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01/07/09
• 1ª Confecom (34) - Msg de Márcio Patusco: Reações ao Acordo
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de Marcio Patusco <marciopatusco@oi.com.br>
para Helio Rosa e Grupos
data 1 de setembro de 2009 20:06
assunto 1ª Confecom (22) : Reações ao Acordo
Olá ComUnidade,
A julgar pelas reações de algumas Comissões Estaduais Pro-Conferência de
Comunicações, o acordo fechado na última reunião entre governo, sociedade civil
e empresários (ver post anterior) não está bem absorvido por todos. Se pela
parte dos empresários, foram garantidos seus anseios de veto em assuntos
sensíveis e mantida a proporcionalidade 20% 40% 40% de representantes de cada
segmento, por parte da sociedade civil não empresarial, talvez tenha sido um
alto preço a pagar.
Na opinião de alguns observadores deste processo, houve uma derrota flagrante
das entidades da sociedade civil, que não souberam se colocar adequadamente,
através de seus representantes, entre a pressão do governo pela realização da
Confecom em suas bases (do governo), e a representação das Comissões Estaduais
Pro-Conferência que eram contra a aceitação dessas bases (direito de veto e
proporcionalidade).
As injunções políticas por trás desses posicionamentos não são difíceis de serem
imaginadas olhando a composição da Comissão Organizadora, quando algumas das
entidades que a integram têm forte relação com o poder público, e evidenciam a
dificuldade das relações que expõem tanto o governo, como os empresários e
também a sociedade civil. Todos estão indo para um cenário de grande antagonismo
na Confecom com rachas em suas estruturas internas de representatividade.
Estaremos começando a perder aí a grande oportunidade da reforma de nossa
legislação de comunicações?
Abaixo, algumas referências.
Marcio Patusco
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Sumário das transcrições:
Fonte: Observatório do
Direito à Comunicacão
[31/08/09]
Acordo sobre regimento interno não é consenso entre entidades - por Mariana
Martins e Cristina Charão
Fonte: Intervozes
[25/08/09]
Comissão Organizadora fecha acordo para conclusão do regimento interno
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Transcrições:
Fonte: Observatório do
Direito à Comunicacão
[31/08/09]
Acordo sobre regimento interno não é consenso entre entidades -por Mariana
Martins e Cristina Charão
O acordo sobre o regimento interno da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom)
foi recebido de maneira diversa pelas entidades envolvidas no processo. Do lado
dos empresários, é clara a satisfação com o resultado do longo processo de
pressão sobre o governo e a comissão organizadora. Os representantes
empresariais que se mantiveram na Comissão Organizadora Nacional (CON) já falam,
inclusive, em trazer de volta as seis entidades que se retiraram da Confecom.
Já as organizações e movimentos sociais têm se dividido entre avaliações que vão
de uma visão altamente positiva das definições do regimento até uma análise da
conjuntura pós-acordo como muito difícil para as forças que defendem mudanças
nos padrões das políticas de comunicação.
O acordo sobre o regimento foi selado em reunião realizada na terça-feira (25)
entre os três ministros responsáveis pela Confecom (Hélio Costa, das
Comunicações, Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência, e Franklin
Martins, da Comunicação Social), as duas entidades empresariais que se
mantiveram na CON (a Abra, que reúne os grupos Band e RedeTV!, e a Telebrasil,
que representa o setor de telecomunicações) e os representantes da sociedade
civil não-empresarial na mesma comissão.
Antes desta reunião, empresários e movimentos haviam se encontrado para tentar
chegar a um consenso. Até aquele momento, estava sobre a mesa a proposta
sustentada pelo governo e negociada com o conjunto das entidades empresariais: a
divisão de delegados numa proporção 40-40-20 (40% das vagas para representantes
do empresariado da comunicação, 40% para as organizações não-empresariais da
sociedade civil e 20% para representantes do setor público) e o quórum de 60%
para aprovação de propostas em temas considerados “sensíveis”.
Abra e Telebrasil tentaram modificar a exigência de quórum para 60%+1, alegando
que só assim estaria garantido o apoio de todos os setores a uma determinada
proposição. Chegaram a afirmar, nas duas reuniões, que não se importariam de
flexibilizar a composição das delegações de cada setor, dando a entender que o
que queriam manter era a possibilidade de serem o fiel da balança nas votações
polêmicas da Confecom. Durante o encontro com o governo, os ministros chegaram a
apontar novas formas de divisão de delegados. Os empresários insistiram na
fórmula do quórum e a maioria das entidades não-empresariais cedeu em relação à
proporção em troca de não se aprovar o 60+1 e aumentar o número de delegados de
1.000 para 1.500.
Ao final, o acordo manteve a divisão dos delegados como negociada anteriormente
com os empresários e uma fórmula de quórum qualificado para aprovação de medidas
que exige 60% com pelo menos um delegado de cada setor votando a favor da
proposta. Das oito entidades não-empresariais na Comissão Organizadora Nacional,
apenas o Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social apresentou voto
contrário ao acordo.
Negociações
Para Flávio Lara Resende, representante da Abra, o acordo foi “a melhor forma”
encontrada nas negociações, mas ele comemora, sobretudo, o que ele significa em
termo das relações entre os setores. “Todos os lados cederam. Vimos que é
possível sentar à mesa e negociar”, avaliou. Segundo ele, a Abra entende essa
conferência “não como uma guerra, mas como um espaço de convergência”.
Apesar de o acordo dirigir-se francamente à acomodação dos interesses
empresariais, o representante da Abra diz que o setor abriu mão da proposta de
um número reduzido de delegados. Já em relação ao quórum, diz que a fórmula
final atende ao espírito do que já defendiam. “Para nós o quórum qualificado era
uma garantia de que seríamos ouvidos porque a sociedade civil não empresarial
está muito organizada. Daí a importância de termos garantido ao menos dentro dos
60% um voto de cada setor, porque isso obriga minimamente todos a sentarem numa
mesa e negociar. Se não fosse assim, não seríamos ouvidos.”
Nem a proporção de delegados aprovada, tampouco o quórum qualificado para
aprovação de propostas consideradas sensíveis foram práticas nas dezenas de
conferência que foram realizadas pelo governo federal nos últimos anos. Durante
as reuniões ao longo do processo de negociação, os governo vinha defendendo a
idéia de que esta não era uma conferência como as outras e que era preciso
garantir a presença de todos os setores para garantir que os resultados da
Confecom sejam implementados. Em outras palavras, só aquilo que puder ser
negociado com o empresariado da comunicação pode ganhar peso para ser
implementado.
“A primeira Confecom vai nos ensinar a lidar com o setor das comunicações e suas
complexidades”, afirmou Celso Schröder, da Coordenação Executiva do Fórum
Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), entidade que também compõe a
CON. Em sua avaliação, os parâmetros acertados na reunião foram os possíveis
para “garantir o debate” na Conferência Nacional de Comunicação.
Comemorações
“A existência da Conferência por si mesma já representa uma grande vitória, uma
vitória da sociedade civil brasileira, mesmo diante da tentativa de sabotagem do
empresariado”, avaliou. Segundo Schröder, a Confecom ocorrerá nos moldes
defendidos pelo FNDC e as entidades que o compõe no sentido de discutir as
questões da comunicação e propor políticas públicas.
A Associação Brasileira de Canais Comunitários (ABCCom), através de nota,
mostrou-se ainda mais entusiasmada com a perspectiva de realização da Confecom.
“A introdução desse tema na agenda pública das discussões nacionais já é uma
revolução, em todos os sentidos que se possa analisar”, diz a nota. A associação
foi a primeira das entidades da sociedade civil com assento na Comissão
Organizadora Nacional a afirmar publicamente que aceitaria as condições
apresentadas pelos empresários para garantir a realização da Conferência.
Em audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da
Câmara dos Deputados, Roseli Goffman, representantes do Conselho Federal de
Psicologia na coordenação do FNDC e também na CON, afirmou que o acordo era
positivo pois garantia aos movimentos sociais “uma representação de 40% nos
debates da comunicação quando antes não se tinha 1%”.
Concessões
Na opinião de Jonas Valente, que representa o Intervozes na CON, as regras
estabelecidas comprometeram o caráter amplo e democrático do processo, embora
não tirem a importância da iniciativa como marco do debate público sobre a área
no país. “O acordo fechado foi problemático, pois apontou que há um ‘ambiente de
entendimento’ entre as partes em que apenas um dos lados, a sociedade civil não
empresarial, cede”, avaliou. “O governo, por sua vez, tem muita dificuldade de
se posicionar de maneira mais firme em relação às condições e excessos propostos
pelos empresários. O governo deve sim tentar envolver todos os setores para
realização da Conferência e não apenas os empresários.”
A Comissão Nacional Pró-Conferência de Comunicação, articulação com mais de 30
entidades criada há dois anos para pressionar pela realização da Confecom, vinha
defendendo uma divisão de delegados que diferenciasse apenas o setor público da
sociedade civil organizada, sem distinção entre empresários e não-empresários,
seguindo a proporção 20-80. A CNPC também rechaçava qualquer tipo de quórum
qualificado. A proposta da CNPC teve o apoio formal de pelo menos 10 comissões
estaduais Pró-Conferência. As articulações nos estados também têm avaliado como
problemático o acordo, inclusive porque ele deve reverberar sobre os regimentos
das etapas regionais.
Segundo Valente, o quórum qualificado de 60% mais a exigência de no mínimo um
voto de cada segmento na apreciação de propostas relacionadas a temas
"sensíveis" dificulta a aprovação de resoluções sobre questões mais polêmicas e
impõe uma dinâmica de mediação extrema a estes debates. “É importante buscar o
entendimento entre os setores, mas isso não pode ser a única forma conduzir as
discussões, sob o risco de buscar uma supressão artificial das divergências
normais e conhecidas entre diferentes segmentos”, avalia.
“Conferência possível”
Para duas das entidades sindicais com assento na Comissão Organizadora Nacional,
o acordo sobre o regimento é insatisfatório, mas necessário. Tanto a Central
Única dos Trabalhadores (CUT) quanto a Federação Interestadual dos Trabalhadores
em Radiodifusão e Televisão (Fitert) indicam descontentamento com o acordo, mas
afirmam que, diante das pressões do empresariado e da disposição do governo para
acomodar o setor dentro do processo, foi preciso ceder para garantir a
realização da Conferência.
Para Rosane Bertoti, secretária de Comunicação da CUT, a negociação esbarrou nos
limites dos interesses dos empresários que o governo estava disposto a
enfrentar.“A CUT entende que esta foi a Confecom possível, mas que esta não é
uma conferência dentro dos padrões democráticos que a gente defendia nem está
dentro dos padrões democráticos das outras conferências já realizadas por este
governo”, disse.
“Ficamos frustrados de não termos conseguido encaminhar as propostas de grande
parte dos movimentos pró-conferência estaduais, principalmente na questão da
divisão dos delegados. Muitas das comissões desaprovaram formalmente essa
negociação, emitindo nota pública sobre o tema”, comentou Nascimento Silva,
coordenador da Fitert. “Para não cometer erros e ficarmos com a imagem de que
nós é que não queríamos os empresários na Conferência, tivemos que fazer
concessões alem do imaginário.”
Futuros problemas
Tanto Rosane como Nascimento apontam para um cenário de dificuldades. Para a
secretária da CUT, mesmo a aprovação do texto final do regimento – prevista para
a próxima terça-feira (1 de setembro) – ainda pode ser motivo de novas disputas
e pressões do empresariado.
O coordenador da Fitert, por sua vez, indica dificuldades para mobilizar os
diferentes atores, já que as definições do regimento podem frustrar muitos
deles. “Mesmo com a conferencia possível, precisamos unir forças agora. Agora
não é mais a comissão [organizadora] que terá papel importante e sim todos os
segmentos sociais já envolvidos nos seus estados”, afirmou.
Para Jonas Valente, do Intervozes, a postura das associações empresariais de
estarem sempre condicionando a sua participação à imposição das suas pautas é
muito preocupante, tanto em relação aos próximos passos para a realização da
Confecom, quanto no debate dos temas da Conferência. “Isso indica que este
segmento terá privilégios para fazer valer suas posições e para represar
qualquer proposta contrária aos seus interesses durante a Conferência”, avaliou.
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Fonte: Intervozes
[25/08/09]
Comissão Organizadora fecha acordo para conclusão do regimento interno
Na avaliação de Jonas Valente, integrante do Intervozes na Comissão Organizadora
da Conferência Nacional de Comunicação, o preço do acordo foi "alto demais".
Proporção de delegados será de 40% para os empresários, 40% para a sociedade e
20% para o poder público.
Nessa terça-feira (25), foi selado o acordo que viabilizou a aprovação do
regimento interno da I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). Segundo a
negociação, a Conferência terá 1500 delegados, divididos entre 40% para o setor
empresarial, 40% para a sociedade civil não empresarial e 20% para o poder
público. O quórum de votação de propostas sensíveis nas plenárias das etapas do
processo, outro tema-chave do impasse, será de 60%, mas com a exigência de que
dentro deste percentual deverá haver no mínimo um voto de cada um dos segmentos.
O entendimento celebrado na reunião dessa terça-feira marcou a resolução de um
impasse que já durava mais de um mês, quando a Comissão Organizadora deixou de
se reunir e os ministros das comunicações, Hélio Costa, da Secretaria de
Comunicação do governo (Secom), Franklin Martins, e da Secretaria-Geral da
Presidência da República, Luiz Dulci, assumiram a negociação junto aos
empresários. Os representantes deste segmento apresentaram condições para a sua
permanência, entre as quais um percentual na proporção de delegados que lhes
desse segurança, um quórum qualificado para as votações e a inscrição no
regimento de premissas como "a proteção dos serviços e outorgas atuais frente à
turbulência tecnológica da convergência midiática". Mesmo com a proposta do
governo de reservar 40% dos delegados ao setor e de sustentar um quórum de 60%
para temas sensíveis, seis das 8 associações empresariais integrantes da
Comissão Organizadora se retiraram do processo.
No entanto, a permanência de duas entidades, a Abra e a Telebrasil, foi o gancho
para que o governo mantivesse a negociação em cima de sua proposta. Na reunião,
a proporção de delegados, que até então tinha ensejado os debates mais
calorosos, perdeu importância no impasse. O representante da Abra, Frederico
Nogueira, afirmou que o percentual de 40% para o segmento empresarial não era
uma exigência incontornável e que aceitava inclusive negociar um percentual
maior para contemplar de maneira mais efetiva os movimentos sociais. O ministro
da Secom, Franklin Martins, também mostrou que o governo estava aberto a debater
o tema.
No entanto, a abertura não levou os representantes dos movimentos sociais a
explorarem uma proporção diferente daquela inicialmente apresentada pelo
governo. A discussão acabou ficando centrada em torno da proposta de quórum
qualificado. Os empresários defenderam o índice de 60% + 1, o que foi rechaçado
por parte dos movimentos. No entanto, a proposta do governo, de incluir o voto
de no mínimo um representante de cada segmento dentro dos 60%, acabou sendo
acolhida pelos movimentos, mantendo a exigência dos empresários mas sem
estabelecer o "+ 1", "simbolicamente ruim", nas palavras do ministro Luiz Dulci.
Para o representante do Intervozes na Comissão Organizadora, Jonas Valente, o
acordo selado resolveu um problema importante, a conclusão do regimento da
Conferência, mas com um preço "alto demais". "O formato adotado consagrou a
sobre-representação dos empresários e o controle dos temas polêmicos com um
quórum muito difícil de ser alcançado, pois os setores não serão homogêneos na
Confecom", avalia. Para ele, consolidou-se ali uma dinâmica política
desequilibrada na qual "apenas um lado cede". "Os empresários sempre tiveram
privilégios no debate sobre as políticas públicas de comunicação. Se por um lado
não podem de forma alguma ser desconsiderados, também não podem ser
privilegiados de modo a comprometer o caráter amplo e democrático do processo",
defende.
Foi marcada para a próxima terça-feira (1o) reunião da Comissão Organizadora
para fechar o regimento. Nela, deverão ser detalhados temas que não foram
incluídos no acordo, como a forma de tiragem dos delegados e a definição do que
são os temas sensíveis. Os membros da instância também deverão avançar em outras
questões importantes para a organização do processo, como a definição do temário
e do documento base.
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