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25/10/09
• Telebrás, Eletronet e "Plano de Banda
Larga" (90) - Mensagem de Jaime Wagner, Representante dos Provedores de Acesso e
Conteúdo no CGI (Comitê Gestor da Internet no Brasil).
de Helio Rosa <rosahelio@gmail.com>
para Celld-group@yahoogrupos.com.br, wirelessbr@yahoogrupos.com.br,
data 25 de outubro de 2009 12:08
assunto Telebrás, Eletronet e "Plano de Banda Larga" (90) - Mensagem de Jaime
Wagner, Representante dos Provedores de Acesso e Conteúdo no CGI (Comitê Gestor
da Internet no Brasil).
Olá, ComUnidade WirelessBRASIL!
Devidamente autorizado pelo autor, o nosso Bruno Cabral encaminha mensagem
enviada para outro Grupo de Debates por Jaime Wagner, Representante dos
Provedores de Acesso e Conteúdo no CGI (Comitê Gestor da Internet no Brasil).
Obrigado, Bruno!
Ótima participação, Jaime Wagner! Parabéns!
Ao debate, sempre dentro das regras da cordialidade e do cavalheirismo,
respeitando e discutindo as ideias e não a pessoa que externa suas opiniões!
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa
Página comunitária sobre o tema: Telebrás e Eletronet
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Mensagem de Jaime Wagner
Prezados,
Pela primeira vez participo diretamente desta lista.
O governo não é um monolito, muito antes pelo contrário. Há muitas e diferentes
posições e interesses por parte de diferentes órgãos. É preciso entender isso
para não cometer o erro da generalização. Esta notícia revela uma luta dentro do
governo. De um lado está o ministro Hélio Costa, do outro está o Rogério
Santanna.
Abaixo um texto que escrevi e que os membros do CONAPSI acharam prudente não
publicar, mas que pode esclarecer.
Uma certa imprensa alinhada com os interesse das operadoras de Telecom tem
criticado a proposta de Rogério Santanna, secretário de Logística e Tecnologia
da Informação do Ministério do Planejamento para a criação de um backbone
estatal, usando as redes ópticas do governo (Eletronet, Petrobrás e Furnas) como
uma alternativa às redes das concessionárias, visando a universalização da banda
larga no Brasil, e contando para isso com a parceria das pequenas operadoras e
provedores.
Essa crítica, falsamente, pretende representar os “interesses privados” e
falseia ainda mais ao pretender-se liberal, como se a defesa do monopólio (ou
duopólio, no caso) pudesse ser liberal. Liberal, de fato, é a postura dos
pequenos empreendedores: milhares de provedores e pequenas operadoras, hoje
sufocados não apenas pelos preços escorchantes cobrados pelas operadoras, mas
pela competição direta de suas subsidiárias subsidiadas – práticas monopolistas
que fariam Adam Smith revirar-se no túmulo.
Como liberal e democrata, tenho aversão a monopólios, tiranias e todas as
mazelas decorrentes da concentração do poder. Também não aceito a concentração
do poder nas mãos do Estado ou do governo. Mas não é disso que trata a proposta
do Ministério do Planejamento. Não se trata de recriar a Telebrás como um
monopólio estatal. Ninguém pretende retirar as operadoras do mercado, pois elas
têm um papel reconhecidamente fundamental e importante. Trata-se, isto sim de
“trazê-las ao mercado”, à realidade dos preços de mercado internacional. Como?
Criando um “estoque regulador” de banda a ser usado quando os preços se
revelarem escorchantes e quando as práticas monopolistas usarem de soberba e
desfaçatez, alegando um poder de mercado, que hoje é real, para se colocarem
acima da lei, da ética e da justiça.
Quando da privatização, a idéia era de que as operadoras espelho pudessem
cumprir esse papel. Até o fizeram, mas apenas no chamado filé do mercado. Mesmo
assim, muitas vezes as operadoras espelho precisam complementar sua
infra-estrutura locando a infra das concessionárias, que praticam preços que
inviabilizam uma oferta que pudesse forçar uma redução de preços. Se para o
backbone entre os principais centros há alternativas, no nível dos backbones
regionais isso não é a realidade e a oferta está concentrada na mão das
concessionárias que, com desfaçatez e soberba, abusam deste fato. Também quando
da privatização, a LGT determinou que a Anatel fiscalizaria a “desagregação” da
rede das concessionárias. Basicamente, isso significa que as concessionárias
deveriam praticar o mesmos preços para as operadoras espelho, “espelhinhos” e
provedores de serviços de internet que praticam para as suas subsidiárias.
Aliás, a LGT previa que as concessionárias não poderiam entrar nos serviços de
valor adicionado. As “subsidiárias subsidiadas” são um engodo tolerado por
todos. Pois bem, desregulamentação e separação de mercados, tudo isso virou
letra morta. As concessionárias simplesmente não respeitam a lei. E todos
parecem aceitar.
O que fazer diante dos fatos? Indignar-se! Será que o brasileiro perdeu a
virtude moral da justa indignação? Será que o monopólio se tornou um poder acima
do estado de direito? Se o monopólio não cumpre a lei, mude-se a lei e danem-se
(ou cooptem-se) os órgãos fiscalizadores, no caso a Anatel e a imprensa? É uma
total inversão dos valores democráticos e liberais!
Por isso manifesto meu apoio à posição do Ministério do Planejamento e minha
expectativa de que esta venha a ser a decisão do governo.
Entretanto, cabe ser parceiro e fiscal. Não defendemos o monopólio estatal, que
seria ainda pior do que o duopólio privado que vivemos. Não queremos o
estrangulamento das concessionárias. Queremos sim que elas venham ao mercado com
um espírito de parceria, visando o aumento da competição saudável, melhor forma
de aumentar não só a eficiência e a qualidade dos serviços aos cidadãos, mas
também a produtividade das empresas e, consequentemente, o lucro dos acionistas.
Neste rumo virtuoso, o que se pretende, no fim das contas, é universalizar o
acesso à banda larga no Brasil. A concessão monopolista, tradicionalmente usada
para o serviço público, já se mostrou menos adequada do que a competição como
instrumento de universalização no caso da telefonia fixa, vis a vis a telefonia
celular.
Jaime Wagner
CGI (Comitê Gestor da Internet no Brasil)
Representante dos Provedores de Acesso e Conteúdo
jaime@cgi.br (51)8126-0916
jaime@corp.plugin.com.br (51)3123-1701
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