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Fevereiro 2010 Índice Geral do BLOCO
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06/02/10
• Telebrás, Eletronet e "Plano de Banda Larga" (146) - Leonardo Araújo tece comentários sobre mercado de ações, investidores e especuladores + Msgs de Flávio Santos e Clóvis Marques sobre o tema + Artigo: Mercado do ti-ti-ti
de lrc_araujo <lrc_araujo@yahoo.com.br>
para wirelessbr@yahoogrupos.com.br
data 6 de fevereiro de 2010 19:17
assunto [wireless.br] Re: texto sobre espertalhões
Prezados debatedores, meu cordial boa noite!
Gostaria de iniciar afirmando que concordo enfaticamente com ambos, destacando a
maneira lúcida e inteligente com que o assunto foi explanado.
Realmente, há por aí uma legião de espertalhões que, valendo-se de sua
inteligência, conhecimentos, relações pessoais e poder de convencimento,
aproveita-se da inocência, da boa fé e até da ganância de muitos incautos para
surrupiar-lhes o às vezes minguado produto de seus labores.
Tal fato é constatado em todas as esferas sociais, políticas, econômicas e
religiosas. Há "igrejas" em que "pastores" garantem o reino dos céus e a solução
dos problemas terrenos, desde que o rebanho contribua com o possível e o
impossível que tiver. Da mesma forma, há políticos que até oram pela saúde de
deputados que repartem o dinheiro do contribuinte com seus colegas e
correligionários. Enfim, o golpe e a corrupção campeiam soltos em terras
tupiniquins, como a TV e os jornais escancaram diariamente.
Mas - e sempre tem um "mas" - há casos e casos.
O investidor em artes que compra, pelo pouco preço posto à venda, um quadro de
um pintor ainda desconhecido, por reconhecer seus talentos e acreditar que, no
futuro, o seu investimento possa lhe render mil vezes o que pagou... poderia ser
chamado de "espertalhão". Teria ele lesado o pintor ou alguma outra pessoa?
O investidor que leu nos jornais que um grande shopping será construído na
cidade e que, após fazer uma minuciosa análise, concluiu pelo local provável e
comprou terrenos na área... poderia ser chamado de "espertalhão"? Teria ele
lesado os antigos proprietários ou alguma outra pessoa?
Com relação aos fóruns de Internet, ambos os debatedores também têm razão. Há
muitos deles liderados por picaretas e espertalhões que fazem exatamente o que
foi escrito.
No entanto, é preciso considerar que também há fóruns e fóruns. Na verdade, com
o advento da Internet, o fórum veio congregar os antigos grupos que, nas
comunidades, reuniam-se em torno de um objetivo comum, qualquer que fosse ele.
Com as imensas possibilidades da grande teia mundial, um fórum agora não possui
mais limites geográficos, tal qual este grupo em que estamos escrevendo. De
igual forma, pode reunir uma gama mais ampla de fontes, pois nele podem
militar, desde simples e comuns cidadãos, até grandes figuras públicas e
privadas, todos irmanados pelo mesmo objetivo. Pela multiplicidade e diversidade
das pessoas que o compõem, o acesso às informações se torna muito mais fácil e
imediato, pois, localizadas nos mais diversos setores do País, a resultante das
informações que produzem pode, após devidamente analisada pelos forenses mais
aptos, atingir um produto fantástico, capaz de influenciar decisões e nortear
objetivos a serem atingidos por cada um dos membros.
Com essas considerações, permito-me agora discorrer mais especificamente sobre o
texto proposto.
Os nobres debatedores afirmaram textualmente que "Com a notícia da reativação da
Telebrás, alguns espertalhões encarteiraram a TELB4 (ações PN da
Telebrás) que estava no fundo". Ora, que espécie de "espertalhão"
encarteiraria as ações de uma empresa que "estava no fundo" justamente por
estar em situação de
liquidação extra-judicial, só esperando serem resolvidas algumas pendências para
ser extinta? Em termos de negócios, não seria mais apropriado chamá-los de
inocentes, incautos, malucos ou até de otários?
Este espaço cibernético tem, em seus arquivos, diversas reportagens
diligentemente coletadas por seus moderadores, desde 2007, sobre a possibilidade
de reativação da Telebrás. Através delas era possível perceber que a intenção de
reativação estava localizada no núcleo central do governo, tanto na Casa Civil
como no Ministério do Planejamento, e que as notícias tinham como fonte
dirigentes do primeiro e segundo escalões, como Dilma Rousseff, Paulo Bernardo,
Rogério Santanna, César Alvarez e Erenice Guerra, todos com acesso direto ao
presidente.
Assim, em alguns fóruns sérios, não foi difícil ir coletando, reunindo e
analisando as informações (que chegavam em tempo quase real), distribuindo,
após, o produto a todos os membros, na velocidade da Internet.
Em 2007, 2008, 2009 e ainda no começo de 2010, o preço das ações estava em
centavos, realmente. Variava de acordo com o ir e vir das notícias sobre a
reativação da empresa, fornecidas, repito, por aquele núcleo governamental.
Tal qual o investidor imobiliário e o investidor em artes supracitados, muitas
pessoas resolveram comprar ações da Telebrás que estavam à venda na bolsa de
valores, à disposição de quem quisesse correr o risco de adquiri-las.
Obviamente, quem as vendeu não acreditava na reativação ou tinha outros motivos
para
fazê-lo. É por essa divergência de opiniões que existe o chamado "mercado",
sendo ele tanto mais líquido quanto maior for a quantidade de bens existentes e
quanto mais organizado for o sistema disponível para que as transações se
concretizem.
Seria assim possível chamar de "espertalhão" quem trabalhou reunindo e
analisando informações e decidiu assumir o risco daqueles que dele queriam se
livrar?
Aos fatos, é difícil contrapor argumentos - e aqueles estão aí. Ao fim e ao
cabo, o mesmo grupo governamental, capitaneado pela agora candidata a presidente
da república, fez valer suas opiniões e, ao que tudo indica, a Telebrás será
mesmo reativada. Surpresa?
Não, com certeza não foi surpresa para os investidores que, mediante uma
criteriosa análise de informações, já haviam chegado a esta conclusão há mais
tempo, especialmente no período compreendido entre o final de 2009 e janeiro de
2010.
Obviamente, o resultado foi uma disparada nas cotações, amparada por um volume
de transações que está fazendo inveja a qualquer blue ship do mercado.
Finalmente, o "quadro" e os "terrenos" adquiridos estavam sendo valorizados, tal
como seus investidores supunham e esperavam que fosse acontecer. Possíveis
correções poderão
ocorrer; afinal, isso é pertinente ao mercado de ações. No entanto, não parece
sintomático que, à baixa de ontem, tenha se contraposto uma forte alta de mais
de 10% hoje, mesmo com a Bovespa e as demais bolsas mundiais derretendo em
fortes quedas? E ainda mais: com um dos maiores volumes da Bolsa?
Como já frisei anteriormente, no arquivo deste grupo há um repositório com a
maioria das notícias a que todos os membros dos citados fóruns tiveram acesso
pela Internet. Publicadas que foram pela grande imprensa, estavam também ao
alcance de todas as pessoas que dispunham dessa facilidade. Há também uma série
de
análises pessoais que aqui divulguei por gentileza dos moderadores, e que também
estavam disponíveis no blog que construí especialmente para torná-las públicas,
e não de acesso restrito aos "iniciados" nos fóruns, grupos e outros coletivos
de acesso fechado. Tal blog, também por gentileza do Hélio, tem sua URL
publicada na página inicial desta comunidade.
Por evidente, tenho que declarar que sou um dos investidores que, após muito
trabalho de análise de informações, concluiu, ainda em 2008, ser o risco
admissível, retirando seu dinheiro da poupança e aplicando-o nas ações da
Telebrás.
Muita saúde e um respeitoso abraço a todos!
Leonardo Araujo
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de Márcio de Araújo Benedito <chinabhz@yahoo.com.br>
para Celld-group@yahoogrupos.com.br
data 5 de fevereiro de 2010 08:36
assunto Re: [Celld-group] Telebrás, Eletronet e PNBL (144) - Ethevaldo volta ao
tema: "Por que Lula apoia recriação da Telebrás?"
Publico aqui o texto de um amigo, mas é exatamente o que eu iria escrever sobre
o tema.
Bom,
Com a notícia da reativação da Telebrás, alguns espertalhões encarteiraram
a TELB4 (ações PN da Telebrás) que estava no fundo. Nos últimos dias fizeram uso
e abuso da notícia, inclusive citando discurso de autoridades do Governo para
incentivar as assim chamadas "sardinhas"a comprar. A ação de baixo valor a cada
centavo de valorização pode gerar ganhos extraordinários. São os chamados micos.
Há uma interessante matéria em Valor Econômico sobre o assunto cujo título é
"Mercado do ti-ti-ti"
(transcrição mais abaixo).
O golpe consiste em comprar ações de baixo valor que possam ter algum "trigger"
no noticiário. Depois induzir laranjas a fazerem barulho em fóruns de debate. Na
medida em que as compras ganham volume e preço, os espertalhões passam a contar
com um exército de interessados em fazer barulho dizendo que a ação vai bombar,
que o céu é o limite para os preços.
TELB4 chegou a ter variações de 40% em um dia. Impressionante. Como termina o
jogo? Termina que a variação de preços é inconsistente com o valor intrínseco da
ação, aí é a correria para vender. Alguns realizam o prejuízo logo e outros
ficam "casados com o mico".
Não satisfeitos em citar as personagens de Governo, os "miqueiros" chegam ao
absurdo de acusar agentes de Governo e até o presidente de ter interesse na
valorização. Quando o "mico"desaba, novas acusações.
A CVM (Comissão de Valores Imobiliarios) quando observa essas variações normais
e inconsistentes no preço de ações investiga. Mas como normalmente os
espertalhões de primeira linha usam laranjas e a coisa segue o bom estilo do
Marketing de Idéias Virus, é difícil chegar aos culpados por tal manipulação de
Mercado.
A cada declaração feita por alguém do Governo sobre o PNBL, novas boatarias
surgem nos fóruns de discussão sobre mercado. O objetivo é um só, raspar o
dinheiro das "sardinhas" especulando com notícias. É o que ocorreu com a TELB4,
já agora em queda brutal acompanhando a baixa geral do mercado na semana, mas
obviamente, caindo de forma espetacular e deixando um monte de incautos,
normalmente gananciosos investidores inexperientes. E o culpado ao fim? Quem
será? O que os miqueiros (já com os bolsos gordos) usam como desculpa para a
platéia quanto ao fracasso violentíssmo da operação? O Governo e Lula.
História engraçada essa. O que dá para rir, dá para chorar.
Abraços.
Flávio Santos
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de Clóvis Marques <clovis1@terra.com.br>
data 5 de fevereiro de 2010 20:35
assunto Re: [Celld-group] Telebrás, Eletronet e PNBL (144) - Ethevaldo volta ao
tema: "Por que Lula apoia recriação da Telebrás?"
Prezados,
Para seu conhecimento, segue declaração do Presidente, que não é qualquer
"personagem" do Governo como o Marcio Benedito e o Flávio Silva se referem
em sua mensagem abaixo, sobre a iminente reativação da Telebrás, a ser anunciada
na próxima semana.
Ainda para seu conhecimento, as ações da Telebrás, que foram negociadas a mais
de R$130,00 na época da privatização (inclusive ADRs na NYSE), chegaram a valer
apenas R$ 0,02 quando cogitou-se extinguir a Autarquia.
Contudo, por diversos motivos, a Telebrás continuou ativa, com quadro próprio de
funcionários (cedidos a outros Órgãos de Governo, como a própria Anatel) e
disponível para ser utilizada pelo Governo eventualmente.
No dia de hoje, as ações da Telebrás fecharam com cotação de R$ 2,62 por lote,
valor que ainda está muito aquém da realidade, em face da Capitalização de R$ 20
Bilhões, a disponibilização dos recursos do FUST (próximo de R$ 10 Bilhões) e
futuras Parcerias Público Privadas (com as Teles e/ou Provedores Locais) que
permitirão a implantação do PNBL com abrangência nacional e preços acessíveis à
população.
Ainda estou devendo as informações que prometi ontem e vou organizá-las em um
outro e-mail para o Grupo.
Por enquanto, Bem-vinda Telebrás!!
Att.
Clóvis Marques
------------------------------
Fonte: Felsberg, Pedretti,
Manrrich e Aidar - Advogados e Consultores Legais - Origem: Valor Econômico
[29/01/10]
Mercado do ti-ti-ti - por Angelo Pavini
Enquanto o Índice Bovespa cai mais de 5% no ano, um grupo de papéis dispara, com
ganhos que chegam a superar 200%. O volume de negócios também explode, saltando
de poucos milhares de reais para milhões por dia. É o mercado do "ouvi dizer",
do "ti-ti-ti", da "dica quentíssima", que ainda fascina muitos investidores
novatos, movidos pelo sonho de ficar ricos na bolsa da noite para o dia e que
pegam carona nesses boatos. E, normalmente, quebram a cara.
A lista inclui papéis conhecidos, como Parmalat, Gradiente, Cobrasma e Telebrás,
além de outros bem menos famosos, como a Refinaria de Petróleo Manguinhos ou
Kepler Weber. Em comum, todas estavam praticamente esquecidas até pouco tempo
atrás, têm cotações muito baixas, em centavos de reais, nenhuma cobertura de
analistas de corretoras, baixa liquidez e, o mais importante, algum fator que
pode mudar radicalmente sua situação, em geral de estagnação ou dificuldades.
É o zumbi que, de uma hora para outra, pode se transformar na fênix e renascer
das cinzas. Outro ponto em comum é que elas reúnem uma legião de investidores
interessados em especular.
Estudo feito pela Economática detectou mais de 20 ações que subiam 50% ou mais
no ano. Há casos em que o volume disparou, aumentando até 121.000%, de R$ 6 mil
por dia em 2009 para R$ 7,292 milhões por dia neste ano. A Laep, controladora da
Parmalat, chegou a ficar entre as três ações mais negociada em um dos pregões,
dividindo os holofotes com as estrelas Petrobras e Vale, movimentando R$ 400
milhões, quase o dobro de seu valor de mercado na época.
Em alguns casos, os boatos se confirmam parcialmente. Laep e sua controlada
Parmalat não foram vendidas para um grande grupo frigorífico, mas anunciaram
ontem que conseguiram transformar parte da dívida em capital (ver página D2).
Gradiente não recebeu uma injeção milionária de fundos de pensão, mas divulgou
um princípio de acordo com credores nesta semana. Com Telebrás, o governo se
encarrega de alimentar o vaivém, ora confirmando, ora negando a ressurreição da
companhia telefônica.
Quando detecta esses movimentos estranhos, a bolsa e a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) questionam a empresa, mas a resposta, normalmente, é que os
executivos desconhecem os motivos da alta. Se depois surgem motivos reais, há a
possibilidade de investigações sobre uso de informações privilegiadas. "Mas os
valores são tão pequenos que acabam no fim da fila das prioridades de
investigação, o que atrasa e dificulta uma punição", diz um executivo de mercado
que pediu para não ser citado.
Os investidores buscam essas empresas menos líquidas na esperança de achar algum
valor esquecido, alguma "galinha morta", diz Lika Takahashi, chefe de análise da
Fator Corretora, casa especializada em papéis de segunda linha, mas que não
acompanha as ações da lista. "Talvez até ache algo bom, mas talvez não sejam
histórias de tanta qualidade", avalia. Para ela, esse é um sintoma também de um
mercado que estava muito esticado, o que leva os investidores a procurarem
alternativas. "Mas geralmente essas empresas não têm análise nenhuma e é difícil
saber se é coisa boa ou não", diz. A maior parte delas é movida por eventos,
lembra Lika, e há sempre o risco do "timing", ou seja, a solução pode demorar
muito mais tempo do que se esperava e o investidor acaba "casando", com o papel.
Alguns grupos de mercado precisam propagar notícias para dar liquidez a alguns
papéis, observa Maílson Rykavei, sócio da consultoria de investimentos FinPlan.
Para atrair essa liquidez, usam empresas que estão sujeitas a um possível
evento, como foi o caso de Parmalat e Laep. Em alguns casos, a empresa mais
engenhosa até se aproveita disso, para divulgar alguma informação positiva. "São
fatos ou factoides que têm a possibilidade de acontecer", observa. Como a
parcela do capital dessas empresas que está no mercado, o chamado "free float",
é pequena, pouca coisa já provoca fortes altas, sem afetar a estrutura de
capital da companhia. "Mas o que o investidor precisa conhecer é o pano de fundo
daquela empresa e quanto aquela informação que circula pode se concretizar",
diz.
No mais, trata-se de de um processo típico de especulação, em que a empresa
tanto pode dar a volta por cima quanto falir, afirma o consultor. Ele conta o
caso de um cliente que resolveu investir em uma dessas empresas. Antes, foi
visitá-la, conheceu os administradores, os projetos e então resolveu aplicar 1%
das economias nas ações da companhia. "As ações saíram de R$ 0,17 centavos para
R$ 0,25 apenas com as compras dele, em duas semanas", afirma.
Esse é outro risco do investidor: começar a comprar e o preço disparar. "E a
corretora continua comprando, mesmo depois de o papel subir 40%", alerta. "Os
casos de fracasso costumam ser maiores que os de sucesso, a questão é que
ninguém conta quando perde, só quando ganha", diz Rogério Bastos, também da
FinPlan.
O movimento dos chamados "micos" de mercado é sazonal, costuma ocorrer no início
do ano, diz Ricardo Pinto Nogueira, ex-superintendente da Bovespa e hoje diretor
da corretora Souza Barros. "É época de férias, todo mundo querendo saber o que
vai subir", conta ele.
Em geral, o boato tem origem em sites de bate-papo ou fóruns de debate
especializados, ou ainda em corretoras, quando um papel começa a se mexer demais
e é preciso encontrar uma explicação. E todos têm uma certa lógica: é o
trem-bala que vai usar vagões da Cobrasma ou uma empresa estrangeira que vai
comprar fios da Kepler Weber. A boataria é tanta que só o bilionário Eike
Batista já teria comprado pelo menos três empresas neste ano. Quando a companhia
é questionada pela bolsa e vem o desmentido, a especulação muda de endereço.
"Mas até isso acontecer, a especulação pode durar semanas", diz.
Em alguns casos, os boatos são plantados propositadamente, por espertalhões que
querem aumentar o valor de suas carteiras, alerta Nogueira. E é difícil detectar
o culpado, pois em geral quem espalha a notícia é um conhecido ou "laranja". Em
outros casos, pode haver algum fundamento na informação.
Ele chama a atenção para o fato de que, como os papéis são muito baratos,
chamados "papel de pó", qualquer centavo de alta já representa um ganho
expressivo para o especulador. "Uma ação que custa R$ 0,50 e que sobe para R$
0,51 já representa um ganho de 2%, o que está bom em um mercado onde o juro
anual é de 8,75%", lembra. E, com as corretoras reduzindo as taxas de
corretagem, fica mais barato especular com esses papéis, comprando e vendendo no
mesmo dia, no chamado "day-trade". O que o investidor esquece é que, se o papel
cai alguns centavos, aí o prejuízo também é elevado.
Nogueira lembra que, há dois anos, os protagonistas desse mercado do ti-ti-ti
eram outros, como Grazziotin, Recrusul e Gazola. Mas até Souza Cruz já foi
vítima. Segundo ele, a bolsa tem poucos recursos para impedir esses movimentos.
"O que pode ser feito é colocar esses papéis em leilão, pois as negociações
param por uma hora e isso reduz a especulação", diz.
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