoogrupos.com.br
data 19 de outubro de 2009 12:21
assunto Telebrás, Eletronet e "Plano de Banda Larga" (85) - Opiniões do
engenheiro e consultor Virgílio Freire
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
01.
Virgilio Freire define-se como Zen-Budista, Engenheiro Eletrônico com
especialização e Pós Graduação em Telecomunicações na PUC do Rio de Janeiro; foi
Diretor da Embratel, da Telebrás e da Telesp, Diretor de Sistemas Celulares da
Nortel, Presidente da Lucent e da Vésper. Implantou e operei Sistemas de
Telecomunicações na África, Israel, Kuwait, Estados Unidos, e em 20 estados do
Brasil. Oficial do Corpo de Fuzileiros Navais, serviu no 2o Batalhão de
Infantaria, Humaitá, "O Melhor Batalhão de Infantaria do Mundo" (Não nos
perguntem se é possível, basta nos dar a missão). Atualmente é Consultor na área
de Telecom.
Fonte: Isto É - Dinheiro
[15/10/09]
"É preciso reestatizar a Telefônica" - por Hugo Cilo
04.
Todos sabem que sou conta a reativação da Telebrás pois o processo vem sendo
gestado a portas fechadas nos gabinetes do Planalto e não há justificativa para
isso.
A mídia já divulgou que Rogério Santanna, principal defensor da "ressurreição"
seria candidato à presidência na nova estatal o que torna sua atuação no mínimo
"não isenta".
Não vou repetir os demais argumentos de incompetência do atual governo em
elaborar e gerenciar a implantação de um plano desta envergadura em período
eleitoral e o perigo da transformação da Telebrás num enorme cabide de empregos.
Não há como não lembrar e adaptar o bordão do jornalista e apresentador Boris
Casoy:
Este processo de "ressurreição" da Telebrás, agora transmutado em Plano Nacional
de Banda Larga, é uma vergonha!
Mas estou muito feliz com o debate público! :-)
Não creio que esta publicidade fosse interesse do governo mas já que aconteceu,
o Sr. Rogério Santanna está na obrigação de divulgar os detalhes do
Projeto.
Do mesmo modo, espero que Helio Costa, que aproveitou um "meio-pito"
governamental para escafeder-se da Futurecom 2009, traga à luz seu Projeto
Alternativo envolvendo as operadoras de telefonia.
Sobre Helio Costa, lembro este comentário de Ethevaldo Siqueira válido para
todos os demais atores deste processo:
(...) Hélio Costa precisa convencer-se de que é ministro não da Radiodifusão,
mas das Comunicações. Mais do que isso, que não lhe cabe defender um segmento,
mas toda a sociedade brasileira. Não lhe cabe exercer nenhum papel de lobista ou
de representante de um grupo de emissoras, contra o interesse de outras. Ou o
interesse de uma associação contra o de outras. Cabe-lhe exercer seu mandato com
o máximo de isenção, equilíbrio e independência. E, se possível, com o máximo de
competência. (...) ["post"
citado numa mensagem anterior]
05.
Quem sabe a Anatel, Congresso e governos estaduais, grandes ausentes do debate,
se animem e venham dar sua contribuição.
Olá, D. Mídia!
Vamos "apertar" este "povo" e manter o tema na berlinda, proativamente?
06.
Vai mais uma opinião abelhuda:
É sempre interessante comparar o presente com o passado para não errar no
futuro.
O governo já decidiu que forçará uma campanha plebiscitária entre as gestões
Lula e FHC, o que seria válido ao final de um primeiro governo mas nunca no
final de uma segunda administração.
Na área técnica, não podemos incorrer nesta "enganação": no caso do "Plano de
Banda Larga" é preciso focar a discussão no planejamento e na execução de um
Projeto, com ou sem Telebrás, que atenda realmente à população!!!
Ao debate!
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio
Rosa
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Fonte: Blog Virgílio
Freire
[19/10/09]
O Governo Lula prepara a democratização da Banda Larga no Brasil – e incomoda a
Telefonica, a Oi e outros interesses
Virgilio Freire define-se como Zen-Budista, Engenheiro Eletrônico com
especialização e Pós Graduação em Telecomunicações na PUC do Rio de Janeiro; foi
Diretor da Embratel, da Telebrás e da Telesp, Diretor de Sistemas Celulares da
Nortel, Presidente da Lucent e da Vésper. Implantou e operei Sistemas de
Telecomunicações na África, Israel, Kuwait, Estados Unidos, e em 20 estados do
Brasil. Oficial do Corpo de Fuzileiros Navais, serviu no 2o Batalhão de
Infantaria, Humaitá, "O Melhor Batalhão de Infantaria do Mundo" (Não nos
perguntem se é possível, basta nos dar a missão). Atualmente é Consultor na área
de Telecom.
O Presidente Lula está preocupado com o desastre em São Paulo da Banda Larga da
Telefonica, o Speedy, e o péssimo serviço da outra grande operadora no resto do
país, a Oi.
O Brasil tem 5,3 ligações de banda larga na internet para cada cem habitantes. A
Argentina e o Chile têm 8,8. As leis do mercado fizeram com que o número de
paulistas ligados à rede veloz (2,4 milhões) seja maior que o de todos os
clientes das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste (2 milhões). Metade dos
municípios brasileiros está fora da rede.
O governo federal está determinado a levar a Banda Larga à população de mais
baixa renda, além de implantar uma rede de acesso via Internet em todos os
orgãos da Administração – é o que se chama de e-Gov, na linguagem técnica do
setor.
O Secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do
Planejamento, Rogério Santanna, foi incumbido de coordenar o Comitê Gestor do
Plano Nacional de Banda Larga, com um prazo de 35 dias para apresentar seu
relatório ao Presidente da República, e servirá de base para as ações do governo
federal nessa área.
Rogério SantannaO Ministério do Planejamento analisou a precária situação da
Banda Larga fornecida pelas operadoras privadas, como a Telefonica, a Oi, a
Embratel. Fez um levantamento do que hoje estão fazendo nesta área outros
países, como a Finlândia, por exemplo, que acaba de instituir o direito de todos
os seus cidadãos, a partir de julho de 2010, a uma Banda Larga de 1 MB/seg.
(cerca de 18 vezes mais rápido do que a Internet discada).
Na Austrália o governo está investindo 43 Bilhões de dólares para implantar um
Plano Nacional de Banda Larga, que irá fornecer conexão direta através de fibra
ótica com velocidade de 100 Megabits/seg. a 90% dos lares australianos a partir
de julho de 2010. Isso é 12 vezes mais rápido do que a maior velocidade hoje
fornecida pela Telefonica em sua rede Speedy, de 8 Megabits/segundo.
Os outros 10% do mercado australiano serão atendidos por sistemas via rádio ou
satélite com uma velocidade mínima de 12 Megabits/segundo. Esta empreitada irá
criar 47.000 empregos na Austrália nos próximos oito anos.
Os trabalhos estão em ritmo acelerado, e o modelo adotado pelo Governo
Australiano foi a criação de uma empresa estatal, com 51% de participação
governamental, e 49% nas mãos de investidores privados. Desta forma, o governo
australiano consegue assegurar que a prioridade da empresa será a democratização
da Banda Larga, e não o interesse de grupos de investidores privados.
No Brasil, a Telefonica opera em São Paulo investindo o mínimo, a fim de dar o
máximo de retorno aos investidores espanhóis. O mesmo ocorre com a Oi, de
propriedade da construtora Andrade Gutierrez, do Grupo Jereissati e do Banco
Garantia. Nesta última, as decisões são tomadas visando os interesses destes
grupos e não em benefício dos clientes e usuários. Estas empresas são campeãs de
reclamações no PROCON. Desrespeitam o usuário, não cumprem promessas, investem o
mínimo, terceirizam tudo que podem a fim de reduzir custos, e com isso prestam
serviços de péssima qualidade.
A tendência do nosso Ministério do Planejamento é adotar o modelo australiano,
considerado como o mais avançado no mundo atualmente.
Poucos brasileiros sabem, mas a nossa estatal de Telecomunicações, a Telebrás,
ainda existe, em estado de “hibernação”. Assim, basta reativá-la com
investimentos públicos e privados, para que o governo federal tenha em mãos os
meios de fazer algo similar à Austrália.
O secretário Rogério Santanna propõe que a reativada Telebrás passe a controlar
redes de fibras óticas que hoje o governo já possui - uma extensão de 31.448 km
de fibras, juntando a Eletronet, a rede da Petrobras e a da Eletrobrás. A
abrangência prevista é de atendimento a 4.245 municípios (76% do total existente
no país) em 23 estados mais o Distrito Federal, que somam uma população de 162
milhões de pessoas (ou 87% de todos os habitantes). Santanna calcula em R$ 1,1
bilhão os recursos necessários para ligar o backbone e fazer o backhaul (ligação
até a sede dos municípios), mas esse valor sobe para R$ 3 bilhões, se o governo
decidir fazer a última milha (acesso até a residência do usuário).
A “Nova Telebrás” irá fornecer meios para qualquer operadora, grande ou pequena,
que deseje prestar serviços de Banda Larga, com isso implantando uma real
competição no setor, já que as pequenas empresas poderão concorrer com as
grandes - todas pagarão o mesmo pelo aluguel dos meios à empresa estatal. A
concorrência irá melhorar os serviços, mesmo que isso implique em menores lucros
para os grupos que hoje controlam estas operadoras.
Hoje os provedores de internet reclamam de falta de acesso ao backhaul (a
espinha dorsal da Internet Mundial). O presidente da associação brasileira de
provedores de internet - Abranet -, Eduardo Parajo, está confiante de que o
Plano Nacional de Banda Larga a ser
lançado pelo governo federal irá estimular a oferta do backhaul para as pequenas
empresas. "Não temos acesso ao backhaul que está sendo construído pelas
incumbents", afirma Parajo.
Conforme o executivo, as concessionárias não vendem a sua capacidade ou
estabelecem preços proibitivos. "Somos obrigados a procurar as redes das
operadoras concorrentes, mas os preços também são muito altos", afirma.
Para o presidente da Abranet, o melhor seria que as redes de dados instaladas
fossem abertas para os demais prestadores de serviços.
O anúncio do Plano de Banda Larga do Ministério do Planejamento imediatamente
provocou reações vigorosas por parte das atuais operadoras de Telecom e de Banda
Larga - Oi, Telefonica, Embratel.
Luiz Eduardo Falco, presidente da Oi, foi crítico em relação à possibilidade de
uma rede estatal de telecomunicações concorrente à rede das teles. "É preciso
entender o enunciado dessa discussão. Quais os objetivos?", questionou o
executivo. Durante sua palestra na Futurecom (evento que aconteceu na semana
passada em São Paulo), Falco ironizou: "Tem gente que até hoje não acredita que
o sistema de telecomunicações foi privatizado, mas foi".
Otávio Marques de Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, uma das acionistas
controladoras da Oi, considera a idéia de se criar uma estatal para cuidar de
banda larga, "um retrocesso sem sentido".
A oposição das empresas que atualmente dominam o mercado de Telecom e obtém
altos lucros com a prestação de maus serviços é esperável. O que não era
esperado foi a atitude destemperada e hostil do atual Ministro das Comunicações,
Hélio Costa, ao plano do governo Lula – do qual faz parte, embora Helio Costa
não seja do PT e sim do PMDB.
helio_costaO Ministro levantou-se durante a reunião do Comitê Gestor do Plano
Nacional de Banda Larga e declarou que o Ministério se retirava da reunião, em
protesto por discordar da proposta de utilizar uma empresa estatal. Segundo ele,
as atuais operadoras Telefonica e Oi é que devem prestar os serviços de Banda
Larga. Além de se retirar da reunião, convocou a Oi, a Telefonica, e a Embratel,
a elaborar um plano alternativo a ser apresentado ao Presidente Lula.
Segundo ele, "Rogério Santanna não é porta-voz desse grupo. Quem estiver falando
em nome desse grupo não está falando pelo grupo, está dando opiniões pessoais. O
grupo técnico não pode ficar dando entrevistas, não pode ficar falando à
imprensa, não pode ficar dando informações que não estão concluídas. A palavra
final é dos ministros", disparou.
"Ao contrário do que um grupo está pensando, que pode fazer sozinho, eu estou
achando, e digo abertamente, que é impossível fazer sozinho. E se tem um grupo
que vai tocar isso sem a participação dos empresários, eu prefiro apresentar o
meu projeto em separado", afirmou o ministro Hélio Costa nesta quinta-feira,
8/10, depois de uma reunião com os presidentes das operadoras, em seu gabinete,
em Brasília, em que pediu que os empresários construam uma proposta de
contribuição no plano, que deverá ser apresentada em até 30 dias.
Costa também discorda dos números apresentados. "Vamos precisar, evidentemente,
da infraestrutura das próprias empresas, de todos os recursos que elas possam
ter. São necessários enormes investimentos, que imaginamos que nos próximos dois
anos, eles podem chegar a R$ 10 bilhões, para podermos ter um plano nacional de
banda larga", calcula o ministro, sustentando, assim, ser “absolutamente
impossível” fazer um plano de banda larga sem as empresas.
Essas, por sinal, demonstraram muita satisfação no convite feito pelo ministro.
"Vamos procurar trabalhar em conjunto, que é exatamente a proposta que nós
tínhamos feito lá no Guarujá, colocar a banda larga como prioridade nacional,
ter um conjunto de ações mais concretas que passam por desoneração da oferta,
licenças, espectro", diz o presidente da Telefônica, Antônio Carlos Valente, que
também lidera a Telebrasil, associação que reúne as grandes Teles.
O ex-presidente da ANATEL, Renato Guerreiro, juntou-se aos críticos da proposta
do governo Lula. Atualmente dono da Guerreiro Consult, que presta serviços às
grandes operadoras de Telecom, como Oi e Telefonica, Guerreiro fez parte da
equipe do Ministro Sérgio Motta, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso,
responsável pela privatização das Telecomunicações no Brasil. Para o
ex-presidente da Anatel, as discussões até agora estão superestimando a banda
larga. "Está se dando uma importância desmedida para a banda larga porque ela é
uma simples infraestrutura", ponderou Guerreiro em entrevista durante o evento
Futurecom.
Ele criticou o foco da ala do governo que defende a entrada do governo como
gestor de uma rede pública de banda larga. "Acho que o foco na infraestrutura é
distorcido, atrasado. É desvirtuar um recurso, uma inteligência do governo para
uma atividade que já é feita pela iniciativa privada", argumentou.
Segundo Guerreiro, “Santanna fala como dono da verdade, confunde os fatos e se
comporta como se tivesse dado grande contribuição às telecomunicações deste
País. Eu o respeitaria muito mais se ele tivesse feito um décimo do que já fiz
pelo setor."
Além dele, o ex- Ministro Juarez Quadros, que ocupou o cargo também durante o
governo de Fernando Henrique Cardoso, minimizou o alvo na banda larga. Para
Quadros, "com um simples telefone, muitas coisas são possíveis", ressaltando os
efeitos da universalização do STFC que ampliou a oferta de linhas fixas. Na
visão do ex-ministro, a cobertura existente de banda larga é bastante
consistente e é preciso encarar que o "pobre coitado" que mora em pequenas
localidades não tem necessidade de uma ultra banda larga. "Será que falta
infraestrutura? Eu acho que não. Mais de 50% dos municípios brasileiros já têm
condições de acesso à banda larga", afirmou.
Quadros fez uma franca defesa do caminho sugerido pelo ministro Hélio Costa para
o Plano Nacional de Banda Larga, onde a parceria com as teles e o estímulo ao
aumento dos serviços de governo eletrônico são o alvo. "Eu espero que o atual
ministro das Comunicações consiga puxar para si o que é sua atribuição
constitucional e contar com o prestígio do presidente Lula", comentou Quadros.
Respondendo às críticas de Guerreiro e Quadros, o Secretário do Ministério do
Planejamento, Rogério Santanna, comentou: "Eu fiquei impressionado com o que
ouvi aqui dos órfãos da telefonia. Eu confesso que esperava mais", provocou o
secretário. "Quem diz isso não entende o mundo em que estamos vivendo hoje",
complementou, rebatendo as declarações de que tem sido dada uma importância
desmedida para a banda larga. Para Santanna, é essencial uma ampliação da banda
larga para as classes mais baixas.
Como você pode ver, há no momento uma grande discussão sobre o assunto, com
posições políticas que devem ser entendidas. Quem provavelmente irá ganhar a
discussão? No meu entender, será o Ministério do Planejamento e o Secretário
Rogério Santanna.
Apoio totalmente a posição deste último, e explico minha previsão de que suas
idéias irão prevalecer.
Paulo BernardoRogério Santanna é o homem forte do Ministério do Planejamento.
Goza de toda a confiança do Ministro Paulo Bernardo. Talvez você não conheça
Paulo Bernardo, que mantém uma atuação ministerial ativa, porém discreta junto à
imprensa.
Ele é membro do PT, Funcionário do Banco do Brasil, entrou na política pelo
sindicalismo. Foi deputado federal pelo Paraná (1991-1995 e 1995-1999) e
secretário de Fazenda do Estado de Mato Grosso do Sul (de janeiro de 1999 a
dezembro de 2000). Foi novamente eleito deputado federal em 2002, com 72.831
votos. Será o substituto da Ministra Dilma Roussef na Casa Civil quando ela
tiver de se desincompatibilizar a fim de concorrer nas eleições presidenciais de
2010. Decisão do próprio presidente Lula.
Logo, Paulo Bernardo e Rogério Santanna são pessoas em quem Lula confia. E ouve.
Por outro lado, o Ministro Hélio Costa está no governo por indicação de seu
partido, o PMDB de José Sarney. Costa foi repórter e executivo da TV Globo
durante a Ditadura Militar, entre 1968 e 1984. Não goza da confiança do
Presidente, e apenas ocupa uma vaga da quota do PMDB no Governo. Não é
respeitado no setor de Telecomunicações, que o vê como porta-voz da Globo e das
operadoras privadas de Telecom como a Oi e a Telefonica.
Portanto, apesar da grita e dos protestos do PSDB e dos responsáveis pela
privatização fracassada feita por FHC, provávelmente irão prevalecer o bom senso
e os interesses da sociedade, e a Telebrás será reativada.
Para benefício dos cidadãos e dos usuários de Banda Larga no país.
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Fonte: Isto É - Dinheiro
[15/10/09]
"É preciso reestatizar a Telefônica" - por Hugo Cilo
Ele não é petista, socialista, chavista ou adepto de qualquer outro "ismo"
ligado à esquerda. Ao contrário, foi um dos principais executivos do Brasil em
telecomunicações, no período pós-privatização.
Esse é Virgílio Freire, um consultor de 64 anos, que já presidiu companhias como
a Lucent, subsidiária da AT&T, e a Vésper, a empresa-espelho na região de São
Paulo. Hoje, ele prega algo que soa quase como uma heresia: a reestatização do
setor, em especial da Telefônica.
E explica: "As empresas estão mais preocupadas com o lucro do que com a
qualidade dos serviços." Ele ainda questiona o investimento de R$ 2 bilhões
anunciado pela empresa na reformulação do Speedy. "Não estão comprando nenhum
equipamento", afirma.
DINHEIRO - Por que o sr. passou a defender a reestatização das telecomunicações?
VIRGíLIO FREIRE - A questão vai além de ser estatal ou privado. Não sou petista
ou qualquer outro rótulo que queiram me dar. O problema da telefonia no Brasil
está na concentração de mercado. Hoje, um pequeno grupo de empresários detém a
maior fatia da telefonia fixa. Isso é ruim para o País e péssimo para o
consumidor. Eles estão mais preocupados com o lucro do que com a qualidade dos
serviços. As decisões são sempre tomadas de acordo com os interesses dos sócios.
A volta do Estado funcionaria como um regulador, assim como ocorre no setor
bancário, com o Banco do Brasil e a Caixa
DINHEIRO - Seu alvo é a Telefônica, em São Paulo?
FREIRE - É a maior empresa e a que presta o pior serviço. Há muitos anos é a
líder de reclamações no Procon. Dentro do contrato de concessão, assinado quando
a Telesp foi privatizada, há cláusulas que preveem a retomada da empresa pelo
Estado. Então, o governo pode pedir a empresa de volta. A telefonia, sem dúvida,
precisa voltar para as mãos do Estado.
DINHEIRO - Estatizar ao estilo do venezuelano Hugo Chávez?
FREIRE - Não. Sei que a proposta de reestatizar uma empresa soa agressiva,
radical. Ninguém vai rasgar contrato ou expulsar um grupo privado, como acontece
na Venezuela. É exatamente o contrário. Trata-se de fazer cumprir o contrato,
defender o consumidor e adotar medidas legais cabíveis em caso de descumprimento
das regras. E a reestatização não é a apropriação indevida. É só pagar à
Telefônica o valor que a empresa vale.
DINHEIRO - A regulação não é papel da Agência Nacional de Telecomunicações?
FREIRE - Seria, mas a Anatel não cumpre seu dever. Caberia a ela zelar pelos
interesses dos consumidores, mas ela se preocupa mais em atender aos interesses
políticos do governo e agradar a grupos de empresários. É um órgão absolutamente
ausente, passivo e negligente na defesa dos consumidores. Alguém duvida disso? É
inoperante, ineficiente e incapaz...
DINHEIRO - Mas recentemente a Telefônica foi multada em quase R$ 2 bilhões e o
Speedy teve sua venda proibida. Não foi uma resposta do governo?
FREIRE - No caso da suspensão do Speedy, foi uma decisão defasada. A Telefônica
vendia um serviço que não funcionava, instável e de péssima qualidade. No caso
da multa, é uma piada, no mínimo. A Anatel divulga multas milionárias, mas os
valores nunca são cobrados. Ou seja, é só para enganar a opinião pública. Até
hoje a Telefônica não pagou um real sequer em multas para a Anatel. É por isso
que as operadoras não estão nem aí para a Anatel. As empresas devem rir da
Anatel quando essas punições são divulgadas. Por mais que o presidente da
agência tenha boas intenções, o órgão que ele dirige não funciona.
DINHEIRO - Logo depois da multa, a Telefônica entregou à Anatel um plano
emergencial de melhoria dos serviços e lançou um programa de modernização de
mais de R$ 2 bilhões. Isso não basta?
FREIRE - Esse plano de investimentos é, no mínimo, propaganda institucional. Não
existe de fato. Desafio qualquer um a apresentar um pedido de compra de
equipamentos feito pela Telefônica. A Associação de Engenharia de
Telecomunicação entrou em contato com todos os fornecedores no País, todos
mesmo, de componentes para telecomunicações para saber para onde estavam indo os
investimentos de R$ 2 bilhões anunciados pela Telefônica. Consultaram
Alcatel-Lucent, Motorola, Siemens, Nokia, Huawei e todas as outras. Para nossa
surpresa, até hoje não existe nenhum pedido ou compra de equipamento. Então,
podemos concluir que isso é uma falácia.
DINHEIRO - A Telefônica tem capital aberto e é fiscalizada aqui e na Espanha.
Como é possível?
FREIRE - Bom, vamos fazer uma análise do balanço divulgado pela Telefônica no
ano passado. Daí, cada um tira a conclusão que quiser. A empresa informou que
investiu R$ 2,3 bilhões em 2008. Desse total, R$ 459 milhões foram para
desenvolvimento de sistemas, que nada mais é do que atualização de softwares, um
valor dez vezes maior do que um grande contrato de TI. Totalmente
desproporcional. Também divulgaram investimento de R$ 471,8 milhões em aquisição
de equipamentos de assinante. Ou seja, modem para internet e aparelhos
telefônicos. O preço mais alto desses aparelhos é R$ 100. Se a gente dividir R$
471,8 por R$ 100, chegamos à seguinte conclusão: a Telefônica comprou 4,7
milhões de aparelhos em 12 meses. Muito estranho, não? A empresa possui hoje 13
milhões de linhas.
DINHEIRO - O balanço foi auditado por uma consultoria independente.
FREIRE - Prefiro não comentar sobre a reputação da Ernst&Young.
DINHEIRO - Como o sr. avalia a telefonia celular? É melhor do que a fixa?
FREIRE - Não é monopolista, mas é muito ruim por falta de pulso firme da Anatel.
As empresas estão mais preocupadas em remunerar os acionistas do que em investir
de forma a prestar um serviço de qualidade à população.
DINHEIRO - A própria competição entre as empresas não equaciona esse problema?
FREIRE - Um aspecto interessante sobre esta excessiva competição na área de
celulares é que, por incrível que pareça, as operadoras não estão bem de lucros.
A razão é simples. Elas acham que market share é quanto do número de assinantes
ou clientes cada uma tem. Na verdade, 80% de todos as linhas celulares no Brasil
são pré-pagas, que geram por mês uma receita que não chega nem à metade do que
gera um pós-pago. Elas se concentram em vender, vender, e os pré-pagos quase não
fazem ligações. São usados para receber, e consequentemente, não geram receita.
DINHEIRO - A estratégia está errada?
FREIRE - É uma estratégia suicida. Se eu fosse presidente de uma operadora de
celular, iria concentrar esforços em vender a quem gera receita, os pós-pagos.
Iria criar novos serviços. Iria paparicar meu cliente
DINHEIRO - Isso custa caro.
FREIRE - Já notou como a publicidade de todas as operadoras de celular é igual?
E, sem sentido, do tipo "vocês sem limites". Um slogan vazio. Se eu dirigisse
uma operadora de celular, criaria um excelente atendimento ao cliente, sem
terceirizar.
DINHEIRO - A terceirização é um problema?
FREIRE - Terceirizar qualquer função de contato com o cliente é suicídio. Você
já notou que nenhuma empresa aérea terceiriza aeromoças?
DINHEIRO - A Telesp, onde o sr. já foi diretor, e a Vésper não tinham
atendimento bom.
FREIRE - Muito melhor do que o atendimento de hoje. Foi com essa filosofia que
criei a Vésper.
DINHEIRO - Então, por que a empresa não deu certo?
FREIRE - Porque os acionistas brigaram. A Bell Canadá, principal acionista,
resolveu sair do Brasil e parar de investir na Vésper. Assim, cortou mais de US$
2 bilhões de investimentos.
DINHEIRO - Na maioria dos países, o Estado não compete no setor de telefonia e
as coisas funcionam bem. O que acontece lá?
FREIRE - Como se vê, não há como escapar do papel fiscalizador e protetor do
consumidor que o Estado deve assumir. Na pátria do capitalismo, os Estados
Unidos, tudo o que disse até agora é executado com competência pela Anatel
deles, o Federal Communications Commision, que é todo ocupado por profissionais
que têm anos de experiência. O FCC foi o modelo para a Anatel, mas nossa agência
desde o início foi uma caricatura, não uma cópia benfeita.
DINHEIRO - Apesar das falhas, a Anatel tem tentado mudar. Concorda?
FREIRE - A agência não sabe trabalhar. Vou dar um exemplo simples de como a
Anatel funciona de forma burra. A fim de promover a competição, a agência
inventou uma coisa que existe em nenhum outro país do mundo. Inventou a discagem
da operadora de longa distância a cada chamada. Isso nos força a discar 13
dígitos a cada chamada interurbana. Gastou-se uma fortuna para adaptar as
centrais para isso, quando bastava ter copiado o que os Estados Unidos fazem.
Lá, você faz assinatura com uma operadora de longa distância e pronto.
DINHEIRO - Isso pode ser mudado, não?
FREIRE - A Anatel não entende de satisfação do cliente. No caso dos Estados
Unidos, a competição é até mais eficaz porque a operadora de longa distância que
você contratou não quer perdê-lo
DINHEIRO - Afinal, qual a solução para o setor de telefonia no Brasil?
FREIRE - Caímos de novo na atuação do Estado, da Anatel, que deveria ter gente
capaz de avaliar as operadoras por dentro.
DINHEIRO - Quem garante que a estatização será o fim dos problemas?
FREIRE - Não há garantias, mas é a alternativa mais sensata.
DINHEIRO - Sua ofensiva contra a Telefônica não prejudica seu futuro
profissional?
FREIRE - Não me preocupo com isso. Hoje sou consultor de empresas internacionais
de telefonia. Meu ganha-pão não está no Brasil. Por isso, tenho independência
para falar.
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