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29/04/10
• Rádio Digital (68) - Comentários sobre uma palestra do eng. Takashi Tome, especialista em Rádio Digital.
Olá, ComUnidade
WirelessBRASIL!
01.
O então ministro Helio Costa fez um enorme
esforço, por vários anos, para implantar o sistema americano IBOC de Rádio
Digital, sem participação da sociedade.
Incentivou, coadjuvado pela ABERT, que emissoras importassem transmissores IBOC
para "testes". Este pequeno parque instalado hoje serve de argumento para
justificar uma possível escolha pelo IBOC.
No final de 2008, tendo em vista os
problemas identificados pelo Instituto Mackenzie, o então ministro desistiu do
Rádio Digital e do sistema americano. Esta "desistência" foi divulgada em artigo
assinado pelo próprio ministro.
Em 2009, avançando por 2010, voltou à carga, desta vez para testar o sistema
europeu DRM.
Nas vésperas de deixar o ministério para dedicar-se à campanha eleitoral, criou
o SBRD -
Sistema Brasileiro
de Rádio Digital, reconhecendo implicitamente, com anos de atraso, o que poderia
ter feito há muito tempo, explicitado na portaria de criação do Sistema:
"possibilitar a participação de instituições brasileiras de ensino e pesquisa no
ajuste e melhoria do sistema de acordo com a necessidade do País". Ou seja, está
finalmente convocando a Academia para estudar o assunto!
O sucessor de Helio Costa no ministério,
José Artur Filardi Leite, também é radiodifusor e a
secretária de Serviços de Comunicação Eletrônica,
Zilda Beatriz Abreu, prima de Helio Costa, já declarou que "os testes com o
padrão americano (Iboc) e europeu (DRM) prosseguem por um prazo de
aproximadamente dois meses", (...) "em seguida é feito um relatório técnico, que
será analisado por um grupo de trabalho do MC" (...) e "depois da aprovação do
ministro das Comunicações, o Presidente da República tomará a decisão final".
Ou seja, a se acreditar na fala da prima, a "portaria do primo" foi apenas para
inglês ver. Que vergonha!
02.
Transcrevo abaixo comentários sobre uma palestra de Takashi Tome,
engenheiro especialista em Rádio Digital.
Fonte: Observatório
do Direito à Comunicação
[14/04/10]
Digitalização pode ser ruim para pequenas emissoras - por Mariana
Tokarnia
03.
Takashi Tome escreveu
vários artigos sobre Rádio Digital, que apresentam um bom nível técnico sem
perda da didática e possuem excelentes gráficos e figuras.
Vale visitar, ler, copiar e estudar!!! :-)
Aqui estão:
[Mai 2007]
O
sistema de rádio digital DRM (Digital Radio Mondiale)
[Fev 2005]
ISDB-Tsb:
o padrão de rádio digital no Japão
[Dez 2004]
IBOC – Sistema de Rádio Digital nos Estados Unidos
[Nov 2004]
DAB Eureka 147
Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio
Rosa
---------------------------------
Fonte: Observatório
do Direito à Comunicação
[14/04/10]
Digitalização pode ser ruim para pequenas emissoras - por Mariana
Tokarnia
Quais são os modelos de rádio digital em teste no Brasil? O que eles podem
oferecer? Quais as vantagens e desvantagens de cada um deles? O que a
sociedade deve exigir? Essas foram algumas das questões levantadas pelo
engenheiro e pesquisador do CPqD Takashi Tome, nesta terça-feira (13), no
III Seminário de Legislação e Direito à Comunicação promovido pela
Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc). Para ele, os padrões
avaliados atualmente (HD Radio/Iboc e DRM) no país podem dificultar a
existência das pequenas emissoras. O seminário, que vai até quinta-feira
(15), reúne radialistas comunitários, acadêmicos e movimentos sociais, com o
objetivo de discutir um modelo de comunicação que garanta a democratização e
o acesso aos meios.
A Rádio Digital, neste contexto, não poderia estar fora da pauta,
principalmente após o lançamento da Portaria 290/2010, que institui o
Sistema Brasileiro de Rádio Digital (SBRD). O documento aprovado pelo
governo recebeu várias críticas e não esclareceu as dúvidas da sociedade.
Uma delas diz respeito a falta de clareza sobre o modelo a ser adotado.
Desde o início dos testes, o HD Radio/Iboc, modelo da empresa estadunidense
Ibiquity e o DRM (Digital Radio Mondiale), utilizado em alguns países da
Europa, Índia e Rússia, tem dividido as opiniões e posições de empresas e
setores da sociedade civil.
Para Takashi Tome é difícil falar em um modelo ideal. “Não podemos defender
um sistema ou outro. Devemos agora colocar as nossas demandas e desejos e
exigir que sejam atendidos”, diz. Ele explica que o HD Radio/Iboc possui
desvantagens em relação a repartição do espectro. A digitalização de um
sinal analógico acarretaria um aumento do espaço ocupado por ele. Quando
atua em ondas em FM, ocorre uma duplicação do espaço antes ocupado. Para
ondas AM e OM, a transição fica mais complicada, já que o espaço é
triplicado e isso faz com que ondas “vizinhas” não consigam se digitalizar.
A escolha pelo padrão estadunidense seria vantajoso para grande emissoras,
que garantiriam um maior espaço de atuação.
Por sua vez o DRM, ocupa menos espaço na digitalização, ocorrendo até mesmo
uma redução do espaço ocupado no espectro quando se trata de ondas em FM. No
caso das AM, o espaço é mantido. Uma vantagem seria uma maior quantidade de
emissoras, uma vez que haveria mais lugar no espectro. No entanto, mais uma
vez, o modelo não se faz satisfatório para pequenas emissoras comerciais ou
rádios comunitárias que, por possuírem baixa frequência, se tornariam
inaudíveis com um espaço reduzido. Outro fator excludente para rádios de
menor porte é o custo da digitalização, que varia entre US$ 35 mil e US$ 90
mil, considerados os dois modelos. “Por isso, não vejo na digitalização
nenhuma vantagem para a democratização”, afirma Tome.
Comunitárias
Compartilhando dessa opinião, Cláudia Neves, radialista comunitária da
Heliópolis, em São Paulo, acredita que a digitalização das rádios em nada
vai beneficiá-los: “O nosso sinal ficaria péssimo se digitalizado e as
grandes emissoras ainda aumentariam o delas”. Cláudia foi ao seminário se
informar. Ela diz que em São Paulo, as rádios comunitárias estão
fragilizadas pelas dificuldades de sobrevivência, mas que pretendem se
mobilizar para o tema da digitalização.
O mesmo ocorre no Pará. O também radialista Antônio Marques fala sobre as
condições de sua emissora, em Tucuruí. Os problemas, comuns as rádios
comunitárias como um todo, começam com a lei e o decreto que regulamentam
essas emissoras (Lei 9.612/ 98). O alcance máximo permitido, de 1Km de raio,
não é suficiente para atender as demandas da comunidades. “A discussão ainda
é medíocre e quase não existe”, diz ele referindo-se ao seu Estado.
Para o professor da Faculdade de Comunicação da UnB Fernando Paulino “deve
haver, a partir de agora, uma maior preocupação e mais debates em torno do
aumento no número de canais, com o alcance de sinais e com o acesso de
rádios públicas e comunitárias. O território brasileiro é muito grande e
existe um grande número de rádios comunitárias. Elas devem ser
consideradas”.
Takashi Tome assume que um modelo adequado seria um desenvolvido para o
Brasil. Levando em conta as nossas necessidades específicas. Mas,
infelizmente, isso esbarraria em um grande obstáculo: “Falta de massa
crítica”, constata. Ele explica que aqueles que seriam capazes de
desenvolver o sistema estão envolvidos com a TV Digital. “Precisamos então
ser realistas”, diz. Segundo Tome, a solução é que a sociedade trace claros
objetivos para uma rádio digital e que façam disso uma exigência. Ele
menciona alguns objetivos que devem ser buscados: melhor qualidade de som,
interatividade, maior número de emissoras e pouca interferência.
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