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12/02/10

• Telebrás, Eletronet e PNBL (166) - Análise do Eng° Carlos Portella: "Gargalo da ultima milha"

de Helio Rosa <rosahelio@gmail.com>
para Celld-group@yahoogrupos.com.br, wirelessbr@yahoogrupos.com.br
data 12 de fevereiro de 2010 18:53
assunto Telebrás, Eletronet e PNBL (166) - Análise do Eng° Carlos Portella: "Gargalo da ultima milha"

OláComUnidade WirelessBRASIL!

Recebo uma primeira contribuição do participante Carlos Portella, na forma de um pequeno mas precioso texto sobre diversos aspectos do PNBL, com um enfoque na parte concreta de execução do Plano.

Carlos Portella
tem atuado na área de Telecom desde 1980, com experiência em empresa privada e operadora pública e privada.
Ao longo desses anos, atuou em vários segmentos das Telecomunicações: Rede de Acesso, Telefonia Rural, Transmissão, RF e atualmente na área de Infra-Estrutura.
Teve a oportunidade de vivenciar grandes fases do desenvolvimento das Telecomunicações, da tecnologia analógica às CPA’s, implantação das primeiras Redes de Fibras óticas, Implantação da Tecnologia Celular até as recentes Redes 3G.

Carlos Portella conclui o texto com perguntas para estimular o debate:
(...)
- Como os países mais desenvolvidos conseguiram instalar suas redes?
- Será que a solução seria rede sem fios?
- Teríamos capacidade suficiente?

- O mercado poderia ser loteado (divido)?
- Quem pegar o direito de uso de fibras ópticas do governo, ficará na obrigação de implantar rede nas áreas rurais? (...)

Obrigado, Carlos Portella!
Bem-vindo à atividade dos fóruns! :-)

Comentários?
Ao debate!

Boa leitura!
Um abraço cordial
Helio Rosa

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Gargalo da ultima milha - por Carlos Portella

Estou acompanhando os debates sobre o PNBL e fiquei tentando refletir sobre aspectos e as consequências da implantação deste Plano sobre vários aspectos.

Deixando o lado político à parte, o plano é bem elaborado, desafiador e alinhava diretrizes para os profissionais de Telecom.

Se pensarmos como sociedade (patriotismo) seria maravilhoso termos todas as escolas e empresas públicas bem informatizadas , possibilitando a prestação de serviços de alta qualidade. As residências das classes menos favorecida terem acesso aos serviços de telecomunicações a preços convidativos ou mesmo gratuito.

Recentemente a mídia especializada divulgou que a Finlândia disponibilizará em 2010, acesso gratuito aos serviços de banda larga para todas as residências do país.

O Plano tem várias vertentes técnicas, políticas e econômicas. Destaco também a preocupação em fomentar a criação de empregos para os profissionais ligados a área. Temos que pensar nos nossos jovens e nas próximas gerações.

Entendo que ainda haverá muitos desdobramentos, com discussões técnicas e regulatórias. Ressuscitar a TELEBRÁS não irá resolver os problemas.

Outra ponto fundamental para o sucesso do PNBL será o acordo entre as operadoras e a forma como as empresas estatais (Eletronet, Petrobrás, outras) iriam disponibilizar a sua infra-estrutura de fibras óticas.

Gostaria de fomentar a discussão. Como será possível resolver o gargalo na construção das redes de acesso? Nos centros urbanos as redes de assinantes (última milha) estão praticamente esgotadas. Nas áreas rurais (maioria do país) não existem redes.

Cabe um adendo. Na época das operadoras estatais haviam vários grupos de trabalho (coordenados pela antiga Telebrás e CPQD) que trocavam experiências e debatiam sobre temas de interesse para o desenvolvimento das telecomunicações. Havia um grupo focado para estudo de digitalização das redes(cabos) de assinantes. Projetava-se uma digitalização em massa com acesso aos usuários por fibras ópticas. Este trabalho gerou alguns benefícios e de alguma forma conseguiu integrar empresas e grandes usuários ao sistema, através de acessos ópticos. Creio que o resultado final ainda ficou abaixo do esperado. Imaginava-se que no futuro próximo, as redes de cabos de cobre pudessem ser reduzidas ou mesmo eliminadas.

Recentemente uma operadora fixa iniciou operação nosso estado, implantando grande parte do acesso aos assinantes com velho e tradicional cabo de cobre. A rede de fibras ópticas vai no máximo até um armário intermediário.

Aqui cabe uma análise para nós engenheiros e também como cidadãos transeuntes das cidades. Os postes de energia em praticamente todas as grandes cidades estão se tornando uma vergonha. Há excesso de cabos (fixados sem critério) pois todas as operadoras (fixas , móveis, TV cabo e outras) estão ali instaladas, congestionando e tornando um cenário de relaxamento e com aspecto de bagunça.

As operadoras de energia detentoras do direito de uso dos postes, teoricamente deveriam analisar o carregamento (mecânico/ocupação) dos postes. A pressão das operadoras e a expectativa de receita também pesam nesta análise. As prefeituras que também deveriam aprovar estas instalações, não tem corpo técnico qualificado e ficam no confusas e não sabem como indeferir os processos. As operadoras já estão instaladas, ocupando a posteação, enquanto as novas terão dificuldades em exercer o direto de competição. Existia uma recomendação técnica que cabos a partir determinadas bitolas/dimensões deveriam ser enterrados (galeria).

Cabe uma reflexão.
O grande gargalo serão as redes de acesso, que o governo não prevê no PNBL. A disponibilidade das redes interurbanas das estatais não irá contribuir para essa finalidade.

Como os países mais desenvolvidos conseguiram instalar suas redes?
Será que a solução seria rede sem fios?
Teríamos capacidade suficiente?
O mercado poderia ser loteado (divido)?
Quem pegar o direito de uso de fibras ópticas do governo, ficará na obrigação de implantar rede nas áreas rurais?

Em resumo, existem vários aspectos técnicos do plano ainda a serem solucionados.

Espero que o PNBL seja implantado no todo, se não for possível, pelo menos grande parte da meta possa ser alcançada.

Saudações
Carlos Portella


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